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Teoria da Empresa Apostila (Unidade I)

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Teoria da Empresa
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Teoria da Empresa (30hs_ASSOC_direit).indb 1 12/04/2013 19:21:25
 
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Autor: Prof. Saul Simões 
Teoria da Empresa
Teoria da Empresa (30hs_ASSOC_direit).indb 1 12/04/2013 19:21:27
Professor conteudista: Saul Simões
Advogado militante em Direito Empresarial e Civil, bacharel pela Universidade de São Paulo, Especialista em Direito 
(CEU – 2000), administrador de empresas (1977).
Atua como professor de Direito Empresarial, Direito Civil e Direito Processual Civil na Universidade Paulista – UNIP 
desde 1998.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Z13 Zacariotto, William Antonio
Informática: Tecnologias Aplicadas à Educação. / William 
Antonio Zacariotto - São Paulo: Editora Sol.
 
il.
1.Informática e tecnologia educacional 2.Informática 
3.Pedagogia I.Título
681.3
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Profa. Melissa Larrabure
Material Didático – EaD
Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
 Carla Moro
 Virgínia Bilatto
 Luanne Batista
Teoria da Empresa (30hs_ASSOC_direit).indb 3 12/04/2013 19:21:27
Teoria da Empresa (30hs_ASSOC_direit).indb 4 12/04/2013 19:21:27
Sumário
Teoria da Empresa
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 FORMAçãO DO DIREITO DE EMPRESA ......................................................................................................9
1.1 Formação do Direito de Empresa no Brasil ................................................................................ 12
1.2 Direito de Empresa na atualidade ................................................................................................. 12
1.3 Teoria da empresa ................................................................................................................................ 12
2 O EMPRESáRIO ................................................................................................................................................ 14
2.1 Espécies de empresários ................................................................................................................... 17
2.2 Capacidade .............................................................................................................................................. 17
3 ASPECTOS OBJETIVOS ................................................................................................................................... 18
3.1 O estabelecimento ............................................................................................................................... 18
3.2 Registro de empresa ............................................................................................................................ 19
3.3 Finalidade do registro ......................................................................................................................... 22
3.4 Efeitos jurídicos do registro ............................................................................................................. 22
3.5 Nome empresarial e firma da sociedade .................................................................................... 23
3.6 Prepostos, gerentes, contabilistas e demais auxiliares .......................................................... 24
3.7 Escrituração e contabilidade............................................................................................................ 25
4 TEORIA GERAL DO DIREITO SOCIETáRIO ................................................................................................ 26
4.1 Classificação das sociedades ............................................................................................................ 27
4.2 Ato constitutivo da sociedade ........................................................................................................ 27
4.3 Da personalização das sociedades................................................................................................. 27
4.4 Efeitos da personalização ................................................................................................................. 30
4.5 Limites da personalização ................................................................................................................. 31
4.6 Desconsideração da personalidade jurídica .............................................................................. 31
4.7 Desconsideração inversa ................................................................................................................... 34
Unidade II
5 SOCIEDADES NãO PERSONIFICADAS ...................................................................................................... 36
5.1 Sociedade em comum ....................................................................................................................... 36
5.2 Sociedade em conta de participação ........................................................................................... 37
6 SOCIEDADES PERSONIFICADAS ................................................................................................................. 38
6.1 Sociedade simples ............................................................................................................................... 38
6.2 Sociedade em nome coletivo .......................................................................................................... 45
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6.3 Sociedade em comandita simples ................................................................................................. 46
6.4 Sociedade limitada .............................................................................................................................. 47
6.5 Sociedade em comandita por ações ............................................................................................. 54
6.6 Sociedade anônima ............................................................................................................................. 54
6.7 Dissolução das sociedades ................................................................................................................ 83
6.8 Sociedade de economia mista ........................................................................................................ 85
6.9 Sociedade cooperativa .......................................................................................................................86
6.10 Reorganização das sociedades ..................................................................................................... 87
7 RELAçõES ENTRE SOCIEDADES ................................................................................................................. 89
8 MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE ..................................................................... 90
Teoria da Empresa (30hs_ASSOC_direit).indb 6 12/04/2013 19:21:27
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APrESEnTAção
Neste livro-texto, o aluno encontrará uma constituição doutrinária comprometida com a importância 
da Teoria da Empresa. O objetivo é buscar que o Direito Empresarial seja não só compreendido, mas 
também demonstre a sua importância dentro da ciência do Direito.
São abrangidos os três principais conceitos do Direito Empresarial, a atividade (empresa); o sujeito 
(empresário individual e sociedades empresárias) e o conjunto de bens usados para o exercício dessa 
atividade (estabelecimento). A análise desses conceitos é feita de forma detalhada, tendo como referência 
a doutrina e a jurisprudência nacional.
Procura-se dar ao aluno condições para que possa:
•	 ler,	 compreender	 e	 elaborar	 textos,	 atos	 e	documentos	 jurídicos	ou	normativos,	 com	a	devida	
utilização das normas técnico-jurídicas;
•	 dar	adequada	atuação	técnico-jurídica,	em	diferentes	instâncias,	administrativas	ou	judiciais,	com	
a devida utilização de processos, atos e procedimentos;
•	 usar	corretamente	a	terminologia	jurídica	ou	da	ciência	do	Direito;
•	 julgar	e	tomar	decisões;
•	 utilização	de	raciocínio	jurídico,	de	argumentação,	de	persuasão	e	de	reflexão	crítica.
InTrodução
Este livro-texto foi concebido em duas unidades, a primeira abrange as noções mais históricas e 
conceituais do Direito Comercial, hoje transformado em Direito Empresarial; depois analisa suas fontes 
e o estudo circunstanciado da figura do empresário e de sua atividade organizada, a empresa. 
São destacados os elementos objetivos da empresa, tais como: o estabelecimento, o nome empresarial, 
livros empresariais, o aviamento, a clientela, além do registro necessário.
A primeira parte é completada com o estudo da personalização e da desconsideração da personalidade 
jurídica da empresa.
Em seguida, são abordadas as sociedades, personificadas e não personificadas, bem como as 
empresárias e a sociedade simples.
São estudados todos os tipos de sociedade no que tange à responsabilidade dos sócios. Detalha-se 
os requisitos para a criação, seu funcionamento e sua dissolução. 
Ao final, é demonstrado o regime de concentração empresarial.
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Teoria da empresa
Unidade I
1 ForMAção do dIrEITo dE EMPrESA
O Direito Comercial surge e desenvolve-se de forma marginal ao Direito Civil, de origem romana, 
pelo exercício do comércio desde o início de tal civilização.
Na Idade Média, ocorre a primeira sistematização, tendo suas primeiras regras jurídicas próprias 
em decorrência do desenvolvimento do tráfico mercantil. Até então, existiam regras esparsas, como o 
Código de Manu, na Índia, comprovado por pesquisas arqueológicas e, na Babilônia, o Código do Rei 
Hammurabi, reconhecido como a primeira codificação de normas comerciais. 
Contudo, tais normas não formavam um conjunto de leis sistematizadas que se pudesse chamar de 
Direito Comercial.
Na corporação de mercadores é que vai se desenvolver esse Direito, uma vez que tal corporação, 
contando com muitos recursos, adquire grande sucesso e poder político. Decorrente desse poder, 
surge a autonomia para alguns centros comerciais, tais como ocorrido em Veneza, Florença e 
Genova, na Itália. As cidades de Hamburgo e Lubeck lideraram por meio da Liga Hanseática (em 
alemão, Die Hanse, sendo que An Hanse significava, aproximadamente, associação), uma aliança 
de cidades mercantis que se estabeleceu e manteve um monopólio comercial sobre quase todo o 
norte da Europa e Báltico, em fins da Idade Média e começo da Idade Moderna (entre os séculos 
XIII e XVII). 
Essa primeira fase tem como característica principal o fato de ser um Direito de Classe.
Ricardo Negrão assim relata:
Um Direito Profissional, ligado aos comerciantes, a eles dirigido e por eles 
mesmos aplicado, por meio da figura do consul nas corporações de ofício. 
Trata-se, dessa forma, de um Direito dos Comerciantes, ou no dizer de Fran 
Martins1, “direito de amparo ao comerciante” (NEGRãO, 2010, p. 26).
É nessa fase que começa a se fixar o Direito Comercial, criando regras corporativas e, mais 
que isso, da formação de jurisprudência das decisões dos cônsules, como dito anteriormente, 
juízes designados pela própria corporação para, com competência única, decidir as disputas 
entre comerciantes.
1 MARTINS, F. Curso de direito comercial. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 24.
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Como relata Rubens Requião:
Nesse período surgiram repositórios de decisões e de costumes, tais como 
Rôles d’Oleron, da França; Consuetudines, de Gênova; Capitulare Nauticum, 
de Veneza, Constitutium Usus, de Pisa; Consolat del Mare, de Barcelona, e 
tantos outros. Tal foi o sucesso dos juízes consulares, que julgavam pelos 
usos e costumes sob a inspiração da equidade, e o poder político e social 
da corporação de mercadores, que de tribunais “fechados”, classistas, com 
competência exclusiva para julgar e dirimir as disputas entre comerciantes, 
foram atraindo para seu âmbito as demandas existentes, muito naturais, de 
comerciantes para não comerciantes (REQUIãO, 1995, p. 11).
Essas instituições portanto tinham tríplice papel, eram ao mesmo tempo legislativo, judicante e 
administrativo.
O comércio nessa época era iminentemente itinerante: o comerciante levava mercadorias de uma 
cidade para outra, por estradas, em caravanas, sempre tendo como destino as hoje famosas cidades 
europeias: Florença, Bolonha e Champagne.
As feiras são assim descritas por Fernand Braudel:
Sob sua forma elementar, as feiras ainda hoje existem. Pelo menos 
vão sobrevivendo e, em dias fixos, ante nossos olhos, reconstituem-
se nos locais habituais de nossas cidades, com suas desordens, sua 
afluência, seus pregões, seus odores violentos e o frescor de seus 
gêneros. Antigamente eram quase iguais: alugmas bancas, um toldo 
contra a chuva, um lugar numerado para cada vendedor, fixado de 
antemão, devidamente registrado e que é necessário pagar conforme 
as exigências das autoridades ou dos proprietários; uma multidão de 
compradores e uma profusão de biscateiros, proletariado difuso e ativo; 
debulhadores de ervilhas que têm fama de mexeriqueiras inveteradas, 
esfoladores de rãs (que chegam a Genebra e Paris em carretos inteiros, 
de mula), carregadores, varredores, carroceiros, vendedores e vendedoras 
ambulantes, fiscais severos que transmitem de pais para filhos seu mísero 
ofício, mercadores, varejistas e, reconhecívies pelas roupas, camponeses 
e camponesas, burgueses em busca de algo para comprar, criadas que 
são hábeis em passar a perna (dizem os ricos) nos patrões quanto ao 
preço (“ferrar a mula”, dizia-se então), padeiros que vão à feira vender 
grandes pães, açougueiros comsuas várias bancas atravancando ruas e 
praças, atacadistas (mercadores de peixe, de queijo ou de manteiga por 
atacado), coletores de taxas (...) E depois, expostas por toda a parte, as 
mercadorias, barras de manteiga, montes de legumes, pilhas de queijos, 
de frutas, de peixes ainda pingando, de caça, de carnes que o açougueiro 
corta na hora, livros que não foram vendidos e cujas folhas impressas 
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Teoria da empresa
servem para embrulhar as mercadorias. Dos campos chegam ainda a 
palha, a lenha, o feno, a lã e até o cânhamo, o linho e mesmo tecidos 
dos teares de aldeia (BRAUDEL, 1996, pp. 14-15). 
Essas feiras, com sua evolução, resultam na criação de mercados, que mantêm a estrutura das feiras, 
mas sob um espaço coberto. Como exemplo, o mercado de trigo em Tolouse, desde 1203.
Também com as feiras surgem diversos serviços, que após a sua positivação, são os embriões de 
institutos jurídicos importantes, como o câmbio, os títulos de crédito, os bancos, as bolsas.
Nesse momento, temos efetivamente uma forma subjetivista de Direito Comercial, ou seja, a serviço 
do comerciante, sendo um Direito corporativo, profissional, especial, autônomo, em relação ao Direito 
Territorial e Civil. Assim, explicou o professor Alfredo Rocco: 
Aos costumes formados e difundidos pelos mercadores, só estavam vinculados os 
estatutos das corporações, que estendiam a sua autoridade até aonde chegava a 
autoridade dos magistrados das corporações, isto é, até aos inscritos na matrícula, 
e igualmente a jurisidição consular; estavam sujeitos, somente, os membros da 
corporação (ROCCO, [s.d.] apud REQUIãO, 2003, p. 12).
Tendo em vista a confiança que o povo começa a depositar nos acertos dos juízes consulares, 
alarga-se a competência desses juízes, passando a atuar também aos estranhos as corporações que 
tivessem contratado com comerciantes nelas inscritos.
Passa-se então de um sistema subjetivo puro para um sistema misto, que acaba resultando no 
objetivismo desse direito.
Assim se expressa Vivante (1928 apud REQUIãO, 2003, p. 23): 
[...] passou-se do sistema subjetivo ao objetivo, valendo-se da ficção, 
segundo a qual deve reputar-se comerciante qualquer pessoa que atue 
em juízo por motivo comercial. Essa ficção favoreceu a extensão do direito 
especial dos comerciantes a todos os atos de comércio, fosse quem fosse 
seu autor, do mesmo modo que hoje a ficção que atribui, por ordem do 
legislativo, o caráter de ato de comércio àquele que verdadeiramente não o 
tem serve para estender os benefícios da lei mercantil aos institutos que não 
pertencem ao comércio.
Com o Código Napoleônico, ou Code de Commerce, promulgado em 1806, acontece o coroamento 
do objetivismo do Direito Comercial. Nesse Código, surge o conceito de comerciante, defindo-o como 
aquele que pratica, com habitual profissionalidade, atos de comércio.
Portanto, transfere-se a base do Direito Comercial da figura do comerciante para os atos de 
comércio, atos estes que até hoje causam grande divergência entre os doutrinadores para conceituá-los. 
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A divergência surge principalmente da dificuldade de se distinguir o conceito de ato civil para ato 
comercial.
1.1 Formação do direito de Empresa no Brasil
Enquanto colônia, as relações jurídicas pautavam-se pela legislação vigente em Portugal, ou seja, as 
Ordenações Filipinas.
Com a vinda da família imperial para o Brasil, transfere-se para cá a organização da Corte. Surge 
então a Lei de Abertura dos Portos (1808), abrindo-se o comércio para todos os povos. Outros diplomas 
legais o seguem, entre eles o Alvará de 12 de outubro de 1808, que cria o Banco do Brasil.
Após a Independência ser promulgada lei em 20 de outubro de 1823, mantêm-se em vigor as leis 
portuguesas vigentes em 25 de abril de 1821. 
Como afirmação política de sua soberania, passa-se a exigr a criação de direito próprio. Uma comissão 
é criada para elaborar um projeto de Código Comercial. Concluído em 1834, só veio a ser sancionado em 
25 de junho de 1850, por meio da Lei nº 556.
A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, unificou o Direito Civil e o Direito Comercial.
1.2 direito de Empresa na atualidade
Tendo como inspiração o Código Civil italiano de 1942, o Direito Privado brasileiro foi unificado no 
Código Civil ora vigente, e o antigo Direito Comercial passou a ser chamado de Direito de Empresa, como 
consta do referido código.
Assim o conceitua Negrão (2010, p. 34): 
Direito de Empresa é o ramo do Direito Privado que regula a atividade do 
antigo comerciante e do moderno empresário, bem como suas relações 
jurídicas firmadas durante o exercício profissional das atividades mercantis 
e empresariais.
1.3 Teoria da empresa
Com a promulgação do Código Civil Italiano em 1942, abandona-se a noção de atos de comércio, 
alargando o âmbito do então Direito Comercial, incluindo-se nesse Direito as atividades de prestação de 
serviços e atividades ligadas à terra. Deu-se a esse novo sistema o nome de Teoria da Empresa.
Assim se expressa o professor Waldirio Bulgarelli sobre essa transformação:
Concorda de maneira geral a doutrina italiana em que não houve mera 
substituição do comerciante pelo empresário, e sim a adoção de um sistema 
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Teoria da empresa
dando preeminência a este e assim igualando os agentes das atividades 
econômicas da produção de bens ou serviços, sob a rubrica de empresário, 
mas, note-se, concebido este não como especulador, porém como 
responsável pela produção; desta forma, o comerciante antigo foi absorvido 
pela categoria de empresário, como titular da atividade intermediária. Há 
que se atentar, pois, por outro lado, que o empresário comercial corresponde 
de certa forma ao antigo comerciante, e não ao empresário em geral, ou 
seja, há correspondência entre os dois, no que se refere ao fato de que 
ambos exercem uma atividade econômica organizada de intermediação, e 
há diferença, no fato de que é considerado empresário porque é agente de 
produção, e não mero especulador (BULGARELLI, 1995, p. 59).
O mencionado Código Civil italiano não conceitua empresa, mas, sim, conceitua empresário em seu 
art. 2082: “É empresário quem exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada tendo 
por fim a produção ou troca de bens ou serviços”.
Na versão brasileira, há semelhante texto, conforme o art. 966 do Código Civil:
Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços. 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso 
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa.
Conforme preleciona o professor Giuseppe Ferri: 
A produção de bens e serviços para o mercado não é consequênciade atividade 
acidental ou improvisada, mas, sim, de atividade especializada e profissional, 
que se explica através de organismos econômicos permanentes nela 
predispostos. Estes organismos econômicos, que se concretizam da organização 
de fatores de produção e que se propõem a satisfação das necessidades 
alheias, e, mais precisamente, das exigências do mercado geral, tomam, na 
terminologia econômica, o nome de empresa. A empresa é um organismo 
econômico, isto é, se assenta sobre uma organização fundada em princípios 
técnicos e leis econômicas. Objetivamente considerada, apresenta-se como 
uma combinação dos elementos pessoais e reais, colocados em função de um 
resultado econômico, e realizada em vista de um intento especulativo de uma 
pessoa, que se chama empresário. Como criação de atividade organizativa do 
empresário e como fruto de sua ideia, a empresa é necessariamente aferrada 
à sua pessoa, dele recebendo os impulsos para seu eficiente funcionamento 
(FERRI apud REQUIãO, 1995, p. 49).
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A partir da noção econômica de empresa, tentou-se construir um conceito jurídico de empresa, mas 
há sérias divergências doutrinárias a respeito, pois sempre acaba se valendo do conceito formulado 
pelos economistas.
•	 Para	Ferri	(apud REQUIãO, 1995) é necessário que se analisem os principais ângulos da empresa, 
sendo eles: conforme artigos 967, 968, 1.150 e seguintes e artigo 1.123 do Código Civil, tem-se 
a empresa como expressão da atividade do empresário. A atividade do empresário está sujeita 
a normas precisas, que subordinam o exercício da empresa a determinadas condições ou 
pressupostos ou o titulam com particulares garantias. São as disposições legais que se referem à 
empresa comercial, como o registro e condições de funcionamento. 
•	 Conforme	artigo	1.155	do	Código	Civil,	tem-se	a	empresa	como	ideia	criadora,	a	que	a	lei	concede	
tutela. São as normas legais de repressão à concorrência desleal, proteção à propriedade imaterial 
(nome comercial, marcas, patentes etc.).
•	 De	 acordo	 com	 o	 artigo	 1.142	 do	 Código	 Civil,	 tem-se	 um	 complexo	 de	 bens,	 que	 forma	 o	
estabelecimento comercial, regulando a sua proteção (ponto comercial) e a transferência de sua 
propriedade.
•	 As	 relações	 com	 os	 dependentes,	 segundo	 princípios	 hierárquicos	 e	 disciplinares	 nas	 relações	
de emprego, matéria que hoje se desvinculou do Direito Comercial para integrar no Direito do 
Trabalho. O Código Civil, no entanto, regula alguns efeitos dessa relação no campo empresarial, 
como se vê nos artigos 1.169 e seguintes, por exemplo.
Portanto, há uma união entre o empresário, o estabelecimento e a empresa de forma íntima: o 
sujeito de direito que exercita (empresário), por meio do objeto de direito (estabelecimento) e os fatos 
jurídicos decorrentes (empresa).
Pode-se concluir que a empresa é a atividade econômica organizada de produção e de circulação 
de bens e serviços para o mercado, com a atuação do empresário de maneira profissional, mediante um 
complexo de bens.
2 o EMPrESárIo
Como aspecto subjetivo ao Direito de Empresa, temos o empresário não mais como aquele previsto 
no Código Comercial Francês do século XIX, como aquele que estava ligado à atividade comercial, ou 
seja, que praticava atos de comércio com habitualidade e profissionalidade. Tem-se, então, o empresário 
como aquele que exercita profissionalmente qualquer atividade econômica organizada para a produção 
de bens ou serviços, excetuando-se as atividades intelectuais, de natureza científica, literária ou artística, 
conforme conceitua o artigo 966 do Código Civil: 
Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços. 
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Teoria da empresa
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza cientifica, literária ou artística, ainda com o concurso 
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa.
Devem ser destacadas nesse conceito as noções de profissionalismo, atividade econômica organizada 
e produção ou circulação de bens ou serviços.
Assim conceitua o professor Fabio Ulhoa Coelho:
Profissionalismo. A noção do exercício profissional de certa atividade é 
associada, na doutrina, a considerações de três ordens. A primeira diz respeito 
à habitualidade. Não se considera profissional quem realiza tarefas de modo 
esporádico. Não será empresário, por conseguinte, aquele que organizar 
episodicamente a produção de certa mercadoria, mesmo destinando-a a 
venda no mercado. Se estiver apenas fazendo um teste, com o objetivo de 
verificar se tem apreço ou desapreço pela vida empresarial ou para socorrer 
situação emergencial em suas finanças, e não se torna habitual o exercício da 
atividade, ele então não é empresário. O segundo aspecto do profissionalismo 
é a pessoalidade. O empresário, no exercício da atividade empresarial, deve 
contratar empregados. São estes que, materialmente falando, produzem 
ou fazem circular bens ou serviços. O requisito da pessoalidade explica por 
que não é o empregado considerado empresário. Enquanto este último, na 
condição de profissional, exerce a atividade empresarial pessoalmente, os 
empregados, quando produzem ou circulam bens ou serviços, fazem-no em 
nome do empregador (COELHO, 2011, pp. 29-30).
Esses dois pontos normalmente destacados pela doutrina, na discussão do conceito de profissionalismo, 
não são os mais importantes. A decorrência mais relevante da noção está no monopólio das informações 
que o empresário detém sobre o produto ou serviço objeto de sua empresa. Este é o sentido com que se 
costuma empregar o termo no âmbito das relações de consumo. Como o empresário é um profissional, 
as informações sobre os bens ou serviços que oferece ao mercado – especialmente as que dizem respeito 
às suas condições de uso, qualidade, insumos empregados, defeitos de fabricação, riscos potenciais à 
saúde ou vida dos consumidores – costumam ser de seu inteiro conhecimento. Como profissional, o 
empresário tem o dever de conhecer esses e outros aspectos dos bens ou serviços por ele fornecidos, 
bem como o de informar amplamente os consumidores e usuários.
Já quanto à atividade econômica, deve-se separar o conceito de empresa e de empresário. Empresa é 
o empreendimento, e empresário é o que exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada. 
Ela é econômica porque visa gerar lucro para quem a explora.
No que tange à atividade organizada, deve-se considerar que o empresário une os quatro fatores 
de produção, ou seja, o capital por ele aplicado na atividade, a mão de obra contratada, insumos e 
tecnologia.
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Quanto à restrição do parágrafo único do art. 966 do Código Civil, devem ser destacadas as quatro 
hipóteses de atividadesque não são consideradas como empresariais.
A primeira está relacionada com quem não se enquadra no conceito legal de empresário. Se alguém 
presta serviços diretamente, mas não organiza uma empresa (não tem empregados, por exemplo), 
mesmo que a exerça com objetivo lucrativo e de forma habitual, não é empresário e o regime jurídico 
a ser aplicado é o civil. 
Como segunda hipótese, temos os que exercem as profissões intelectuais, de natureza científica, 
literária ou artística, mesmo que contrate empregados para auxiliá-lo em seu trabalho. Esses profissionais 
exploram, portanto, atividades econômicas civis, não sujeitas ao Direito Empresarial. Como exemplo, 
cito o advogado, o médico, o dentista, os músicos, atores etc.
A exceção é prevista no parágrafo em comento, quando o exercício da profissão constitui elemento 
de empresa: a profissão liberal é exercida como empresa. Exemplo: o médico que é sócio de empresa de 
prestação de serviços médicos.
Por exemplo, vamos considerar a situação de um advogado que inicia seu escritório com 
uma secretária. Ainda é uma atividade considerada não empresária, mesmo contando com a 
empregada. Após alguns anos, mais alguns advogados passam a fazer parte desse escritório. Com 
a ampliação da clientela, haverá cliente que nunca foi atendido pelo advogado que constituiu 
esse escritório, e, além disso, passaram a fazer parte do qual contadores, secretárias etc.; a 
individualidade se perdeu nessa organização empresarial, portanto passa a ser uma atividade 
empresária.
A atividade econômica rural é a explorada geralmente fora dos contornos da cidade e, no Brasil, são 
exploradas por duas formas completamente diferentes de organizações econômicas. Como exemplo, na 
produção de alimentos, temos a agroindústria, e de outro, a agricultura familiar.
Na primeira, usa-se tecnologia avançada, mão de obra assalariada (permanente e temporária), 
especialização de culturas, grandes áreas de cultivo. Na familiar, trabalham o dono da terra e seus 
parentes, tendo um ou outro empregado e, normalmente, área de cultivo pequena. 
Para essa atividade, o artigo 971 do Código Civil prevê um tratamento específico:
O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, 
observadas as formalidades que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer 
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, 
caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao 
empresário sujeito a registro.
Portanto, somente quando o requerer expressamente, o produtor rural será considerado empresário. 
O que deverá ocorrer com os titulares de agronegócios.
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Como última hipótese, enquadram-se as cooperativas, que embora atendam a todos os requisitos 
legais da caracterização, ou seja, profissionalismo, atividade econômica organizada e produção ou 
circulação de bens e serviços, por expressa disposição legal, Lei nº 5.764/71 e artigos 1.093 a 1.096 do 
Código Civil, não se submetem ao regime jurídico-empresarial.
Aqui há uma controvérsia jurídica, pois, como prevê o artigo 982, parágrafo único, a cooperativa 
é uma sociedade simples e, por força do disposto no artigo 998, o seu registro deveria ocorrer ante o 
Registro Público de Pessoas Jurídicas, mas as cooperativas, com fundamento no art. 7º do Decreto nº 
1.800/96, continuam a fazer o seu registro no Registro Público de Empresas Mercantis. 
2.1 Espécies de empresários 
Os empresários podem exercer a afinidade empresarial de duas formas: individualmente, o empresário 
individual, ou mediante forma societária. Segundo artigo 983, o exercício da forma societária tem sido 
chamado de empresa coletiva. 
2.2 Capacidade
Para o exercício da atividade empresarial, o empresário necessita da plena capacidade civil, 
ou seja, segundo o artigo 972 do Código Civil, “podem exercer a atividade de empresário os que 
estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. A incapacidade 
cessa aos 18 anos completos ou pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, 
mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença 
do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos completos, pelo casamento, pelo exercício de 
emprego público efetivo, pela colação de grau em curso de Ensino Superior, pelo estabelecimento 
civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor 
com 16 anos tenha economia própria, como determinado pelo art. 5º do Código Civil. 
Conforme prevê o art. 972 do Código Civil brasileiro, existem pessoas legalmente impedidas de 
exercer a atividade empresarial, são eles: os membros do Ministério Público (art.128, § 5º, II, c, da 
Constituição Federal), salvo se acionista ou cotista (art. 44, III, da Lei nº 8.625/93), os magistrados 
(Lei Orgânica da Magistratura – Lei Complementar nº 35 de 1979, art. 36, I), nos mesmos limites 
dos membros do Ministério Público. Os deputados federais e estaduais, vereadores e senadores não 
podem contratar pessoa jurídica de direito público (art. 29, IX, e art. 54, II, da Constituição Federal) 
quando exercerem atividade empresarial; os funcionários públicos da Fazenda, no território em 
que exercem suas funções, os oficiais militares e os militares em geral. Pela Lei nº 8.884/94, foi 
vedada também ao presidente e ao conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica 
(Cade) sua participação em atividade empresária. Também são proibidos os falidos (empresários e 
sociedades empresárias); os penalmente proibidos decorrentes de sentença criminal condenatória 
que fixar a interdição desse exercício resultado de pena acessória temporária; e estrangeiros 
quando houver disposição legal para tal, conforme preveem os artigos 176, § 1º, e art. 222 da 
Constituição Federal. 
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3 ASPECToS oBjETIvoS 
3.1 o estabelecimento
O Código Civil, em seus artigos 1.142 a 1.149, prevê a existência do estabelecimento e o conceitua, 
conforme art. 1.134, da seguinte forma: “todo complexo de bens organizado, para o exercício da empresa, 
por empresário ou por sociedade empresária”. É o instrumento da atividade do empresário. Com ele, o 
empresário se aparelha para exercer sua atividade. 
Conforme destaca Requião (1995, p. 278) “na nomenclatura jurídica, usada pelos nossos autores, 
aplicam-se	comumente	as	expressões	fundo	de	comércio,	por	influência	dos	escritores	franceses	(fonds 
de commerce), e azienda, por inspiração dos juristas italianos, como sinônimos de estabelecimento 
comercial”. 
São componentes desse estabelecimento empresarial bens corpóreos e bens incorpóreos. Como 
bens incorpóreos podem se destacar os seguintes sinais distintivos: nome comercial objetivo, título e 
insígnia do estabelecimento; marcas de produto ou serviço, marcas de certificação, marcas coletivas; 
privilégios industriais, tais como patentes de invenção e de modelos de utilidade, registro de desenhos 
industriais. Ainda se inclui nesses bens as obras literárias, artísticas ou científicas, direitos decorrentes 
dos contratos em geral e os créditos.
Quanto aos bens corpóreos, podem ser destacados os terrenos, edifícios, construções, máquinas,equipamentos, estoques, veículos, dinheiro etc.
Na hipótese de cessão do estabelecimento empresarial, usa-se a expressão trespasse. Essa cessão só 
produz efeitos, quanto a terceiros, depois de averbada no Registro Público de Empresas Mercantis. 
Para evitar o conluio fraudulento entre o alienante do estabelecimento e seu adquirente, o 
Código Civil, em seu artigo 1.146, previu a responsabilidade solidária do alienante pelo prazo de 
um ano, contado a partir dos vencimentos dos créditos, se ainda não vencidos, e de um ano a 
partir da publicação do arquivamento na Junta Comercial, se os créditos se encontrarem vencidos 
quando do trespasse. Destaca-se que nem a clientela nem o aviamento integram o estabelecimento 
empresarial, porque não se subsumem ao conceito de coisa, suscetível de domínio. 
 observação
A clientela é um dos fatores do aviamento que é um atributo do 
estabelecimento. 
Devido à capacidade do empresário de gerar lucros, esse valor pode acrescer o total do ativo 
disponível e dos bens materiais da empresa, constituindo o aviamento. 
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Conforme conceitua Oscar Barreto Filho: 
O aviamento existe no estabelecimento, como a beleza, a saúde ou a honradez 
existem na pessoa humana, a velocidade no automóvel, a fertilidade do solo, 
constituídas qualidades incindíveis dos entes a que se referem. O aviamento 
não existe como elemento separado do estabelecimento e, portanto, não 
pode constituir em si por si objeto autônomo de direitos, suscetível de ser 
alienado, ou dado em garantia (FILHO, 1988, p. 171).
O ponto empresarial, local onde o empresário fixa seu estabelecimento para ali exercer sua atividade, 
tem proteção legal, ou seja, caso o imóvel onde está localizado não seja de propriedade do empresário, 
a ele será dado o direito de renovação compulsória do contrato de locação nos termos do artigo 51 e 
seguintes da Lei nº 8.245/91.
 Saiba mais
Para mais informação, leia:
BARRETO FILHO, O. Teoria do estabelecimento comercial. 2. ed. São 
Paulo: Saraiva, 1988.
3.2 registro de empresa
A primeira forma de registro surge com as corporações de ofício, conforme relata o professor 
Carvalho de Mendonça:
O registro do comércio tem, também, a sua história. Há quem descubra as 
suas origens na matrícula (matricula, ruolo) que as corporações comerciais 
italianas desde o século XIII organizavam com os nomes de seus aderentes e, 
depois de certa época, dos fatos mais importantes da sua vida jurídica. Certo 
é que, no século XIX, o Código Espanhol de 1829 foi o primeiro a delinear 
as regras sobre aquele instituto, dispondo nos arts. 22 a 31 sobre El Registro 
Publico Del Comercio (MENDONçA, 2000).
Somente em março de 1919, na França, a legislação restaurará o registro do comércio. 
No Brasil, foi criado, em 1808, por ato de D. João VI, o Tribunal da Real Junta do Comércio, Agricultura, 
Fábrica e Navegação do Estado do Brasil e Domínios Ultramarinos. Esse tribunal se encarregou, ato de D. 
João VI, “dos objetos de sua instituição que compreendem o que é respectivo ao comércio, agricultura, 
fábricas e navegação; e decidirá o que lhe requererem; consultando-me, quando for necessário e 
propondo-me tudo o que puder concorrer para o melhoramento de objetos tão interessantes ao bem 
do Estado”. O fato de nosso país já possuir uma legislação comercial deslanchou o desenvolvimento 
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econômico, iniciado com a vinda da família real e com a abertura dos portos às nações amigas, 
culminando com a abertura da Junta Real do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação do Brasil.
Após isso, surgiram os Tribunais do Comércio, onde se faziam os registros dos comerciantes. Com 
sua extinção em 1875, o registro do comércio passou a ser de competência das juntas e inspetorias 
comerciais, criadas pelo Decreto nº 6.384, de 1876.
Seguiram-se quatro normas, estando três delas ainda em pleno vigor:
•	 Decreto	nº	916,	de	24	de	outubro	de	1890:	cria	o	registro	de	firmas	ou	razões	comerciais	a	cargo	
da Secretaria das Juntas Comerciais e das inspetorias comerciais, regulamenta a formação da 
constituição do nome comercial e dos comerciantes individuais; das sociedades de pessoas e das 
sociedades de capitas; os direitos decorrentes do nome comercial e as formalidades de registro.
•	 Lei	nº	4.726,	de	13	de	junho	de	1965:	cria	os	serviços	de	registro	do	comércio	e	atividades	afins	
a cargo do Departamento Nacional de Registro do Comércio, da Divisão Jurídica do Registro de 
Comércio e das Juntas Comerciais. Foi revogada expressamente pela Lei nº 8.934/94.
•	 Lei	nº	8.934,	de	18	de	novembro	de	1994:	dispõe	sobre	o	registro	público	de	empresas	mercantis	
e atividades afins. Foi regulamentada pelo Decreto nº 1.800, de 30 de janeiro de 1996.
•	 Lei	nº	10.406,	de	10	de	janeiro	de	2002:	Código	Civil	brasileiro;	artigos	45,	46	e	967	a	971.
Assim, dispõe o Registro Público de Empresas Mercantis, criado pela Lei nº 8.934/94: 
O Registro Público de Empresas Mercantis é exercido em todo o território 
nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais e estaduais, com a 
finalidade de: dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia 
aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos a registro; cadastrar 
as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no país e manter 
atualizadas as informações pertinentes; proceder às matriculas dos agentes 
auxiliares do comércio, bem como ao seu cancelamento.
Os atos das firmas mercantis individuais (empresários, pelo Código Civil) e das sociedades mercantis 
(sociedades empresárias, pelo Código Civil) serão arquivados no Registro Público das Empresas Mercantis 
independente de seu objeto, salvas as exceções previstas em lei.
A lei estabelece que fica instituído o Número de Identificação do Registro de Empresas (Nire), que será 
atribuído a todo ato constitutivo de empresa, devendo ser compatibilizado com os números adotados 
pelos demais cadastros federais, na forma de regulamentação do Poder Executivo.
Os serviços do Registro Público de Empresas Mercantis serão exercidos em todo o território nacional, 
de maneira uniforme, harmônica e interdependente, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas 
Mercantis (Sinrem), composto pelos seguintes órgãos:
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•	 O	 Departamento	 Nacional	 de	 Registro	 de	 Comércio,	 órgão	 central	 do	 Sinrem,	 com	 funções	
supervisora, orientadora e normativa, no plano técnico; e supletiva, no plano administrativo. 
•	 As	Juntas	Comerciais,	como	órgãos	locais,	com	funções	executoras	e	administradora	dos	serviços	
de registro.
O Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), criado pelos arts. 17, II, e art. 20 da Lei 
nº 4.048, de 29 de dezembro de 1961, órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
Exterior, têm por finalidade:
I. supervisionar e coordenar, no plano técnico, os órgãosincumbidos da execução dos serviços de 
Registro Público de Empresas Mercantis e atividades afins;
II. estabelecer e consolidar, com exclusividade, as normas e diretrizes gerais do Registro Público de 
Empresas Mercantis;
III. solucionar dúvidas ocorrentes na interpretação das leis, regulamentos e demais normas 
relacionadas com o registro de empresas mercantis, baixando instruções para esse fim;
IV. prestar orientação às Juntas Comerciais, com vistas à solução de consultas e à observância das 
normas legais e regulamentares do Registro Público de Empresas Mercantis;
V. exercer ampla fiscalização jurídica sobre os órgãos incumbidos do Registro Público de Empresas 
Mercantis, representando para os devidos fins às autoridades administrativas contra abusos e 
infrações das respectivas normas, e requerendo tudo o que se afigura necessário ao cumprimento 
destas;
VI. estabelecer normas procedimentais de arquivamento de atos de firmas mercantis individuais e 
sociedades mercantis de qualquer natureza;
VII. promover ou providenciar, supletivamente, as medidas tendentes a suprir ou corrigir as ausências, 
falhas ou deficiências dos serviços de Registro Público de Empresas Mercantis;
VIII. prestar colaboração técnica e financeira às Juntas Comerciais para a melhoria dos serviços 
pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis;
IX. organizar e manter atualizado o cadastro nacional das empresas mercantis em funcionamento 
no país, com a cooperação das Juntas Comerciais;
X. instruir, examinar e encaminhar os processos e recursos a serem decididos pelo Ministro de 
Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, inclusive os pedidos de autorização 
para a nacionalização ou instalação de filial, agência, sucursal ou estabelecimento no país, por 
sociedade estrangeira, sem prejuízo da competência de outros órgãos federais;
XI. promover e efetuar estudos, reuniões e publicações sobre assuntos pertinentes ao Registro 
Público de Empresas Mercantis.
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Quanto às Juntas Comerciais Estaduais são órgãos integrantes da administração estadual, que 
desempenham uma função de natureza federal. O mesmo ocorre com o Registro Civil de Pessoas 
Jurídicas (art. 1.150 do Código Civil), cujos oficiais públicos são nomeados pelos governos locais para 
desempenhar funções de natureza federal. Dos atos e decisões das Juntas Comerciais cabe recurso para 
o Diretor do Departamento Nacional de Registro do Comércio. 
Elas são compostas da presidência, que é o seu órgão diretivo e representativo; do plenário, órgão 
deliberativo superior, constituído como um colegiado; das turmas como órgãos deliberativos inferiores; 
da secretaria geral, como órgão administrativo; da procuradoria regional, órgão de fiscalização e 
consultoria jurídica das Juntas; e das delegacias, que são órgãos locais nas diversas regiões, das unidades 
federativas do país.
O plenário, composto por vogais (o nome pelo qual são chamados seus membros) e respectivos 
suplentes, será constituído pelo mínimo de 11 e máximo de 23 vogais. Estes são nomeados pelo governo 
estadual dentre os brasileiros que estejam em gozo dos direitos civis e políticos e que sejam, ou tenham 
sido por mais de cinco anos, titulares de firma mercantil individual, sócios ou administradores de 
sociedade mercantil. Esses vogais são escolhidos da seguinte forma:
I. Metade do número de vogais e suplentes serão indicados pelas Associações Comerciais com sede 
na jurisdição da Junta, mediante lista tríplice.
II. Um vogal e um suplente pela União Federal.
III. Quatro vogais representando a classe dos advogados, economistas, contadores e administradores, 
todos mediante lista tríplice do respectivo Conselho Seccional.
IV. Os demais por livre escolha do Estado.
3.3 Finalidade do registro
São as seguintes finalidades do registro:
•	 dar	 garantia,	 publicidade,	 autenticidade,	 segurança	 e	 eficácia	 aos	 atos	 jurídicos	 das	 empresas	
mercantis;
•	 cadastrar	as	empresas	nacionais	e	estrangeiras	em	funcionamento	no	Brasil	e	manter	atualizadas	
as informações pertinentes;
•	 proceder	a	matrícula	dos	agentes	auxiliares	do	comércio,	bem	como	o	seu	cancelamento.
3.4 Efeitos jurídicos do registro
A falta do registro obrigatório (art. 967) traz impedimentos ao exercício de sua atividade, tornando-o 
irregular e impondo-lhe restrições previstas na legislação administrativa, processual e mercantil.
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O empresário não registrado não pode requerer a falência de outro, nem tampouco sua própria 
recuperação judicial. Não poderá também registrar seus livros empresariais que comprovam sua atuação. 
Também não lhe é permitido o enquadramento de microempresa, bem como participar de licitações 
públicas.
 observação
O principal efeito jurídico do registro é que com ele a sociedade 
empresária adquire sua personalidade jurídica.
Assim, desde o registro, por concessão da lei, as sociedades adquirem personalidade jurídica, 
conforme disposto no art. 45 do Código Civil: “começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito 
privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de 
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que 
passar o ato constitutivo”.
As sociedades empresárias estão arroladas como pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, II, do 
Código Civil).
Decorrem desse surgimento da pessoa jurídica, os seguintes efeitos com sua personalização:
•	 a	assunção	da	capacidade	para	direitos	e	obrigações;
•	 os	sócios	não	mais	se	confundem	com	a	pessoa	da	sociedade;
•	 a	pessoa	jurídica	possui	patrimônio	próprio,	distinto	do	de	seus	sócios;
•	 a	sociedade	pode	alterar	sua	estrutura	interna.
3.5 nome empresarial e firma da sociedade
O art. 1.155 do Código Civil conceitua o “nome empresarial como sendo a firma ou denominação 
adotada, de conformidade com este capítulo, para o exercício de empresa”.
O nome empresarial compreende, como expressão genérica, três espécies de designação: a firma de 
empresário (a antiga firma individual), a firma ou razão social e a denominação.
A firma de empresário, ou firma individual, é o nome adotado pelo empresário no exercício de 
sua atividade, mediante o qual é identificado no mundo empresarial, sendo composto por seu nome 
civil completo ou abreviado, acrescido ou não de designação precisa de sua pessoa ou do gênero de 
sua atividade. Por exemplo, Antônio Santos, empresário, adotará seu patronímico ou a abreviatura “A. 
Santos”, ou ainda “Antônio Santos – Quitanda”. 
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A firma, ou razão social, é o nome adotado pela sociedade empresária para o exercício de sua 
atividade, pelo qual se identifica no mundo empresarial, sendo composto pelos nomes civis ou partes 
destes, de um, alguns ou todos os sócios da sociedade,sendo exigidos, em sua formação, acréscimos 
de expressões indicadoras da espécie societária (limitada ou comandita por ações). Por exemplo, Pedro 
Silva, Kaue Andrade e Clayton Souza Ltda.
A denominação é o nome adotado pela sociedade empresária para o exercício de sua atividade, é 
formado pela expressão linguística que contenha o objeto social e o tipo societário escolhido; é obrigatória 
quando se tratar de Sociedade Anônima (S.A.). Por exemplo, Indústria Brasileira de Tecidos S.A.
Destaca-se ainda que, após o registro, o nome empresarial passa a ter a proteção. Esta proteção 
advém do princípio da especialidade, conforme prevê o art. 35, V, da Lei nº 8.934/94. Com o registro, 
impede-se o arquivamento de atos de empresa mercantis com nome idêntico ou semelhante a outro 
existente. 
A proteção anterior é garantida apenas na unidade federativa de jurisdição da Junta Comercial que 
procedeu ao arquivamento respectivo, podendo ser solicitado que seja estendida a outras unidades da 
Federação a pedido do interessado, desde que observada instrução normativa do DNRC.
O nome empresarial terá sua alteração obrigatória, em virtude da adoção dos princípios da veracidade 
e da novidade, quando ocorrer:
•	 no	caso	de	retirada,	exclusão	ou	morte	de	sócio	cujo	nome	civil	constava	da	firma	social	 (art.	
1.165). 
•	 na	alienação	do	estabelecimento	empresarial	por	ato	entre	vivos,	facultando-se,	entretanto,	se	o	
contrato de alienação permitir ao novo adquirente aditar o antigo nome ao seu, precedendo-o: 
“Cicrano de Tal & Cia. Sucessor da firma X”.
3.6 Prepostos, gerentes, contabilistas e demais auxiliares
Como a empresa é uma organização que ajusta os fatores econômicos, natureza, capital e trabalho, 
para a produção ou circulação de bens e serviços, não se pode, portanto, deixar de levar em consideração 
a participação de colaboradores do empresário que integram o setor trabalho.
Os colaboradores são divididos em auxiliares dependentes e auxiliares independentes. São 
dependentes aqueles que prestam serviço à empresa sob a condição de assalariados, subordinados 
hierarquicamente ao empresário, trabalhando internamente (auxiliares dependentes internos) ou 
externamente (auxiliares dependentes externos). Quanto aos independentes, são aqueles que não se 
sujeitam à disciplina hierárquica. 
Os prepostos (art. 1.169 do Código Civil) são os auxiliares dependentes que exercem determinadas 
atividades jurídicas dentro da empresa, substituindo o empresário em determinadas atividades jurídicas, 
seja na órbita interna ou na externa. Na órbita interna, deve-se levar em consideração a teoria da 
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aparência, ou seja, de que o ato praticado pelo preposto internamente foi autorizado pelo empresário, 
tendo ou não contrato para tal.
Dentre eles está o gerente (art. 1.172 do Código Civil), o preposto, portanto empregado, encarregado 
permanentemente da administração da empresa, ou de setores, departamento ou unidades. 
Quanto ao gerente, ele está autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos poderes 
que lhe foram concedidos (art. 1.173 do Código Civil). Para serem oponíveis a terceiros, é necessário 
que o ato que lhe dimensionou os poderes seja levado a averbação no Registro Público de Empresas 
Mercantis. Este também é um auxiliar dependente do empresário.
Já os contabilistas são aqueles que, para o exercício regular da sua profissão, devem ser regularmente 
inscritos nos Conselhos Regionais de Contabilidade. Esses profissionais fazem a escrituração obrigatória 
das atividades dos empresários. Portanto, o contabilista é o preposto do empresário responsável pela 
escrituração das atividades desenvolvidas. 
Agindo como preposto, a escrituração lançada pelo contabilista é considerada como se lançada pelo 
próprio empresário, salvo caso de comprovada má-fé (art. 1.177 do Código Civil). 
Os auxiliares independentes são aqueles vinculados ao empresário, por meio de contratos de 
colaboração. Destacam-se como tal os contratos de corretagem, de distribuição, de mandato etc.
3.7 Escrituração e contabilidade
Conforme já explanado, todo empresário é obrigado a escriturar suas atividades. A obrigação legal 
decorre dos arts. 1.179 a 1.195 do Código Civil.
O Código Civil adotou alguns princípios que resumimos a seguir:
a) Da fidelidade: a escrituração contábil deve exprimir, com fidelidade e clareza, a real situação da 
empresa. Assim se expressa o professor Spencer Vampré:
A contabilidade e escrituração regulares se impõem, com indeclinável 
necessidade: a) em relação ao comerciante, porque constituem como que 
sua bússola, que lhe possibilita averiguar, a cada momento, o estado de seus 
negócios, e o aconselha a realizar, ou abster-se de novas transações; b) em 
relação a terceiros, porque fornecem a prova mais natural e mais simples 
dos seus débitos e recebimentos; elucidam direitos contestados; facilitam 
liquidações e prestações de contas; e, em caso de falência, demonstram as 
origens dela, a sua boa, ou má-fé, e a possibilidade pagamento proporcional 
aos credores (VAMPRÉ, 1996).
b) Sigilo: conforme previsão dos artigos 1.190 e 1.191, os livros são protegidos pela garantia da 
inviolabilidade, devendo ser exibidos somente quando for necessária a solução de questões 
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relativas à administração ou gestão por conta de outrem, comunhão ou sociedade, sucessão 
ou liquidação. O escopo do princípio do sigilo imposto sobre os livros e documentos mercantis 
“é evitar ou impedir a concorrência desleal” (MARCONDES, 1979, p. 70). Portanto, a exibição 
somente ocorrerá nos casos mencionados nos artigos 1.191 do Código Civil e 381 do Código de 
Processo Civil.
Classificam-se os livros empresariais em obrigatórios e não obrigatórios ou facultativos, também 
chamados de auxiliares. São obrigatórios:
•	 como	livro	comum,	o	livro	diário	(art.	1.180	do	Código	Civil);
•	 como	 livros	especiais,	o	 livro	de	 registro	de	duplicatas;	os	 livros	exigidos	pelas	 sociedades	por	
ações, ou seja, Registro de Ações Nominativas, Registro de Transferência de Ações Nominativas e 
Registro de Transferência de Partes Beneficiárias. 
•	 livros	exigidos	para	registro	dos	atos	de	administração:	Atas	de	Assembleias	Gerais,	Presença	de	
Acionistas, Atas de reuniões do Conselho de Administração, Atas de Reuniões da Diretoria e Atas 
e Pareceres do Conselho Fiscal. 
4 TEorIA GErAl do dIrEITo SoCIETárIo
Diante da dificuldade, como pessoa física, de se desenvolver as atividades econômicas de forma 
isolada, tornou-se necessária a combinação de esforços ou recursos com mais pessoas. Portanto, é 
frequente a união dessas pessoas em sociedades para o exercício de atividades econômicas. 
Sobre essa nova sociedade, Marcelo M. Bertoldi expõe o seguinte conceito: 
As sociedades empresárias são as organizações econômicas, dotadas de 
personalidade jurídica e patrimônio próprio, constituídas ordinariamente 
por mais de uma pessoa, que tem como objetivo a produção ou a troca de 
bens ou serviços com fins lucrativos (BERTOLDI, 2001, p. 166).
Esse conceito corrobora a previsão do art. 981 do Código Civil: “celebram contrato de sociedade as 
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir,com bens ou serviços para o exercício de atividade 
econômica e partilha, entre si, dos resultados”.
Com o advento da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada pela Lei nº 12.441/2011, o 
ordenamento jurídico brasileiro passou a admitir a existência da sociedade unipessoal.
A affectio societatis é traço mais específico de uma sociedade, a vontade de cooperação ativa dos 
sócios, a vontade de atingir um fim comum. Não se trata do simples consenso comum aos contratos 
em geral, mas de uma manifestação expressa de vontade no sentido do ingresso na sociedade e na 
consecução de um fim comum. “Ela significa confiança mútua e vontade de cooperação conjunta, a fim 
de obter determinados benefícios” (FRANCO, 1995, p. 133). 
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4.1 Classificação das sociedades
As sociedades podem ser classificadas segundo vários critérios, tais como:
•	 responsabilidade	 dos	 sócios:	 sociedades	 limitadas	 quando	 o	 contrato	 social	 restringe	 a	
responsabilidade dos sócios ao valor de suas contribuições ou à soma do capital social (sociedades 
por cotas de responsabilidade limitada e sociedades anônimas); sociedades ilimitadas, quando 
todos os sócios assumem responsabilidade ilimitada e solidária relativamente às obrigações 
sociais (sociedade em nome coletivo, sociedades irregulares, sociedades de fato); e sociedades 
mistas, quando o contrato social conjuga a responsabilidade ilimitada e solidária de alguns sócios 
com a responsabilidade limitada de outros sócios (sociedades em comandita simples, sociedade 
em comandita por ações e sociedade em conta de participação);
•	 personificação:	 em	 sociedades	 não	 personificadas	 (sociedades	 irregulares	 ou	 de	 fato,	 hoje	
denominadas sociedades em comum, art. 986 do Código Civil), a sociedade em conta de 
participação, e sociedades personificadas, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita 
simples, sociedades por cotas de responsabilidade limitada, sociedade anônima, sociedade em 
comandita por ações e sociedade simples;
•	 forma	do	capital:	em	sociedade	de	capital	fixo	 (todas	as	sociedades	empresariais)	e	de	capital	
variável (sociedades cooperativas);
•	 quanto	à	estrutura	econômica:	sociedade	de	pessoas,	constituída	em	função	da	qualidade	pessoal	
dos sócios e sociedades de capitais, constituída atentando-se preponderantemente ao capital 
social.
4.2 Ato constitutivo da sociedade
Como já abordado, a sociedade se forma pela manifestação da vontade das pessoas, podendo 
ser unipessoal, ou por duas ou mais pessoas. Essa manifestação se constitui mediante contrato 
escrito, com cláusulas estabelecidas pelos sócios e chamadas de sociedades contratuais. Nessa 
categoria, se inserem as sociedades: em comum, em conta de participação, simples, em nome 
coletivo, em comandita simples e as limitadas. Outras se constituem mediante adesão a um 
estatuto social, sendo chamadas sociedades institucionais, nas quais se incluem as: anônimas, em 
comandita por ações e cooperativas.
Esses contratos devem obedecer à regra geral do art. 104 do Código Civil, ou seja, agente capaz (já 
analisado quando da capacidade empresarial), objeto lícito, possível e determinado ou determinável e 
forma prescrita ou não defesa em lei. 
4.3 da personalização das sociedades
Formada a sociedade pelo concurso de vontades individuais, conforme contrato ou estatuto, e com 
o subsequente registro no órgão competente, surge uma pessoa jurídica conforme previsão do art. 45 
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do Código Civil: “começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do 
ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do 
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações que passar o ato constitutivo”. Reiterada 
no art. 985: “a sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma 
da lei, dos seus atos constitutivos.
Destacam-se sete teorias para justificar a natureza da personalidade das pessoas jurídicas. São elas:
•	 Teoria	Individualista	
De autoria de Rudolf Von Ihering, para o conceituado jurista do séc. XIX, quem teria personalidade 
seriam os membros da sociedade, ou os destinatários do patrimônio das fundações. Essa concepção está 
totalmente superada. Assim, ensina Caio Mário da Silva Pereira:
Contra essa conceituação podemos de início objetar que, sendo possível 
um	conflito	entre	a	pessoa	jurídica	e	um	dos	seus	membros	componentes,	
litígios que se esboçam com relativa frequência, dos quais resulta o 
reconhecimento de direito da sociedade ou associação contra o associado 
ou vice-versa, não explica a doutrina como se realizaria o exercício do direito 
da entidade contra o seu membro componente, se fosse verdade que ela não 
é o sujeito da relação jurídica, mas apenas um meio técnico pelo qual os 
seus componentes o exercitam (PEREIRA, 2000, p. 191).
•	 Teoria	da	Ficção	
Essa teoria é atribuída aos glosadores da Idade Média e à Savigny. Nessa linha de entendimento, a 
pessoa jurídica é uma mera criação do legislador, uma criação intelectual, uma ficção. Embora seja uma 
das teorias mais estudadas, ela é criticada, porque não se pode negar que há uma vontade real, resultante 
da soma das vontades dos sócios, a qual não é uma mera ficção. Além do que, não é explicado como fica 
a situação do Estado como pessoa jurídica, uma vez que restariam as seguintes dúvidas a serem sanadas: 
quem criou o Estado? Quem lhe reconheceu a personalidade, uma vez que cabe a ele tal ofício?
•	 Teoria	da	Vontade	
Nessa teoria, afirma-se que a vontade é personificada. Assim, para os seres humanos a sua vontade é que 
teria personalidade, e para as sociedades, a vontade que as criou é que seria personificada. Comete-se aqui 
o mesmo erro que a teoria da ficção, ao personificar a vontade, uma vez que continua a entender a pessoa 
jurídica como ente fictício. Com relação às pessoas físicas, sendo portadores de um Estado incompatível com o 
reconhecimento de uma vontade livre (menores, alienados), não deixam de ser sujeito de direito.
•	 Teoria	da	Instituição	
Criado por Maurice Hauriou, essa teoria sustentava que as pessoas jurídicas seriam instituições 
destinadas à execução de um serviço público ou privado, construções destinadas ao atendimento de uma 
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finalidade. Nem toda instituição seria uma pessoa moral, mas toda pessoa moral seria uma instituição. 
O referido pensador identifica os elementos necessários para a configuração de uma instituição, quais 
sejam: a ideia de uma obra a realizar no grupo social; uma organização de poder posta a serviço de 
realização dessa obra; manifestação de vontade no grupo social a respeito da ideia e da sua realização 
(HAURIOU, 1968).
Ao analisar a teoria, assim se expressou o emérito professor Sílvio Rodrigues: 
A constituição de uma instituiçãoenvolve: uma ideia que cria um vínculo 
social, unindo indivíduos que visam a um mesmo fim; e uma organização, 
ou seja, um conjunto de meios destinados à consecução de um fim comum. 
A instituição tem uma vida interior representada pela atividade de seus 
membros,	 que	 se	 reflete	 numa	 posição	 hierárquica	 estabelecida	 entre	 os	
órgãos diretores e os demais componentes, fazendo, assim, com que apareça 
uma estrutura orgânica. Sua vida exterior, por outro lado, manifesta-se 
através de sua atuação no mundo do Direito, com o escopo de realizar a 
ideia comum (RODRIGUES, 2002, pp. 88-89).
Por essa definição de instituição, vemos que tal teoria dificilmente se adaptaria às sociedades e 
associações, porquanto suprime a realidade dos associados, que são o elemento dominante em tais 
pessoas jurídicas. Há uma valorização excessiva do elemento sociológico. 
•	 Teoria	da	Realidade	Objetiva	ou	Orgânica	
Nessa teoria, a pessoa jurídica é considerada como uma realidade, realidade essa que preexiste 
à lei. Nas pessoas jurídica, haveria uma vontade individualizada, própria, e onde há vontade 
há direito, e onde há direito há um sujeito de direitos. Concebe-se a pessoa jurídica como um 
organismo natural, tal qual o ser humano, possuindo uma vontade própria, interesses próprios e 
patrimônio próprio.
Francesco Ferrara comenta essa teoria: 
O paradoxo central de toda esta teoria está na suposição gratuita que o ente 
coletivo tenha uma vontade própria. Porém, uma vontade não pode ter no 
sentido psicológico. Ora, apenas os homens possuem uma vontade, não 
seres extra-humanos, assim ditos sociais. É certo que o querer dos indivíduos 
associados, reagindo e combinando-se entre si, se modificam, sujeitam-se 
a	atrações,	 influências	e	 interferências,	de	modo	que	o	resultado	do	querer	
conjunto dos associados é diferente no conteúdo da vontade inicial dos 
indivíduos, mas não se cria com isso uma vontade diversa atribuível a um ente 
misterioso que sobrepõe a todos e tudo penetra (FERRARA, 1956, p. 24 apud 
TOMAZETTE, 2013, p. 228).
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•	 Teoria	da	Realidade	Técnica	
Utilizando-se dos acertos e das críticas das Teorias da Ficção e da Realidade Orgânica, desenvolveu-
se a Teoria da Realidade Técnica, hoje a mais aceita pela doutrina.
Assim, as pessoas jurídicas são realidades reconhecidas pelo Direito, este não cria as pessoas jurídicas 
do nada, mas a partir de realidade que não se confunde com realidade das pessoas humanas. O Direito 
não considera apenas a realidade vulgar levando em conta outros fatores, tanto que reconhece a 
personalidade independentemente de um suporte biológico. O professor Washington de Barros Monteiro 
apresenta-nos esta definição: 
A personalidade jurídica não é, pois, ficção, mas uma forma, uma investidura, 
um atributo, que o Estado defere a certos entes havidos como merecedores 
dessa situação. O Estado não outorga tal predicado de maneira arbitrária 
e sim tendo em vista determinada situação, que já encontra devidamente 
concretizada (MONTEIRO, 1993, p. 100).
Assim, a pessoa jurídica é uma realidade técnica, que pressupõe dois elementos: substrato + 
reconhecimento. 
4.4 Efeitos da personalização
Da definição da sociedade como pessoa jurídica derivam consequências precisas, relacionadas com 
a atribuição de direitos e obrigações ao sujeito de direito nela encerrados. Ou então, na medida em 
que a lei estabelece a separação entre a pessoa jurídica e os membros que a compõem, consagrando o 
princípio da autonomia patrimonial, os sócios não podem ser considerados os titulares dos direitos ou 
os devedores das prestações relacionadas ao exercício da atividade econômica, explorada em conjunto. 
Será a própria pessoa jurídica da sociedade a titular de tais direitos e a devedora dessas obrigações. 
Dentro dessas consequências, pode-se destacar:
•	 considerar-se	a	sociedade	uma	pessoa,	isto	é,	um	sujeito	capaz	de	direitos	e	obrigações.	Pode	estar	
em juízo por si, contrata e se obriga (art. 1.022 do Código Civil);
•	 tendo	a	sociedade	individualidade	própria	como	pessoa	jurídica,	os	sócios	que	a	constituírem	com	
ela não se confundem, não adquirindo com isso a qualidade de comerciante;
•	 a	sociedade	com	personalidade	adquire	ampla	autonomia	patrimonial.	O	patrimônio	é	seu,	e	esse	
patrimônio, seja qual for o tipo de sociedade, responde ilimitadamente pelo seu passivo;
•	 a	sociedade	tem	a	possibilidade	de	modificar	a	sua	estrutura,	quer	jurídica,	com	a	modificação	do	
contrato adotando outro tipo de sociedade, quer econômica, com a retirada ou ingresso de novos 
sócios, ou simples substituição de pessoas, pela cessão ou transferência de parte do capital.
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Teoria da empresa
 observação
A personalização da sociedade termina após um processo dissolutório, 
que pode ser extrajudicial ou judicial. A simples inatividade não significa o 
seu fim. 
4.5 limites da personalização
Observa-se certa tendência do Direito de restringir ao campo das relações especificamente 
empresariais os efeitos plenos da personalização das sociedades. A razão do desprestígio 
da autonomia da pessoa jurídica encontra-se em dois fatores: na utilização fraudulenta do 
expediente como meio de se furtar ao cumprimento de deveres legais ou contratuais; e na 
natureza da obrigação imputada à pessoa jurídica. Daí que foram incorporadas normas no 
Direito brasileiro que excepcionam a aplicação do princípio da autonomia da pessoa jurídica 
nas sociedades. 
No campo do Direito Tributário, as garantias do crédito fiscal estendem, em determinadas 
hipóteses, a responsabilidade, por falta de recolhimento do tributo aos sócios encarregados da 
administração da sociedade; a Justiça do Trabalho muitas vezes determina a penhora de bens 
particulares de sócios por dívidas trabalhistas da sociedade; a legislação previdenciária autoriza 
o INSS a cobrar os sócios da sociedade limitada o débito desta; a legislação consumerista, a de 
tutela das estruturas do livre mercado e a da repressão aos atos prejudiciais ao meio ambiente 
autorizam a superação da autonomia patrimonial e a responsabilização direita de sócios por atos 
da sociedade.
4.6 desconsideração da personalidade jurídica
Na monografia Il Superamento della Personalità Giuridica delle Società di Capitali, o professor Piero 
Verrucoli, da Universidade de Pisa, nos oferece a origem da Doutrina do Disregard of Legal Entity, que 
teria surgido na jurisprudência inglesa, nos fins do século passado. Em 1897, a justiça inglesa ocupou-
se com um famoso caso Salomon versus Salomon & Co., que envolvia o comerciante Aaron Salomon. 
Esse empresário havia constituído uma company em conjunto com outros seis componentes da sua 
família. Cedeu seu fundo de comércio à sociedade que fundara, recebendo em consequência vinte 
mil ações representativas de sua contribuição, enquanto para cada um dos outros membros coube 
apenas uma ação para a integração do valor da incorporação do fundo de comércio na nova sociedade. 
Salomon recebeu obrigações garantidas no valor de 10 mil libras esterlinas. A sociedade logo se revelou 
insolvente, sendo o seu ativo insuficiente para satisfazer as obrigações garantidas, nada sobrando para 
os credores quirografários.

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