Buscar

Fichamento Lógica Jurídica Chaim Perelman

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
Metodologia e Lógica jurídica I – Prof.ª Marcia Alvim 
Turma: DIR-MF1 
Bruna Martins Souza RA00233028 
Fichamento sobre a obra “Lógica Jurídica: Nova Retórica – Chaim Perelman” 
Referência Bibliográfica: PERELMAN, C. Lógica Jurídica: Nova Retórica. Ed.2ª. São 
Paulo: Martins Fontes, 2010. 
❖ Introdução 
 Perelman inicia sua obra ao abordar os conceitos de raciocínio e lógica, assim como a 
forma com que se relacionam entre si, ele enuncia que o raciocínio equivale tanto à atividade 
mental do indivíduo, quanto a conclusão, a qual esse indivíduo chega após essa psico atividade. 
 Desse modo, o raciocínio como processo psíquico pode ser visto como objeto de estudo 
psicológico, fisiológico, sociológico e cultural, haja vista que essas análises podem revelar as 
influências e conjunturas que modelaram essa forma de pensar, da mesma maneira em que pode 
ser visto como um efeito do ato de pensar e nesse caso, será estudado “o modo como foi 
formulado, o estatuto das premissas e da conclusão, a validade do vínculo que as une, a 
estrutura do raciocínio, sua conformidade a certas regras ou a certos esquemas conhecidos de 
antemão: este exame pertence a uma disciplina que chamamos tradicionalmente de lógica.” 
(p.1), logo, o autor define por lógica o estudo que examina o raciocínio como produto do 
pensamento. 
 Com a influição de Aristóteles em sua obra “Organon”, Chaim trata a respeito da 
distinção entre os raciocínios analíticos e os raciocínios dialéticos. Os raciocínios analíticos, 
vêm a ser aqueles que partem de premissas verdadeiras e chegam a conclusões, também, 
verdadeiras, ou seja, transferem para as inferências validade; independentes de seu conteúdo, 
esse estilo de raciocinar que se preocupa com a forma, denomina-se de Lógica Formal; 
 “O padrão do raciocínio analítico era, para Aristóteles, o silogismo, enunciado pelo 
clássico esquema: "Se todos os B são C e se todos os A são B, todos os A são C." Notemos que 
esse raciocínio é válido quaisquer que sejam os termos colocados no lugar das letras "A", "B" 
e "C".” (p.2) 
 “Do mesmo modo, em álgebra, a verdade da equação "x = x" pressupõe que se substitua 
a letra "x" pelo mesmo valor numérico.” (p.2) 
 Destarte, os raciocínios dialéticos vêm a ser aqueles que buscam persuadir e convencer 
por meio do discurso e ao valer-se de argumentos fortes, visam rebater as teses contrárias às 
suas, defendendo-as assim. Com isso, o raciocínio dialético se estrutura do mesmo modo que o 
raciocínio analítico, com a diferença de que, no dialético, nem todas as premissas são ditas, 
2 
 
algumas são subtendidas e tidas como aceitas pelo público, portanto, as premissas não 
obrigatoriamente levam à uma decisão apenas. 
 Dessa forma, o autor começa a divagar sobre o termo ‘lógica jurídica’, com influência 
em outros autores, identifica vertentes que afirmam a existência de apenas uma lógica, a lógica 
pura e simples, e que há dentre essas, algumas feitas por legistas dentro da área jurídica, inserida 
à essa concepção, o conceito próprio de lógica jurídica não faz sentido. Porém, no viés do autor, 
não se deve suprimir os tipos diversos de raciocínio em apenas um tipo de lógica; 
 “a lógica jurídica é uma lógica material, que nos deve fazer refletir sobre o que cabe 
fazer - nos limites do possível - quando se quer chegar a juízos jurídicos razoáveis ou, ao 
menos, ‘justos.’” (p.7) 
 “o raciocínio jurídico, ao contrário do raciocínio dedutivo puramente formal, só muito 
raramente poderá ser considerado ‘correto’ ou ‘incorreto’.” (p.8) 
 “Quem é encarregado de tomar uma decisão em direito[...]seu comprometimento 
pessoal é inevitável[...]a apreciação do valor das razões -que muito raramente pode ser 
reduzida a um cálculo, um peso ou uma medida- é que pode variar de um indivíduo para outro 
e sublinha o caráter pessoal da decisão tomada.” (p.9) 
 “mas nada prova que a decisão, diante da qual será necessário inclinar-se, seja 
efetivamente a única solução justa para o problema levantado.” 
 Portanto, Chaim passa a discernir o conceito de lógica jurídica e a diferença desse 
modelo de raciocínio jurídico dos demais, pois dentro desse âmbito, é notório que dentro do 
Direto há, de certa forma, uma parcialidade nas tomadas de decisões por parte dos juristas, trata 
de uma ciência ambígua e variável. Adiante, Perelman apresenta historicamente, onde se deu 
as primeiras premissas a respeito da simbologia de justiça, lente pela qual, o Direito é visto nos 
dias de hoje, tomando o pensamento filosófico como base, cita Pedro Abelardo, que seria esse 
primeiro sujeito; 
 “Abelardo preferiu ver na prudência uma ciência, a ciência do bem e do mal, que 
fundamenta o juízo moral na intenção que dá origem à ação. Ele pretendia que, uma vez 
encontrada uma definição das virtudes, especialmente da justiça, bastaria aplicar a definição 
a cada caso particular para tirar, por simples dedução, a conclusão que se impunha[...]já 
encontramos em Pedro Abelardo as premissas dessa ciência do justo, que fornece os princípios 
de uma jurisprudência universal, de um direito natural aplicável a todos os casos, que se 
desenvolverá com os progressos de um racionalismo” (p.14) 
 Por último, Chaim Perelman explicita que o estudo da lógica jurídica conta com a 
historiografia do pensamento jurídico, perpassando do século XIX aos dias contemporâneos, 
3 
 
para desse modo, introduzir as técnicas de raciocínio, de retórica e argumentação prática, 
intrínseca ao universo do Direito. 
❖ Primeira Parte: Teorias relativas ao raciocínio judiciário, sobretudo em direito 
continental, desde o Código de Napoleão até nossos dias 
➢ Capítulo 1 – A escola da exegese 
 Por certo, didaticamente, diferenciou-se três fases da Escola Da Exegese; “uma fase de 
instauração”, que começa em 1804 com a promulgação do Código Civil; “uma fase de 
apogeu”, que se alonga até 1880; e “uma fase de declínio”, em 1899 com a publicação da obra 
de Gény, a instituição tinha o objetivo de “reduzir o direito à lei, de modo mais particular, o 
direito civil ao Código de Napoleão” (p.31), isto é, ela impunha suas técnicas de raciocínio 
jurídico fundamentando-as com base absoluta na lei, de acordo com a passividade do juiz, que 
usa da impessoalidade para pesar as partes e os delitos, como garantia de segurança jurídica, 
por esse motivo, reprovava-se a jurisprudência; 
 “os códigos nada deixam ao arbítrio do intérprete[...]apenas em casos deveras 
excepcionais a lei era verdadeiramente insuficiente.” (p.32) 
 “Essa concepção, fiel à doutrina da separação dos poderes, identifica o direito com a 
lei” (p.32) 
 “Por outro lado, o poder judiciário diz o direito, mas não o elabora. Segundo esta 
concepção, o juiz limita-se a aplicar o direito que lhe é dado... Essa concepção conduz a uma 
visão legalista: a passividade do juiz satisfaz nossa necessidade de segurança jurídica” (p.32) 
 Em vista disso, é posto que a justiça deva agir sem paixão e piedade, por conta disso, 
vem a necessidade que “tenha os olhos vendados”, para que não se compadeça e não seja 
seduzida, esta primordialidade de “exatificar” o Direito, surge com o objetivo de proteger a 
sociedade contra os abusos e as corrupções vistas anteriormente no Antigo Regime; 
 “Isso nos daria a ideia de que não estamos à mercê dos homens, mas ao abrigo de 
instituições, relativamente impessoais.” (p.33) 
 Por conseguinte, com os limites estabelecidos, agora fazia-se necessário estruturar o 
“silogismo judiciário”, cuja premissa maior deveria ser a regra do direito, isto é, a doutrina que 
elabora a dogmática jurídica e cuja premissa menor deveria ser o juiz e os litigantes que fariam 
uso das regras como instrumental do qual as decisões seriam tomadas. Para isso,o sistema de 
normas do Direito deveria compor algumas exigências, dentre elas; ser um sistema formal 
completo e coerente; ter apenas uma regra aplicável a cada caso e a inexistência de qualquer 
duplo sentido; 
4 
 
 “Se o sistema é coerente, deveria ser impossível demonstrar dentro dele uma 
proposição e sua a negação.” (p.34) 
 “A univocidade dos signos e das regras de demonstração garante a eliminação de 
qualquer desacordo ou controvérsia concernente à sua interpretação[...]se um sistema é 
incoerente, por dele podemos deduzir uma contradição, torna-se inutilizável e faz-se necessário 
corrigi-lo.” (p.34) 
 Portanto, somente em um sistema do direito legível dessa forma é que o papel do juiz 
seria de acordo com o que lhe compete, em outras palavras, “de determinar os fatos do processo 
e daí extrair as consequências jurídicas que se impõem, sem colaborar ele próprio na 
elaboração da lei” (p.35), foi esse, em síntese, o objetivo da escola. 
 Consequentemente, o autor examina, passo a passo, os procedimentos de raciocínio que 
eram tomados pelos juízes para cumprirem suas missões, destaque que é imprescindível 
diferenciar o raciocínio jurídico de um juiz, do raciocínio cientifico exato e objetivo de um 
historiador, por exemplo. Adentrando a um contexto, da antiguidade até o período atual, das 
importâncias que eram dadas e dos objetos utilizados como provas judiciais, temos; 
 “a prova da justiça de uma causa era fornecida pelas ordálias, consideradas 
julgamento de Deus” (p.35) 
 “Conforme uma tradição medieval[...]a realidade dos fatos contestados devia ser 
atestada pelo juramento de uma das partes[...]é a confissão do acusado que, cada vez mais, 
constitui a prova que inspira mais confiança” (p.36) 
 “[...]o acusado que deve provar aquilo que afirma. A importância do juramento, 
resquício das ordálias, diminui[...] antigos co-jurantes transformam-se em testemunhas de 
moralidade. Aumenta a importância do depoimento” (p.36) 
 “a prova escrita prevalece sobre o depoimento oral. Distinguir-se-ão então os 
documentos autênticos, aos quais se concederá plena confiança” (p.37) 
 Dessa forma, no decorrer do tempo, a prova dos casos passa a depender cada vez mais 
da “íntima convicção” dos juízes em suas sentenças, logo, sua prudência e entendimento do 
caso é que lhe possibilitará comprovar ou presumir (“conclusão de um fato desconhecido a 
partir de e um fato conhecido”) a realidade aos fatos, intensifica aqui a importância da 
imparcialidade ao se fazer a justiça, isto é, desfazer se de qualquer preconceito bom ou ruim, 
sobre as partes. Assim sendo, os fatos que deverão ser comprovados serão todos aqueles, os 
quais depende a solução da ação. Nessa conjuntura, coube o questionamento constante do papel 
atribuído ao juiz dentro desse processo, se seria permanecer neutro quanto ao valor das provas 
5 
 
lhe apresentadas, mantendo sua liberdade limitada ou se seria encarregar-se da busca pela 
verdade, retirando-se de uma atitude passiva; 
 “A presunção legal não impede que a verdade seja trazida à luz, mas leva em conta 
outros valores que o sistema que a instituiu não quis desprezar. A técnica, que permite tomar 
em consideração tais valores, é que dá ao raciocínio jurídico sua especificidade. De fato, o 
juiz, obrigado a julgar, deve acatar as presunções legais enquanto a prova em contrário não 
houver sido produzida, de modo contraditório no próprio decorrer do processo” (p.45) 
 “o que interessa ao juiz é a aplicação das regras jurídicas aos fatos qualificados, de 
modo que deles extraia as consequências previstas pelo direito em vigor[...]o juiz há de se 
interessar somente pelos detalhes que permitam ou impeçam a aplicação de um regra do 
direito, que seria, em princípio, no sistema de direito continental, um texto de lei ou cláusula 
de uma convenção estabelecida entre as partes.” (p.46) 
 Isso posto, ficou estabelecido a função do juiz, de periciar os detalhes do caso cometido 
para aplicação jurídica de acordo com o aparato legal, porém, o Código nem sempre é exato, 
com ínfimos elementos quantitativos que o deixem preciso para o aplicador da lei, surge 
portanto a necessidade de preenchimento dessas lacunas, de presunções e interpretações, as 
quais eram rechaçadas pela escola de exegese, momento em que havia os tribunais de cassações, 
que se portavam como espécies de “vigias” dos juízes; 
 “Era essa a ideia dos defensores da escola da exegese. Mas pode-se efetivamente 
perguntar, a propósito disso, se o papel de juiz é idêntico ao do historiador do direito, que 
busca descobrir o que realmente se deu quando da discussão e votação de uma lei ou, pelo 
contrário, ele deve buscar a interpretação mais razoável, a que permitiria a “melhor” solução, 
a mais equitativa ao caso particular, de acordo com o direito vigente.” (p.52) 
 “o papel do juiz o obrigaria, sempre que isso fosse possível, e acreditaria que o era na 
maioria dos casos, a dar sua sentença conforme à lei, sem ter de preocupar-se com o caráter 
justo, razoável ou aceitável da solução proposta.” (p.54) 
 Deste modo, observaremos como ampliou-se as antinomias e as lacunas da lei e como 
isso influenciou na quebra do padrão rígido positivista no século XIX, que possibilitou assim, 
a hermenêutica por parte dos juízes. Assim, antinomia vem a ser “quando, em relação a um 
caso específico, existem no sistema duas diretrizes incompatíveis, às quais não se pode 
conformar-se simultaneamente, seja porque impõem duas obrigações em sentido oposto, seja 
porque uma proíbe o que a outra permite e não é possível se conformar a uma sem violar à 
outra.” (p.54), trata-se, portanto, a um problema lógico, pois é inconcebível afirmar duas 
proposições contrárias, não sendo possível o uso da lei como única fonte de solução do conflito. 
6 
 
 Com isto, uma das primeiras ordens para solução desse problema, consistiu em manter-
se uma hierarquia, sendo posta a Constituição ao topo, logo, quando houvesse um antagonismo 
entre uma lei e a constituição, o texto constitucional é que prevalece. Ou também, quando 
preexiste uma lei geral e o legislador promulga uma lei especial, considera-se que a legislação 
especial derroga, automaticamente, a geral. Entretanto, o problema da antinomia se alonga 
“quando duas normas incompatíveis são igualmente válidas e não há regras gerais que 
permitam, nesse caso, atribuir a prioridade a uma ou à outra” (p.56), são de modo geral, 
bastante raras, salvo no ramo do direito internacional, em que costumam ser frequentes haja 
visto que as legislações de nacionalidades distintas nem sempre coincidem, como o caso 
clássico do divórcio entre cônjuges de nacionalidades diferentes. 
 Adiante, com o claro problema das antinomias e as omissões da lei, abandona-se, 
progressivamente, as determinações da escola da exegese, permitindo-se outras fontes de direito 
além da lei positiva, como a jurisprudência; 
 “se servirá da técnica da antinomia para afastar a aplicação de textos legais a favor 
de soluções mais equitativas ou mais razoáveis” (p.62) 
 “Por isso mesmo, se o juiz percebe uma lacuna na lei, é obrigado a preenchê-la, mas 
sua decisão deverá, ainda assim, ser motivada no direito.” (p.62) 
 “a solução não poderá ser obtida por dedução, a partir do texto legal[...]só poderá 
fazê-la recorrendo a formas de raciocínio diferentes dos da lógica formal.” (p.63) 
 A partir disso, tem se que a fonte do direito lei não consegue ser mais suficiente, 
portanto, quando os esforços de interpretação dela se mostrem ineficazes, faz-se necessário 
ultrapassara-la no que diz respeito a solução de conflitos, como se não bastasse, impõe-se ao 
juiz a obrigação de aplicação do direito de modo que ele não possa alegar omissão na leipara 
eximir-se de aplica-la; 
 “A obrigação de preencher as lacunas da lei, concede ao juiz a faculdade de elaborar 
normas[...]ele elabora regras de decisão que lhe fornecerão a solução do problema que lhe é 
submetido.” (p.63) 
 Contudo, de forma a garantir a imparcialidade do juiz definiu-se que “em admitir que, 
na ausência de uma regra expressa, se aceitará, um princípio geral de liberdade[...]o juiz 
deverá inspirar-se no espírito do direito, ou seja, nos valores e nas técnicas que outros textos 
protegem ou utilizam” (p.64), isto é, na jurisprudência, recorre-se a um raciocínio por analogia. 
 Em síntese, quando existir uma antinomia, casos onde não se possui regra geral que 
permita resolver a contradição entre duas normas, cumpre poder decidir de acordo com os 
princípios gerais do direito. Há três tipos de lacunas legislativas; a “intra legem”, que é quando 
7 
 
existe uma lei, porém a ausência de uma segunda lei essencial que a complemente, prejudica a 
eficácia prática dessa primeira norma; a “praeter legem”, que é quando não existe uma lei para 
certo caso; e por fim, a “contra legem”, que é quando, geralmente a defesa, faz uso de uma lei 
geral que limita o alcance de um princípio geral do direito indo de encontro à ele. Sendo assim, 
existe, também, o discurso dos intérpretes que não consideram a legislação lacunosa, pois 
entendem que esses casos podem ser facilmente resolvidos por analogia da lei e que, querer 
regulamentá-la a faz escapar da esfera do direito e partir para outras áreas humanas, cujos outros 
intérpretes defendam a existência de concepções teleológicas, funcionais e sociológicas do 
direito e, que a emancipação do papel do juiz é fundamental. 
➢ Capítulo 2 – As concepções teleológica, funcional e sociológica do direito 
 Nesta época, definem-se os papeis da doutrina e da jurisprudência dentro do Direito, 
que naquele período constavam que se baseava em definir todos os termos usados pela lei, ou 
seja, em fixar o sentido dos termos jurídicos, para assim, concretizar um raciocínio tão estrito 
quanto o de um sistema matemático com o objetivo de se suprimir as ambiguidades e 
controvérsias do meio; 
 “formulando regras gerais de solução de antinomias, mediante a indicação de critérios 
que permitissem descartar uma das duas leis aparentemente aplicáveis aos casos especifico.” 
(p.70) 
 “mediante as quais o juiz pudesse completar as lacunas da lei, admitindo um principio 
geral de liberdade[...]por analogia ou por antítese, que guiaria suficientemente o juiz” (p.70) 
 A partir da segunda metade do século XIX, a escola de Savignye e Ilhering, conseguiram 
conduzir uma mudança, levaram para o direito uma visão mais funcional; 
 “Segundo essa concepção, o direito não constitui um sistema fechado[...]é um meio do 
qual se serve o legislador para atingir seus fins, para a promover certos valores. 
 Porém, para que essa funcionalidade zele para um direito dinâmico, mas também seguro 
e imune às arbitrariedades “deve formular com certa precisão regras de conduta que indicam 
o que é obrigatório, permitido ou proibido, para atingir esses fins e realizar esses 
valores[...]deve remontar do texto à intenção que guiou sua redação, à vontade do legislador, 
e interpretar o texto em conformidade com essa vontade.” (p.71), desse modo, o papel do juiz 
visará reestruturar o contexto no qual aquela lei foi escrita e assim, perseguir seu “espírito”, sua 
essência. 
 Dessa forma, o papel da doutrina e da jurisprudência constituirão em analisar a intenção 
do legislador ao elaborar a lei, portando, é preciso antes de tudo, identificar o espírito da norma 
8 
 
para em seguida, conseguir interpretar a sua funcionalidade e para isso, a lógica torna-se 
fundamental para adequar a regra à ínfimos contextos. 
 Ao examinar os diferentes tipos de raciocínios jurídicos, o professor Tarelo, distinguiu 
trezes tipos diferentes de argumentos, que se preocupam com o conteúdo e não com a forma 
escrita da lei, que permitem diversas interpretações da intenção do legislador ao elaborar os 
textos, os quais vem a ser; 
 I - O argumento a contrario; indica o que a lei deixa de proibir, indica o contrário a ela, 
que não lhe é suscetível, que ela não alcança. 
 II - O argumento a simili; indica que uma lei direcionada a certo sujeito, por analogia, 
é válida também a outros sujeitos terceiros semelhantes ao primeiro, as quais a mesma lei 
também se aplica. 
 III – O argumento a fortiori; indica que uma lei direcionada a dada situação, também, 
será válida por analogia, a outras situações mais ou menos intensas que sejam semelhantes à 
primeira. 
 IV – O argumento a completudine; não acredita em lacunas da lei, indica que existem 
regras para todos os comportamentos, e que não há necessidade de qualificar todo os fatos 
juridicamente, pois as leis são generalistas e englobam, supostamente, todos eles. 
 V – O argumento a coherentia; indica que sempre existe uma terceira regra que 
solucione uma antinomia, seja ela do tipo que for. 
 VI – O argumento psicológico; indica o exame psicológico do elaborador da lei, ou seja, 
reconstrói a intensão, os pensamentos, aos princípios do legislador da época. 
 VII – O argumento histórico; indica certo conservadorismo ao interpretar a norma, 
preserva a imutabilidade da lei, permanece fiel ao modo como o legislador a regulou. 
 VIII – O argumento apagógico; supõe a sensatez do legislador, indica que jamais foi 
pressuposto que houvessem segundas interpretações da lei absurdas, como o nazismo. 
 IX – O argumento teleológico; surge perante problemas anacrônicos de interpretação da 
lei, indica seu espírito e finalidade e última, sem levar em consideração outros contextos. 
 X – O argumento econômico; indica para não ser redundante, o legislador não viu 
necessidade de transformar certos argumentos em normas jurídicas, para não redundar em 
algum princípio previsto em uma lei anterior. 
 XI – O argumento ab exemplo; indica a interpretação da lei conforme com uma decisão 
anterior, tomada nesse caso como exemplo. 
 XII – O argumento sistemático; indica que as leis formam um sistema ordenado, onde 
podem ser interpretadas de variadas maneiras de acordo com seus contextos. 
9 
 
 XIII – O argumento naturalista; indica situações onde o direito positivo contradiz uma 
lei natural, o que deveria, portanto, tornar determinadas leis positivas inaplicáveis. 
 Dessa maneira, os juízes recorriam às presunções irrefutáveis (“mentiras disfarçadas de 
verdade”) e às ficções jurídicas na interpelação dos casos jurídicos conforme a vontade do 
legislador , mas é durante a segunda metade do século XX, que se passa a transição do “Estado 
governado pelas leis” para o “Estado governado pelos juízes” (p.89), de onde nasce uma nova 
relação entre os poderes do legislativo e do judiciários, assim como um novo raciocínio jurídico. 
➢ Capítulo 3 – O raciocínio judiciário depois de 1945 
 Em suma, a visão moderna de raciocínio jurídico é uma reação contra o positivismo, a 
escola de exegese (que enxergava o direito como ciência exata, analítica e dedutiva) e também, 
contra às concepções funcionais e sociológicas da vontade do legislador do direito, enfim, 
rompeu-se com o ideal de exatificar o Direito como justificativa de fugir de possíveis 
arbitrariedades, um trauma que ficou após o período das monarquias absolutistas. 
 Contemporaneamente, Hans Kelsen forneceu eximia contribuição para o ordenamento 
jurídico quando apresentou o direito como um sistema hierarquizado de normas, que difere do 
de um sistema formal, pois as normas dispostas em hierarquia não são deduções umas das 
outras, como nas matemáticas, mas sim, as normas inferiores são autorizadas a existirem 
conformedisposto nas normas superiores, que configuram a Constituição; 
 “o direito será concebido como um sistema dinâmico[...]pode escolher livremente uma 
linha de conduta, desde que não saia dos limites fixados pela norma superior.” (p.92) 
 Assim é que, os três poderes, também, se submetem à norma constitucional, a qual não 
se conforma à nenhuma outra, dessa forma, o juiz passa a ter a liberdade de escolher a 
interpretação que melhor lhe pareça do texto legal, claro que, sua decisão poderia ser anulada 
se constatado abuso e violação da lei pelo Conselho de Estado; 
 “o estudo das prescrições legais, de sua eficácia e de sua evolução, deveria ser 
realizado com os métodos tradicionais das ciências sociais[...]chega a considerar o direito 
muito mais a expressão de realidades sociais, econômicas e políticas, do que como a expressão 
de uma vontade de dirigir e orientar estas mesmas realidades.” (p.94) 
 Desse modo, esta revolta antipositivista observa como o direito estava, na prática, 
intrínseco às ciências sociais, aos costumes e hábitos culturais do dia a dia, indo de encontro à 
rígida teoria pura do direito de Kelsen, é notória, portanto, a rejeição às exatidões e 
estatificações do direito, previa-se um direito dinâmico, e por direito dinâmico não deve 
subtender livre-arbítrio sem limites do poder judiciário, propunha-se um organizada apreciação 
da lei, ao juiz não lhe é autorizado tomar decisões de acordo com suas vontades individuais 
10 
 
espontâneas, apenas considerando a si próprio, ao juiz lhe era obrigatório o fundamento de sua 
tese; 
 “o juiz não pode considerar-se satisfeito se pôde motivar sua decisão de modo 
aceitável; deve também apreciar o valor desta decisão, e julgar se lhe parece justa ou, ao 
menos, sensata.” (p.96) 
 “fazia-se necessário encontrar uma construção jurídica que, mesmo chegando ao 
mesmo resultado, lhe fornecesse um argumento jurídico aceitável.” (p.100) 
 Por conseguinte, esse fundamento jurídico invocava um princípio geral do direito, ou 
seja, o direito primário anterior à civilização, reconhecido por todos os povos e que diz respeito 
à preservação da dignidade da pessoa humana, mesmo quando a lei fixa dos homens não o 
traduza, o juiz lhes declara a existência e lhes garante respeito; 
 “Tal princípio pode, portanto, ser extraído por uma indução amplificadora e fornecer 
a solução de casos não previstos pela lei. Pode-se assim, dizer que esse principio geral 
encontra seu fundamento na lei.” (p.102) 
 “diria que é uma volta à concepção de Aristóteles que, ao lado das leis especiais, 
escritas, afirma a existência de um direito geral, ‘Todos esses princípios não escritos que se 
supõem ser reconhecidos em toda parte’”. (p.103) 
 “Cada vez mais, a doutrina e a jurisprudência de nossos países invocarão tais 
princípios: a Corte de Cassação poderá cassar uma sentença por violação de um princípio 
geral do direito.” (p.104) 
 Sendo assim, os princípios gerais do direito chegam a se sobrepor aos textos 
constitucionais haja visto que, a lei é feita para determinado espaço e tempo, e é de seu dever 
adaptar-se as circunstâncias, isto é, “Obra do homem, ela está sujeita, como todas as coisas 
humanas, à força dos acontecimentos, à força maior, à necessidade” (p.106), todo sistema de 
direito é dependente do contexto político e social, por isso são subordinados a certas finalidades, 
devendo ser constantemente interpretados. 
 Contudo, novamente, é preciso se atentar para que não sejam ultrapassados limites 
importantes; 
 “Conforme às palavras de Planiol: O direito cessa onde começa o abuso, e não pode 
haver uso abusivo de qualquer direito que seja, pela razão irrefutável de que um só e mesmo 
ato não pode ser, ao mesmo empo, conforme e contrário ao direito.” (p.109) 
 “entre modos diferentes de exercer um direito, com a mesma utilidade, não é permitido 
escolher aquele que é prejudicial a outrem, que ignora o interesse geral.” (p.109) 
11 
 
 Em síntese, os princípios gerais do direito geram o direito, os conjuntos de normas e 
estes são aplicados pelos juízes, auxiliados pela doutrina e pela jurisprudência, de modo que vá 
ao encontro dos interesses coletivos e alcancem o objetivo supremo, que seria o bem público. 
 Dessa maneira, o raciocínio jurídico contemporâneo combinou uma concepção do 
Direito mais sociológica e flexível com equidade e sensatez, que navega além dos fundamentos 
do direito natural, que resulta de uma reflexão metodológica do raciocínio judiciário. Esse 
método novo estipula que; 
 “todo esse arsenal de argumentos é totalmente insuficiente para guiar o juiz no 
exercício de suas funções, pois nenhum sistema estabelecido a priori pode indicar-lhe, num 
caso concreto, a qual método de raciocínio deve recorrer” (p.113) 
 A teoria elaborada visa se aliar amplamente à prática judiciária, mais do que interpretar 
os textos legais interpelando outros contextos históricos, psicológicos; objetiva-se 
conscientemente a buscar uma solução justa conforme a natureza do problema se apresente, um 
caráter sensato, esta metodologia traz o direito e todo o seu rol para o momento presente, para 
o atual contexto donde se extrai solução fresca; 
 “ideia prévia daquilo que constituirá uma solução justa, sensata, aceitável que guiará 
o juiz em sua busca de uma motivação juridicamente satisfatória[...]a ideia prévia são os juízos 
de valor, relativos ao caráter adequado da decisão, que guiam o juiz em sua busca daquilo 
que, é justo e conforme o direito[...]Mas esse caráter adequado não será determinado segundo 
critérios subjetivos, mas de uma maneira intersubjetiva, a medita em que corresponde às 
preocupações do meio que a deve aceitar.” (p.114) 
 Sendo assim, o papel do juiz consistirá em ser um sintetizador do direito, levará em 
conta o valor da solução e a sua conformidade com o Direito chegando aos resultados, desse 
modo, o juiz considerará sempre um hipótese e lhe adorará a medida que verifica se a solução 
eu lhe é dada se faz aplicável, “da situação vivida à lei aplicável”; 
 “De fato, nenhum jurista pode negar a segurança jurídica, que confere a capacidade 
jurídica de prever, de modo praticamente satisfatório, as reações daqueles que estão 
encarregados de dizer o direito, trate-se de juízes ou de agentes da administração pública, 
constitui um valor fundamental do direito, tal como é concebido atualmente.” (p.115) 
 “E toda legislação não faz mais que responder a uma necessidade do meio político, 
econômico e social.” (p.116) 
 Diante disso, o poder judiciário passa a possuir um novo relacionamento com o poder 
legislativo, o de ser um indispensável complemento com o objetivo de harmonizar o 
12 
 
ordenamento jurídico com as ideias dominantes sobre o que é justos e equitativo no meio, 
adaptando constantemente os dispositivos legais. 
 Isso posto, sistema jurídico pode se manter flexível e coeso, graças também, ao crescente 
destaque atribuído aos princípios gerais do direito e à tópica jurídica, pois, ao serem fortemente 
reconhecidos, o oposição ferrenha entre direito positivo e o direito natural gradualmente, tendeu 
a desaparecer, pois estes princípios retomaram direito tradicional, em voga, também emergiram 
os “tópicos jurídicos” que fornecem razões que permitiu afastar soluções que não fossem 
equitativas do direito, como por exemplo, as famosas regrinhas; “a lei posterior revoga a lei 
anterior”, “lei especial derroga lei geral”, “presunção de inocência”, “o que é insuportável 
não pode ser de direito” (p. 121-128), enfim, são os pontos de vista que o juiz deve levar em 
conta ao aplicar a lei; 
 “Estes pontos de vista referem-se à compensação, à responsabilidade e à iniciativa, à 
prioridade, à igualdade, à autonomia da vontade,aos critérios, à proteção dos 
comportamentos habituais, à proporcionalidade, ao praticável, ao perigo de abuso, à 
finalidade, ao interesse geral, à proteção social, ao interesse econômico, ao princípio de 
ordem, à segurança jurídica, à possibilidade de abreviar os procedimentos nos casos 
evidentes.” (p.129) 
 Logo, quando houver conflito entre alguns tópicos, deve-se optar pela escolha da 
interpretação que pareça conferir a resposta mais razoável à situação; 
 “O recurso aos tópicos jurídicos não se opõe nem um pouco à ideia de um sistema de 
direito, mas, antes, à aplicação rígida e irrefletida das regras de direito. Permite, ao contrário, 
o desenvolvimento de argumentos jurídicos, de controvérsias, em que, tendo sido evocados 
todos os pontos de vista, poderá ser tomada uma decisão ponderada e satisfatória.” (p.130) 
 “graças aos tópicos jurídicos, o juiz dispõe de maior liberdade na interpretação dos 
textos legais, tornados mais flexíveis, essa liberdade, em vez de conduzir à arbitrariedade, 
aumenta os meios intelectuais de que o juiz dispõe na busca de uma solução razoável, aceitável 
e equitativa.” (p.130) 
 “A grande vantagem dos tópicos jurídicos consiste no fato de que, em vez de opor 
dogmática e prática, eles permitem elaborar uma metodologia jurídica inspirada na prática, e 
guiam os raciocínios jurídicos, que em vez de opor o direito à razão e à justiça, se empenharão 
em conciliá-los.” (p.131)

Continue navegando