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Doenças Hereditárias e Congênitas

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Doenças Hereditárias e Congênitas
Disciplina – Informação à saúde
Charlene da Silva Miranda Pereira | Análises Clínicas | 2019
Hereditárias
Fibrose Cística
Definição e característica
Fibrose cística é uma doença genética (autossômica recessiva) que compromete o funcionamento das glândulas exócrinas que produzem muco, suor ou enzimas pancreáticas.
Fibrose cística, ou mucoviscidose, é uma doença genética que se manifesta em ambos os sexos. O gene defeituoso é transmitido pelo pai e pela mãe (embora nenhum dos dois manifeste a doença) e é responsável pela alteração no transporte de íons através das membranas das células. Isso compromete o funcionamento das glândulas exócrinas que produzem substâncias (muco, suor ou enzimas pancreáticas) mais espessas e de difícil eliminação.
Sinais e Sintomas
A fibrose cística é uma doença sistêmica que afeta os sistemas digestivo, respiratório e as glândulas sudoríparas, e pode produzir uma grande variedade de sintomas.
A obstrução dos ductos pancreáticos pela secreção mais viscosa impede que as enzimas digestivas sejam lançadas no intestino. O paciente tem má absorção de nutrientes e não ganha peso, apesar de alimentar-se bem. Apresenta também maior número de evacuações diárias e elimina fezes volumosas, com odor forte e gordurosas.
Essa obstrução por secreção mais espessa também pode acometer os ductos biliares. A bile retida no fígado favorece a instalação de um processo inflamatório.
Entretanto, o aparelho respiratório é a área mais delicada da doença. O pulmão produz muco espesso que pode ficar retido nas vias aéreas e ser invadido por bactérias. Outros sintomas são tosse com secreção produtiva, pneumonias de repetição, bronquite crônica.
A alteração do transporte iônico nas glândulas sudoríparas compromete a reabsorção de cloro. Níveis aumentados de cloro ajudam a reter água e sódio o que deixa o suor mais salgado. Em virtude do desequilíbrio na regulação do fluxo de vários íons, ela também é conhecida  como doença do beijo salgado.
Mulheres portadoras de fibrose cística têm mais dificuldade para engravidar porque o muco cervical mais espesso dificulta a passagem dos espermatozoides. Já 98% dos homens são estéreis, embora tenham desempenho e potência sexual absolutamente normais.
Tratamento
O tratamento da fibrose cística exige o acompanhamento de equipe multidisciplinar composta por pneumologista, endocrinologista, gastroenterologista, geneticista, fisioterapeuta, nutricionista, entre outros.
Além de garantir a reidratação e a reposição de sódio, especialmente nos dias de calor, o esquema de tratamento da fibrose cística inclui:
Boa nutrição do paciente, por meio de dieta rica em calorias sem restrição de gorduras;
Suplementação de enzimas pancreáticas para auxiliar a digestão;
Reposição das vitaminas lipossolúveis A, D, E, K;
Inalações diárias com soro fisiológico, broncodilatadores ou mucolíticos, conforme as características da secreção;
Fisioterapia respiratória para facilitar a higiene dos pulmões e evitar infecções;
Prescrição de antibióticos em casa ou no hospital, nos casos mais graves.
O tratamento de fibrose cística evoluiu bastante nas últimas décadas, o que garante aos pacientes vida mais longa e de boa qualidade.
Pode levar à morte?
Vinte por cento da população são portadores assintomáticos do gene da fibrose cística. A doença acomete mais os brancos puros, é mais rara nos negros e muito rara nos orientais. Em países de grande miscigenação racial, a enfermidade pode manifestar-se em todo o tipo de população; mais cedo, se o espectro das mutações do gene for mais grave e, mais tardiamente, se for mais leve.
Na maioria dos países da União Europeia e América da Norte, os pacientes adultos já superam os pediátricos, mas a média de idade em que ocorre a morte ainda é em torno dos 28 anos. Para os pacientes nascidos nos últimos 15 anos, a expectativa de vida supera os 50 anos e a extensa implantação de programas de triagem neonatal, em todo o mundo, tem aumentado rapidamente o número de pacientes diagnosticados.
A expectativa de vida depende das características do paciente, assim como do seu acesso a cuidados médicos e medicações, o que pode variar entre estados e países.
Hemocromatose
Definição e característica
A hemocromatose é um distúrbio comum do estoque de ferro que resulta no depósito de quantidades excessivas deste nas células parenquimatosas com dano tecidual e prejuízo na função dos órgãos.
As doenças relacionadas ao estoque de ferro, incluindo a hemocromatose, apresentam um aumento de ferro nos tecidos, resultando em um estado de doença. O pigmento de estoque de ferro nos tecidos é denominado hemossiderina, e o termo hemossiderose indica um aumento dos estoques de ferro nos tecidos sem necessariamente haver dano tecidual.
A hemocromatose associada ao HFE é herdada como um traço autossômico recessivo.
 
As doenças relacionadas ao estoque de ferro podem ser classificadas da seguinte forma:
hemocromatose hereditária ou genética: esse termo é geralmente utilizado para descrever o distúrbio herdado do metabolismo do ferro, mais frequentemente causado pela herança de um gene mutante denominado HFE, que ocasiona o progressivo depósito de ferro nas células parenquimatosas do fígado, do pâncreas e do coração devido ao aumento da absorção intestinal de ferro.
 
Sobrecarga de ferro secundária: a lesão tecidual geralmente ocorre secundariamente a uma anemia de sobrecarga de ferro, como talassemia ou anemia sideroblástica, em que a eritropoiese aumentada é inefetiva. Nos distúrbios de sobrecarga de ferro adquiridos, os depósitos massivos de ferro nos tecidos podem causar as mesmas características clínicas e patológicas da hemocromatose.
Sinais e Sintomas
Cirrose hepática, diabetes melito, artrite, miocardiopatia e hipogonadismo hipogonadotrófico são manifestações comuns da doença.
Alguns indivíduos com sobrecarga de ferro significativa são assintomáticos. Os sintomas iniciais são frequentemente inespecíficos e incluem letargia, artralgia, mudança na coloração da pele, perda da libido e características de diabetes melito.
Hepatomegalia, pigmentação aumentada, angiomas aracneiformes, esplenomegalia, artropatia, ascite, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca congestiva, perda de pelos corporais, atrofia testicular e icterícia são proeminentes quando a doença está em estágio avançado.
As causas primárias de morte são falência cardíaca, falência hepatocelular ou hipertensão porta e carcinoma hepatocelular. 
Tratamento
O objetivo do tratamento em pacientes com hemocromatose é remover o excesso de ferro do organismo e proporcionar tratamento de suporte para os órgãos danificados.
A remoção do ferro é melhor realizada por meio de flebotomia de 500 mL, uma ou duas vezes por semana.
Para calcular a quantidade de ferro removida, deve-se estabelecer a equivalência de 1 mL de sangue para quase 0,5 mg de ferro.
As taxas saturação de transferrina permanecem elevadas até que toda a reserva de ferro disponível seja descartada. Em contraste, os níveis de ferritina plasmática caem progressivamente, evidenciando a diminuição gradual nas reservas de ferro. Considerando-se que 500 mL de sangue contêm 200 a 250 mg de ferro e que quantidades acima de 25 g de ferro devem ser removidas, a realização semanal de flebotomia pode ser necessária durante um ou dois anos e deve ser continuada até que a ferritina esteja com níveis abaixo de 50 g/L. Após isso, esse procedimento deve ser realizado em intervalos apropriados a fim de manter os níveis de ferritina entre 50 e 100 g/L, e geralmente uma flebotomia a cada três meses é suficiente.
A flebotomia é menos dispendiosa, mais conveniente e proporciona mais segurança do que os agentes quelantes parenterais, como a deferoxamina, para a maioria dos pacientes, e estes são indicados quando a anemia ou a hipoproteinemia são suficientemente graves para contraindicar a flebotomia.
O quelante oral deferasirox é efetivo em casos de talassemiae sobrecarga de ferro secundária, mas seu papel na sobrecarga primária de ferro não está estabelecido.
O consumo de álcool deve ser evitado ou cessado, pois aumenta o risco de cirrose para pacientes com hemocromatose hereditária em quase 10 vezes.
O manejo de insuficiência hepática, falência cardíaca e diabetes é similar à terapia convencional para essas condições. A perda da libido e as mudanças nas características sexuais secudárias são tratadas com reposição de testosterona ou terapia com gonadotrofina.
Pode levar à morte?
Há melhora na expectativa de vida com a remoção do excesso das reservas de ferro e a manutenção delas a níveis próximos ao normal. A taxa de sobrevida em cinco anos, aumenta de 33 para 89% com o tratamento.
 
Congênitas
Toxoplasmose Congênita
Definição e característica
A toxoplasmose é uma infecção provocada pelo protozoário Toxoplasma gondii. A forma congênita é onde a mãe grávida portadora da doença ou que já a tenha tido, transmite a doença através da barreira placentária, ocasionando severas consequências para o feto. Durante a gestação a mulher deve realizar exames para detectar a doença, e se for o caso, tratá-la.
Sinais e Sintomas
Os principais sintomas são: febre, gânglios aumentados, hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e baço), podendo evoluir para pneumonia e encefalite. A toxoplasmose congênita pode ocasionar no feto alterações oculares, hidrocefalia, microcefalia, retardo mental, convulsões, anemia, problemas no fígado e mais raramente podem ocorrer o aborto e natimorto.
Tratamento
Em pacientes imunocompetentes, a doença regride espontaneamente. Em pacientes imunodeprimidos, o tratamento é feito com antibióticos ao longo de 6 semanas. Mulheres grávidas são tratadas com espiramicina até o final da gravidez.
Prevenção
Várias medidas simples podem ser tomadas para a prevenção da toxoplasmose dentre elas:
consumir apenas carne bem cozida;
lavar bem frutas e legumes;
Congelar a carne por 3 dias a 15ºC negativos;
lavar as mãos regularmente, sobretudo após a manipulação de alimentos e antes das refeições;
evitar contato com areia de gatos e lavar bem as mãos após este procedimento. Gestantes não devem ter contato com areia de gatos;
manter o gato bem alimentado e sem acesso à rua para ele não caçar e se contaminar.
evite acariciar cães que andem soltos;
controle ratos e insetos como moscas, baratas e formigas, descartando corretamente o lixo doméstico e os dejetos das criações de animais;
lave bem as mãos e as unhas após trabalhar na terra (horta ou jardim);
Rubéola Congênita
Definição e característica
A rubéola congênita é uma infecção viral adquirida da mãe durante a gestação. Os sinais são múltiplas anomalias congênitas que podem levar a morte fetal. O diagnóstico é por sorologia e cultura viral. Não há tratamento específico. A vacinação de rotina é o meio para prevençã0.
Acredita-se que o vírus da rubéola invada o trato respiratório superior com subsequente viremia e disseminação do vírus para diferentes lugares, inclusive placenta. Quando o feto é infectado durante as primeiras 16 semanas de gestação, particularmente nas primeiras 8 a 10 semanas, ele fica sob alto risco de desenvolvimento de anormalidades. No início da gestação, o vírus provoca infecção intrauterina crônica. Os efeitos incluem lesão endotelial dos vasos sanguíneos, citólise direta celular e ruptura da mitose celular.
Sinais e Sintomas
Na gestante, a rubéola pode ser assintomática ou caracterizada por sintomas das vias respiratórias superiores, febre leve, conjuntivite, linfadenopatia (especialmente nas áreas suboccipital e auricular posterior) e erupção maculopapular. Essa doença pode ser acompanhada de sintomas articulares.
No feto pode não haver nenhum efeito, morte no útero ou múltiplas anomalias chamadas síndrome de rubéola congênita (SRC). As anormalidade mais freqüentes incluem
Restrição intrauterina do crescimento
Microcefalia
Meningoencefalite
Cataratas
Retinopatia
Perda da audição
Defeitos cardíacos (canal arterial patente e estenose da artéria pulmonar)
Hepatosplenomegalia
Radiolucências ósseas
As manifestações menos comuns incluem trombocitopenia com púrpura, eritropoese dérmica com lesões purpúricas na pele, adenopatia, anemia hemolítica e pneumonia intersticial. É necessária observação contínua para diagnosticar perda da audição, retardo mental, comportamento anormal, endocrinopatias (p. ex., diabetes melito) ou encefalite progressiva rara. Lactentes com infecções da rubéola congênita podem desenvolver imunodeficiências, como a hipogamaglobulinemia.
Tratamento
Aconselhamento
Possível imunoglobulina para a mãe
Não há tratamento específico disponível para a infecção, seja materna, seja congênita. Mulheres expostas a rubéola em fase precoce da gestação devem ser informadas sobre o risco potencial para o feto. Alguns especialistas recomendam a administração de imunoglobulina inespecífica (0,55 mL/kg IM) no caso de exposição precoce na gestação, mas esse tratamento não previne a infecção, e o uso de imunoglobulina deve ser considerado apenas para mulheres que se recusam a interromper a gestação.
Doença de Chagas Congênita
Definição e característica	
Doença de Chagas é uma inflamação causada por um parasita encontrado em fezes de insetos. Recebeu esse nome graças ao seu descobridor, o médico brasileiro Carlos Chagas.
A Doença de Chagas é transmitida pelo Trypanosoma cruzi, um parasita da mesma família do tripanosoma africano, responsável pela doença do sono. O parasita pode ser encontrado nas fezes de alguns insetos, principalmente um conhecido como barbeiro, e é um dos maiores problemas de saúde na América do Sul, América Central e também do México. Devido à imigração, a doença também afeta pessoas em outros continentes atualmente.
É possível contaminar-se também com a doença a partir da ingestão de alimentos crus e contaminados com fezes do parasita, da transfusão de sangue ou transplantes de órgãos contaminados com a doença, do contato direto com o parasita e com outros animais que estejam infectados. A Doença de Chagas também pode ser congênita, no caso de mães infectadas que transmitem esse mal para o filho durante a gravidez.
Sinais e Sintomas
A doença de Chagas tem dois estágios: agudo e crônico. A fase aguda pode apresentar sintomas moderados ou nenhum sintoma. Entre os principais sintomas estão:
Febre
Mal-estar
Inchaço de um olho
Inchaço e vermelhidão no local da picada do inseto
Fadiga
Irritação sobre a pele
Dores no corpo
Dor de cabeça
Náusea, diarreia ou vômito
Surgimento de nódulos
Aumento do tamanho do fígado e do baço.
Os sintomas deste estágio da Doença de Chagas podem desaparecer sozinhos. Se eles persistirem e não forem tratados, a doença pode evoluir para sua fase crônica, mas somente após a fase de remissão. Podem-se passar anos até que outros sintomas apareçam. Quando os sintomas finalmente se desenvolverem, eles podem incluir:
Constipação
Problemas digestivos
Dor no abdômen
Dificuldades para engolir
Batimentos cardíacos irregulares
Tratamento
O principal objetivo do tratamento da Doença de Chagas é matar o parasita causador, reduzir e aliviar os sintomas.
Se aparecerem os sintomas característicos da doença, tanto a fase aguda quanto a crônica necessitarão de tratamento.
Para a fase aguda, alguns medicamentos devidamente prescritos pelo médico podem ajudar. O mesmo não ocorre quando a doença já evoluiu para a fase crônica, em que remédios não bastam para o tratamento, mas podem ser usados por pessoas abaixo dos 50 anos para impedir que a doença progrida.
Outros tratamentos poderão se fazer necessários, dependendo dos sintomas apresentados pelo paciente, como problemas cardiovasculares ou digestivos. O médico deve dar a devida orientação para cada caso específico, incluindo administração de Amiodarona conforme prescrição.
Sífilis Congênita
Definição e característica
Sífilis congênita é uma infecção de múltiplossistemas, causada pelo Treponema pallidum e transmitida ao feto pela placenta. Os sinais precoces são lesão de pele característica, linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, incapacidade de ganhar peso, secreção nasal sanguinolenta, fissura perioral, meningite, coroidite, hidrocefalia, convulsões, retardo mental, osteocondrite e pseudoparalisia (atrofia de Parrot do recém-nascido). Os sinais tardios são úlcera gomosa, lesões periostais, paresias, tabes, atrofia óptica, queratite intersticial, surdez sensorineural e deformidades dentárias. 
Sinais e sintomas
Muitos pacientes são assintomáticos, e a doença pode permanecer clinicamente silenciosa durante toda a vida.
Sífilis congênita precoce
Geralmente se manifesta durante os primeiros 3 meses de vida. As manifestações incluem erupções vesiculobolhosas características ou erupção macular com coloração cúprica nas palmas das mãos e nas solas dos pés, lesões papulares ao redor do nariz, da boca e das áreas das fraldas e, ainda, lesões petequiais. Linfadenopatia generalizada e hepatoesplenomegalia ocorrem com frequência. O lactente não ganha peso e apresenta secreção nasal mucopurulenta ou sanguinolenta causando fungação. Algumas crianças desenvolvem meningite, coroidite, hidrocefalia ou convulsões, e outras podem ainda ter retardo mental. Nos primeiros 8 meses de vida, surge osteocondrite (condroepifisite), especialmente em ossos longos e arcos costais, podendo provocar pseudoparalisia dos membros com alterações ósseas radiológicas características
Sífilis congênita tardia 
Geralmente se manifesta após o segundo ano de vida e causa úlcera gomosa, com tendência ao envolvimento de nariz, septo e palato duro, e lesões periostais provocam a chamada tíbia em lâmina de sabre e bossa nos ossos parietais e frontal. A neurossífilis geralmente é assintomática, porém pode ocasionar paresia juvenil e tabes. Pode ocorrer atrofia óptica, que, algumas vezes, leva a cegueira. A lesão ocular mais comum é a queratite intersticial e ocorre, com frequência, como resultado da cicatrização da córnea. A surdez sensorineural é geralmente progressiva e pode surgir em qualquer idade. Dentes incisivos de Hutchinson, molares “em amora”, fissuras periorais (rágades) e desenvolvimento anormal da maxila resultando na chamada face de “buldogue” são sequelas características, porém raras.
Tratamento
Penicilina parenteral
Gestante
No início da sífilis, gestantes devem receber uma dose de penicilina G benzatina (2,4 milhões de unidades IM em uma única dose). Nas fases tardias da sífilis ou da neurossífilis, para não grávidas, deve-se seguir esquema terapêutico apropriado ( Sífilis : Sífilis terciária ou tardia). Ocasionalmente, após aplicação da medicação, pode ocorrer a grave reação de Jarisch-Herxheimer, levando ao aborto espontâneo. Os pacientes alérgicos a penicilina devem ser dessensibilizados e depois tratados com penicilina.
Após o tratamento adequado, os resultados de testes RPR e VDRL diminuem 4 vezes em 6 a 12 meses na maioria dos pacientes e tornam-se negativos em 2 anos em quase todos os pacientes. A eritromicina não é adequada para a mãe nem para o feto e, portanto, não é recomendada. A tetraciclina é contraindicada.
Sífilis congênita precoce
Nos casos confirmados ou altamente prováveis, as diretrizes para sífilis congênita dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC), de 2015, recomendam penicilina G cristalina aquosa 50.000 unidades/kg IV a cada 12 h nos primeiros 7 dias de vida e, a seguir, a cada 8 h, até o total de 10 dias ou penicilina G procaína 50.000 unidades/kg IM 1 vez/dia durante 10 dias ( Doses recomendadas de antibióticos parenterais selecionados para recém-nascidos). Se ≥ 1 dia de tratameto é perdido, todo o curso deve ser repetido. Esse regime também é recomendado para lactentes tidos como prováveis portadores de sífilis, se a mãe preencher qualquer um dos seguintes critérios:
Não foi tratada
Estado do tratamento desconhecido
Tratada por ≤ 4 semanas antes do parto
Tratada de modo inadequado (um regime sem penicilina)
Evidências maternas de recorrência ou reinfecção (≥ aumento de 4 vezes nos títulos maternos)
Nos lactentes com possível sífilis cujas mães não foram tratadas de forma adequada, mas que estão clinicamente bem e têm uma avaliação completamente negativa, uma única dose de 50.000 unidades/kg IM da penicilina benzatina é um tratamento alternativo em circunstâncias seletivas, mas apenas se o seguimento for assegurado.
Aos lactentes com diagnóstico provável de sífilis, cujas mães receberam tratamento adequado e que estão bem clinicamente, pode ser administrada dose única de penicilina benzatina 50.000 unidades/kg IM. Por outro lado, quando o seguimento é assegurado, alguns médicos preferem avaliar a sorologia mensalmente por 3 meses e depois até os 6 meses; antibióticos são administrados se os títulos se elevarem ou forem positivos aos 6 meses.
Lactentes maiores e crianças com diagnóstico recente de sífilis congênita
Antes de iniciar o tratamento, deve-se fazer análise do liquor. O CDC recomenda que qualquer criança com sífilis congênita tardia seja tratada com penicilina G cristalina aquosa 50.000 unidades/kg IV, a cada 4 a 6 h, durante 10 dias. Uma única dose de penicilina G benzatina 50.000 unidades/kg IM também pode ser administrada após a conclusão da terapia IV. Alternativamente, se uma avaliação completa é totalmente negativa e a criança é assintomática, penicilina G benzatina 50,000 unidades/kg IM uma vez/semana por 3 doses pode ser usada.
Muitos pacientes não revertem para soronegatividade, mas diminuem em 4 vezes os títulos para anticorpos da reagina (p. ex., VDRL). Os pacientes devem ser reavaliados em intervalos regulares para assegurar que ocorreu uma resposta sorológica apropriada à terapia e que não há nenhuma indicação de recorrência.
A queratite intersticial é geralmente tratada com corticoide e gotas de atropina após consultar o oftalmologista. Pacientes com perda auditiva neurossensorial podem beneficiar-se do uso da penicilina mais corticoide, como prednisona 0,5 mg/kg VO 1 vez/dia durante 1 semana e, a seguir, 0,3 mg/kg 1 vez/dia durante 4 semanas, após o que a dose é diminuída gradualmente durante 2 a 3 meses. Não há avaliação criteriosa dos corticoides nessas condições.
Referências
https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/fibrose-cistica/ 
https://www.santacasasp.org.br/portal/site/pub/12784/fibrose-cistica 
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5679/hemocromatose.htm 
https://www.infoescola.com/doencas/toxoplasmose/
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/infec%C3%A7%C3%B5es-em-rec%C3%A9m-nascidos/rub%C3%A9ola-cong%C3%AAnita 
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/doenca-de-chagas 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/infec%C3%A7%C3%B5es-em-rec%C3%A9m-nascidos/s%C3%ADfilis-cong%C3%AAnita

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