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CLÍNICA MÉDICA I - PNEUMO TUBERCULOSE É uma doença infecciosa, ou seja, transmitida por um microrganismo (ou micróbio), que pode ocorrer em vários locais do organismo, mas que em mais de 85% dos casos ocorre nos pulmões. Esse microrganismo é um tipo especial de bactéria, também conhecido como bacilo de Koch, em homenagem a Robertto Koch que identificou o Mycobacterium Principais Sintomas: - sintomas gerais: febre (sobretudo a tardinha), perda do apetite, emagrecimento, cansaço crônico e desânimo - sintomas específicos: dependem do local em que a pessoa tem a tuberculose. Uma vez que o local mais comumente acometido pela tuberculose são os pulmões, o sintoma específico mais comum é a tosse seca ou com catarro. Busca de casos de TB pulmonar em adultos Como o sintoma mais comum na TB pulmonar é a tosse, para fins de busca de casos de TB pulmonar, serão considerados casos SR os indivíduos com tosse. As principais estratégias para a busca de casos de TB são a busca passiva e a busca ativa. O MS do Brasil recomenda a coleta de duas a três amostras de escarro espontâneo para pesquisa direta de BAAR em pacientes SR com tosse por 3 ou mais semanas. Apenas metade dos pacientes com TB pulmonar apresenta pesquisa direta de BAAR no escarro positiva, e até 30% dos pacientes não apresentam expectoração espontânea nas formas iniciais da doença. Assim, a radiografia de tórax, na abordagem inicial dos casos SR, tem grande impacto na detecção precoce da TB pulmonar. Além disso, a maioria dos casos SR tem outra doença respiratória que não a TB pulmonar e, assim, a radiografia de tórax tem papel fundamental na avaliação desses indivíduos. Grupo de Risco: comunidades com alta prevalência de TB contatos de TB pulmonar e profissionais da área de saúde portadores de HIV ou outras condições de imunodepressão moradores de abrigos ou asilos e prisioneiros Evolução Clínica: Primo Infecção (infecção aguda) TB ativa TB Latente (pulmonar ou extrapulomonar) A Tuberculose é transmitida de pessoa a pessoa, principalmente através do ar. A fala, o espirro e, principalmente, a tosse de um doente de Tuberculose pulmonar bacilífera lança no ar gotículas, de tamanhos variados, contendo no seu interior o bacilo. As gotículas mais leves podem permanecer em suspensão por diversas horas. Ao serem inalados, os bacilos podem se implantar nos pulmões e linfonodos e, posteriormente, podem ser disseminados para outros órgãos. A tuberculose pulmonar é dividida em primária (primoinfecção) e secundária. A forma primária é a que ocorre em indivíduos que ainda não tiveram contato com o bacilo, sendo, portanto, mais comum em crianças. A forma secundária desenvolve-se a partir de uma nova infecção (reinfecção exógena) ou da reativação de bacilos latentes (reinfecção endógena). Na primoinfecção, o Mycobacterium tuberculosis inalado atinge os alvéolos, onde ocorre um processo inflamatório inicial mediado por neutrófilos polimorfonucleares/macrófagos alveolares e a formação de um nódulo exudativo. Se esse mecanismo não for o suficiente, macrófagos formam o granuloma, cuja função básica é a de barreira à disseminação do bacilo a outros locais do tecido normal. O conjunto de granulomas formados recebe o nome de nódulo de Ghon. Ao conjunto de nódulo de Ghon, linfangite e linfadenite dá- se o nome de complexo primário da tuberculose que, dependendo do número e da virulência dos bacilos e do grau de hipersensibilidade e resistência do hospedeiro, pode evoluir para cura ou para doença. A doença primária evolui a partir do foco pulmonar (processo pneumônico parenquimatoso) ou, com maior frequência, do foco ganglionar. Esses gânglios podem fistulizar-se para um brônquio adjacente e determinar a disseminação broncogênica da tuberculose. Com a expansão das lesões destrutivas, os bacilos atingem os vasos sanguíneos e disseminam-se para o pulmão e outros órgãos. A lesão inicial parenquimatosa ou uma nova infecção originam a necrose central, liquefação e eliminação do material por um brônquio de drenagem com a formação da cavitação. A partir da cavitação, os bacilos disseminam-se pelo pulmão por via brônquica (disseminação broncogênica) e, tal como na forma progressiva da infância, por via hematogênica (tuberculose miliar). A TP é uma doença granulomatosa que pode evoluir para calcificação da lesão ou para uma necrose caseosa - cavitações/destruição pulmonar (histologia típica da TB). A calcificação pode evoluir para a reativação. - ocorre tipicamente em ápice pulmonar, no lobo inferior (segmento 06) - pct pode apresentar sequelas como bronquiectasia Infecção latente por Mtb é o período entre a penetração do bacilo no organismo e o aparecimento da TB doença, oferecendo a oportunidade para a adoção de medidas medicamentosas, que são denominadas atualmente de tratamento da TBL, em substituição ao termo anteriormente utilizado, quimioprofilaxia. O diagnóstico da TBL é feito pela positividade do TT associado à exclusão de TB doença. O tamanho da enduração cutânea do Teste Tuberculínico (TT) com o PPD orienta a necessidade de tratamento da TBL nos diferentes contextos epidemiológicos. Contatos recentes com idade ≥ 12 anos, HIV negativos e com TT ≥ 5 mm tem um risco seis vezes maior de apresentar TBL do que contatos com TT < 5 mm; além disso, o ponto de corte do TT de 5 mm pode ser utilizado mesmo em regiões com alta prevalência de TB. * Definição de contato, de acordo com SBPT: "contato de pelo menos 200 h de exposição a focos com BAAR positivo ou de 400 h de exposição a focos com cultura positiva, sendo valorizados apenas contatos no mesmo espaço físico." Tratamento da TBL: O tratamento da TBL está indicado para os grupos apresentados no Quadro 4, assintomáticos e com radiografia de tórax normal. O medicamento indicado é a ISONIAZIDA na dose de 5-10 mg/kg até 300 mg/dia por 6 meses; o prolongamento para 9 meses traz poucas vantagens em relação à probabilidade de doença futura. A possibilidade do diagnóstico de TB doença deve ser sempre afastada antes de ser iniciado o tratamento da TBL. Diagnóstico: Identificação do bacilo: • Direta (escarro) • Cultura • Novos testes (Gene Expert / PCR escarro) Identificação de lesão histológica compatível: • Material obtido de acordo com o local acometido Os primeiros exames a serem solicitados são a radiografia de tórax e a pesquisa de BAAR no escarro (diagnóstico de certeza), que tem elevado valor preditivo positivo em nosso meio (> 95%), mas baixa sensibilidade (40-60%). No Brasil, o padrão é a coloração por Ziehl-Neelsen. O escarro deve ser coletado no período da manhã, ao acordar, antes do paciente escovar os dentes. Nos pacientes sem expectoração espontânea e radiografia sugestiva de TB, a indução de escarro com solução salina hipertônica está indicada por ter rendimento diagnóstico semelhante ao da broncoscopia com LBA. Achados radiológicos: - Os segmentos mais comprometidos são o anterior dos lobos superiores e o medial do lobo médio. - Opacidades parenquimatosas: predominantemente no pulmão direito, acometendo os lobos superiores na infância e os lobos médio e inferior em adultos - Linfonodomegalia: principalemente na região hilar e a paratraqueal direita - Atelectasia: é a principal manifestação em crianças abaixo de 2 anos. - Padrão miliar: pequenas opacidades nodulares distribuídas de forma simétrica - Derrame pleural: considerado uma manifestação tardia da TB primária, raro na infância Biópsia da lesão: granuloma com necrose caseosa (não da certeza) A cultura permite a identificação do Mtb e a realização do teste de sensibilidade, além de aumentar o rendimento diagnóstico em 20-40%. No entanto, o tempo do resultado é uma limitação, com a cultura em meio sólido levando entre 2-8 semanas, e o meio líquido, através de sistemas automatizados não radiométricos, entre 10-40 dias. Indicações de cultura: Suspeita clínica de TB e pesquisa negativa de BAAR; Suspeita de TB pulmonarna radiografia de tórax; Casos de retratamento; Pacientes HIV positivos; Populações vulneráveis (detentos, profissionais da área de saúde, moradores de rua e populações institucionalizadas em albergues, hospitais psiquiátricos e asilos) DDP: A prova tuberculínica (PT), avaliada através da técnica de Mantoux, é um método auxiliar para o diagnóstico de TB. Baseia-se na reação celular desenvolvida após a inoculação intradérmica de um derivado protéico do M. tuberculosis. O resultado positivo evidencia apenas a ocorrência de contato com o Mtb, não caracterizando a presença de doença. A graduação da reação cutânea é utilizada para aumentar a especificidade do resultado e avaliada após 72 a 96 horas da aplicação, medindo o diâmetro transverso da área de enduração palpável. Tratamento da TB: Esquema 2RIPE/4RI: associação dos fármacos em forma de comprimidos, com doses fixas combinadas 4 em 1 (RIPE), para a fase de tratamento intensivo por 02 meses, e 2 em 1 (RI), para fase de continuação por 04 meses. Indicado para todos os casos novos de todas as formas de TB pulmonar e extrapulmonar (exceto meningoencefalite), bem como para todos os casos de recidiva e retorno após abandono. O PNCT propõe ainda que os pacientes que apresentarem pesquisa direta de BAAR positiva no final do segundo mês de tratamento realizem cultura com identificação da micobactéria e teste de sensibilidade ao final do segundo mês pela possibilidade de TB resistente. OBS.: Soropositivos HIV reatores DEVEM tratar para TB. Para crianças (pacientes com menos de 10 anos de idade), continua o tratamento atual com três medicamentos: R (10 mg/kg), I (10 mg/kg) e P (35 mg/kg). Novas formulações em comprimidos dispersíveis estão sendo elaboradas. Uma das justificativas para a não utilização do E em crianças é a dificuldade de identificar precocemente a neurite ótica (reação adversa ao uso do E) nessa faixa etária. OBS.: O uso de qq ATB pode melhorar os sintomas da TB, mas não a cura, somente a MASCARA! TB Miliar: disseminação hematogênica do bacilo, sendo uma doena intersticial, sem escarro nem tosse - Rx sem infiltrados alveolares TB Pleural: forma extrapulmonar mais frequente da doença - derrame pleural exudativo com granulomas; - autorresolutiva, porém, o não tratamento pode evoluir pata TB pulmonar em pouco tempo (70%)
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