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94 Unidade IV Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 Unidade IV Nesta unidade, trataremos da incidência do Imposto sobre Serviços. No nosso dia a dia, nos deparamos com inúmeros serviços que contratamos, como conserto de aparelhos eletrônicos, revisão de veículos, conserto de móveis, reformas etc. Todos esses serviços são tributados e muitas vezes não tomamos conhecimento disso, já que na maioria das vezes o imposto é “embutido” no valor final do serviço. Além disso, apresentaremos também nesta unidade um estudo de caso que será analisado sob diversos aspectos. 7 ISS (ISSQN) – ImpoSto Sobre ServIçoS de QualQuer Natureza 7.1 Conceito O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza é um tributo de competência dos municípios e incide sobre os serviços prestados pelas empresas (pessoas jurídicas) ou por profissionais autônomos – desde que o fato gerador do serviço já não seja de competência tributária do Estado ou da União. Figura 32 – Serviços de telecomunicações – antenas de telefone celular Os serviços de telecomunicações, de geração e de fornecimento de energia elétrica e de transportes, por exemplo, não são tributados pelo ISS devido ao fato de já serem tributados pelo Estado ou pela União. Em outras palavras, o fato gerador desses serviços não é de competência do Município e eles ficam fora do campo da incidência do ISS. É importante mencionar que alguns elementos são essenciais para que o fato gerador do ISS ocorra, de forma que a inexistência de qualquer deles torna impossível a incidência tributária. São eles: a efetividade e a habitualidade do serviço prestado, sua autonomia (o serviço realizado em nome próprio) e sua finalidade. 95 Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 Planejamento tributário Mesmo sendo de competência dos Municípios, o ISS é tratado na Lei Complementar nº 116/2003, que lista os serviços que podem ser objeto de tributação. Essa Lei Complementar veio dirimir as controvérsias em relação a onde o imposto seria devido, inclusive para controlar a prática de muitas empresas que haviam se mudado para cidades vizinhas como alternativa às grandes metrópoles em razão das baixas alíquotas de ISS. A Lei Complementar nº 116/2003 estabelece que o local da prestação de serviço e do recolhimento do imposto deverá ser o estabelecimento prestador dos serviços ou, na sua falta, o domicílio do prestador. Porém, para alguns tipos de serviços, a lei determina que o imposto deve ser pago a favor do Município onde o serviço foi prestado ou onde o tomador está localizado. 7.2 base legal para incidência do ISS A base legal para incidência do ISS é tratada no inciso III do artigo 156 da Constituição Federal e regulamentado em suas normas básicas pelo Decreto‑lei nº 406/68. Assim, o ISS incide sobre os serviços relacionados na legislação básica e com modificações efetuadas pelas Leis Complementares nº 56/87 e nº 116/2003. Em seu artigo 3º, a Lei Complementar nº 116/2003 aponta que “o imposto é devido no local do estabelecimento ou do domicílio do prestador” (BRASIL, 2003a), ou seja, a sede da empresa que prestou os serviços recebe o imposto.11 A lista dos serviços anexa ao Decreto‑lei nº 406, de 31 de dezembro de 1968, com redação determinada pelo Decreto‑lei nº 834, de 8 de setembro de 1969, acompanha as Leis Complementares nº 56/87 e nº 116/2003, que mencionam que o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza tem como fato gerador a prestação de serviços presentes nessa lista, ainda que eles não sejam constituídos como atividade preponderante do prestador. Os serviços presentes na lista em questão são genéricos. Assim, podem surgir dificuldades para enquadrar a atividade do contribuinte na lista de serviços quando ela abrange mais de um serviço. Dessa forma, na hipótese de os serviços prestados serem diferentes e haver possibilidade de separação, cada um desses serviços será enquadrado no item correspondente da lista e será tributado individualmente pela alíquota de cada atividade. Em se tratando de serviços inseparáveis, somente os serviços predominantes é que deverão ser enquadrados na lista de serviços para fins de incidência tributária. 7.3 prestadores de serviços O estabelecimento prestador de serviços é o local onde são exercidas permanente ou temporariamente as atividades de prestação de serviços. Para sua caracterização, é irrelevante as denominações de sede, filial, agência sucursal, escritório de representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas. 11 As exceções são expressamente mencionadas nos incisos II a XXII do mesmo artigo. 96 Unidade IV Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 Os contribuintes considerados prestadores de serviços ou tomadores de serviços têm como responsabilidade tributária o ISS. O cálculo desse imposto corresponde ao valor do serviço prestado multiplicado pelo percentual de alíquota aplicada para tal contribuinte. O responsável tributário, como o próprio nome diz, é o responsável pelo pagamento do ISS, também conhecido como ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza). Dependendo do tipo de serviço executado, o responsável tributário pode ser considerado prestador ou tomador. O tomador de serviço é a pessoa jurídica que contrata o serviço permanentemente em suas dependências, ou seja, o serviço é contratado para ser prestado diariamente, é uma terceirização da atividade junto ao contratante. Nesse caso, o ISS é devido no local da prestação do serviço. Vale lembrar que a lei que rege a competência e a responsabilidade pelo pagamento do imposto é a Lei Complementar nº 116/2003, entretanto, é importante ressaltar que o executor do serviço prestado deverá observar a legislação de seu município para averiguar os procedimentos daquela região. Posteriormente, veremos ainda as situações de responsabilidade pelo pagamento do ISS no caso de retenção do imposto. 7.4 Fato gerador O fato gerador corresponde à prestação de serviços constante da lista anexa à Lei Complementar nº 116/2003, mesmo que tais serviços envolvam o fornecimento de mercadorias. Em relação à retenção do ISSQN, o fato gerador que a ocasiona é a emissão da nota fiscal/ documento fiscal diante dos serviços prestados constantes na lista de serviços. 7.5 Contribuintes e responsáveis Os contribuintes desses impostos são os prestadores dos serviços especificados na lista citada anteriormente, ou seja, pessoas jurídicas ou naturais, com ou sem estabelecimento fixo. Não são considerados contribuintes: • quem presta serviços com vínculo empregatício; • os trabalhadores avulsos; • os diretores e membros dos conselhos consultivos e fiscal. A figura do responsável, sujeito indireto obrigado a cumprir o pagamento do tributo em nome do contribuinte, também existe no ISS pelo fato de a legislação municipal poder eleger a pessoa responsável pelo pagamento do imposto. 97 Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 Planejamento tributário 7.6 base de cálculo A base de cálculo é o preço do serviço. Considera‑se preço do serviço a receita bruta a ele correspondente, sem nenhuma dedução, com exceção dos descontos e abatimentos concedidos independentemente de qualquer condição No caso de obras civis, alguns municípios admitem deduzir do preço o valor: • dos materiais adquiridos de terceiros e aplicados na obra; • das faturas de subempreiteiras, já tributadas anteriormente pelo ISS. 7.7 alíquotas O cálculo do ISS é o valor do serviço prestado multiplicado pela alíquota do imposto, conforme previsto na lei de cadamunicípio. A alíquota máxima permitida é de 5% e dependerá do município onde a empresa foi estabelecida. Além disso, deve‑se respeitar o limite constitucional mínimo de 2%. A alíquota mínima foi estabelecida no artigo 3º da Emenda Constitucional nº 37/2002 e a máxima foi estabelecida conforme o inciso III do artigo 8 da Lei Complementar nº 116/2003. 7.8 retenção do ISS A retenção do ISS está prevista nos artigos 3º e 6º da Lei Complementar nº 116/2003 e abrangerá os diversos serviços especificados nos incisos I a XXII do referido artigo. Ela será realizada nos serviços prestados sempre que o imposto for devido no local de prestação do serviço. Isso ocorre quando os serviços são prestados em local diferente (outro município) do estabelecimento prestador (sede, filial, escritório). O tomador de serviços, é o contratante, pessoa jurídica que contrata o serviço para ser executado em suas dependências de forma contínua, ou seja, o serviço é contratado para ser prestado diariamente, todos os dias do mês, uma terceirização da atividade junto a contratante, nesse caso, o ISS é devido no local da prestação do serviço. Porém, tem que ser observada essa constância. Art. 6º – Os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei, poderão atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário à terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo‑a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação, inclusive no que se refere à multa e aos acréscimos legais. Parágrafo 1º – Os responsáveis a que se refere este artigo estão obrigados ao recolhimento integral do imposto devido, multa e acréscimos legais, independentemente de ter sido efetuada sua retenção na fonte. 98 Unidade IV Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 Parágrafo 2º – Sem prejuízo do disposto no caput e no parágrafo 1º deste artigo, são responsáveis: I – o tomador ou intermediário de serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País; II – a pessoa jurídica, ainda que imune ou isenta, tomadora ou intermediária dos serviços descritos nos subitens 3.05, 7.02, 7.04, 7.05, 7.09, 7.10, 7.12, 7.14, 7.15, 7.16, 7.17, 7.19, 11.02, 17.05 e 17.10 da lista anexa (BRASIL, 2003a). Figura 33 – Materiais de limpeza 7.9 retenção no Simples Com a vigência da parte tributária da lei do Super Simples, a partir de 1º de julho de 2007, surgiu uma nova modalidade de retenção do ISS, conforme parágrafo 6º do artigo 18 da Lei Complementar nº 123/2006: Parágrafo 6º – No caso dos serviços previstos no parágrafo 2º do art. 6º da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003, prestados pelas microempresas e pelas empresas de pequeno porte, o tomador do serviço deverá reter o montante correspondente na forma da legislação do município onde estiver localizado, observado o disposto no parágrafo 4º do art. 21 desta Lei Complementar (BRASIL, 2006). O ISS devido pelas ME e EPP optantes pelo Simples Nacional deve ser recolhido juntamente com os demais impostos por meio do documento único de arrecadação (DAS) e após a aplicação das alíquotas e normas previstas na Lei Complementar nº 123/06. No caso dos serviços prestados pelas ME e EPP, o tomador do serviço deverá reter o valor do ISS de acordo com a legislação do município onde estiver localizado. Esse valor será deduzido do montante a ser recolhido na parcela do Simples Nacional correspondente. 99 Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 Planejamento tributário 7.10 Contabilização do ISS sobre vendas de serviços Para a contabilização do ISS, deve‑se seguir o mesmo procedimento adotado no registro do ICMS sobre vendas. A escrituração do ISS poderá ser feita individualmente, Nota Fiscal por Nota Fiscal; via totalização das Notas Fiscais; ou com base na escrituração do livro próprio, feita mensalmente. 7.11 operação com ISS sobre vendas de serviços quando o prestador é o responsável pelo recolhimento do imposto A empresa PC Consertos tem como objetivo a manutenção de computadores e periféricos. Ela prestou serviços de manutenção nos equipamentos da empresa Gold Silver. Ambas estão localizadas no mesmo município. A PC Conserto emitiu uma nota fiscal contra a Gold Silver pela prestação de serviços no valor de R$ 10.000,00, com ISS devido de 5%. O tipo de serviço prestado não prevê a retenção pelo tomador, portanto, quem deverá recolher o imposto é o prestador do serviço, ou seja, a PC Consertos. Como o cliente não é o responsável pela retenção do ISS, o pagamento dos serviços será feito integralmente no valor de R$ 10.000,00. Para o prestador de serviços, esse imposto reduz seu lucro. Observe: Tabela 6 - Cálculo do ISS sobre vendas de serviços quando o tomador é o responsável pelo recolhimento do imposto D.R.E. Receitas de serviços R$ 10.000,00 (–) ISS s/ Serviços (R$ 500,00) Receita líquida do período R$ 9.500,00 Quando o tomador do serviço estiver obrigado a recolher o imposto, ele assume a característica de responsável pelo tributo. Verifique a seguir um exemplo de contabilização de gastos. A empresa Clean Up, que tem como objetivo a conservação e a limpeza, prestou serviços na Andinos Place. Elas estão localizadas em municípios diferentes. A Clean Up emitiu uma nota fiscal à Andinos Place pela prestação do serviço no valor de R$ 10.000,00. O ISS devido era de 2%, com vencimento à vista. O tipo de serviço prestado prevê a retenção pelo tomador, portanto, quem deverá reter e recolher o imposto é a Andinos Place. 100 Unidade IV Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 Assim, a empresa Clean Up irá receber o valor de R$ 9.500,00 e a Andinos Place, além de pagar esse valor à Clean Up, efetuará o pagamento de R$ 500,00 de ISS retido. A seguir, propõe‑se alguns estudos de caso a partir dos quais será possível estudar o conteúdo visto até o momento. 8 eStudoS de CaSo 8.1 estudo específico ao exercício da atividade de conserto Borges (2009, p. 161 a 164) apresenta um estudo específico sobre o crédito de IPI, que abrange diversas questões: 8.1.1 Fato objeto do estudo Uma empresa A, domiciliada no município de São Paulo, realiza operações gratuitas e onerosas de consertos de produtos defeituosos. As operações gratuitas de consertos se processam em virtude da garantia dada pela empresa A aos respectivos produtos de sua linha de industrialização. Por outro lado, as operações onerosas de consertos se realizam por encomenda direta dos próprios usuários e o tempo de uso dos produtos avariados já os exclui do prazo de garantia dado pela empresa A. 8.1.2 Questão fiscal oriunda do fato descrito Frente ao exposto, pretende‑se obter uma resposta à seguinte questão: qual procedimento tributário adequado às referidas operações de consertos gratuitos (em virtude de garantia) e onerosas, nas órbitas do IPI, do ICMS e do ISS? 8.1.2.1 Estudo dos aspectos jurídico-fiscais relacionados com a questão decorrente do fato descrito 8.1.2.2 IPI A atual legislação do Imposto Sobre Produtos Industrializados estabelece as seguintes hipóteses nas quais o exercício da atividade de conserto fica excluído do campo da incidência deste imposto: • I: conserto de produtos usados pertencentes à própria empresa que efetua essa operação ou a terceiros não estabelecidos com o comércio de tais produtos; • II: conserto gratuito de produtos com defeito de fabricação e em virtude de garantia dada pelo fabricante. 101 Re vi sã o: S im on e - Di ag ra maç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 Planejamento tributário Quando, além da prestação de serviço, houver na operação descrita no item I o emprego de partes ou peças, faz‑se necessário a observância da seguinte regra: • o preparo, pelo consertador, de partes e/ou peças para emprego exclusivo e específico na operação de conserto não caracteriza o primeiro ângulo da materialidade da hipótese de incidência do IPI. Assim, o emprego de tais partes e/ou peças na operação descrita no item I fica excluído da órbita da incidência desse imposto. A aplicação dessa regra pressupõe o não aproveitamento do crédito do IPI destacado nas notas fiscais de aquisição de matérias‑primas e produtos intermediários utilizados no preparo de tais partes e/ou peças. • o preparo, pelo consertador, de partes e/ou peças para emprego simultâneo nas operações de conserto e industrialização concretiza o primeiro ângulo da materialidade da hipótese de incidência do IPI. O emprego dessas partes e/ou peças na operação descrita no item I está inserido na área de incidência desse imposto. Por outro lado, o preparo pelo consertador, de partes e/ou peças para emprego na operação de conserto aludida no item II não concretiza o primeiro ângulo do aspecto material da hipótese de incidência deste imposto (IPI). Igualmente, a descaracterização do primeiro ângulo do referido elemento material implica a impossibilidade do aproveitamento do crédito do IPI lançado nas notas fiscais de aquisição de matérias‑primas e produtos intermediários utilizados no preparo das partes e/ou peças. 8.1.2.3 ICMS O fisco estadual entende que o emprego de partes e/ou peças no conserto gratuito ou oneroso de qualquer objeto é operação relevante para fins de ICMS. Assim, a incidência desse imposto ocorre no momento da saída do objeto em retorno ao encomendante do conserto. Na hipótese de conserto gratuito, a base para o cálculo do ICMS será o preço efetivamente cobrado pelo estabelecimento consertador na venda mais recente das partes e peças aplicadas no conserto gratuito. Por outro lado, na hipótese de conserto oneroso, a base para o cálculo do ICMS será o preço cobrado pelo fornecimento das partes e/ou peças. É importante salientar, entretanto, que existem trabalhos doutrinários que adotam o entendimento de que o emprego de partes e/ou peças no conserto gratuito de bens e objetos em razão da garantia dada pelo vendedor é uma operação irrelevante para fins de ICMS. Esses trabalhos argumentam que o valor desse serviço gratuito já integrou a composição do preço de venda do bem. Por conseguinte, o referido valor já foi gravado pelo ICMS no momento da saída do bem em decorrência da comercialização anterior. 8.1.2.4 ISS O fisco municipal entende que há incidência do ISS no exercício da atividade de conserto gratuito ou oneroso de bens ou objetos. 102 Unidade IV Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 A composição da base de cálculo do ISS incidente na operação de conserto deve observar as seguintes diretrizes: • na operação de conserto gratuito: a base de cálculo do ISS será o preço cobrado pela mão de obra em idêntica operação a título oneroso; • na operação de conserto oneroso: a base de cálculo será o preço cobrado pelo serviço (mão de obra). Vale mencionar, contudo, que há manifestações jurisprudenciais e doutrinárias que adotam o entendimento de que o conserto gratuito em virtude de garantia é uma operação excluída do campo da incidência do ISS. As aludidas manifestações esclarecem que o elemento base de cálculo inexiste para essa operação. 8.1.2.5 Conclusão Em face dessas considerações, respondamos à questão formulada anteriormente. IPI Nessa operação, a hipótese de incidência desse imposto não se concretiza. Por outro lado, o primeiro ângulo da materialidade da hipótese de incidência desse imposto não é patenteado via preparo pelo consertador de partes e/ou peças para emprego nessa operação. Assim, o IPI não incide no emprego de tais partes e/ou peças na operação em exame. Desse modo, torna‑se necessário proceder ao estorno do crédito original do IPI lançado nas notas fiscais de aquisição de matérias‑primas e produtos intermediários utilizados na fabricação das referidas partes e/ou peças. ICMS Na posição do fisco estadual, a incidência do ICMS ocorre sobre as partes e peças aplicadas na operação de conserto. Todavia, há trabalhos doutrinários que manifestam o entendimento de que nessa operação não ocorre a incidência do ICMS. O emprego de partes e/ou peças no conserto gratuito em virtude de garantia é irrelevante para fins do ICMS. Contudo, cumpre‑nos mencionar que faz‑se necessário proceder ao estorno do crédito original do ICMS destacado nas notas fiscais de aquisição de matérias‑primas e produtos intermediários utilizados na industrialização de tais partes e/ou peças. ISS No entendimento do fisco municipal, há a incidência do ISS sobre a atividade de conserto em virtude de garantia. 103 Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 Planejamento tributário Porém, existem manifestações jurisprudenciais e doutrinárias que adotam o entendimento de que a incidência desse imposto (ISS) nessa operação não se viabiliza. Como podemos observar no estudo apresentado por Borges (2009), não há como se preocupar somente com uma parte da operação. Se a princípio é um conserto, podemos deduzir que incide ISS sobre a operação, porém, outros aspectos devem ser observados: ele utilizará somente mão de obra? Haverá utilização de materiais? Esses materiais são tributados? Houve creditamento dos impostos no momento da aquisição? Se houve, a operação será tributada? Enfim, toda operação tributária envolve diversas áreas, por isso, voltamos a alertar que o profissional envolvido nessa área precisa estar atualizado em relação a todas as modificações legais e tributárias que ocorrem no dia a dia para poupar a empresa onde trabalha de possíveis autuações por parte da fiscalização. Estudo de caso com a aplicação de IPI e de ICMS Analisemos aqui uma operação na qual uma empresa fabricante adquire mercadorias e produz e comercializa os produtos resultantes dessa operação. A companhia Industriax Ltda., estabelecida na cidade de Salvador (BA) e que fabrica máquinas e equipamentos industriais de controle de qualidade para processos produtivos, teve as seguintes operações no mês de março de 2010: • aquisição de matéria‑prima a prazo ao valor de R$ 332.610,00. Sobre ela, incide IPI de 15% e ICMS de 17%; • venda de 20 máquinas de checagem de peso no valor de R$ 27.500,00. Essas máquinas serão utilizadas como ativo fixo de uma empresa localizada no mesmo estado. Sobre essa venda incidiu IPI de 15% e ICMS de 17%. Com os dados apresentados acima, temos os seguintes procedimentos: • na operação de aquisição de matéria‑prima: calcular os impostos incidentes na operação de aquisição; • na operação de saída: calcular o total da nota fiscal e os impostos e, no final do período, apurar o lucro sobre a operação. Apresentação das operações Cálculo da operação de aquisição de matéria‑prima: Valor da mercadoria = R$ 332.610,00 104 Unidade IV Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 IPI 15% = R$ 49.891,50 Valor total da Nota Fiscal = R$ 382.501,50 ICMS 17% = R$ 56.543,70 Como a aquisição é de material que será utilizado na fabricação de produtos que serão comercializados posteriormente, ou seja, de matéria‑prima, o ICMS incide sobre o valor da mercadoria e a parcela correspondente ao IPI não entra na base de cálculo do ICMS. Cálculo da operação de saída: 20 equipamentosa R$ 27.500,00 = R$ 550.000,00 IPI de 15% = R$ 82.500,00 Total da Nota Fiscal = R$ 632.500,00 ICMS de 17% = R$ 107.525,00 Por se tratar de venda para fins de consumo final, o valor do IPI integrará a base de cálculo do ICMS, assim, a alíquota incidirá sobre o total da nota fiscal e não somente da mercadoria. Levantamento do DRE para apuração do lucro bruto: Vendas de mercadorias = R$ 632.500,00 (‑) Impostos = R$ 190.025,00 = Vendas líquidas = R$ 442.475,00 (‑) CMV = R$ 276.066,30 = Lucro bruto = R$ 166.408,70 Este estudo abrange somente o IPI e o ICMS, pois sobre o faturamento incidem outros impostos, como PIS e Cofins. resumo O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSNQ) é um tributo de competência dos municípios e incide sobre serviços prestados pelas empresas ou por profissionais autônomos, desde que o fato gerador não seja tributado pela União ou pelo Estado, como o é o fornecimento de energia elétrica e os serviços de comunicação e telecomunicação. Apesar de ser um tributo de competência dos municípios, o ISS é tratado pela Lei Complementar nº 116/2003, que limita os serviços que podem ser objeto de tributação e controla a prática das cobranças do imposto pelos municípios. 105 Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 Planejamento tributário A Lei Complementar também estabelece o local onde o imposto deverá ser recolhido. Para alguns serviços, o recolhimento será devido no local da prestação e não no estabelecimento prestador. Considera‑se prestador de serviços o local onde são exercidas de modo permanente ou temporário as atividades de prestação de serviços. O responsável tributário é o responsável pelo pagamento do ISSQN. Dependendo do serviço executado, ele é o prestador ou tomador. A base de cálculo do imposto é o valor do serviço prestado e tem alíquotas que variam entre 2% e 5%. Sua retenção está prevista na Lei Complementar nº 116/2003 e abrangerá alguns serviços especificados nos incisos I a XII do artigo 3º da mesma lei. A retenção do imposto pelas empresas optantes pelo Simples Nacional também está contemplada na Lei Complementar nº 123/06 e o imposto deverá ser recolhido juntamente com os demais por meio do DAS. Exemplo de aplicação Ao longo da unidade, você teve contato com termos que representam conceitos utilizados no jargão da área de planejamento tributário. Propomos a você que estude o conceito de fato gerador e tente explicá‑lo com suas próprias palavras. Caso não consiga explicá‑lo, volte ao texto e releia‑o. Em todo caso, pesquise na internet não só o que o conceito significa, mas também como os profissionais da área de finanças o utilizam. Além disso, elabore um mapa mental com os principais termos e definições que você estudou até aqui. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 106 Unidade IV Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 exercícios Questão 1. Analise as afirmativas sobre a caracterização da prestação de serviços para fins fiscais. I – Considera‑se estabelecimento prestador de serviços o local onde são exercidas, de modo permanente ou temporário, as atividades de prestação de serviços, sendo imprescindíveis para sua caracterização as denominações identificadoras, tais como sede, filial, agência sucursal, escritório de representação etc. II – A falta de quaisquer elementos essenciais para a constatação do fato gerador do tributo ISS, tal como autonomia do serviço prestado, torna impossível a sua incidência tributária. III – Na hipótese de os serviços prestados serem diferentes e inseparáveis, somente os serviços predominantes deverão ser enquadrados na lista de serviços para fins de incidência tributária e determinação da alíquota. Como afirmativa(s) correta(s), cabe indicar apenas: A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) I. E) III. Resposta correta: alternativa C. Análise das afirmativas: I – Afirmativa incorreta. Justificativa: considera‑se estabelecimento prestador de serviços o local onde são exercidas, de modo permanente ou temporário, as atividades de prestação de serviços, sendo irrelevantes para sua caracterização as denominações de sede, filial, agência sucursal, escritório de representação, contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas. II – Afirmativa correta. Justificativa: alguns elementos são essenciais para ocorrer o fato gerador do ISS, de forma que a inexistência de quaisquer deles torna impossível a incidência tributária. Esses elementos são: efetividade 107 Re vi sã o: S im on e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 28 /0 2/ 20 12 Planejamento tributário e habitualidade do serviço prestado, autonomia do serviço prestado (entendido como o serviço realizado em nome próprio) e a finalidade do serviço prestado. III – Afirmativa correta. Justificativa: na hipótese de os serviços prestados serem diferentes e haver a possibilidade de separação, cada um desses serviços será enquadrado no item correspondente da lista e será tributado individualmente pela alíquota para cada atividade. Se os serviços são inseparáveis, somente os serviços predominantes deverão ser enquadrados na lista de serviços para fins de incidência tributária. Questão 2. Leia as afirmativas a seguir: Afirmativa 1: O responsável tributário é o responsável pelo pagamento do imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS). Dependendo do tipo de serviço executado, ele pode ser considerado como prestador ou tomador. O tomador de serviço é a pessoa jurídica que contrata o serviço permanentemente em suas dependências. Afirmativa 2: Isso porque, para fins da caracterização da prestação de serviços, o serviço contratado deve ser prestado diariamente, pois é uma terceirização da atividade junto ao contratante. Nesse caso, o ISS é devido no local da prestação do serviço. A respeito dessas duas afirmações, é correto afirmar que: A) As duas afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. B) As duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. C) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa. D) A primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira. E) As duas afirmações são falsas. Resposta desta questão na Plataforma. 108 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 3 IMGP6100.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/JJmaBP>. Acesso em: 6 fev. 2012. Figura 4 DSC_0493_O.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/BZKdi2>. Acesso em: 6 fev. 2012. Figura 5 DSC_0481.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/mtBySw>. Acesso em: 6 fev. 2012. Figura 7 BAPTISTA, G. A Polícia Rodoviária Federal e o Sest‑Senat realizam a terceira etapa de 2007 dos Comandos de Saúde nas Rodovias para reforçar junto a caminhoneiros e demais trabalhadores do setor a necessidade de manter a saúde em dia. Brasília (DF). 2007. 1 fotografia. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/_agenciabrasil/files/gallery_assist/3/gallery_assist638494/prev/1059gb033.jpg>. Acesso em: 10 fev. 2012. Figura 11 MIMILIZ_P1010422B.JPG. Disponível em: <http://s3.amazonaws.com/0.morguefile.com.mirror/ imageData/public/files/m/mimiliz/preview/fldr_2008_11_28/file0001119144174.jpg>. Acesso em: 10 fev. 2012. Figura 13 BRASIL_POLITICO.PDF. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/mapas_pdf/ brasil_politico.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2012. Figura 16 CAMPANATO, V. Redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre veículos aumenta o movimento em concessionárias do Distrito Federal. Brasília (DF). 2008. 1 fotografia. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/_agenciabrasil/files/gallery_assist/3/gallery_ assist638533/prev/1225VC056.jpg>. Acesso em: 10 fev. 2012. Figura 18 IOB. ICMS/SP – substituição tributária: disposições gerais. 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