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Ficha para Identificação da Produção Didático-Pedagógica – Turma 2016 Título: Leitura e análise de contos: Uma proposta de ensino de Literatura através do Método Recepcional. Autor: Edna dos Santos Pepineli de Araújo Disciplina/Área: (ingresso no PDE). Língua Portuguesa Escola de Implementação do Projeto e sua localização: Colégio Estadual “Adaucto da Silva Rocha. ” Ensino Fundamental e Médio. Município da escola: Luiziana Núcleo Regional de Educação: Campo Mourão Professor-Orientador: SANDRO ADRIANO DA SILVA Instituição de Ensino Superior: UNESPAR – Campus de Campo Mourão Resumo: Esta unidade didática tem como objetivo propiciar ao aluno o desenvolvimento de práticas prazerosas de leitura de textos literários, articulando teoria e prática para melhoria do processo ensino e aprendizagem. Diante disso, propõe-se um trabalho com leitura e análise de contos, bem como a reflexão de como se configura neles a temática amor, ciúmes e traição, em diferentes períodos históricos e literários. De acordo com orientação das DCEs de Língua Portuguesa, a metodologia que embasará teoricamente esse trabalho será a Estética da Recepção”, de Hans Robert Jauss (1994), e sua aplicação seguirá as orientações do Método Recepcional, de Bordini e Aguiar (1993). O público objeto desta intervenção será constituído por alunos do 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública. Como suporte pedagógico, a presente unidade contará com leitura e análise de contos, poemas, notícias, e proposição de atividades que privilegiem o diálogo com canções e vídeos, para reflexões e apropriação do conteúdo suscitado nos contos. Palavras-chave: Leitura; Gênero Conto; Método Recepcional; Formato do Material Didático: Unidade Didática Público: Alunos do 3º ano do Ensino Médio. 1. Apresentação Após percorrer toda a trajetória da primeira etapa, ou seja, formação nos cursos e eventos do Programa PDE, aprofundamentos em leituras para fundamentação teórico-práticas com a orientação do professor da IES, o presente trabalho culminou na produção de uma Unidade Didática para a implementação desta ao retorno na escola. Nesse sentido sabemos que há uma necessidade do professor em repensar a sua práxis para se ter uma certa autonomia em relação à produção do material didático. O objetivo do trabalho é dar subsídios aos alunos para melhorarem as habilidades de ler e interpretar textos literários, a fim de levá-los a refletir sobre a sua posição social e as relações surgidas em sua vida. O grande embate hoje nas escolas é desenvolver nos alunos o prazer da leitura, sabendo que o ato de ler é complexo, pois requer do leitor bem mais do que somente decodificar sinais. Desse modo as DCE de Língua Portuguesa, na concepção de linguagem privilegia a interação, que busca o diálogo entre os conhecimentos presentes no ambiente escolar e também aqueles trazidos pelos alunos. As Diretrizes preconizam a leitura “como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento” (PARANÁ, 2008, p. 56). A proposta desta unidade será incentivar a leitura dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio, através de temas relevantes e próximos à sua realidade, desafiando-os a realizarem “grandes” leituras. As atividades propostas partem do gênero Conto e seguem as etapas do Método Recepcional. Nessa perspectiva, a importância dada ao papel do leitor (e não mais ao autor ou à obra) confere um outro enfoque ao ensino de literatura. Assim sugere as DCE de Língua Portuguesa. Sob esse enfoque sugere-se, nestas Diretrizes, que o ensino da literatura seja pensado a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção e da Teoria do Efeito, visto que essas teorias buscam formar um leitor capaz de sentir e de expressar o que sentiu, com condições de reconhecer, nas aulas de literatura, um envolvimento de subjetividades que se expressam pela tríade obra/autor/leitor, por meio de uma interação que está presente na prática de leitura. A escola, portanto, deve trabalhar a literatura em sua dimensão estética. (PARANÁ, 2008, p. 58) 2. MÉTODO RECEPCIONAL Dentro desse ponto de vista, um dos métodos de ensino que atende aos anseios de propiciar o encontro do indivíduo com o texto literário é o método recepcional. Nele, a obra literária é entendida como um espaço escrito, cheio de indeterminações que são atualizadas pelo leitor. Essa atitude de interpretação tem como pré-requisito o fato de que o leitor e o texto possuem horizontes históricos, às vezes, distintos e defasados no tempo e espaço e que precisam fundir-se para que a comunicação ocorra (BORDINI & AGUIAR, 1993, p. 83). A partir dos pressupostos da Estética da Recepção voltados para atividades de leitura, o método recepcional, proposto por Bordini & Aguiar, centraliza suas premissas na participação ativa dos alunos no momento de interação com os textos, abordando o texto literário como um objeto que reflete tanto o contexto de produção quanto o momento histórico em que é lida e estudada. O conceito de historicidade da teoria recepcional é o de relação de sistema de eventos comparados num aqui-e-agora específico: a obra é um cruzamento de apreensões que se fizeram e se fazem dela nos vários contextos históricos em que ela ocorreu e no que agora é estudada (BORDINI & AGUIAR, 1993, p. 81). Desse modo, a obra só é valorizada pelo método recepcional se ampliar o horizonte de expectativa do leitor, pois será mais valiosa a obra literária, aquela que causar maior estranhamento em quem a ler (Zilberman, 1989, p. 19). Esses horizontes de expectativas são frutos dos valores sociais, ideológicos, intelectuais, literários e linguísticos que influenciam a formação do leitor durante a sua vida. Esse método será desenvolvido em cinco etapas. A primeira consistirá em determinar o horizonte de expectativas, baseando-se nas aspirações, valores, familiaridades dos alunos com respeito à literatura. A segunda etapa que consistirá no atendimento das expectativas, isto é, propiciar o ato de leitura à classe com textos literários que correspondam ao esperado. Na próxima etapa, ocorrerá a ruptura do horizonte de expectativas pela apresentação de material literário diferente daquele que os alunos já conhecem, mas que deverá manter a relação com o anterior em algum aspecto, seja na forma, no tema ou na linguagem. Na sequência, teremos o questionamento do horizonte de expectativas. Nessa parte, o aluno será instigado a contrastar etapas anteriores, levando-o a refletir sobre o tema, sobre as dificuldades encontradas, sobre o quanto seus conhecimentos de mundo facilitaram o entendimento do (s) texto (s) ou deram pistas para preencher as lacunas do texto. Essa etapa poderá ser desenvolvida por meio de debates em grupos, registros das constatações individuais ou coletivas, implicando sempre na retomada dos textos utilizados até a execução desses passos do método. Ao propiciar a reflexão sobre as relações entre leitura e a vida, será necessário proporcionar a ampliação do horizonte de expectativas. Nesse momento o papel do professor será o de provocar seus alunos e dar condições para que eles comparem, avaliem o que foi aprendido e o que, ainda, têm de alcançar. Como já vimos o papel da escola e do professor na formação literária do aluno é de suma importância. Para Zilberman (1991, p. 16), a formação escolar do leitor passa pelo crivo da cultura em que se enquadra, e também menciona que antes de formalizar o estudo dos textos, tornando as leituras impositivas, informando aos alunos técnicas ou períodos literários é preciso que esses alunos vivenciem muitas obras para que essas venham a preencher as estruturas conceituais. A literatura não trata de temas distantes de nós, são temas humanos comoAmor, Morte, Solidão, traição e muitos outros. Esses tipos de relações já foram temas de vários textos literários ao longo da História. Para observar esse fato, esta unidade promoverá a leitura de contos clássicos e contemporâneos que enfocam as relações surgidas entre os homens no decorrer de suas histórias, em um determinado momento histórico que influenciou, de algum modo, o contato entre os seres. 3. O Conto O homem sempre se reuniu para contar qualquer tipo de estórias, seja em volta da mesa, e durante as refeições ou perto do fogão, lareira e etc., essa era uma forma de transmitir sua história, cultura e criatividade, ou seja, seus mitos, ritos, tradições e ao mesmo tempo criando uma atmosfera de entretenimento. Assim, a história do conto literário evoluiu do oral para o registro de estórias de forma escrita, onde não há obrigação com a verdade dos fatos narrados, o narrador assume a função de contador-criador-escritor o que torna essa narrativa em um conto literário diferente de limitar apenas a um relato, ou seja, recontar um fato. O conto é um gênero que tenta atingir o máximo de efeito em uma leitura. Segundo Edgar Allan Poe (apud GOTLIB, 1990), o contista defende a ideia de que é preciso dosar a obra, a fim de que, “a uma só assentada”, o leitor faça a leitura do conto, por isso, nem breve demais e nem extenso demais – a extensão, para Poe é imperdoável. Para Gotlib (1990, p. 82), cada conto traz um compromisso selado com sua origem: o da estória. Os elementos que caracterizam esse gênero discursivo na sua forma composicional e que são mais recorrentes são a brevidade, a compactação, o efeito único ou impressão total, a intensidade e a tensão. Como suporte pedagógico, a presente unidade contará com leitura e análise de contos, poemas, notícias, e proposição de atividades que privilegiem o diálogo com canções e vídeos, para reflexões e apropriação do conteúdo suscitado nos contos. UNIDADE DIDÁTICA 1ª PARTE Nesse primeiro momento serão expostos aos alunos o conteúdo do projeto, sua importância, os objetivos, esclarecendo o porquê da escolha do gênero textual “Conto”. CONVERSA COM O PROFESSOR: 1- Determinação do horizonte de expectativas Nessa primeira etapa os alunos serão questionados sobre suas aspirações, valores, familiaridades e preferências quanto aos temas e gêneros de textos literários. Para isso, apresentaremos aos alunos, os seguintes questionamentos, que deverão ser respondidos por escrito: A- Leia atentamente as questões abaixo e responda: 1- A leitura tem um papel relevante em sua vida? 2- Seus pais costumam ler jornais, revistas, obras literárias? 3- Qual o último livro que você leu ou está lendo? 4- Que tipo de histórias você mais gosta de ler? (Romance, drama, policial, outros.) 5- Na sua opinião, as aulas de Literatura são importantes e prazerosas? 6- Aponte alguns pontos positivos e negativos nas aulas de Literatura. Conversa com o professor 7- Qual é o gênero textual que você mais se identifica? Dê exemplos: 8- Já ouviu falar sobre o gênero conto? 9- Você se lembra de ter lido algum conto? Você gosta desse tipo de leitura? 10- O que levou você a escolher esse gênero textual? 11- Quais foram os contos mais marcantes para você? 12- Quais outros tipos de textos que você mais aprecia? 13- Quais os temas que mais lhes chamam a atenção na leitura de romances? Continuando essa primeira etapa “Determinação do horizonte de expectativas”, os alunos serão questionados sobre suas aspirações, valores, familiaridades e preferências quanto ao tema: “amor, ciúmes e traição”. Essa etapa se faz necessário, pois a temática discutida será abordada nos contos que serão analisados na sequência. Exibição de slides: Por que cultivas/ As sem perfume/e Agressivas/flores do Ciúme Carlos Drummond de Andrade Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens? Guimarães Rosa “Nos ciúmes existe mais amor-próprio do que verdadeiro amor”. François La Rochefoucauld Quem ama não mata, quem mata não ama” Daminhão experiença http://pensador.uol.com.br/autor/francois_la_rochefoucauld/ B- Agora responda: 1- Você concorda com as afirmações acima? 2- Como você lida com esses sentimentos: O amor e o ciúme? 3- Quem ama sente ciúmes? 4- Até que ponto esses sentimentos, o amor e o ciúme presentes em um relacionamento podem ser saudáveis? 5- Relembre filmes, obras, canções que trata desse tema e em seguida faça um breve comentário se você concorda com a maioria deles quanto ao desfecho. 6- Esse tema é universal, ou seja, vários autores já escreveram romances, contos, novelas, poemas e outros gêneros textuais, que tratam dessa temática, e hoje, você acha que esses temas ainda são interessantes? Explique: Cenas peculiares de situações que representam as emoções e comportamentos das pessoas em relação ao ciúme. Apresentação de slides. Disponível em: http://dorquemata.blogspot.com.br/2010/09/ciume-sentimento- inutil.html. Acesso em: 15/08/2016. Disponível em: http://dorquemata.blogspot.com.br/2010/09/ciume-sentimento- inutil.html. Acesso em: 15/08/2016. C- Faça uma leitura das imagens e responda: 1- Nas imagens apresentadas que tipos de sentimentos são retratados? 2- Esses sentimentos e atitudes estão próximos da nossa realidade? 3- Quais os problemas que estão relacionados a esse tipo de comportamento? 4- Existem soluções para amenizar os danos causados pelo ciúme? http://dorquemata.blogspot.com.br/2010/09/ciume-sentimento-inutil.html http://dorquemata.blogspot.com.br/2010/09/ciume-sentimento-inutil.html http://dorquemata.blogspot.com.br/2010/09/ciume-sentimento-inutil.html http://dorquemata.blogspot.com.br/2010/09/ciume-sentimento-inutil.html Conversa com o professor 2ª Parte CONVERSA COM O PROFESSOR Pedir para os alunos trazerem para a próxima aula: - Contos e letras de canções que falam de amor, ciúmes e traição. - Notícias de jornal que retratam a temática debatida anteriormente. 2- Atendimento do horizonte das expectativas Propiciar o ato de leitura à classe com textos literários que correspondam ao esperado e através de tarefas com procedimentos conhecidos dos alunos e de seu agrado. Nesse momento será apresentada uma canção de Robson Biolo, intitulada “Só minha”. Essa atividade atenderá ao horizonte de expectativas da turma, já que o estilo, linguagem, tema, melodia e outras características desse gênero fazem parte da sua realidade. A- Após assistir ao vídeo e fazer a leitura da letra da canção “Só minha” de Robson Biollo, Responda: Vídeo: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZwtGC2h6DEU. Acessado em 15/08/2016. “Se eu sinto ciúmes é porque me importo Se brigo às vezes é que não suporto Que alguém olhe pra ti” https://www.youtube.com/watch?v=ZwtGC2h6DEU Para visualizar a letra da canção na íntegra acesse: Disponível em: https://www.letras.mus.br/robson-biollo/so-minha/. Acessado em 15/08/2016. Agora é a sua vez: 1- Vocês já ouviram essa música? 2- Conhecem o cantor? 3- A letra desta canção aborda que temática? 4- É o tema atual? É interessante? 5- No quarto verso da primeira estrofe da letra desta canção, temos: “Além de mim você é minha, só minha, só minha”. Responda: A- Pronomes Possessivos, são palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída). No verso acima o pronome “minha” remete a essa mesma ideia? Hipoteticamente falando quem seria o possuidor e quem seria a coisa possuída? B- No início de um relacionamento tudo é maravilhoso, e os envolvidos veem o “ciúme” como umsentimento positivo. Nessa canção, como você caracteriza as personagens? Quem você acha que é mais ciumento (a), “quem mais sente ciúmes, é também quem ama mais? ” Explique com passagens do texto: 6- Leia para o seu colega as notícias de jornal que você selecionou, contendo como tema “crime passional”, depois de uma breve discussão em relação à notícia, responda: a- Você encontrou dificuldades para encontrar a notícia sobre crime passional? b- Ao ligar a televisão ou ler um jornal nos deparamos com notícias de um marido ciumento, ou um ex inconformado, mas o que mais assusta é a banalidade ao se tratar desse assunto, é como se fosse um acontecimento comum, ou seja, não causa estranheza. É correto tratar desse assunto com tanta naturalidade? Comente: https://www.letras.mus.br/robson-biollo/so-minha/ Poema: “Tragédia Brasileira” de Manuel Bandeira. Sobre o autor: Manuel Bandeira é um poeta reconhecido na literatura nacional, fez parte do modernismo brasileiro. Uma de suas poesias, inclusive, foi declamada por Ronald de Carvalho na abertura da Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. [...]. Com extensa obra literária, é possível perceber o tradicionalismo e a liberdade em diferentes poemas. A morte, o amor e a solidão estão presentes na sua poesia, da mesma forma que o erotismo e a infância. Disponível em: http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/manuel- bandeira.html. Acesso em 23/08/2016. B- Leia o poema “Tragédia Brasileira” de Manuel Bandeira. “Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade, conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria. ” Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/manuel- bandeira/poemas-manuel-bandeira.php#64. Acesso em: 15/08/2016. Atividades: Como você já sabe, um texto narrativo deve responder a algumas perguntas básicas: O QUÊ? - O (s) fato (s) que determina (m) a história; QUEM? - A personagem ou personagens; COMO? - O enredo, o modo como se tecem os fatos; ONDE? - O lugar ou lugares da ocorrência; QUANDO? - O momento ou momentos em que se passam os fatos; http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/manuel-bandeira.html http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/manuel-bandeira.html http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/manuel-bandeira/poemas-manuel-bandeira.php#64 http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/manuel-bandeira/poemas-manuel-bandeira.php#64 POR QUÊ? - A causa do acontecimento. 1.O texto que você acabou de ler é do tipo narrativo. Assim sendo, destaque os elementos pontuados acima: - O quê? - Quem? - Como? - Onde? - Quando? - Por quê? 2. Convencionalmente, o enredo da narração pode ser assim estruturado: •exposição (apresentação das personagens e/ou do cenário e/ou da época), •desenvolvimento (desenrolar dos fatos apresentando complicação e clímax) e •desfecho (arremate da trama). Entretanto, há diferentes possibilidades de se compor uma trama, seja iniciá-la pelo desfecho, construí-la apenas através de diálogos, ou mesmo fugir ao nexo lógico de episódios. Escritores (romancistas, contistas, novelistas) não compõem um texto estritamente narrativo. O que eles produzem é um tecido literário em que aparecem, além da narração, segmentos descritivos e dissertativos. As narrativas mais longas podem explorar mais detalhadamente as noções de tempo – cronológico (marcado pelas horas, por datas) ou psicológico (marcado pelo fluxo do inconsciente) – e de espaço (cenário, paisagem, ambiente). O envolvimento de várias personagens e os múltiplos núcleos de conflito em torno de uma situação também são comuns nas narrativas extensas. Quanto à estrutura da narrativa convencional, destaque do texto Tragédia Brasileira os seguintes trechos: •a exposição •o desenvolvimento •o desfecho Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22430. Acesso em 19/11/2016. 3- Volte na questão de número 1 e destaque os mesmos elementos na notícia de jornal que você pesquisou. http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22430 Sobre o autor As Sem Razões do Amor- Carlos Drummond de Andrade Este consagrado poeta brasileiro nasceu em Itabira, Minas Gerais no ano de 1902. Tornou-se, pelo conjunto de sua obra, um dos principais representantes da literatura brasileira do século XX. [...]os principais temas retratados nas poesias de Drummond são: conflito social, a família e os amigos, a existência humana, a visão sarcástica do mundo e das pessoas e as lembranças da terra natal. Para saber mais sobre o autor: Disponível em: http://www.suapesquisa.com/biografias/drummond.htm. Acessado em 03/09/2016. 1- Procure no dicionário a definição da palavra “Amor” e “Paixão”: Você consegue diferenciá-las facilmente? 2- Agora você vai ler um poema de Carlos Drummond de Andrade e depois vamos conversar sobre como o poeta retrata no seu texto esse sentimento “Amor”. Eu te amo porque não amo bastante ou de mais a mim. Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. Para ver o poema na íntegra acesse: Disponível em: http://www.citador.pt/poemas/as-sem-razoes-do-amor-carlos-drummond-de- andrade. Acesso em 03/09/2016. http://www.suapesquisa.com/biografias/drummond.htm http://www.citador.pt/poemas/as-sem-razoes-do-amor-carlos-drummond-de-andrade.%20Acesso%20em%2003/09/2016 http://www.citador.pt/poemas/as-sem-razoes-do-amor-carlos-drummond-de-andrade.%20Acesso%20em%2003/09/2016 Exibição do vídeo Título: “Amor, traição, ciúme patológico” – No Divã com Taty Ades. Descrição: Entrevistas sobre amor patológico, ciúme doentio, traição (Record, Rede TV, gazeta, CNT). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VyNVpS9epnc. Acesso em 21/11/2016. c- Agora em círculo vamos realizar um debate sobre a entrevista: Vou lançar duas perguntas para começar, e na sequência cada aluno irá elaborar uma questão para um (a) colega: 1- Nesse vídeo ouvimos várias entrevistas sobre os temas amor patológico, ciúme doentio e traição. Comente para seus colegas qual parte da entrevista chamou mais a sua atenção e por quê? 2- Você se identificou com alguns exemplos citados durante a entrevista? Conhecendo o gênero discursivo Conto CONTO Conversa com o professor: Capítulo 18 – Conto – retirado do livro PORTUGUÊS – CONTEXTO, INTERLOCUÇÃO E SENTIDO – Volume 3 - O trabalho realizado ao longo deste capítulo favorece o desenvolvimento das competências de área 1 e 5 e das habilidades H1, H3, H15, H16 E H17. (MATRIZ DO ENEM 2009). OBJETIVOS Ao final do estudo deste capítulo, o aluno deverá ser capaz de: https://www.youtube.com/watch?v=VyNVpS9epnc 1- Reconhecer as características estruturais do conto. 2- Compreender de que modo o contexto de circulação e o perfil de interlocutor afetam a estrutura desse gênero. 3- Reconhecer as características dos elementos da narrativa que participam da estrutura do conto: foco narrativo, personagens, espaço, tempo e enredo. 4- Compreender as relações entre esses elementos. 5- Perceber a importância do conceito de verossimilhança para a construção dos elementos da narrativa. 6- Saber escolher os recursos linguísticos adequados ao conto. As narrativas ficcionais sempre seduziram leitores de todas as épocas e lugares. No mundo contemporâneo, muitos leitores apreciam as narrativas curtas, que focalizam um único conflito e apresentam a sua solução em um breve espaço de tempo. Essas narrativas são conhecidas como CONTOS. CONTO: DEFINIÇÃO E USOS O conto é uma narrativa curta que apresenta os mesmos elementos do romance: narrador, personagens, enredo, espaço e tempo. Diferencia-se do romance pela sua concisão, linearidade e unidade:o conto deve construir uma história focada em um conflito básico e apresentar o desenvolvimento e a resolução desse conflito. Vários temas, vários contos O gênero conto, por suas próprias características, admite uma grande diversidade temática. Alguns autores acabam por se especializar na criação de contos voltados para temas determinados. É o caso, por exemplo, do argentino Julio Cortázar e do brasileiro Murilo Rubião, que escreveram contos fantásticos, ou seja, narrativas em que a realidade é bruscamente invadida por algum elemento extraordinário sem que haja qualquer preparação ou explicação para isso. Além dos contos fantásticos, podemos identificar ainda os seguintes tipos, definidos pela temática abordada: contos policiais (ou de suspense), contos eróticos, contos românticos e contos de ficção científica. CONTEXTO DE CIRCULAÇÃO Contos costumam ser escritos para publicação em livros. Além disso, circulam em revistas especializadas e também em sites. Há diferentes tipos de livro em que os contos aparecem: aqueles idealizados pelo autor, que reúne vários textos organizados a partir de um critério pessoal; edições planejadas para divulgar os melhores textos de um mesmo autor; ou; ainda, antologias com contos de diferentes autores, organizados tematicamente (contos de humor, contos de mistério, etc.) ou por sua qualidade. OS LEITORES DE CONTOS Leitores de contos são, em primeiro lugar, leitores de narrativas. Pessoas que encontram, nas narrativas ficcionais, um espaço para reflexão sobre a realidade, que buscam os cenários criados pela imaginação alheia como modo de escapar da realidade estressante em que vivem ou que leem pelo prazer propiciado pelos textos ficcionais. Além dessas características, comuns a todos os amantes dos textos literários em prosa, os leitores de conto apresentam uma outra, constitutiva do mundo contemporâneo: a falta de tempo, que faz com que busquem narrativas mais curtas. O século XIX viu as narrativas longas reinarem absolutas na preferência dos leitores. Os romances, que se estendiam por muitos capítulos e eram publicados em periódicos, tinham um público fiel. No século XXI, em plena era de informação e em um mundo no qual a imagem representa o apelo mais sedutor, as narrativas longas foram, aos poucos, perdendo espaço e o conto conquistou a preferência dos leitores. Sua estrutura mais enxuta e sua capacidade de apresentar, desenvolver e solucionar um conflito em tempo relativamente curto parecem ser as principais razões do sucesso dos contos entre os leitores contemporâneos. ESTRUTURA O conto é uma narrativa curta, o que torna essencial o planejamento cuidadoso da articulação dos elementos narrativos. Como se trata de uma narrativa ficcional, deve apresentar uma história na qual atuam personagens em um espaço e tempo definidos. Um narrador em 1ª ou 3ª pessoa será encarregado de contar o que acontece com tais personagens, revelando, para o leitor, de que modo espaço e tempo afetam os fatos narrados. Cabe ao autor decidir exatamente que função foco narrativo, personagens, espaço e tempo deverão desempenhar na história a ser criada, determinando o entrelaçamento dos elementos narrativos. O enredo, resultado da articulação precisa desses elementos, deve ser linear, porque o conto não prevê um longo desenvolvimento da história. Em outras palavras, ao começar, o conto já está prestes a terminar. Em termos do plano geral, o conto deve apresentar uma determinada ordem (criada pelos elementos das narrativas), que será desequilibrada pelo surgimento de um conflito. A resolução desse conflito promoverá a restauração da ordem. O objetivo do contista, portanto, é apresentar ao leitor uma situação ficcional em que a estabilidade é desestruturada por um conflito cujo desenvolvimento e solução serão o foco da história contada. De modo geral, a estrutura do conto pode ser vista como o espaço narrativo entre dois momentos de equilíbrio: um que precede o conflito tematizado e outro que segue esse conflito. Por esse motivo, essas narrativas curtas costumam começar pela apresentação de uma situação estável que será perturbada por alguma força. Essa força desencadeia um processo de desequilíbrio do universo narrativo apresentado. Para atender às exigências estruturais do conto, é necessário dominar os elementos constitutivos da narrativa, porque o modo como serão apresentados e articulados garantirá a qualidade da história criada. FOCO NARRATIVO O primeiro dos elementos narrativos a ser considerado no momento de definir a estrutura de um texto ficcional é o narrador, ou seja, quem irá contar a história. O narrador estabelece o ponto de vista a partir do qual a história será contada: trata-se do foco narrativo. FOCO NARRATIVO é a perspectiva a partir da qual uma história será contada. O foco narrativo pode ser de 1ª pessoa ou de 3ª pessoa. O ponto de vista (ou perspectiva) explicita, nos textos narrativos, o “olhar” adotado pelo narrador para apresentar a seus leitores um acontecimento, personagem ou espaço sobre o qual vai falar. A adoção de uma determinada perspectiva afeta o modo como a história contada é interpretada por seus leitores. Analisar as palavras escolhidas por um narrador para caracterizar uma personagem ou situação permite identificar a perspectiva a partir da qual ele conta a história. O NARRADOR TESTEMUNHA Sempre que uma história é contada por um narrador em 1ª pessoa, o leitor encontra-se diante de uma perspectiva claramente subjetiva. A subjetividade do foco em 1ª pessoa decorre de sua associação imediata a uma personagem. Se o narrador é uma das personagens, todos os acontecimentos, motivações e demais personagens são apresentados a partir do seu ponto de vista particular. Observe este trecho de um conto policial. ............................................................................................................................. [...] A convivência com Holmes não era difícil. Ele tinha hábitos tranquilos e regulares. Era raro vê-lo em pé depois das dez horas da noite, e invariavelmente já havia feito o seu desjejum e saído quando eu me levantava de manhã. [...] À medida que passavam as semanas, meu interesse nele e minha curiosidade quanto a seus objetivos na vida iam gradualmente aumentando e se aprofundando. Até seu físico era tal que despertava a atenção do mais descuidado observador. Quanto à estatura, passava de um metro e oitenta, mas era tão magro que parecia mais alto ainda. Os olhos eram agudos e penetrantes, salvo durante aqueles intervalos aos quais fiz alusão, e o nariz delgado, aquilino, dava a sua expressão um ar de vigilância e decisão. Também o queixo, quadrado e forte, indicava nele o homem resoluto. [...] DOYLE, Artur Conan. Um estudo em vermelho. Tradução de Louisa Ibañez e Arnaldo Viriato Medeiros. São Paulo: Abril, 1984. P. 17-18. (Fragmento.) Nesse texto, somos apresentados a um dos mais conhecidos e admirados detetives dos romances policiais: Sherlock Holmes. Quem descreve o famoso investigador inglês é seu amigo e assistente, Dr. Watson. Dizemos que esse tipo de foco narrativo em 1ª pessoa é construído a partir de um narrador testemunha. Ou seja, os acontecimentos são contados por uma personagem que, embora participe da história, não é o protagonista. Tudo o que é contado passa pelo “filtro” do seu olhar. Suas impressões sobre os fatos, o espaço e as demais personagens são reveladas não apenas a partir da seleção do que é contado, mas também das caracterizações que faz. O NARRADOR ONISCIENTE Quando um escritor pretende que seus leitores acompanhem o que pensam e sentem as personagens de uma história, constrói um foco narrativo em 3ª pessoa e escolhe trabalhar com um narrador onisciente. Esse narrador tem conhecimento total dosfatos. Ele acompanha todos os acontecimentos e penetra no íntimo das personagens, revelando suas motivações, desejos e sentimentos pessoais. Observe. ............................................................................................................................... [...] Sara respirava ruidosamente, em parte por causa do esforço físico, mas também por causa da irritação que estava sentindo. Não era porque o telefone estivesse interrompendo aquele primeiro momento de quietude, quando todo movimento cessa. Era mais porque ela queria muito que não fosse Robin, seu agente, pois não só ainda não estava preparada para perdoá-lo, como ficava irritada por antecipação só de pensar que poderia ser ele do outro lado da linha. Quando ela alcançou o telefone, suas pernas tremiam e seu corpo ainda suava. Ao pegar o aparelho, o plástico morno e liso escorregou de sua mão molhada, caiu no chão e quicou contra a ponta do fio espiralado, girando no ar e batendo na cômoda. Quem quer que estivesse do outro lado da linha provavelmente imaginaria que ela tinha atirado o telefone contra a parede, de modo que não havia a menor possibilidade de parecer equilibrada e razoável agora. [...] JOSS, Morag. Música fúnebre. Tradução de Sonia Moreira. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. P. 17. (Fragmento). Nesse trecho do romance, apesar de o narrador aparentemente não estar associado a nenhuma personagem, podemos constatar que o olhar de uma personagem sobressai em relação ao que é contado. Isso acontece porque, em qualquer narrativa, sempre será estabelecido um ponto de vista predominante. Nesse caso, o narrador onisciente constrói o ponto de vista de Sara, a personagem principal. Sabemos, por exemplo, que sua irritação se deve principalmente à possibilidade de o seu agente, com quem ela não deseja falar, estar do outro lado da linha. Os trechos destacados são um exemplo de como o narrador explicita os sentimentos e as motivações da personagem. A imparcialidade do narrador em 3ª pessoa é relativa, porque o texto sempre irá revelar diferentes pontos de vista sobre os acontecimentos narrados. Como um narrador em 3ª pessoa não é uma personagem, não representa, na verdade, uma perspectiva única, particular, associada a uma só visão de mundo. Ele funciona como uma lente mais ampla, que capta e transmite, para o leitor, os sentimentos, emoções e pensamentos mais privados de diferentes personagens. Ao fazer isso, explicita pontos de vista variados sobre os acontecimentos narrados. O NARRADOR OBSERVADOR Outra possibilidade, associada a um foco narrativo em 3ª pessoa, é a do narrador que, como um observador distante, narra os acontecimentos. ....................................................................................................................... Aquele foi um verão diferente, único. Um verão que começou antes da hora e que desde o princípio deixou estabelecido que se estenderia pelo tempo, atropelando calendários, previsões e memórias. A casa erguia-se branca no meio da encosta, rodeada de grandes amendoeiras. A encosta descia no rumo do mar, suave no princípio, abrupta no final. Na casa, a rotina estabeleceu-se com os primeiros dias de sol, quando a força do verão mostrou-se com toda a sua pertinência. Todos os dias, pouco depois das oito da manhã, o motorista saía no carro branco e ia até a aldeia, seguindo veloz pelos quatro quilômetros da estrada que corria sobre as rochas, beirando o mar. Voltava sempre às nove trazendo pão, a correspondência que recolhia no correio e, algumas vezes, um pacote de laranjas. Quarta-feira era o dia em que a cozinheira gorda, negra e tranquila ia com ele. Sentava- se no banco da frente, ao seu lado, e viajava em silêncio, suspirando e olhando o mar. Na volta, trazia duas grandes sacolas de verduras e frutas e um peixe embrulhado em papel claro. Nesse dia, o automóvel branco demorava um pouco mais para voltar. A casa era silenciosa e tinha grandes janelões e duas varandas enormes que se abriam para o mar. [...] NEPOMUCENO, Eric. As três estações. Coisas do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 109. (Fragmento). Por meio da narração em 3ª pessoa, a cena vai sendo apresentada ao leitor de modo detalhado, com informações sobre tempo (era verão), espaço (a ação se passa em uma casa de praia) e personagens (o motorista, a cozinheira). O leitor acompanha os acontecimentos rotineiros na vida dessas personagens como se estivesse assistindo a uma cena que se desenrola diante de seus olhos. Por mais minuciosa que seja a apresentação feita pelo narrador observador, ela não nos informa sobre alguns elementos essenciais para que possamos compreender o que se passa. Poderíamos perguntar, por exemplo, o que sentem aquelas pessoas que circulam pela casa de praia ou em que pensa a cozinheira quando olha o mar e suspira. Essas respostas não são dadas no texto e isso é uma característica de um narrador que apresenta o que observa e nada além disso. PERSONAGENS: OS SERES DE FICÇÃO Toda narrativa apresenta uma série de acontecimentos, contados por um narrador. Os seres que vivenciam esses acontecimentos são as personagens. Por esse motivo, dizemos que a personagem é um “ser de ficção”, ou seja, um ser criado para participar de um contexto ficcional, interagindo com os demais elementos narrativos e produzindo, como resultado final, o enredo. Se as personagens, como o narrador, são seres de ficção, isso significa que devem ser criadas pelo autor do texto. No caso dos contos, sua extensão mais curta faz com que as personagens sejam apresentadas aos leitores como seres já inteiramente criados, de cuja vida se pode acompanhar somente um recorte: aquele que é apresentado naquela narrativa. É importante que o comportamento das personagens seja compatível com as informações que o narrador oferece ao leitor sobre elas. Os leitores do conto só acreditarão na situação narrativa criada caso o comportamento do protagonista seja verossímil. A CRIAÇÃO DE PERSONAGENS VEROSSÍMEIS Lembre-se Verossímil é aquilo que parece verdadeiro. No caso das narrativas ficcionais, a verossimilhança é muito importante, porque é ela que garante a coerência da história contada. Ainda que todos os elementos de uma narrativa sejam fruto da imaginação de um autor e não tenham qualquer relação com a realidade, o texto será verossímil se o leitor aceitar que a história contada poderia ser real, porque parece verdadeira. No momento de planejar um texto narrativo, alguns aspectos devem ser considerados para garantir que as personagens criadas sejam verossímeis. A primeira providência a ser tomada pelo autor é garantir que ele conheça as personagens criadas tão bem quanto as pessoas com as quais convive há muito tempo (seus pais, irmãos, amigos, etc.). Além das características mais objetivas de uma personagem, o autor deve também conhecê-la com relação a seus traços psicológicos, porque deles virá a motivação para suas ações e reações. A melhor maneira de compreender os motivos (ou desejos) por trás das ações das pessoas é observá-las nos seus comportamentos rotineiros. Podemos imaginar, por exemplo, uma pessoa que adora promover festas. Não apenas festas de aniversário, mas festas semanais, reuniões de pessoas conhecidas e não tão conhecidas assim. Que sentido tem o comportamento dessa pessoa? O que será que ela pretende com tantas festas? Será que procura reconhecimento dos outros? Será que procura carinho? Será que teme a solidão? As respostas a perguntas como essas permitirão “conhecer” mais profundamente essa pessoa meramente imaginada. Aos poucos nos sentiremos mais íntimos dela, saberemos quais as razões que tem para promover tantas festas, o que deseja alcançar com isso. Quando esse conhecimento ocorrer, podemos transformá-laem personagem de um texto, porque saberemos como ela irá se comportar em diferentes circunstâncias narrativas. O ESPAÇO Quando fazemos referência ao espaço, em um texto narrativo, podemos identificar dois tipos diferentes. O espaço físico: conjunto de elementos da paisagem exterior; trata- se do cenário criado pelo autor no qual será ambientada a ação. O espaço interior (psicológico): as vivências da personagem, seus sentimentos, seus sonhos, seus pensamentos, aquilo que permite ao leitor conhecer a motivação para seus comportamentos. As principais funções do espaço físico são identificar o “lugar” em que transcorre a ação, auxiliar na caracterização das personagens (com elas interagindo, ou sendo por elas transformado) e contribuir para a construção do tempo da narrativa. Definir o espaço somente como lugar em que se passa a ação, portanto, é insuficiente: ele também define uma ambientação para a narrativa. Para identificar como se dá a ambientação, precisamos perceber de que maneira o espaço estabelece uma atmosfera, um clima para os acontecimentos a serem narrados. Além da caracterização específica do espaço, participam também da criação desse ambiente aspectos morais, psicológicos, culturais e socioeconômicos das personagens. Todos esses aspectos compõem o que se chama espaço psicológico da narrativa. Observe como a narradora deste romance estabelece, desde o início da história, um tom narrativo mais leve ao criar uma associação entre o local onde está e a tomada de uma decisão muito importante em sua vida. ............................................................................................................................... Estou num estacionamento em Leeds quando digo a meu marido que não quero continuar casada com ele. David nem sequer está no estacionamento comigo; está em casa cuidando das crianças, e eu só liguei para lembra-lo de que precisa escrever um bilhete para a professora da Molly. O resto meio que...escapole. É um erro, obviamente. Embora aparentemente eu seja – para minha imensa surpresa – uma pessoa capaz de dizer ao marido que não quer continuar casada com ele, nunca pensei que fosse uma pessoa capaz de dizer isso pelo telefone celular, num estacionamento. É claro que este item específico da minha auto avaliação deve ser revisto. Por exemplo, eu posso me descrever como uma pessoa que não esquece nomes, pois já lembrei de nomes milhares de vezes e me esqueci de apenas um ou dois. Mas a maioria das pessoas diz apenas uma vez – se é que chega a isso – que quer acabar um casamento. Quem escolhe dizer isso pelo telefone celular num estacionamento em Leeds não pode depois afirmar que uma ocasião como essa não tenha sido representativa, assim como Lee Harvey Oswald não podia afirmar que matar presidentes não era uma característica sua. Às vezes nós temos que ser julgados pelas coisas que só fazemos uma vez. [...] HORNBY, Nick, Como ser legal. Tradução de Paulo Reis. Rio de janeiro: Rocco, 2002. P. 9 (Fragmento). Essa é a abertura do romance, o primeiro contato que o leitor tem com a personagem. É muito significativo, portanto, que o autor decida apresentá-la em um estacionamento quando comunica ao marido que quer se separar dele. Há uma clara incompatibilidade entre o local em que ela se encontra (e também o fato de estar ligando de um celular) e a gravidade da decisão tomada. É justamente o absurdo da situação que é explorado nessa passagem. O que poderia ser uma decisão dramática, carregada de emoção, é apresentado pela narradora como algo que “escapole” no meio da sua conversa com o marido. A situação é tão inesperada, que ela mesma observa: “nunca pensei que fosse uma pessoa capaz de dizer isso pelo telefone celular, num estacionamento”. O clima narrativo criado pela cena inicial dará o tom do romance, que trata de questões bastante sérias de modo leve. O exemplo apresentado ilustra, portanto, a importância do planejamento prévio do espaço da narrativa. O TEMPO O tempo de uma narrativa é caracterizado pela duração da ação nela apresentada. Há diferentes “tempos” quando se considera uma narrativa. O tempo cronológico: quando os fatos são narrados de acordo com a ordem em que acontecem. O tempo psicológico: quando a rememoração do passado desencadeia a narrativa. Nesses casos, é frequente a utilização de analepse. O tempo histórico: referente ao momento histórico em que se situam os fatos narrados. Para saber mais: O tempo da diegese: [...] A diegese é a realidade própria da narrativa ("mundo ficcional", "vida fictícia"), à parte da realidade externa de quem lê (o chamado "mundo real" ou "vida real"). O tempo diegético e o espaço diegético são, assim, o tempo e o espaço que decorrem ou existem dentro da trama, com suas particularidades, limites e coerências determinadas pelo autor. Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/2299123. Acessado em 08/12/21016. A marcação de tempo é estabelecida, em uma narrativa, com a ajuda de elementos linguísticos (flexão de tempo dos verbos, advérbios e expressões temporais). São esses os elementos que permitem ao leitor reconstituir, em termos cronológicos, o desenvolvimento de uma determinada ação. http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/2299123 Lembre-se Como no filme “Flashback” é o nome que se dá ao recurso de fazer com que a narrativa volte no tempo por meio das recordações do narrador. Algumas narrativas, em função do tempo histórico em que se passam, chegam a tematizar a marcação do tempo. Veja. ......................................................................................................................... “Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando” – costumava dizer Ana Terra. Mas entre todos os dias ventosos de sua vida, um havia que lhe ficara para sempre na memória, pois o que sucedera nele tivera a força de mudar-lhe a sorte por completo. Mas em que dia da semana tinha aquilo acontecido? Em que mês? Em que ano? Bom, devia ter sido em 1777: ela se lembrava bem porque esse fora o ano da expulsão dos castelhanos do território do Continente. Mas na estância onde Ana vivia com os pais e os dois irmãos, ninguém sabia ler, e mesmo naquele fim de mundo não existia calendário nem relógio. Eles guardavam de memória os dias da semana; viam as horas pela posição do sol; calculavam a passagem dos meses pelas fases da lua; e era o cheiro do ar, o aspecto das árvores e a temperatura que lhes diziam das estações do ano. Ana Terra era capaz de jurar que aquilo acontecera na primavera, porque o vento andava bem doido, empurrando grandes nuvens brancas no céu, os pessegueiros estavam floridos e as árvores que o inverno despira, se enchiam outra vez de brotos verdes. [...] VERISSIMO, Erico. O tempo e o vento. Porto Alegre: Globo, 1978. V. 1. P. 73. (O Continente). (Fragmento). O romance de onde o trecho foi retirado reconstitui um momento do passado histórico da ocupação da região sul do Brasil, no século XVIII. Naquele tempo, era comum as pessoas serem analfabetas e não terem instrumentos para marcar o tempo (não tinham acesso a calendário nem relógio). Nesse caso, é o espaço que fornece os indícios a partir dos quais Ana Terra e seus familiares procuram “marcar” a passagem do tempo: o vento, o cheiro do ar, o aspecto das árvores, a temperatura, a posição do Sol, as fases da Lua são as referências mais concretas da mudança das estações do ano. Se for necessária uma maior precisão, as personagens terão de recorrer a acontecimentos muito importantes (a expulsão dos castelhanos em 1777, por exemplo), para localizarem, no tempo histórico, algum acontecimento. A RELAÇÃO ENTRE ESPAÇO E TEMPO Em narrativas históricas e de ficção científica, a caracterização do espaço auxilia na construçãodo tempo, porque torna mais “visível” para o leitor o mundo criado, definindo, assim, um determinado momento no passado ou no futuro. Nesses textos, tempo e espaço se definem e completam, de modo a criarem a ambientação perfeita para a ação que irá se apresentar. Da integração harmoniosa de todos os elementos narrativos (narrador, personagem, espaço e tempo) surge o enredo, a história contada. O enredo só se forma quando o leitor é capaz de visualizar o conjunto resultante da análise de cada um desses elementos, percebendo como interagem e atuam uns sobre os outros, de modo a garantir que o quadro final esclareça as relações de causalidade entre os diversos fatos narrados. LINGUAGEM A linguagem dos contos tem como característica essencial algo comum à linguagem dos textos literários: ela deve ser trabalhada pelo autor do texto de modo a alcançar o maior nível e significação. Como a palavra é o elemento essencial da arte literária, os textos ficcionais são um espaço privilegiado para o trabalho com a criação de imagens significativas, que permitirão ao leitor criar ricas representações mentais do que está sendo contado. As narrativas são também o espaço para o uso conotativo da linguagem, porque o poder simbólico das construções metafóricas favorece a construção de diferentes possibilidades de interpretação. Outro aspecto a ser considerado é o nível de liberdade na utilização da linguagem. Embora se espere que narrativas ficcionais sejam escritas de acordo com as regras de uso da variedade culta da língua portuguesa, admite-se um uso mais livre quando a linguagem se torna uma das características definidoras das personagens. Observe. ......................................................................................................................... “[...] Cinco minutos é tempo de sobra pra uma pessoa pegar no sono, quer ver? Vou pegar no sono em cinco minutos. Boa noite. Estou quase dormindo. Quase. Dormi. Não dormi? Acho que não. Mas vou dormir agora. Senão os pensamentos começam a entrar na minha cabeça e aí, minha filha, nunca mais. Um pensamento puxa outro, que puxa outro, parece até que pensamento tem corda. O negócio é não deixar entrar o primeiro, tá vendo? Foi só começar a pensar em não pensar e quando eu vi já estava pensando em pensamento com corda. [...]” FALCÃO, Adriana. O doido da garrafa. São Paulo: Planeta, 2003. P. 113-114. (Fragmento). .................................................................................................................. Nessa passagem, observamos diversas ocorrências de expressões características da linguagem coloquial. É muito importante que elas estejam presentes nesse texto, porque a situação narrativa criada é de total descontração da personagem: à noite, na cama, tentando dormir, ela vai encadeando pensamentos. Trata-se de um fluxo de consciência. Pois bem, se esse conto tivesse sido escrito de modo a se conformar inteiramente às características de variedade culta do português, o fluxo de consciência da personagem deixaria de ser verossímil, porque ninguém se preocupa em submeter o pensamento a uma linguagem formal. Nesse sentido, a linguagem pode ser um elemento a mais na caracterização das personagens e, consequentemente, na construção da verossimilhança da narrativa. ABAURRE, Maria Luiza M. Português: contexto, interlocução e sentido/ Maria Luiza M. Abaurre, Maria Bernadete M. Abaurre, Marcela Pontara. – 2. ed. – São Paulo: Moderna, 2013. p. 334 – 345. 3ª Parte CONVERSA COM O PROFESSOR A ruptura do horizonte de expectativas: Apresentação de material literário diferente daquele que os alunos já conhecem, mas que mantém a relação com o anterior em algum aspecto, seja na forma, no tema ou na linguagem. Objetivos específicos: - Ler e analisar o gênero conto refletindo como se configura a temática - amor, ciúmes e traição – em diferentes períodos históricos e literários. - Discutir os possíveis desfechos para problemáticas que enfocam as relações estabelecidas entre os homens ao longo da história e verificar as influências dessa na produção literária. A- Antes de ler o texto na íntegra, relacione o título do conto “VENHA VER O PÔR DO SOL” com a imagem a seguir e responda: Lygia Fagundes Telles nasceu em 1923 e é membro da Academia Brasileira de Letras desde 1982, onde ocupa a cadeira de número 28. Seu primeiro romance, Ciranda de Pedra foi publicado em 1952, o qual já fez parte da dramaturgia brasileira. Mas é em As meninas que a autora se consagra popularmente. Em 2003, esta obra completou 30 anos e recebeu homenagens. A escritora, em 2003, recebeu o prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa. Segundo Ernani Terra e José de Nicola, em Gramática & Literatura, Lygia é considerada uma das mais significativas contistas da contemporaneidade. O conto a ser analisado, “Venha ver o pôr-do- sol”, é considerado um dos mais famosos. Contos da autora, o qual faz parte do livro Antes do Baile verde. Disponível em: https://pixabay.com/pt/cemit%C3%A9rio-assustador-lua-lobo- 395953/. Acesso em 27/11/2016. 1- Há coerência entre a imagem de um cemitério com o título do conto? 2- O que estaria implícito nesse encontro amoroso, faça as suas deduções e depois comprove ao ler o conto de Lygia Fagundes Telles. Vamos ler o Conto: “ Venha ver o pôr do Sol” de Lygia Fagundes Telles. Sobre a autora: Disponível em: http://keylapinheiro.blogspot.com.br/2009/09/venha-ver-o-por- do-sol-de-lygia.html. Acesso em 22/08/2016. https://pixabay.com/pt/cemit%C3%A9rio-assustador-lua-lobo-395953/ https://pixabay.com/pt/cemit%C3%A9rio-assustador-lua-lobo-395953/ http://keylapinheiro.blogspot.com.br/2009/09/venha-ver-o-por-do-sol-de-lygia.html http://keylapinheiro.blogspot.com.br/2009/09/venha-ver-o-por-do-sol-de-lygia.html Texto I Venha ver o pôr do Sol – Lygia Fagundes Telles “ELA SUBIU sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde. ” Disponível em: http://www.beatrix.pro.br/index.php/venha-ver-o-por-do-sol- lygia-fagundes-telles/. Acesso em:15/08/21016. B- Agora responda: 1- Qual a importância do cenário nesta narrativa, levando em consideração o fato do narrador descrever minuciosamente todos os detalhes do ambiente, onde as personagens vão se encontrar? 2- Qual a temática abordada no conto? 3- A temática abordada nos trabalhos de Lygia Fagundes Telles evidencia o desequilíbrio, a tensão e a insatisfação do homem em suas relações, principalmente as afetivas. Os textos da autora que abordam esses temas foram escritos há meio século, para você esses temas ainda chamam a atenção do leitor? Explique: 4- As personagens que aparecem nas obras de Lygia Fagundes Telles na maioria das vezes são: pessoas solitárias, rejeitadas ou loucas, com base nessa afirmação, descreva “Ricardo”: 5- Ricardo ao longo do texto tenta explicar e tranquilizar Raquel quanto à escolha do lugar para o encontro amoroso, para isso ele utiliza alguns argumentos. Quais seriam esses argumentos? Na sua opinião esses argumentos são convincentes? 6- É possível afirmar que Ricardo planejou, pensou com antecedência, ou seja, premeditou o crime? Comprove com passagens do texto sua resposta. http://www.beatrix.pro.br/index.php/venha-ver-o-por-do-sol-lygia-fagundes-telles/ http://www.beatrix.pro.br/index.php/venha-ver-o-por-do-sol-lygia-fagundes-telles/ 7- Comparando o passado e o presente de Raquel e Ricardo, fica evidente como era a condição social e econômica de ambos antes eagora. Retire do texto exemplos destas mudanças. Até que ponto essas diferenças podem afetar um relacionamento? 8- Agora em dupla releia o conto e preencha o quadro abaixo: (Se necessário volte no texto “Conhecendo o gênero discursivo Conto”). Em seguida compare o resultado com outros alunos. Contexto de circulação Público alvo (os leitores de contos) Foco narrativo Personagens Enredo Espaço Tempo Linguagem Texto 2 Desenredo – Conto de Guimarães Rosa Sobre o autor: Disponível em: http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/guimaraes-rosa.html. Acesso em:15/08/2016. Vamos ler o conto “Desenredo“, que está no último livro publicado em vida por João Guimarães Rosa, “Tutaméia: Terceiras Estórias. Antes da leitura, é preciso observar que o texto de Rosa é muito influenciado pela linguagem popular, ele chegava a inventar palavras (neologismos). Desenredo “Do narrador seus ouvintes: – Jó Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja. Tinha o para não ser célebre. Como elas quem pode, porém? Foi Adão dormir e Eva nascer. Chamando- se Livíria, Rivília ou Irlívia, a que, nesta observação, a Jó Joaquim apareceu. ” Guimarães Rosa foi um dos principais representantes do regionalismo brasileiro, característica da terceira fase do modernismo. Com uma linguagem fiel à popular, o escritor conseguiu inovar a literatura. Como atuou como médico e diplomata, Rosa começou a publicar seus textos mais tarde, apenas com 38 anos. Ocupou a cadeira nº 2 na Academia Brasileira de Letras por apenas três dias, já que atrasou a cerimônia de posse por quatro anos, tinha medo de se emocionar demais. Pela importante obra literária, chegou a ser indicado para o prêmio Nobel de Literatura, mas morreu no mesmo ano e a sua indicação foi impedida. http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/guimaraes-rosa.html Disponível em: http://contobrasileiro.com.br/desenredo-conto-de-guimaraes- rosa/ Acesso em: 15/08/2016. Atividades: A- Para se ter uma compreensão global do texto de João Guimarães Rosa, é necessário que o leitor fique atento aos mínimos detalhes. Nesse conto a escolha dos nomes dos personagens foram minuciosamente pensados. Com base nessa afirmação e depois de assistir ao vídeo, responda: Áudio Resumo - O Livro de Jó: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cphTj44K0Ug. Acessado em: 08/12/2016. 1- Sendo Jó uma personagem bíblica que se caracteriza pela paciência. Jó Joaquim do conto se assemelha em que aspecto ao Jó bíblico? 2- O autor utiliza quatro nomes diferentes para se referir à mulher amada de Jó, Livíria, Rivilia, Irlívia e, finalmente, Vilíria. Que relação existe entre o comportamento e o caráter da personagem e as variações de seu nome? Verifique no texto como esses personagens se caracterizam: Livíria Rivilia Irlívia Vilíria Professor, perguntar aos alunos se eles conhecem a história de Jó. (História bíblica). Fazer uma breve discussão e logo depois, assistir ao vídeo – Áudio Resumo – O Livro de Jó. http://contobrasileiro.com.br/desenredo-conto-de-guimaraes-rosa/ http://contobrasileiro.com.br/desenredo-conto-de-guimaraes-rosa/ https://www.youtube.com/watch?v=cphTj44K0Ug 3- O narrador acumula duas funções: contador de estórias e a de comentarista que analisa as situações, filosofa sobre o assunto. a- Releia o texto e destaque cada um, conforme a legenda: - Contador de estórias: (vermelho); - Comentarista: (azul); 4- Leia com atenção a caixa de texto ao lado e na dúvida sobre os significados das palavras listadas, peça ajuda ao professor. E depois, juntamente com seu colega monte um quadro explicativo, levando em consideração a afirmação abaixo: Nos textos de Guimarães Rosa, é possível encontrar: Neologismos, regionalismo e uso de provérbios. Aponte no texto “Desenredo” essas marcas. Disponível em: http://www.dicio.com.br/. Acesso em 22/08/2016 5- Considerando que os provérbios são enunciados curtos que expressam uma verdade extraída da experiência popular: que relação há entre os provérbios alterados e as ações de Jó Joaquim? 6- Por duas vezes uma única palavra forma um parágrafo no texto: Mas e Mais (conjunção adversativa e advérbio de intensidade respectivamente). Localize-as no texto e observe em que ponto a Significado de Neologismo s.m.[Linguística] Utilização de novas palavras, compostas a partir de outras que já existem (num mesmo idioma ou não). Ação de atribuir novos significados (ou sentidos) a palavras que já existem na língua. A palavra (ou expressão) formada a partir dos processos acima citados. Significado de Provérbio s.m.Frase, ou ditado curto de origem popular, que resume um conceito moral, uma norma social: "só percebemos o valor da água depois que a fonte seca”. [Cristianismo] segundo os textos bíblicos, frase que possui o intuito de educar ou aconselhar; pensamento Significado de Regionalismo s.m.Característica daquilo que é particular e próprio de determinada região; qualidade do que expressa costumes e tradições regionais. [Linguística] Palavra, expressão, locução ou significado específico que traz particularidades linguísticas próprias de uma região, geralmente provenientes de uma cultura particular. [Literatura] Caráter da obra, ou texto literário, que se fundamenta nos hábitos tradicionais e costumes regionais, caracterizada pela linguagem local. Doutrina política que defende os interesses regionais. http://www.dicio.com.br/ narrativa está, em cada situação em que elas são empregadas. Em seguida, explique sua importância para a continuidade da narrativa. 7- O conto "Desenredo" provoca muitas inquietações no leitor e convida a pensar as relações humanas, em que se inclui o sentimento amoroso, por ângulos inusitados, ao mesmo tempo consegue levar o possível leitor a uma reflexão crítica sobre os comportamentos humanos na sociedade atual? Explique: 4ª Parte CONVERSA COM O PROFESSOR Questionamento e ampliação do horizonte de expectativas. Nessa etapa, o aluno será instigado a contrastar etapas anteriores, levando-o a refletir sobre o tema, sobre as dificuldades encontradas, sobre o quanto seus conhecimentos de mundo facilitaram o entendimento do (s) texto (s) ou deram pistas para preencher as lacunas do texto. Objetivos específicos: - Levar o aluno a transformar os próprios horizontes de expectativas. - Incentivar os alunos a construírem sua identidade social e individual, a partir de comparações com problemáticas atuais e de outros tempos. Essa etapa pode ser desenvolvida por meio de debates em grupos, registros das constatações individuais ou coletivas, implicando sempre na retomada dos textos utilizados até a execução desses passos do método. Atividades: A- Formem grupos de 4 alunos (as) e discutam as seguintes questões: 1- Comparando as leituras anteriores, mencione qual delas exigiu maior grau de dificuldade e qual lhes proporcionou maior satisfação? 2- Que tipo de linguagem foi utilizada nos contos lidos? 3- Cite algumas características do gênero Conto? 4- Após fazer uma reflexão e relacionar os contos, a poesia, a música e o vídeo, é possível que a temática e situações existentes neles façam parte de nossas vidas? Escreva as suas conclusões no diário e depois leia-as para os colegas da classe. 5- A leitura dos Contos proporcionou a você apenas uma leitura rápida e prazerosa ou também permitiu uma reflexão sobre a complexidade do tema (amor, ciúmes e traição). 6- Quais foram os desafios enfrentados e como você superou os obstáculos textuais(leitura e interpretação dos textos)? 7- Quais aspectos ainda oferecem dificuldades durante a leitura de contos? 8- Quais conhecimentos escolares ou situações vivenciadas no seu cotidiano facilitaram o entendimento dos textos? 9- Releia os contos “Tragédia Brasileira”, “Venha ver o Pôr do Sol” e “Desenredo”, e preencha o quadro abaixo: Contos “Tragédia Brasileira” “Venha ver o pôr do Sol” “Desenredo” Papel desempenhado pelo personagem masculino Papel desempenhado pelo personagem feminino Semelhanças Diferenças Desfecho CONVERSA COM O PROFESSOR 5ª Parte Ao propiciar a reflexão sobre as relações entre leitura e a vida, será necessário proporcionar a ampliação do horizonte de expectativas. Nesse momento o papel do professor será o de provocar seus alunos e dar condições para que eles comparem, avaliem o que foi aprendido e o que, ainda, têm de alcançar. JOAQUIM MARIA MACHADO DE ASSIS O final dessa etapa é o início de uma nova aplicação do método, que evolui em espiral, sempre permitindo aos alunos uma relação mais consciente com a literatura e com a vida. [...] o aluno torna- se agente de aprendizagem, determinando ele mesmo a continuidade do processo, num constante enriquecimento cultural e social. (BORDINI & AGUIAR, 1993, p. 91). Galerias de Imagens: Literatura - Imagem de Machado de Assis, um dos maiores escritores brasileiros. De estilo Realista, retratou as contradições da sociedade carioca do final do século XIX. Disponível em: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php? Foto=486&evento=9. Acesso em 22/11/2016. Para saber mais assista ao vídeo sobre Machado de Assis “Neste vídeo, o professor Marlus apresenta a aula de Literatura, tendo como foco os períodos Realismo, Naturalismo e Parnasianismo. Nesta parte o professor fala sobre Machado de Assis, sua história, características e produções artísticas das fases Romancista e Realista, esta última onde mais se destacou com as obras "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "Quincas Borba", "Dom Casmurro", "Esaú e Jacó" e "Memorial de Aires". O professor cita também seus contos de maior importância: "A cartomante" e "Missa do Galo". “ Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video= 14125. Acesso em 23/11/2016. Você é curioso? Então acesse “Machado de Assis em 25 curiosidades”. Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1 839, na cidade do Rio de Janeiro. O futuro escritor foi batizado na mesma igreja onde seus pais casaram. O pai de Machado de Assis era um descendente de escravos que trabalhava como pintor de paredes. A mãe, portuguesa de Açores, faleceu quando Machado tinha 10 anos. Sua única irmã morreu vítima de sarampo com sete anos de idade. http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?%20Foto=486&evento=9.%20 http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?%20Foto=486&evento=9.%20 http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=14125 http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=14125 Disponível em: http://www.maiscuriosidade.com.br/machado-de-assis-em-25- curiosidades/.Acesso. Acesso em 22/11/2016. Estante de Gustavo Bernardo “Contos de amor e ciúme de Machado de Assis foi publicado pela editora Rocco em 2008, na esteira das comemorações do centenário de morte de Machado de Assis. ” “Os romancistas sempre falaram do amor, apontando-o como aquele sentimento que num momento leva as pessoas ao céu (quando estão apaixonadas e são correspondidas) mas que no outro instante as joga no inferno (quando elas se sentem abandonadas ou traídas). Na descida para o inferno, como sabem os que sofrem, o amor se transforma em ciúme. O ciúme é um daqueles assuntos que frequenta tanto a conversa na mesa do bar quanto o romance do escritor consagrado. Isso acontece porque o sentimento do ciúme talvez revele alguns dos segredos que se encontram na sombra do amor. ” Gustavo Bernardo Disponível em: http://www.gustavobernardo.com/ciumemachado.html. Acessado em 04/10/2016. Atividades: A- Pesquisar sobre o escritor Gustavo Bernardo Krause, e listar algumas de suas obras. (Ficções, Ensaios, Coletâneas e Contos). http://www.maiscuriosidade.com.br/machado-de-assis-em-25-curiosidades/.Acesso http://www.maiscuriosidade.com.br/machado-de-assis-em-25-curiosidades/.Acesso http://www.gustavobernardo.com/ciumemachado.html “Nasci no meio do século passado, na cidade do Rio de Janeiro, como o mais velho de quatro irmãos – e a nossa mãe queria só uma menina. Quando aprendi a ler, queria entrar dentro dos livros e me tornar personagem. Como isso não é possível, resolvi que ia ser escritor. Disponível em: https://www.google.com.br/?gfe_rd=cr&ei=7nc0WO2YKurM8Afi- 7noBQ#q=a+estante+de+gustavo. Acesso em: 22/11/2106. B- Antes de iniciar a leitura do livro “Contos de amor e ciúme – Machado de Assis, que reúne seis contos escolhidos pelo escritor, professor e crítico literário Gustavo Bernardo, leia o que o professor fala sobre o tema e o porquê das escolhas dos contos. Disponível em: http://www.gustavobernardo.com/ciumemachado.html. Acesso em 22/11/2016. Disponível em: http://www.rocco.com.br/livro/?cod=2268. Acesso em: 22/11/2016. C- Agora é a sua vez, pesquise e escolha seis contos (autor e tema livres) para formar a sua coletânea e depois apresentar aos colegas de classe. Explique o porquê da escolha por determinado autor (a) e também o porquê da escolha do tema. Contos de amor e ciúme reúne seis contos publicados originalmente entre 1864 e 1884, em periódicos como o Jornal das famílias, A estação e a Gazeta de Notícias. Histórias famosas do escritor, como “A cartomante” e “To be or not to be”, convivem com outras menos conhecidas do público atual como “Frei Simão”, “O segredo de Augusta”, “O machete” e “Curiosidade”, além do delicado poema “A Carolina”, publicado em 1906. https://www.google.com.br/?gfe_rd=cr&ei=7nc0WO2YKurM8Afi-7noBQ#q=a+estante+de+gustavo https://www.google.com.br/?gfe_rd=cr&ei=7nc0WO2YKurM8Afi-7noBQ#q=a+estante+de+gustavo http://www.gustavobernardo.com/ciumemachado.html http://www.rocco.com.br/livro/?cod=2268 Informações sobre o livro Título: Dom Casmurro Autor: Machado de Assis Gênero (s): Romance, Novela Ano de Lançamento: 1900 Formato: .pdf “DOM CASMURRO” (OBRA LITERÁRIA) X “DOM” (FILME) D- Exibição do filme “Dom” – [...] Moacyr Goes faz uma adaptação moderna de Dom Casmurro, obra clássica de Machado de Assis. O ponto de partida é o nascimento de Bento, um menino cujos pais idolatravam Machado de Assis. [...] Ficha técnica do filme Gênero: Drama Direção: Moacyr Góes Roteiro: Moacyr Góes Elenco: Ana Abott, Bruno Garcia, Cláudia Ventura, Gustavo Ottoni, Isa Shering, Ivan Gradin, Leon Góes, Luciana Braga, MaluGalli, Marcos Palmeira, Maria Fernanda Cândido, Nilvan Santos, Thiago Farias, Walter Rosa Produção: Telmo Maia Fotografia: Toca Seabra Trilha Sonora: Ary Sperling Duração: 91 min. Disponível em: https://www.cineclick.com.br/dom. Acessado em 10/12/2016. E- Apresentação da obra “Dom Casmurro” – Machado de Assis // Disponível em: http://livrosonlinegratis.net/dom-casmurro-de-machado-de- assis/. Acessado em 10/12/2016. https://www.cineclick.com.br/dom http://livrosonlinegratis.net/dom-casmurro-de-machado-de-assis/ http://livrosonlinegratis.net/dom-casmurro-de-machado-de-assis/ Roteiro para a atividade final: DEBATE 1- Formar dois grandes grupos para o debate, (os que defendem que Capitu traiu, e os que acreditam na sua inocência). 2- Selecionem trechos do livro que sirvam de argumentos paradefender os pontos de vista de cada grupo. Leitura para reflexão: - Durante muito tempo, no Brasil, os leitores concordaram com Dom Casmurro e acreditaram que Capitu havia realmente traído o marido. No entanto, na década de 50, uma escritora americana, Hellen Caldwell, fez uma leitura bastante convincente sobre o romance. Na obra, a autora argumenta que Capitu é inocente do adultério e tenta provar que a visão que os leitores formaram de Capitu era, se não de todo, em parte, inadequada. A partir daí os leitores começaram a enxergar um lado do narrador que não haviam visto até então: Dom Casmurro é um advogado que tenta provar a culpa de Capitu. Para tanto, utiliza-se de argumentos bastante convincentes. - A ambiguidade sobre a traição ou não de Capitu, no entanto, nunca vai se desfazer, e um dos recursos que o narrador utilizou habilmente foi contar a história do ponto de vista dele. Ele é um narrador parcial e conta apenas o que vê e sente. Sugestão de plano de aula – NET Educação. Para ver na íntegra: Disponível em: http://neteducacao.com.br/experiencias-educativas/ensino- medio/literatura/dom-casmurro---machado-de-assis. Acessado em 10/12/2016. http://neteducacao.com.br/experiencias-educativas/ensino-medio/literatura/dom-casmurro---machado-de-assis http://neteducacao.com.br/experiencias-educativas/ensino-medio/literatura/dom-casmurro---machado-de-assis REFERÊNCIAS ABAURRE, Maria Luiza M. Português: contexto, interlocução e sentido/ Maria Luiza M. Abaurre, Maria Bernadete M. Abaurre, Marcela Pontara. – 2ª. Ed. – São Paulo: Moderna, 2013. p. 334 – 345. BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira. Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. 2ª. Ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do Conto. 5ª. ed. São Paulo: Ática,1990. PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Língua Portuguesa. Paraná, 2008. ZILBERMAN, Regina. Estética da Recepção e História da Literatura. São Paulo: Ática, 1989. _________. A Leitura e o ensino da Literatura. São Paulo: Contexto, 1991. Sites consultados Imagens Disponível em:< http://dorquemata.blogspot.com.br/2010/09/ciume- sentimento-inutil.html>. Acesso em: 15/08/2016. Disponível em: <http://dorquemata.blogspot.com.br/2010/09/ciume- sentimento-inutil.html>. Acesso em: 15/08/2016. Disponível em: <https://pixabay.com/pt/cemit%C3%A9rio-assustador-lua- lobo-395953/>. Acesso em 27/11/2016. 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Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Disponível em:<http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteud o.php?conteudo=20/>. Acesso em 26/03/2106. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/robson-biollo/so-minha/>. Acessado em 15/08/2016. Disponível em: <http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/manuel- bandeira.html>. Acesso em 23/08/2016. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/manuel- bandeira/poemas-manuel-bandeira.php#64>. Acesso em: 15/08/2016. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22430>. Acesso em 19/11/2016. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/biografias/drummond.htm>. Acessado em 03/09/2016. Disponível em: <http://www.citador.pt/poemas/as-sem-razoes-do-amor- carlos-drummond-de-andrade. Acesso em 03/09/2016>. Disponível em: <http://keylapinheiro.blogspot.com.br/2009/09/venha-ver-o- por-do-sol-de-lygia.html>. Acesso em 22/08/2016. 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