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Tecnologia e Educação: Novas TICs

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NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
 
 
TEOLOGIA DA 
INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 03 
 
 
 
1 TECNOLOGIAS – ORIGENS E CONCEITOS .............................................. 05 
 
 
 
2 A FENOMENOLOGIA DAS NOVAS TICS ................................................... 08 
 
 
 
3 OS COMPUTADORES ................................................................................. 13 
 
3.1 O que é um computador............................................................................. 15 
 
3.2 O uso dos computadores ........................................................................... 16 
 
3.3 Sistemas Tutores Inteligentes .................................................................... 17 
 
 
 
4 A EDUCAÇÃO DIANTE DAS NOVAS TICS ................................................ 22 
 
4.1 Até quando “novas tecnologias”? ............................................................... 24 
 
4.2 A Eclosão das Novas Tecnologias Multimídia ............................................ 25 
 
 
 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS.......................................... 31 
 
 
 
3 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação 
daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências 
atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. 
 
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, 
afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos 
educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou 
aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e 
provado pelos pesquisadores. 
 
Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos 
colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada 
está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e 
melhorar nosso trabalho. 
 
Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês 
são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: 
aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é 
demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação 
dos nossos/ seus alunos. 
 
Carvalho et al (2004) em um artigo intitulado “METODOLOGIA DE ENSINO 
APOIADA EM TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
EDUCACIONAIS” ponderam sobre a questão do avanço dessa nova tendência que 
vem se desenvolvendo rapidamente que são as tecnologias da informação e 
comunicação (TICs) e como consequência destas, as tecnologias da informação e 
comunicação educacionais (TICEs). 
 
Para os autores acima e concordamos com eles, não se deve considerar 
que esta nova tendência, principalmente no campo educacional, vá levar a uma 
informatização do ensino. Pelo contrário, as novas possibilidades de informação e 
comunicação, se bem utilizadas, poderão tornar a educação mais eficiente e 
4 
 
 
 
 
inovadora. Pode-se dizer que a informática é uma ferramenta, um meio que auxilia 
no desenvolvimento de um objetivo, até que se chegue a um fim determinado. 
 
Pois bem, ao longo do nosso curso de especialização em Novas 
Tecnologias Educacionais, teremos aportes sobre as novas TICs, as tecnologias 
audiovisuais mais utilizadas e mais próximas do ambiente escolar; refletiremos sobre 
as vantagens e desvantagens da internet, a “febre” das redes sociais e a 
comunicação interpessoal além de analisarmos as relações que permeiam o 
trabalho do docente diante das novas TICs. 
 
Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos 
serem os mais importantes para a disciplina. 
 
Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de 
redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. 
Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final 
da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar 
dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
1 TECNOLOGIA – ORIGENS E CONCEITOS 
 
 
 
 
Falar em novas tecnologias nos direciona quase que automaticamente para 
a palavra informática, a qual pode ser considerada como significando “informação 
automática”, ou seja, a utilização de métodos e técnicas no tratamento automático 
da informação. Para tal, é preciso uma ferramenta adequada: o computador 
eletrônico, sobre o qual falaremos ao longo de todo curso. 
 
Outro conceito importante seria a própria tecnologia, que etimologicamente 
deriva do grego “técnica”, “arte”, “ofício” e estudo. É um termo que envolve o 
conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados 
e/ou utilizados a partir de tal conhecimento. 
 
Seria um encontro entre a ciência e a engenharia. 
 
A ideia de tecnologia tem suas origens na Filosofia Moderna, que data do 
século XVII a meados do século XVIII. Esse período, conhecido como o Grande 
Racionalismo Clássico, contesta a fé que até então estava acima da razão, sucedendo 
às turbulentas discussões da Igreja marcada pela Reforma e Contra-Reforma. 
 
Nesse contexto, a Filosofia Moderna é marcada por três grandes mudanças 
intelectuais: 
 
1) Deus e a Natureza perdem o posto de núcleos explicativos do Universo. O 
homem passa a ser o sujeito do conhecimento, sendo o intelecto de natureza 
diferente dos demais corpos existentes, assim questiona-se até que ponto podemos 
demonstrar conhecimento e, como o intelecto poderia conhecer o que é diferente 
dele. 
 
2) A segunda mudança parte da resposta à pergunta acima. Para os 
filósofos modernos as coisas só são passíveis de conhecimento se tomadas como 
representações, isto é, enquanto ideias ou conceitos formuladas pelo intelecto e 
para o conhecimento. 
3) Enfim, a terceira grande mudança advêm do conceito da realidade 
proposto, tempos atrás, por Galileu; concebida enquanto um sistema racional com 
elementos físicos com estrutura que só pode ser conhecido através da matemática. 
 
 
 
6 
 
 
 
 
Para Galileu o mundo estava “escrito” em caracteres matemáticos e, se 
 
quiséssemos entendê-lo, teríamos que conhecer e avançar na matemática. 
 
A ideia de realidade enquanto um sistema racional composto de 
mecanismos físicos e matemáticos deu origem à ciência clássica, onde tudo poderia 
ser descrito à partir das relações de causa e efeito, isto é, um conhecimento 
mecânico que teve em Descartes o seu principal expoente. 
 
Assim sendo, tomando a realidade como um sistema de causalidades 
racionais que pode ser conhecida e transformada pelo homem, cria-se a ideia de 
tecnologia, isto é, um conhecimento teórico formulado racionalmente orientando 
ações e intervenções na prática, criando um domínio do homem sobre à Natureza e 
a sociedade, de modo que ambas possam ser modificadas tecnicamente. 
 
Podemos dizer que o berço da tecnologia vem da Filosofia Moderna, seus 
principais representantes depositaram, como nunca antes, total confiança na razão 
humana enquanto esclarecedora do mundo das coisas. Além do próprio Galileu que 
parece ter nascido em um momentoinoportuno para suas ideias, Francis Bacon, 
Pascal, Berkeley, Newton, Leibniz, Thomas Hobbes, Espinosa, Locke e Descartes 
foram os principais pensadores que deram início ao que viria se cristalizar depois na 
Filosofia do Iluminismo em meados do século XVIII, tendo como fonte quase que 
onipotente e onipresente, a razão humana (SCRIBD, 2011). 
 
Dentre os vários conceitos de Tecnologia da Informação pode-se destacar o 
de Cruz (1997, p.160): “É o conjunto de dispositivos individuais, como hardware, e 
software, telecomunicações ou qualquer outra tecnologia que faça parte ou gere 
tratamento da informação, ou ainda, que a contenha”. 
 
De acordo com Schuning et al (1999) “o grande veículo, o meio que 
proporciona a enorme alteração cultural em todos os povos de nossa civilização é 
sem dúvida o universo composto pelas Tecnologias de Informação e as redes 
mundiais de comunicação (Ex: Rádio, TV, Pager, Fax, Telefone, Rede Internet e 
outras)”. 
 
Ainda, Meira (1999, p.3) afirma que: “Para além da educação básica e 
secundária, as novas tecnologias da informação deverão provocar mudanças 
também profundas na educação superior, amplificando competências e 
transformando papéis”. 
7 
 
 
 
 
O conjunto de equipamentos eletrônicos que armazenam, processam e 
disseminam informações deu origem ao conceito de telemática proposto por 
MATTELART e SCHMUCLER (1983): 
 
“Os novos sistemas de comunicação e informação, situados na intercessão 
da informática, das telecomunicações e dos meios audiovisuais, são sistemas 
complexos e interconectados. (...) A convergência de numerosas redes por onde 
circulam os fluxos de informação até um ponto único, a tela do terminal de 
computador – que bem pode ser a do televisor domiciliar – indica a impossibilidade 
de isolar, em nossos dias, os campos até pouco tempo dissociados da informação – 
notícia, da informação – entretenimento e da informação – controle social.” 
Desse modo as novas TIC’s representam um desafio maior que aquele 
inicialmente dimensionado pelos seus analistas. Torna-se claro o reconhecimento 
das vantagens proporcionadas pelas novas tecnologias, no que diz respeito à 
racionalização burocrática, à economia de tempo e de pessoal nas organizações 
complexas, à agilização dos fluxos informativos para atender às demandas dos 
cidadãos e facilitar a solução dos problemas cotidianos (BULHÕES, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
2 A FENOMENOLOGIA DAS NOVAS TICS 
 
 
 
 
Grosso modo, o conceito fenomenologia poderia ser definido como estudo 
do fenômeno, ou uma investigação que busca a essência inerente da aparência. Ler, 
discutir e refletir seriam os passos básicos para se compreender um fenômeno e 
nesse momento, embora pareça que estamos começando a filosofar, acreditamos 
ser importante examinar, mesmo que brevemente, como as novas tecnologias se 
apresentam à inteligência humana. 
 
Segundo Rezende (1993) um enfoque fenomenológico procura construir 
uma descrição pertinente do objeto de estudo, evitando duas distorções comuns, o 
reducionismo e o fenomenismo. O reducionismo consiste em focar um aspecto em 
detrimento de outros, que acabam sendo deixados de lado, embora também sejam 
importantes para a significação plena do fenômeno. Por exemplo, classificar alguém 
como tecnófobo ou tecnófilo não reflete a complexidade do problema. Dicotomias 
deste tipo não são explicativas e pouco adicionam à compreensão da relação das 
pessoas com objetos tecnológicos. 
 
Outra perspectiva reducionista é enfatizar apenas o potencial das novas 
tecnologias, uma tendência visível entre os que escrevem sobre o assunto. Esta 
abordagem é enganadora, ao deixar em segundo plano os problemas associados 
com a atualização de hipotéticos potenciais. Posições reducionistas são atraentes 
pela simplificação e aparente facilidade para compreensão de um fenômeno 
qualquer 
 
O fenomenismo, de modo oposto, consiste em acumular informações sobre 
um objeto, sem cuidar se são necessárias para o que se pretende atingir. Por 
exemplo, em relatos de pesquisa, não é raro encontrarmos minuciosas descrições 
de equipamentos e softwares utilizados, sem discussão da pertinência, da relevância 
das informações descritas para a compreensão do estudo (CYSNEIROS, 2003). 
 
Buscando evitar reducionismos e fenomenismos, um enfoque pertinente 
deve considerar a complexidade fenomenal do objeto. 
Para Cysneiros (2003) um enfoque equilibrado supõe não abordarmos as 
tecnologias do momento vendo apenas as maravilhas, nem tampouco assumindo 
 
9 
 
 
 
 
posições catastrofistas, como é comum na literatura sobre o uso de tecnologias na 
educação. 
 
O mesmo autor acha oportuno refletir brevemente sobre o conceito de 
tecnologia, cuja história em educação deixa a desejar. 
 
Tecnologia é um termo polissêmico. Intuímos alguns dos seus significados, 
mas temos dificuldade em precisá-lo. Para tratarmos das tecnologias na educação, 
não são adequadas as caracterizações encontradas em dicionários e enciclopédias, 
geralmente focando as aplicações da ciência aos objetivos práticos da vida humana, 
nem concepções filosóficas que focalizam problemas sociais, ou relações entre 
patrões e empregados, analisando mudanças ocasionadas pela introdução da 
tecnologia moderna nas fábricas, no comércio, no estamento militar, na atividade 
científica, na comunicação de massa, pois os contextos de uso em tais situações 
são muito diferentes daqueles da escola. 
 
Para citar apenas algumas dessas diferenças, tecnologias não são usadas 
na escola como ferramentas de produção, nem como meios de comunicação entre 
um “emissor” e milhares ou milhões de “receptores” desconhecidos, envolvendo 
pessoas adultas, etc. Na escola presencial (e também a distância, com algumas 
diferenças), tecnologias geralmente são utilizadas por professores e alunos – 
crianças e adolescentes em formação – em situações de ensino e de aprendizagem. 
 
Esta posição não significa ignorarmos as contribuições de consagrados 
pensadores sobre questões associadas à tecnologia na sociedade e na cultura, a 
objetos técnicos produzidos e utilizados por seres humanos desde as primeiras 
civilizações, com os mais diversos propósitos. São produções teóricas que têm 
implicações para Educação, mas não foram geradas tendo em vista o uso de 
tecnologias na escola (CYSNEIROS, 2003). 
 
Por outro lado, a Tecnologia Educacional tem sido um campo muito pobre 
em teoria própria, infelizmente reduzida com frequência a concepções e práticas 
behavioristas na escola. É verdade que muito se tem escrito sobre tecnologias 
educacionais aproveitando teorias do momento na Psicologia, na Sociologia, na 
Comunicação – sem ampliá-las e contextualizá-las, agindo como pássaros que 
depositam seus ovos em ninhos de outras aves, variando de ambiente em função da 
disponibilidade do momento (CYSNEIROS, 2003). 
 
10 
 
 
 
 
Três aspectos caracterizam qualquer tecnologia: 
 
Primeiro - toda tecnologia tem como base um componente tangível, um 
elemento material, um objeto técnico. Uma referência ao aspecto palpável é um 
modo de evitar concepções distantes da interação humana de professores e 
aprendizes envolvendo objetos materiais. Assim, uma tecnologia assume sua 
concretude nos objetos integrados ao cotidiano das pessoas, em um continuum de 
complexidade: na escola, são tecnologias educacionais objetos simples como papel 
e tinta, lápis e caneta, livros e cadernos, facas e tesouras; também objetos 
complexos como telefones, aparelhos de vídeoe televisão, calculadoras e 
computadores. Quando funcionam bem, tais objetos tornam-se “transparentes” e 
tendem a passar despercebidos, até mesmo minimizados na sua importância para a 
atividade de educar. Mesas e cadeiras, quadros de giz e outros objetos também 
condicionam a atividade educativa. 
 
De modo ainda mais amplo, são tecnologias “envolventes” a arquitetura 
escolar, a iluminação, a climatização de salas de aula, bibliotecas e outros 
ambientes escolares. 
 
Um segundo aspecto de nossa caracterização é que objetos materiais são 
componentes de ações humanas culturalmente condicionadas. 
 
Por exemplo, computadores hoje estão integrados ao ato de escrever, 
calcular, desenhar, armazenar, comunicar. São ações que variam dependendo dos 
modos culturais de assimilação de objetos técnicos a elas associadas, 
condicionadas pela história de uso de outros objetos técnicos. Os objetos técnicos 
estão imbricados nas instituições, nas condições socioeconômicas de um país ou 
região, na cultura. 
 
Terceiro, há formas de relação, ou interação, entre objetos técnicos e as 
pessoas que os usam, inventam, projetam, constroem, modificam, adaptam. O 
filósofo Don Ihde (1983 apud Cysneiros, 2003) enfatiza este aspecto usando a 
expressão “existential technics”, sublinhando assim as respostas humanas, 
existenciais, aos artefatos do mundo vivido de cada um, centrando sua análise no 
envolvimento, na experiência cotidiana com objetos técnicos, algo que nos 
acompanha do despertar ao adormecer, durante toda a vida. 
 
 
 
11 
 
 
 
 
Nesta caracterização, são fundamentais as técnicas de uso, os modos de 
ação com objetos técnicos. Como Don Ihde (1993), Cysneiros (2003) acredita não 
ser útil considerar o conceito de técnica como sinônimo de tecnologia, pois existem 
modos de ação humana que não envolvem objetos técnicos ou ambientes 
condicionados pela tecnologia: são exemplos algumas técnicas de voz, de 
relaxamento, de natação, de dança e de outras expressões corporais. 
 
De modo deliberado ou não, desenvolvemos técnicas de uso de tecnologias, 
porém não distinguir uma coisa da outra dificulta a compreensão do problema. As 
distinções entre técnica, objeto técnico, tecnologia – este último um conceito mais 
abrangente – têm muitas implicações para a atividade com tecnologias na escola 
(DUROZOI E ROUSSEL, 1996). Uma delas é a distância entre o potencial e o real. 
 
Esta distância tem sido frequentemente esquecida em teorizações sobre 
novas tecnologias na educação, ao se enfatizar possibilidades educacionais de 
linguagens como LOGO (CYSNEIROS, 1999, 2000a), softwares educativos e 
ambientes virtuais de aprendizagem. São concepções baseadas em experiências 
com “escolas-vitrine”, assessoradas por professores universitários e pessoas que 
dominam técnicas de uso da informática, extrapoladas para escolas públicas 
precárias, com professores que mal usam giz. Na transposição, são ignorados 
elementos cruciais como as burocracias das redes escolares, políticas públicas 
desencontradas, expectativas da comunidade, entre outros. 
 
Nossa ênfase na importância da experiência com objetos técnicos, na 
concretude da realidade como ponto de partida, é característica das filosofias da 
práxis, que consideram uma teoria de ação como fundamento para uma teoria do 
conhecimento (Ihde, 1990, p.27 apud Cysneiros, 2003). Uma teoria orientada para a 
ação é o tipo de entendimento da situação necessário para se efetuar mudanças na 
própria situação. 
 
Assim, refletir sobre tecnologia na ótica de uma filosofia da práxis pressupõe 
experiência vivida com os objetos sobre os quais se teoriza. Daí, nossa ênfase 
preliminar na materialidade da tecnologia, nos aspectos culturais, na interação 
humana com objetos, pois, lembrando Paulo Freire, a práxis não pode ser separada 
do contexto onde ocorre. 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
As novas tecnologias compreendem máquinas constituídas por dispositivos 
e circuitos eletrônicos, quase sempre com partes móveis delicadas, produtos da 
mecânica fina. As “velhas” são objetos técnicos que sempre fizeram parte da escola: 
lápis e outros instrumentos manuais que não necessitam de baterias ou rede elétrica 
para funcionar; livros, cadernos, quadros de giz e pincel e outros suportes de 
memória individual ou coletiva. 
 
Algumas tecnologias ocupam posições intermediárias entre as novas e 
velhas. Nela, estão os retroprojetores, instrumentos relativamente simples, que não 
necessitam de circuitos eletrônicos complexos, mas incluem lâmpadas, motores e 
ventiladores elétricos. Também estão nesta categoria as máquinas copiadoras, 
amplamente usadas na educação desde o tempo dos mimeógrafos a álcool ou tinta, 
anteriores à chegada de computadores em ambientes educacionais. As máquinas 
xerográficas, com componentes de microeletrônica, curiosamente quase não são 
incluídas nos discursos sobre novas tecnologias na educação, apesar da ampla 
cultura da xérox nas universidades e escolas. 
 
Hoje, para viabilizar sua disciplina, o professor brasileiro disponibiliza artigos 
e livros inteiros para alunos copiarem, porque as bibliotecas universitárias têm seus 
acervos defasados e também porque muitos estudantes não têm dinheiro – e outros 
não valorizam – a compra de livros. Enfim, este quadro tende a mudar com a 
chegada do livro digital, da biblioteca virtual e de dispositivos leitores especializados 
(CYSNEIRO, 2003). 
 
Enfim, é preciso buscar um caminho de construção que passe por uma 
concepção equilibrada sobre tecnologia educacional, sem extremos, nada de visões 
parciais, reducionistas ou amplificadoras, ou seja, cada situação, cada momento 
exige um olhar. 
 
Na concepção delineada por Cysneiros (2003) o professor assume um papel 
de importância, sendo sua responsabilidade a escolha da melhor tecnologia para 
cada situação de ensino, dentre a ampla gama de possibilidades existentes, desde o 
ambiente natural ao computador conectado à Internet, passando pelo laboratório, 
livro didático, biblioteca, entre outras. Tecnologias potencializadas pela não menos 
ampla gama de técnicas possíveis, indo desde a aula expositiva ao trabalho de 
grupo, à pedagogia de projetos. 
 
13 
 
 
 
 
3 OS COMPUTADORES 
 
 
 
A evolução tecnológica e as novas tecnologias na informação trouxeram às 
pessoas, e às instituições uma verdadeira revolução nas formas de pensar, de 
interagir e de viver. 
 
O desenvolvimento das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) 
influenciou as mais diversas áreas do conhecimento. Em função do grande fluxo de 
informação que passou a circular e a democratização do seu acesso, os dias atuais 
ficaram conhecidos como a “Era da Informação”, termo que o pesquisador espanhol, 
Manuel Castells (1999), professor do Departamento de Sociologia da University of 
Califórnia, em Berkeley, Califórnia, Estados Unidos, utiliza em sua trilogia “A era da 
informação: economia, sociedade e cultura”, para se referir as novas configurações 
socioeconômicas e culturais do capitalismo mundial, nas quais se passa a ter uma 
sociedade globalizada, em rede, resultante dos avanços tecnológicos e das novas 
formas de comunicação e que tem a informação como um de seus elementos 
centrais. 
 
Desta forma, uma das áreas que sentiu fortemente esta mudança foi a 
educação, uma vez que o surgimento das TIC alterou não só os parâmetros da 
Educação Presencial, mais do que isso, deu a Educação a Distância (EAD) uma 
nova perspectiva de trabalho, ampliando o seu alcance e a sua efetividade enquanto 
modalidade de ensino, já que agora as barreiras de tempo e espaçonão existem 
mais. 
 
A tecnologia da informação na concepção de O´Brein (2003), contempla um 
conjunto de software, hardware, telecomunicações, administração de banco de 
dados e outras tecnologias de processamento de informações utilizadas em 
sistemas de informação computadorizados. 
 
Mais difícil do que verificar os pontos negativos desta nova era é aceitar e 
acompanhar os avanços da tecnologia da informação às pessoas e às organizações. 
É possível observar que as formas de comunicação estão mudando, estão deixando 
de ser lentas e demoradas para se tornarem velozes e cada vez mais precisas. 
 
Sobre o conceito de tecnologia Ribault et. al. (1995) inferem que “uma 
 
tecnologia é um conjunto complexo de conhecimentos, de meios e de Know-how 
14 
 
 
 
 
(saber fazer), organizado com vista a uma produção”, explicam também que uma 
tecnologia resolve um problema e sua criação é indispensável à fabricação de um 
produto, componente do produto ou para uma transformação no interior de um 
processo longo e complicado. 
 
Nesta concepção a Tecnologia é a soma de conhecimento científico, os 
meios (ter como fazer) e o Know How (saber fazer) que é a técnica de como fazer. É 
tudo aquilo útil à comunidade e aplicável. 
 
Já Dahab et al (1995) definem tecnologia como “o conjunto de 
conhecimentos práticos ou científicos, aplicados à obtenção, distribuição e 
comercialização de bens e serviços”. Nesta conceituação os autores procuram 
definir para a prática e aplicabilidade da tecnologia, já a abordagem feita por Ribault 
et. al, é abrangente pois, abordam o conceito como tendo partes que se completam 
para formar o todo. 
 
A internet, conhecida como a maior implementação de redes de 
computadores interligadas em rede (Amor, 2000; Laudon e Laudon, 2001), é o 
conjunto (hardware e software) de TIC que teve o maior crescimento e impacto 
social nos últimos anos. Sua velocidade de expansão impressiona: atingiu 50 
milhões de usuários em cinco anos, enquanto outras tecnologias ou formas de 
comunicação levaram bem mais do que isso. A TV a cabo levou 10 anos para atingir 
50 milhões de usuários; o computador levou 11 anos; a televisão, 18 anos; o 
telefone, 16 anos; e o rádio, 38 anos. 
 
Esse crescimento da internet deve-se, em grande parte, ao surgimento da 
World Wide Web, também conhecida como www, w3 ou web. A web padronizou o 
armazenamento, recuperação e apresentação da informação, utilizando a tecnologia 
cliente/servidor (LAUDON; LAUDON, 2001). Por ser eficaz, econômica e utilizar a 
internet como estrutura-padrão para entrega de conteúdo, grande parte das 
organizações já adotou o padrão web. 
 
A internet liga centenas de milhares de redes individuais em todo o mundo 
por meio de protocolos que podem ser entendidos como conjuntos de regras que 
supervisionam as comunicações realizadas pela internet (Amor, 2000). 
 
O mais conhecido dos protocolos da internet é o TCP/IP (Transmission 
 
Control Protocol/Internet Protocol), que possibilita a troca de mensagens entre os 
15 
 
 
 
 
computadores conectados a ela (AMOR, 2000). Existem outros protocolos utilizados 
na internet que também são conhecidos, como, por exemplo, o HTTP, responsável 
por assegurar a transmissão de documentos HTML (Hypertext Markup Language). 
 
 
 
3.1 O que é um computador 
 
 
 
Vários foram os equipamentos eletrônicos surgidos ao longo dos séculos, 
mas sem dúvida alguma, o computador foi aquele que mais revoluções trouxe ao 
mundo moderno, invadindo os lares, as empresas, o lazer. 
O computador, uma máquina à base de circuitos eletrônicos que tinha a 
princípio, o objetivo de efetuar grandes operações e cálculos lógicos, de maneira 
menos complicada e mais rápida, dinamizou a informação, a comunicação e as 
relações, ou seja, sem ele o mundo pós-moderno praticamente pára em todos os 
sentidos. 
Segundo Cerqueira (2004, p. 11), hoje, as pessoas utilizam o computador 
para enviar e receber mensagens, ampliar os horizontes de conhecimento, trazer 
entretenimento, possibilitar a comunicação mundial de maneira simples, barata, 
rápida e eficaz, automatizar indústrias inteiras, efetuar complicados cálculos, 
armazenar grandes quantidades de informações de maneira dinâmica entre outras 
milhões de utilidades. 
Todas as utilidades ou necessidades expostas por Cerqueira são, na 
realidade, decorrências diretas e indiretas da globalização e da competição acirrada 
que permeia a vida e o cotidiano das pessoas, quer sejam elas no ambiente de 
trabalho ou doméstico. 
Evidentemente que esse evento da dinamização, da evolução dos 
computadores, dos programas, das possibilidades de uso, decorrente da 
globalização, apresenta também o seu lado pernicioso. Com ele vieram os vírus, que 
se tornaram um problema corriqueiro para os sistemas informacionais e 
comunicacionais das empresas e das pessoas de maneira geral, levando ao atraso 
ou perda de dados ou mensagens, bem como perda de produtividade. Endêmicos 
ou não, os vírus causam danos a empresas, repartições públicas e pessoas físicas. 
Desse modo, não perder dados ou arquivos inteiros e trabalhar com segurança 
tornaram-se objetivos de quem trabalha com informática. 
 
16 
 
 
 
 
Perder documentos, dados importantes para a realização de alguma tarefa, 
roubo de senhas para acesso a informações bancárias, invasão de privacidade em 
todos os níveis, por exemplo, são situações críticas que trazem prejuízos para os 
usuários de computadores, tanto interligados a rede mundial quanto em seu 
ambiente doméstico. Nesse sentido, a falta de conhecimento do que vem a ser um 
vírus e seus males, a negligência e o uso incorreto dos equipamentos são pontos 
importantes que precisam ser repassados aos usuário, bem como as reais 
vantagens do uso de softwares antivírus. 
Enfim, a evolução dos computadores colocou o homem na Era da 
Informação e da Comunicação. Embora isso tenha oferecido inúmeras vantagens, 
acelerando o desenvolvimento do mundo, trouxe consigo um problema grave: a 
invasão dos sistemas pelos programas mal-intencionados, mais comumente 
conhecidos como vírus, os quais, causam estragos incalculáveis para pessoas 
físicas e jurídicas. 
A falta de conhecimento, negligência e conscientização dos usuários é o 
ponto que considera-se mais importante, ou seja, não adianta ter uma máquina boa, 
sem um programa antivírus que seja atualizado frequentemente como necessário. 
Portanto, podemos concluir ser preciso um grande trabalho de conscientização dos 
usuários em relação ao investimento em programas antivírus, que poderia partir das 
empresas que comercializam equipamentos de informática. 
 
 
3.2 O uso dos computadores 
 
 
 
 
Segundo Aguiar e Hermossila (2007) o computador tem sido utilizado na 
educação durante os últimos 20 anos, demonstrando ser um grande auxílio no 
processo de ensino/aprendizagem. Este tópico procura apresentar como a 
inteligência artificial (IA) está contribuindo com novas abordagens, ao permitir a 
representação de algumas habilidades de raciocínio e conhecimento especialista 
voltadas ao ensino e aprendizado. 
Os primeiros sistemas voltados para o ensino através do computador foram 
o treinamento baseado em computador (CBT - Computer-Based Training) e 
instrução baseada em computador (CAI - Computer Assisted Instructional) 
 
 
17 
 
 
 
 
Usualmente, estes sistemas geravam conjuntos de problemas projetados 
para aumentar o desempenho do estudante em domínios baseados em habilidades, 
como aritmética e recuperaçãode vocabulário. Nestes sistemas, a instrução não era 
individualizada para as necessidades do estudante. A proposta era apresentar um 
problema ao estudante, registrar a resposta e avaliar seu desempenho. 
 
Segundo Beck (1998 apud Aguiar e Hermossila, 2007), as decisões sobre 
como o estudante deveria navegar através do material era baseada em árvores de 
decisão. A sequência de perguntas e respostas era dirigida pelos acertos e erros 
dos estudantes, não sendo consideradas suas habilidades individuais. 
 
Nos sistemas CBT e CAI, a maior parte do esforço de desenvolvimento 
estava dirigida a resolver problemas com o desempenho do tempo de resposta. Eles 
consideravam que se a informação fosse apresentada ao estudante, ele poderia 
absorvê-la (URBAN-LURAIN, 1998 apud Aguiar e Hermossila, 2007). Enquanto CBT 
e CAI podiam ser parcialmente efetivos em ajudar os estudantes, eles não forneciam 
o mesmo tipo de atenção individualizada que podia ser oferecido por um tutor 
humano. Segundo McArthur (1993 apud Aguiar e Hermossila, 2007), esta atenção 
poderia ser alcançada através de um sistema que pudesse raciocinar sobre o 
domínio e sobre o estudante. Neste sentido, surgiu uma nova proposta de sistema: 
os sistemas tutores inteligentes (ITS - Intelligent Tutoring Systems). 
 
 
 
3.3 Sistemas Tutores Inteligentes 
 
 
 
 
Segundo Hall (1990 apud Vaz e Raposo, 2008), os sistemas tutores 
inteligentes (ITS) são uma composição de diversas disciplinas como psicologia, 
ciência cognitiva e inteligência artificial. O objetivo principal destes sistemas é a 
modelagem e representação do conhecimento especialista humano para auxiliar o 
estudante através de um processo interativo. 
 
Sistemas ITS oferecem considerável flexibilidade na apresentação do 
material e uma maior habilidade para responder às necessidades do usuário. Eles 
procuram não apenas ensinar, mas como ensinar, aprendendo informações 
relevantes sobre o estudante, proporcionando um aprendizado individualizado. Estes 
 
 
18 
 
 
 
 
sistemas alcançam sua inteligência pela representação de decisões pedagógicas 
sobre como transmitir o material (ensinar), além de informações sobre o estudante. 
Isto permite uma grande interatividade do sistema com o estudante. Sistemas 
tutores inteligentes têm sido apresentados como altamente eficientes para a melhora 
do desempenho e motivação dos estudantes. 
 
Existem diversas aplicações para sistemas ITS, nos mais variados domínios 
do conhecimento. Um interessante exemplo da aplicação de sistemas ITS pode ser 
encontrado em (KOEDINGER e ANDERSON, 1995 apud Vaz e Raposo, 2008). Eles 
apresentam um tutor inteligente para a disciplina de álgebra chamado PAT (Practical 
Algebra Tutor). Neste trabalho, eles reportam os resultados positivos da aplicação 
de sistemas tutores em larga escala nas escolas de segundo grau. 
 
Em Azevedo e Tavares (1998), é descrito um sistema ITS para o ensino de 
orientação a objetos. Mitrovic (1998 apud Azevedo e Tavares, 198) utiliza um tutor 
inteligente para o ensino da linguagem SQL (Structured Query Language). 
 
É importante notar que a implementação de sistemas ITS trouxeram a tona 
outras questões pedagógicas. As tecnologias que permitem automatizar métodos 
tradicionais de ensino e aprendizagem estão também ajudando na criação de novos 
métodos e redefinindo as metas educacionais. Isto traz algumas dificuldades iniciais, 
pois os métodos tradicionais de ensino são bem conhecidos e bem definidos, mas 
os novos métodos precisam ainda ser mais discutidos. Dentre estes novos métodos, 
poder-se-ia citar aspectos de colaboração, aprendizado por experiências ou 
visualização. 
 
Neste contexto, surgem os ambientes de ensino interativo (ILE - Interactive 
Learning Environment) que são uma evolução natural dos sistemas ITS, onde se 
procura endereçar os novos métodos educacionais. Possivelmente a migração de 
sistemas ITS para ILE é um processo que representa um padrão na educação atual. 
O objetivo não é apenas ensinar as habilidades tradicionais de forma mais rápida, 
eficiente e com menos custo. O foco é trabalhar na mudança dos métodos 
educacionais para redefinir novas metas e aplicá-las também em sala de aula. 
Os sistemas tutores inteligentes são usualmente definidos através de 
componentes. Woolf (1992 apud Vaz e Raposo, 2008) identificou quatro 
componentes principais: módulo estudante, módulo pedagógico, módulo domínio do 
 
19 
 
 
 
 
conhecimento e módulo de comunicação. Em seu trabalho, Woolf considerava que o 
conhecimento especialista estava representado pelo módulo do domínio. Entretanto, 
em um trabalho mais recente, Beck (1998 apud Vaz e Raposo, 2008) subdividiu este 
módulo e definiu um quinto elemento: o módulo especialista. 
 
A figura 1 apresenta como estes módulos estão relacionados. 
 
 
 
 
Figura 1 - Interações entre os componentes de um sistema ITS. 
 
 
 
 
 
O módulo estudante armazena informações específicas para cada estudante 
de forma individual. No mínimo, este módulo deve manter um histórico sobre como o 
estudante está trabalhando no material em questão. É interessante também manter 
registro sobre os erros do estudante. O propósito é fornecer dados para o módulo 
pedagógico do sistema. O módulo especialista deve ter acesso a todas as 
informações armazenadas (VAZ; RAPOSO, 2008). 
 
O módulo pedagógico oferece uma metodologia para o processo de 
aprendizado. Questões a serem pensadas são: quando revisar, quando e como 
providenciar informação adicional. As entradas deste módulo são fornecidas pelo 
módulo estudante. As decisões pedagógicas são feitas de acordo com as 
necessidades individuais de cada estudante. 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
O módulo do domínio do conhecimento armazena a informação que o tutor 
está ensinando. A modelagem do conhecimento a ser disponibilizado é de grande 
importância para o sucesso do sistema como um todo. 
 
Critérios de desempenho também devem ser considerados. Deve-se 
procurar uma representação do conhecimento que esteja preparada para o 
crescimento incremental do domínio. 
 
O módulo especialista deve ter acesso a todas as informações do sistema, 
incluindo-se o conhecimento global (domínio) e o conhecimento individual de cada 
estudante. A preocupação deste módulo não é a representação do conhecimento 
global, mas como um indivíduo representa seu próprio conhecimento através do uso 
de suas habilidades dentro do domínio. Usualmente, este módulo possui a forma de 
um sistema especialista capaz de resolver problemas em um dado domínio. Este 
módulo não deveria realizar apenas a comparação entre as soluções do estudante 
com a do tutor, mas também a comparação entre as soluções geradas pelos 
próprios estudantes. 
 
O módulo de comunicação está mais voltado para o conceito de interface 
com estudante. A questão é definir qual será a melhor metáfora com a qual o 
estudante terá acesso ao sistema. A complexidade para a implementação deste 
módulo é bastante variável, podendo ser desde simples janelas de diálogo até 
linguagem natural e reconhecimento de voz. Outra questão a ser considerada é a 
aplicação de realidade virtual para permitir uma imersão total do estudante no 
sistema. 
 
Sistemas tutores inteligentes representam uma interessante ferramenta para 
ambientes de aprendizagem. Entretanto, os maiores problemas associados a estes 
tipos de sistema são seu alto custo financeiro e o elevado tempo de 
desenvolvimento. Na tentativa de reduzir estes custos, conceitos bem conhecidos da 
engenharia de softwarecomo reutilização e modularidade têm sido utilizados. A 
questão é desenvolver sistemas ITS de forma incremental, permitindo uma evolução 
contínua. 
Um método de ensino que tem sido bastante discutido nos últimos anos é 
baseado em investigação. Estes sistemas procuram explorar aspectos que os 
sistemas ITS tradicionais não consideraram. Alguns autores, como McArthur (1993 
 
21 
 
 
 
 
apud Vaz e Raposo, 2008), acreditam que estes sistemas, de modo genérico, 
podem ser entendidos como ambientes de ensino interativos (ILE). 
 
Os principais princípios associados a estes ambientes são: 
 
 Construção e não instrução: o objetivo é explorar o fato de que estudantes 
podem aprender mais efetivamente através da construção de seu próprio 
conhecimento. 
 
 O controle é do estudante e não do tutor: a questão é dar mais liberdade para o 
estudante controlar suas interações no processo de aprendizado. O tutor deve 
atuar como um guia, e não como o único detentor do conhecimento. 
 
 A individualização é determinada pelo estudante e não pelo tutor: 
diferentemente dos sistemas ITS, a personalização da informação é o 
resultado da interação com o ambiente. Esta responsabilidade pode estar 
também associada ao sistema, mas o estudante ainda terá uma boa parte do 
controle de sua individualização. 
 
 O conhecimento adquirido pelo estudante é resultado de suas interações com o 
sistema e não com o tutor: a informação adquirida vem como uma função das 
escolhas e ações do estudante no ambiente de ensino e não como um 
discurso gerado pelo tutor. 
Estes princípios apresentam uma clara mudança no enfoque de aprendizado 
dos sistemas ITS para ambientes ILE. O processo deixa de ser centrado no tutor e 
passa a ser centrado no estudante. Sendo assim, torna-se necessária uma nova 
gama de ferramentas computacionais. Estas ferramentas incluem, frequentemente, 
vídeo interativo ou outras representações gráficas, e permitem aos estudantes 
investigar e aprender tópicos de forma livre, sem estarem presos a algum tipo de 
controle externo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
4 A EDUCAÇÃO DIANTE DAS NOVAS TICS 
 
 
 
As novas tecnologias educacionais têm sido objeto de preocupações de 
diversos pesquisadores brasileiros nas duas últimas décadas, mas até meados da 
década de 1990 estas tecnologias eram pouco disseminadas, o que gerou uma 
lacuna entre especulações teóricas e a utilização dessas inovações nos processos 
de ensino-aprendizagem e do trabalho docente (NASCIMENTO, 2003). 
 
A partir de uma maior disseminação da Internet no Brasil, sobretudo de 1995 
em diante e em função do desenvolvimento de recursos tecnológicos num ritmo 
bastante intenso, observamos uma “radicalização” do uso do computador e da 
Internet no Brasil. Importante salientar que, em termos relativos, este uso é ainda 
restrito, variando de 5 a 14 milhões de usuários. Mas, em termos absolutos, o Brasil 
é o país da América Latina que possui o maior número de usuários de computadores 
e Internet. É Importante lembrar que os recentes dados apresentados na revista 
BRASIL EM EXAME (2000) mostram que cerca de 2/3 dos usuários de Internet no 
Brasil possuem 3º grau e 84% pertencem às classes A/B. O número de pessoas 
com acesso tem crescido de forma exponencial – de 25 mil em 1995 a 6,24 milhões 
no presente ano, assim como o número de computadores pessoais instalados 
aumentou cerca de cinco vezes no período de 1994/2000
1 
(NASCIMENTO, 2003). 
 
A utilização de tecnologias educacionais no contexto escolar está inserida 
em uma realidade econômica, onde se manifesta um processo de reestruturação 
capitalista a nível mundial (BRUNO, 1999). A inserção do Brasil neste processo se 
deu após a abertura do mercado promovida pelos governos Collor, Itamar Franco, 
tendo continuidade nos governos FHC e Lula. Esta maior “dinamização do sistema 
capitalista, que se associa às profundas modificações tecnológicas, vem 
promovendo transformações no trabalho de todas as categorias profissionais, 
através de novas posturas do trabalhador frente ao seu trabalho, exigências de um 
“saber ser” e maior “criatividade”, autoaprendizagem, etc. É necessário lembrar que 
este maior desenvolvimento das potencialidades humanas nesta realidade 
 
 
 
 
 
1 
Segundo dados de VEJA/IBOPE (2000), EXAME NEGÓCIOS (2000), BRASIL EM EXAME (2000) e 
GAZETA MERCANTIL: ECONOMIA DIGITAL (2000). 
 
23 
 
 
 
 
tecnológica visa a um maior controle do ritmo de produção, não a um 
 
“desenvolvimento integral do sujeito” (BERINO, 1994). 
 
LEVY (1997) considera o computador e a rede de informações (Internet) 
como um terceiro processo de desenvolvimento das “tecnologias intelectuais”, sendo 
o primeiro a passagem da oralidade para a utilização da escrita e o segundo 
momento o advento da imprensa, dinamizando enormemente a disseminação do 
conhecimento através da impressão de livros. Estes momentos denotam 
modificações históricas nas formas de apreensão e construção do conhecimento, 
devido à utilização de processos cognitivos distintos (linguagem oral, escrita e 
“simulação” por computador). 
 
Uma grande distinção entre as tecnologias anteriores e as atuais é a rapidez 
com que elas se modificam, tornando cada vez mais dinâmico, o processo de 
obsoletização das coisas e do homem, característica bem própria do sistema 
capitalista atual. 
 
VIRILIO (1996), ao discorrer sobre a integração cada vez maior do corpo 
humano às tecnologias, afirma que este movimento busca “aparelhar” o corpo 
humano para torná-lo contemporâneo da era da velocidade absoluta das ondas 
magnéticas. Em síntese, significa que o homem, no ambiente competitivo 
extremado, busca se diferenciar através de “extensões” microeletrônicas que o 
tornam melhor (no sentido estrito da concorrência capitalista). 
 
Nos casos específicos do computador e da Internet, este movimento é 
possível, pois a conectividade em tempo real e o domínio da informática 
representam distinções numa sociedade concorrencial, tornando os detentores de 
tais meios melhor “aparelhados” (NASCIMENTO, 2003). 
 
Quanto à instituição escolar, esta vem assistindo ao movimento de inserção 
de tecnologias em seu ambiente sem, de fato, compreender as implicações destas 
tecnologias no trabalho de seus profissionais e na própria formação de seus alunos. 
 
Como diz Anderson (1995), é difícil escrever e compreender esse fenômeno, 
pois ele ainda está acontecendo, é um movimento inacabado, portanto, a 
perplexidade diante do novo, da tecnologia é visível e aceitável na escola, local onde 
até pouco tempo (e ainda em grande parte delas) só se viam carteiras enfileiradas, o 
quadro de giz e o professor à sua frente. 
24 
 
 
 
 
4.1 Até quando “novas tecnologias”? 
 
 
 
 
Uma grande parcela da população que tem acesso aos meios de 
comunicação e informação costuma associar as novas tecnologias educacionais 
com recursos didáticos sofisticados (computadores, projetores, vídeo interativo, 
leitores digitais, multimídia...) e não estão totalmente errados, principalmente se 
fizermos uma comparação com o seu significado real, ou seja, tecnologia como 
conjunto de instrumentos e procedimentos industriais de um determinado setor ou 
produto, por outro lado, como já vimos, recursos didáticos não sofisticados também 
fazem parte da tecnologia educacional. 
 
A primeira questão que queremos discutir e ao mesmo desmistificar nesse 
primeiro momento relaciona-se com o termo “novo”, uma vez que a cada dia surgem 
novos conhecimentos,novos instrumentos, novos procedimentos, então o novo 
deixar de sê-lo a cada dia e com isso, o educador deveria deixar de lado o seu 
“medo” das novas tecnologias que batem à nossa porta, quer seja em casa ou na 
escola, no banco, ou qualquer outro estabelecimento comercial. 
 
Como diz Martin (1995), dada a velocidade do desenvolvimento tecnológico 
na atualidade, torna-se cada vez mais difícil continuar aplicando o termo “novas” às 
tecnologias que permitem, por exemplo, a gravação do sinal de televisão em fita 
magnética (o que se conseguiu pela primeira vez em 1956), ou às que deram origem 
aos primeiros microcomputadores, na década de 70. O computador pessoal e o 
vídeo continuam sendo, no entanto, os dois elementos básicos de qualquer 
classificação das Novas Tecnologias na educação. A consideração em paralelo 
desses dois elementos dá lugar, há bastante tempo, à dicotomia entre as Novas 
Tecnologias da Informação, de um lado, e as Novas Tecnologias Audiovisuais, de 
outro. 
 
O primeiro destes termos, Novas Tecnologias da Informação está 
diretamente associado ao mundo da informática. No entanto, e nos atendo ao 
entendimento da tecnologia expresso acima, qualquer conhecimento, procedimento 
ou instrumento utilizado para a produção, difusão, transmissão, classificação, 
armazenamento, gravação, codificação-decodificação, interpretação, etc., da 
informação, poderia ser considerado como tecnologia mais ou menos “nova”, da 
 
25 
 
 
 
 
informação. Tal informação, verbal ou icônica, poderia estar contida em qualquer 
suporte. Mas, ao falarmos das Novas Tecnologias da Informação, a codificação da 
maior parte dessa informação, que geralmente aparece na tela (monitor) de um 
computador, até bem pouco tempo era predominantemente verbal e 
fundamentalmente escrita. Agora, e à medida que os novos processadores dos 
computadores pessoais permitem o tratamento de som, de imagens fixas e em 
movimento, a linguagem audiovisual vai se incorporando cada vez mais à tela do 
computador. 
 
As Novas Tecnologias Audiovisuais na educação têm seus antecedentes 
imediatos na utilização de projetores e gravadores de som, a partir da metade deste 
século. O aparecimento da televisão educativa e o uso dos gravadores magnéticos 
de imagem e som (videocassetes), produziram um grande avanço na utilização de 
representações audiovisuais e verbo-icônicas nas instituições escolares. Hoje em 
dia, a digitalização e o tratamento informático da informação audiovisual, bem como 
a conjugação de meios, já não nos permitem mais falar de tecnologias da 
informação e de tecnologias audiovisuais separadamente. Um novo conceito, que 
pressupõe a integração dos meios, códigos e linguagens, irrompeu com força 
equivalente ao grau de confusão que gerou no mundo das novas tecnologias: 
Multimídia. 
 
Os novos materiais e aplicações “multimídia” acrescentam à sua 
característica mais definidora (a integração de linguagens e formas de 
representação: imagem, som e texto) outra não menos importante: a interatividade, 
a possibilidade de relação e de resposta mútua entre o usuário e o meio (MARTÍN, 
1995). 
 
 
 
 
4.2 A Eclosão das Novas Tecnologias Multimídia 
 
 
 
 
A generalização de novas tecnologias como “autoestradas” de informação, a 
realidade virtual, os satélites de comunicações, os sistemas de compressão de 
dados, a televisão interativa, etc. e o rápido desenvolvimento e implantação das 
mesmas no processamento da informação nos sistemas de comunicação têm, como 
é lógico, importantes repercussões no mundo da educação. Entretanto, as 
26 
 
 
 
 
inovações em educação costumam ser adotadas em ritmo muito lento, a ponto de se 
constatar algumas vezes que determinados novos aparelhos e suportes multimídia 
já estão desaparecendo do mercado, substituídos por outros, quando no mundo da 
educação ainda se está discutindo a sua possível incorporação como meios 
didáticos. O ritmo frenético no desenvolvimento das tecnologias de informação e 
comunicação praticamente impossibilita a indispensável reflexão sobre seus efeitos 
(MARTÍN, 1995). 
 
Existe o perigo de que a escola permaneça alheia à evolução da sociedade 
na qual se supõe integrada, e na qual se inserem os educandos, e por isso se veja 
cada vez mais distante de seus interesses. Roger Whittaker comenta que enquanto 
a pedagogia tradicional e a ignorância dos professores limitam a aprendizagem de 
novas tecnologias na escola, e os pais tecnófobos pouco ajudam em casa, o 
computador e os videojogos (videogames) oferecem à criança um lugar de 
independência, longe do controle do adulto. As instituições de educação formal 
poderiam ser consideradas, desta perspectiva, mais como obstáculos do que como 
agentes facilitadores do desenvolvimento da criança e da sociedade em geral 
(MARTÍN, 1995). 
 
O atraso na evolução da educação, comparativamente a outros setores da 
sociedade - como a indústria - ainda que preocupante, não é tão grande como a 
distância que pode vir a existir entre a educação tecnológica - ou educação 
multimídia - nos países desenvolvidos, e a educação que recebem os habitantes dos 
países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. Poderíamos, portanto, 
argumentar que é urgente usar as novas tecnologias por sua função liberadora, 
colocando-as ao alcance de todos os povos, objetivando uma maior igualdade de 
oportunidades (MARTÍN, 1995). 
 
O temor de perder o trem do futuro está presente tanto nas políticas 
educacionais dos países desenvolvidos como daqueles ainda em busca de 
desenvolvimento. Na sociedade da informação, como se tornou habitual classificá-la 
nos últimos tempos, o mercado de trabalho necessita de mão de obra especializada 
no manejo dos sistemas de informação e de comunicação, e se considera como 
obrigação dos sistemas educativos atender a tais demandas, incorporando em seus 
programas de educação formal a utilização de novas tecnologias. Isso se reflete com 
toda clareza, por exemplo, nos documentos da Comissão Europeia que vem 
27 
 
 
 
 
estudando o desenvolvimento de programas educativos multimídia. Tal 
desenvolvimento se apresenta como inquestionável, e as principais recomendações 
neste sentido implicam na modificação do ambiente educativo, de modo a que se 
torne adequado ao uso das tecnologias multimídia. Recomenda-se a modificação 
dos métodos de trabalho, dos papéis do professorado, a organização dos cursos e 
dos espaços, para que se adaptem às vantagens que oferecem as novas 
ferramentas educativas (MARTÍN, 1995). 
 
Se é real o perigo de que os sistemas educacionais se tornem totalmente 
defasados em relação ao desenvolvimento tecnológico, não é menos certo que com 
a adoção precipitada de todos os novos meios que nos são apresentados e 
vendidos como panacéas, correríamos o grave risco de aceitar as novas tecnologias 
em nossas aulas por um imperativo comercial, por medo de perder posições na 
corrida do progresso, sem nos perguntar sobre as implicações ideológicas ou sobre 
as repercussões no processo de ensino e aprendizagem. 
 
Não podemos esquecer que a tecnologia, além de seu aspecto liberador, 
pode ser também uma das mais poderosas armas de repressão cultural e 
ideológica; se pode diminuir as diferenças culturais entre os povos, pode também 
aumentá-las; se possibilita uma comunicação inovadora no ensino capaz de gerar 
aprendizagens significativas, pode também perpetuar pedagogias autoritárias e 
unidirecionais (MARTÍN, 1995). 
 
Segundo Belloni (2002), pedagogia e tecnologia(entendidas como 
processos sociais) sempre andaram de mãos dadas: o processo de socialização das 
novas gerações inclui necessária e logicamente a preparação dos jovens indivíduos 
para o uso dos meios técnicos disponíveis na sociedade, seja o arado, seja o 
computador. O que diferencia uma sociedade de outra e diferentes momentos 
históricos são as finalidades, as formas e as instituições sociais envolvidas nessa 
preparação, que a sociologia chama “processo de socialização”. 
 
Neste início do século XXI, quando o futuro já chegou, observamos novos 
modos de socialização e mediações inéditas, decorrentes de artefatos técnicos 
extremamente sofisticados (como, por exemplo, a realidade virtual) que subvertem 
radicalmente as formas e as instituições de socialização estabelecidas: as crianças 
aprendem sozinhas (“autodidaxia”), lidando com máquinas “inteligentes” e 
 
28 
 
 
 
 
“interativas”, conteúdos, formas e normas que a instituição escolar, despreparada, 
 
mal equipada e desprestigiada, nem sempre aprova e raramente desenvolve. 
 
Do ponto de vista da sociologia, não há mais como contestar que as 
diferentes mídias eletrônicas assumem um papel cada vez mais importante no 
processo de socialização, ao passo que a escola (principalmente a pública) não 
consegue atender minimamente a demandas cada vez maiores e mais exigentes e a 
“academia” entrincheira-se em concepções idealistas, negligenciando os recursos 
técnicos, considerados como meramente instrumentais. 
 
No setor privado, as escolas respondem “naturalmente” aos apelos 
sedutores do mercado e se entregam de corpo e alma à inovação tecnológica, sem 
muita reflexão crítica e bem pouca criatividade, formando não o usuário competente 
e criativo, como seria desejável, mas o consumidor deslumbrado (BELLONI, 2002). 
 
Cabe lembrar o óbvio, como meio de sinalizar a perspectiva desta análise: 
as inovações educacionais decorrentes da utilização dos mais avançados recursos 
técnicos para a educação (o que inclui as Tecnologias de Informação e 
Comunicação, TIC, mas também as técnicas de planejamento inspiradas nas teorias 
de sistemas, por exemplo) constituem um fenômeno social que transcende o campo 
da educação propriamente dita, para situar-se no nível mais geral do papel da 
ciência e da técnica nas sociedades industriais modernas. 
 
No capitalismo triunfante da segunda metade do século XX, o avanço 
tecnológico permitiu não apenas a expansão mundial do industrialismo como 
também a difusão planetária de uma cultura mínima ou básica, que serve de 
linguagem comum para a comunicação publicitária, difusora de um discurso 
tecnocrático que vende ilusões com argumentos científicos. 
 
A ciência e o desenvolvimento tecnológico, cujas relações ambíguas 
poderíamos classificar como incestuosas, adquirem em nossas sociedades 
contemporâneas um grau de autonomia muito importante, tornando-se as principais 
forças produtivas da atual fase do capitalismo (MARCUSE, 1968; LASCH, 1983; 
HABERMAS, 1973; BENAKOUCHE, 2000; BELLONI,1994 APUD BELLONI, 2002). 
Nos países subdesenvolvidos, porém industrializados e altamente 
urbanizados; pobres e atrasados cultural e politicamente, mas com bolsões 
 
29 
 
 
 
 
tecnificados e globalizados; nesses países as contradições e as desigualdades 
sociais tendem a ser agravadas pelo avanço tecnológico. 
 
São aqueles países que, tendo sido compelidos a importar os piores 
malefícios do desenvolvimento (poluição, devastação ecológica, concentração 
urbana), não puderam exigir ao mesmo tempo os benefícios (o avanço social e 
político) e continuam sofrendo os problemas típicos de sua situação tradicional 
(estrutura agrária arcaica, política oligárquica, desemprego estrutural, ignorância, 
exclusão e miséria), agravados de modo inédito na história pela eficácia tecnológica. 
As transformações na estrutura produtiva das sociedades capitalistas 
contemporâneas2 impulsionadas pelo avanço técnico, especialmente em informática 
e telecomunicações, criaram novos contextos culturais (“cibercultura”, “culturas 
híbridas” ou simplesmente “paisagem audiovisual”, sem esquecer a “internacional 
publicitária”), caracterizados por um hibridismo perverso e redutor, que alguns 
autores consideram como uma espécie de pós-modernidade “avant la lettre”, 
observável em alguns países da América Latina, especialmente o México 
(CANCLINI, 1998; YÚDICE, 1991; MATTELART, 1994; BELLONI, 1998 apud 
 
BELLONI, 2002). 
 
No contexto atual do capitalismo, sobretudo com o sucesso incontestável 
dos sistemas midiáticos de vocação mundial (televisão e internet), o campo 
educacional aparece como uma nova fatia de mercado extremamente promissora, 
na qual o avanço técnico em telecomunicações permite uma expansão globalizada e 
altas taxas de retorno para investimentos privados transnacionais. 
Evidentemente, o modelo neoliberal selvagem, aplicado aos países 
periféricos segundo receitas das agências internacionais, só vem favorecer a 
expansão de iniciativas mercadológicas de larga escala, colocando nos mercados 
periféricos, a exemplo do que ocorre há muito no campo da comunicação, produtos 
educacionais de baixa qualidade a preços nem tão baixos. É aí que se abre o 
mercado da educação a distância, no qual o uso intensivo das TIC se combina com 
 
 
 
 
2 
Estrutura que se convencionou descrever com base em conceitos como: “fordismo” e “pós- 
fordismo”, “globalização” e “deslocalização”, “flexibilização” (ou precarização do trabalho), “estado 
mínimo”, entre outros. 
 
30 
 
 
 
 
as técnicas de gestão e marketing, gerando formas inéditas de ensino que podem 
até resultar, às vezes e com sorte, em efetiva aprendizagem. 
 
Neste quadro de dificuldades para os países periféricos como o Brasil, as 
possibilidades de mudança, no sentido da democratização do acesso aos meios 
técnicos disponíveis na sociedade e da diminuição das desigualdades sociais, 
situam-se no nível das escolhas políticas da sociedade, ou seja, da capacidade de a 
escola e os cidadãos acreditarem – e agirem consequentemente – em uma 
concepção dos processos de educação e comunicação como meios de 
emancipação e não apenas de dominação e exclusão (BELLONI, 1995). 
 
Acreditar que o usuário tem grande margem de escolha e de autonomia ante 
as tecnologias de informação e comunicação, como faz o discurso tecnocrático 
neoliberal do pós-fordismo, faz mais sentido como uma proposta de ação 
pedagógica do que como uma análise da realidade. 
 
Buscar enfocar as possibilidades de autonomia do cidadão consumidor é 
válido numa perspectiva de mudança, de educação para o exercício dessa 
autonomia. 
 
Essas possibilidades, porém, não são oferecidas pelas novas 
potencialidades técnicas, que a sociotécnica tende a enfatizar, mas situam-se na 
capacidade política de os grupos sociais se organizarem em projetos educativos de 
mudança, de modo a assegurar que os sistemas educacionais de todos os níveis e 
modalidades sejam capazes de oferecer oportunidades de acesso a estas 
tecnologias, a todas as crianças e jovens. Não é a natureza mais suave e mais 
amigável das máquinas que permitirá a apropriação criativa dessas tecnologias, 
muito antes pelo contrário, estas características técnicas aumentam seu poder de 
sedução ante o usuário desprevenido (BELLONI, 2002). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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