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PLANO DE AULA (1)

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Plano	de	Aula:	A	sociedade	como	objeto	de	estudo	e	os	usos	e
abusos	da	cultura
FUNDAMENTOS	ANTROPOLÓGICOS	E
SOCIOLÓGICOS	-	CCJ0286
Título
A	sociedade	como	objeto	de	estudo	e	os	usos	e	abusos	da	cultura
Número	de	Aulas	por	Semana
Número	de	Semana	de	Aula
1
Tema
A	questão	do	conhecimento:	senso	comum	e	pensamento	científico.
Objetivos
Reconhecer		o	conhecimento	como	característica	do	ser	humano.
Identificar	as	características	do	senso	comum.
Distinguir	o	conhecimento	científico	do	senso	comum.
Compreender	a	importância	do	pensamento	científico	para	a	elaboração	de
uma	visão	crítico-reflexiva	da	sociedade.
Estrutura	do	Conteúdo
Antes	da	aula,	leia	o	Capítulo	1	de	seu	Livro	didático	de	Ciências	Sociais	da
página	10	até	a	18.
1	-	O	conhecimento	como	característica	do	ser	humano
O	homem	é	o	único	animal	que	vive	no	mundo	e	pensa	sobre	o	mundo	em	que
vive.	Ao	pensar,	ele	formula	explicações	acerca	da	realidade	e	dos	fenômenos
que	o	cerca.	Portanto,	é	no	ato	de	pensar	que		o	homem	conhece	a	si	e	o
mundo,	manifestando	isso	através	da	linguagem.
Logos:	lógica,	razão,	palavra,	estudo		>		pensamento,	linguagem,
conhecimento,	discurso.
Em	resumo,	logos	significa	palavra	e	estudo,	ou	seja,	linguagem	e	pensamento
ao	mesmo	tempo.
É	interessante	observar	que	linguagem	e	pensamento	são	coisas
indissociáveis,	não	se	pode	conceber	uma	sem	a	outra.
Tomemos,	então	as	seguintes	definições:
-	pensamento:	capacidade	de,	ao	articular	acontecimentos,	coisas	e	fatos,
instaurar	um	sentido.
-	linguagem:	capacidade	de	tornar	esse	sentido	manifesto.
"O	pensamento	parece	uma	coisa	à	toa,	mas	como	é	que	a	gente	voa	quando
começa	a	pensar".	(Lupicínio	Rodrigues)
As	coisas	não	têm	um	sentido	em	si,	os	homens	é	que	lhes	dão	sentido,
através	do	pensamento	e	da	palavra,	que,	sistematizados	de	alguma	maneira,
formam	o	CONHECIMENTO.
2	-	Formas	de	conhecimento
A	ciência	é	uma	forma	de	conhecimento,	não	é?	Mas	será	que	sempre	foi?	É	a
única	forma	de	conhecimento?	Não,	existem	algumas	formas	de	conhecer	além
da	ciência.	O	homem	sempre	buscou	expressar	o	conhecimento	dos
fenômenos	da	natureza	e	de	si	mesmo	utilizando-se	de	outros	tipos	de
linguagem	que	não	a	científica.
2.1.	O	mito
O	mito	é	uma	narrativa,	uma	fala,	que	contém	em	si	diversas	ideias.	É	uma
mensagem	cifrada,	que	não	é	entendida	facilmente	por	quem	não	está	dentro
da	cultura	de	que	o	mito	faz	parte.
O	mito	não	é	objetivo,	assim	como	não	se	situa	no	tempo,	fala	das	origens,
sem,	no	entanto,	referir-se	ao	contexto	histórico.	Trata	de	tempos	fabulosos.
Os	mitos	dão	forma	e	aparência	explícita	a	uma	realidade	que	as	pessoas
sentem	intuitivamente.
O	mito	pode	também	transmitir,	de	geração	a	geração,	uma	espécie	de
conhecimento,	muitas	vezes	sobre	a	origem	do	mundo,	algumas	sobre
processos	de	cura,	outras	sobre	interpretações	de	fenômenos	da	natureza	e,
ainda,	sobre	a	sociedade	e	a	relação	entre	os	homens,	através	de	histórias
mitológicas.	Quem	não	ouviu	falar	do	mito	do	Cupido,	que	fala	do
enamoramento?	
2.2.	Conhecimento	religioso	
Esse	tipo	de	conhecimento	do	mundo	se	dá	a	partir	da	separação	entre	a
esfera	do	sagrado	e	do	profano.	As	religiões	também	apresentam,	de	forma
geral,	uma	narrativa	sobrenatural	para	o	mundo,	porém,	para	aderir	a	uma
religião,	é	condição	fundamental	crer	ou	ter	fé	nessa	narrativa.	Além	disso,	é
uma	parte	essencial	da	crença	religiosa	a	fé	no	fato	de	que	essa	narrativa
sobrenatural	pode	proporcionar	ao	homem	uma	garantia	de	salvação,	bem
como	prescrever	maneiras	ou	técnicas	de	obter	e	conservar	essa	garantia,
que	são	os	ritos,	os	sacramentos	e	as	orações.
2.3.	Conhecimento	filosófico
De	modo	geral,	o	conhecimento	filosófico	pode	ser	traduzido	como	amor	à
sabedoria,	à	busca	do	conhecimento.	O	saber	filosófico	trata	de	compreender
a	realidade,	os	problemas	mais	gerais	do	homem	e	sua	presença	no	universo.	
A	Filosofia	interroga	o	próprio	saber	e	transforma-o	em	problema.	Por	isso,	é,
sobretudo,	especulativa,	no	sentido	de	que	suas	conclusões	carecem	de	prova
material	da	realidade.	Mas,	embora	a	concepção	filosófica	não	ofereça
soluções	definitivas	para	numerosas	questões	formuladas	pela	mente,	ela	é
traduzida	em	ideologia.	E	como	tal	influi	diretamente	na	vida	concreta	do	ser
humano,	orientando	sua	atividade	prática	e	intelectual.	
2.4.	Senso	comum
Retomando	a	ideia	de	que	as	coisas	por	si	só	não	têm	sentido,	sendo	este
atribuído	a	elas	pelos	homens,	tratemos	agora	do	senso	comum,	que	é	algum
sentido	dado	coletivamente	às	coisas	vividas.	Para	se	orientar	no	mundo,	o	ser
humano	assume	como	certas	e	seguras	diversas	coisas,	situações	e	relações
entre	fatos,	coisas	e	situações.	
Nem	sempre	o	senso	comum	representa	a	realidade.	É	o	caso	daquele
cidadão	fumante	que,	respeitoso	pelas	regras	de	convívio,	não	fuma	em
ambientes	em	que	haja	outras	pessoas,	como	um	ônibus.	Ele	costuma	esperar
seu	ônibus	sem	acender	um	cigarro,	pois	logo	o	ônibus	chegará,	deixando,
assim,	o	prazer	de	fumar	para	depois	da	viagem.	Se	o	ônibus,	porém,	demora	a
chegar,	a	falta	de	nicotina	em	seu	organismo	o	deixará	em	estado	de
ansiedade	que	o	levará	a	acender	um	cigarro.	Como	já	se	terá	passado	algum
tempo	de	espera,	o	ônibus	provavelmente	já	estará	próximo	e,	assim,	nosso
amigo	será	surpreendido	antes	de	acabar	o	cigarro.	Como	em	sua	experiência
diária,	pouco	depois	de	acender	o	cigarro,	é	surpreendido	com	a	aparição	do
ônibus,	poderia	supor	que	o	fato	de	acender	o	cigarro	causa	a	chegada	do
ônibus.	O	fenômeno	observado	por	várias	pessoas	poderia	estabelecer	uma
crença	comum	na	causalidade	entre	o	ato	de	acender	o	cigarro	e	o	ônibus
chegar.	Aí	está	um	caso	de	armadilha	que	o	senso	comum	pode	conter.
Algo	simples	como	observar	coisas	como	esta	contribuiu	muito	para	que	a
humanidade	estabelecesse	mais	uma	diferença	fundamental	entre	formas	de
pensamento	humano,	entre	o	senso	comum	e	a	ciência.	
2.5.	Ciência
A	ciência	é	uma	forma	de	conhecimento,	ou	seja,	é	um	tipo	de	sistematização
de	discursos	(logos).	Não	é	só	o	modo	como	são	organizados	os	discursos,
mas	o	próprio	discurso	científico	é	que	tem	características	próprias.	Ele	se
refere	a	algo	bastante	especificado.	Não	se	faz	ciência	sobre	a	vida	em	geral
ou	o	mundo	em	geral.	Faz-se	ciência	quando	se	delimita	aquilo	que	se	quer
estudar,	o	objeto	de	que	se	quer	tratar.	O	objeto	não	é	apenas	delimitado,	é
construído,	pois	trata-se	de	algo	ideal,	de	uma	representação.	
Mesmo	nas	ciências	em	que	o	objeto	parece	bastante	concreto,	como	a
química,	por	exemplo,	que	lida	com	os	elementos	da	natureza,	o	discurso	é
montado	sobre	uma	abstração,	uma	representação.	O	discurso	científico	trata
do	ferro	ou	do	manganês	abstratamente,	fala	de	suas	propriedades,	classifica-
as,	agrupa	os	elementos	de	acordo	com	suas	propriedades.	O	químico	diz,	por
exemplo,	que	o	sódio,	o	lítio	e	o	potássio	têm	propriedades	semelhantes	e,	por
este	motivo,	pode	classificá-los	em	um	mesmo	compartimento	de	saber,	em
uma	mesma	unidade	abstrata	de	conhecimento,	em	uma	mesma	coluna	da
tabela	periódica.	Esta	delimitação	é	da	ordem	do	discurso	e	não	da
experiência.
Evidentemente,	a	delimitação	é	resultado	da	experiência	humana	na	lida	com
os	elementos	da	natureza.	E,	além	disso,	os	resultados	das	sistematizações
dos	discursos	podem	ser	verificados	em	condições	experimentais,	isto	é,	em
laboratórios.	O	que	se	procura	verificar	é	se	o	discurso	que	se	fez	é	verdadeiro,
ou	seja,		se	o	que	se	disse	é	condizente	com	a	realidade.	E	isto	que	se	disse
tem	o	nome	de	hipótese,	outra	palavra	grega,	que	significa:	(hipo:	sob,
embaixo	de)	+	thesis	(tese,	proposição,	ato	de	por).	Isto	é,	a	hipótese	é	um
discurso	que	está,	na	hierarquia	do	conhecimento,	abaixo	da	tese.	Esta	só
existe	depois	da	verificação	pela	experiência.
Na	produção	do	conhecimento	científico	é	necessário,	também,	que	se	aja
com	MÉTODO.	
Método		grego	methodos:	meta	(por,	através	de)	+	hodos	(caminho).Método,	assim,	é	o	caminho	que	se	deve	trilhar	para	se	obter	determinado
resultado	desejado.	No	caso	de	que	tratamos	aqui,	método	científico	é	o
caminho	para	se	obter	o	CONHECIMENTO	CIENTÍFICO.
Aplicação	Prática	Teórica
Questão	discursiva:
Leia	o	diálogo	a	seguir.
-	Hoje	o	sol	está	de	rachar!		
-	É	verdade!	Como	pode	uma	bola	de	fogo	menor	que	a		Terra,	que	fica	girando
em	volta	da	gente,	fazer	tanto	calor?
-	Que	nada,	homem!	A	Terra	é	menor	do	que	o	sol!		É	por	isso	que	faz	tanto
calor!		
A	Ciência,	recorrentemente,	se	defronta	com	raciocínios	desse	tipo,
relacionado	a	falsas	certezas.	Demonstre	as	principais	diferenças	entre	o
pensamento	científico	e	o	senso	comum	e	apresente,	pelo	menos,	dois	outros
exemplos	de	convicções	equivocadas	decorrentes	da	utilização	do	senso
comum	e	refutadas	pela	ciência.
Questão	de	múltipla	escolha:
Foram	os	gregos	que,	rompendo	com	o	senso	comum,	com	a	tradição	e	o
misticismo,	desenvolveram	uma	reflexão	laica	e	independente,	própria	do
espírito	especulativo,	que	se	debruçava	sobre	o	mundo	procurando	entendê-lo
em	sua	objetividade?	(Cristina	Costa.	Sociologia.	3.	ed.	São	Paulo:	Moderna,
2005).	Esse	conhecimento,	denominado	filosófico,	tem	como	importante
característica:
a)	A	busca	do	entendimento		do	mundo	por	meio	da	separação	entre	as
esferas	do	sagrado	e	do	profano.
b)	A	compreensão	do	mundo	por	meio	do	aprendizado	acumulado	de	gerações
anteriores.
c)		A	busca	da	comprovação	das	relações	de	causa	e	efeito	entre	os
fenômenos	observados.
d)		A	tentativa	de	explicar	a	realidade	a	partir	de	narrativas	mitológicas.
e)		A	contínua	busca	do	conhecimento	por	meio	do	questionamento,	da
reflexão.

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