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Unidade I GESTÃO EDUCACIONAL Prof. Nonato Miranda Objetivos da unidade I Conceituar o termo administração/gestão. Apresentar e discutir as escolas de administração. Demonstrar que o enfoque cultural é uma forma de contextualizar a administração geral no âmbito escolar. Começo de conversa Quando se pensa em Gestão Educacional, nem sempre buscamos compreender o que está por trás desse termo. É bem provável que você já tenha vivenciado uma série de práticas educativas no cotidiano das escolas, seja enquanto aluno da educação básica ou como estagiário de Pedagogia. Dentre essas práticas, destacamos a sirena que toca, a fila de entrada, a merenda gratuita, a sala arrumada desta ou de outra forma, o início ou o fim do bimestre, a reprovação etc. Concepções teóricas da administração O que talvez você não saiba é que tudo que acontece na escola tem origem em diferentes concepções teóricas e metodológicas que permeiam a administração ou gestão educacional. Discutir a administração ou gestão escolar nos leva à discussão acerca do conceito de administração geral e a compreender a história da gestão. As transformações econômicas e tecnológicas, assim como princípios, funções e maneira de gerir interferem nas práticas sociais e educacionais. Assim, o que vem a ser administração? Administração: afinal, o que é isso? A palavra “administração” é usada com tanta frequência que parece não haver dúvidas acerca do seu significado. Para entender o significado da administração, é preciso ir além da interpretação da palavra. É preciso compreender o papel que a administração desempenha para as organizações e para a sociedade. Administração: definindo seu conceito Segundo o dicionário Aurélio, administração “é um conjunto de princípios, normas e funções que tem por fim ordenar os fatores de produção e controlar a sua produtividade e eficiência, para se obter determinado resultado”. A administração é o processo de planejar para organizar, dirigir e controlar recursos humanos, materiais, financeiros e informacionais visando à realização de objetivos (MARTINS, 1991). Administração: atividade humana Os conceitos de administração estão carregados de termos característicos do modo de produção capitalista, mas a administração, enquanto atividade essencialmente humana, nasceu antes de a sociedade se organizar, a partir do ideal capitalista. Paro (1987, p.143) define o conceito de administração como “a utilização racional de recursos para a realização de fins determinados”. A administração na sociedade Assim, tanto os princípios quanto as funções da administração estão relacionados aos fins e à natureza da organização social em qualquer realidade e determinados por uma dada sociedade. Interatividade Com relação ao conceito de administração, podemos afirmar que: a) A administração diz respeito ao esforço humano coletivo no uso planejado e racional dos recursos disponíveis para a realização de determinados fins. b) A administração apesar de ser uma atividade essencialmente humana, somente no final do século XX é que se chegou a esse consenso. c) A atividade administrativa, enquanto utilização racional de recursos para a realização de fins, NÃO é condição necessária da vida humana. d) Os conceitos de administração, dada sua natureza, excluem qualquer tipo de relação com o ideal capitalista. e) Dada a natureza técnica da administração, ela desvincula-se das práticas educativas. Escolas de administração Os estudiosos apresentam várias abordagens para nos ajudar a compreender o termo administração. Para facilitar nossa compreensão, apresentamos a seguinte classificação: a) Escola clássica ou administração científica; b) Escola de relações humanas; c) Escola behaviorista; d) Escola estruturalista. Escola clássica ou administração científica Frederick Winslow Taylor foi o fundador do movimento da Administração Científica. Segundo o professor Fernando Prestes Mota, o princípio que norteia o pensamento da escola de administração científica é: alguém será um bom administrador à medida que planejar cuidadosamente seus passos, que organizar e coordenar racionalmente as atividades de seus subordinados e que souber comandar e controlar tais atividades. Administração científica: três momentos diferentes Primeira fase Ataque ao “problema dos salários”. Estudo sistemático do tempo. Definição de tempo-padrão. Sistema de administração de tarefas. Segunda fase Ampliação de escopo (alvo, intenção, objetivo) da tarefa para a administração. Definição de princípios de administração (1911). Segundo Taylor, para a racionalização do trabalho, a empresa deve se reestruturar. Quais seriam então estes princípios? Princípios da administração científica Seleção científica do trabalhador: o trabalhador deve desempenhar a tarefa mais compatível com suas aptidões. Tempo-padrão: o trabalhador deve atingir no mínimo a produção padrão estabelecida pela gerência para garantir bons salários. Plano de incentivo salarial: a remuneração do pessoal deve ser proporcional ao número de peças produzidas. Princípios da administração científica (continuação) Trabalho em conjunto: conciliação dos interesses da alta administração e dos trabalhadores. Gerentes planejam, operários executam: dissociação entre planejamento e execução. Divisão do trabalho: uma atividade deve ser dividida no maior número possível de subtarefas para propiciar maior eficiência do operário. Princípios da administração científica (continuação) Supervisão funcional: os supervisores devem ser especializados por área. Ênfase na eficiência: existe uma única maneira de executar uma atividade (the best way). Terceira fase da administração científica Consolidação dos princípios. Proposição de divisão de autoridade e responsabilidades dentro da empresa. Distinção entre técnicas e princípios. Dois grandes receios da administração científica 1. Aumentar a eficiência provocaria desemprego. 2. A administração científica nada mais era do que uma técnica para fazer o operário trabalhar mais e ganhar menos. Interatividade Com relação às três diferentes fases do Movimento da Administração Científica, é correto afirmar que: a) O problema dos salários correspondeu à segunda fase. b) Logo na primeira fase, empreendeu-se um estudo sistemático do tempo. c) Não houve a definição de princípios. d) A terceira fase deve ser desconsiderada, pois pouco contribuiu para o sucesso da administração. e) Nenhuma das fases se preocupou com a questão da produção. Escola de relações humanas As relações sociais no modo de produção capitalista são, sobremaneira, relações antagônicas. De um lado, estão os proprietários dos meios de produção, e de outro, a classe trabalhadora, detentora da força de trabalho. A Escola de Relações Humanas, que tem George Elton Mayo como seu representante maior, desloca o foco de interesses da administração, da organização formal, para os grupos informais. Escola de relações humanas Os problemas sociais, políticos e econômicos passam para a esfera dos problemas psicológicos, ocasionados “pelo relacionamento no grupo, pela necessidade de participação e autorrealização” (MOTA, 1973, p.45). Ideia central dessa escola: o homem, além de racional, é essencialmente social. Seu comportamento é dificilmente reduzível a esquemas, sofrendo, portanto,influências de condicionantes sociais e diferenças individuais. Escola de relações humanas Além de incentivo monetário, para que o homem se integre de forma eficiente aos objetivos da organização formal, fazem-se necessárias outras motivações, como a participação nas tomadas de decisão. Na escola, isso se concretiza por meio da gestão democrática. Escola behaviorista Essa escola não vê a organização em sua estrutura formal, mas foca toda sua atenção para a organização informal. Ou seja, para as relações sociais não previstas em regulamentos ou organogramas. Segundo os behavioristas, os princípios administrativos adotados nas empresas podem ser empregados em qualquer tipo de organização. Por sua vez, os problemas administrativos devem ser tratados com objetividade. Escola behaviorista O comportamento do homem é racional “apenas em relação a um conjunto de dados característicos de determinada situação” (MOTA, 1973, p.87). Esses dados – variáveis e resultantes do subjetivismo e do relativismo da própria racionalidade – devem ser não só explicados, mas determinados e previstos pela teoria. Escola behaviorista O processo de tomada de decisão, para essa abordagem, exige um tratamento metodológico especial dada sua importância no processo administrativo. A autoridade deve ser encarada como um fenômeno psicológico e não apenas legal. Em síntese, a realização e satisfação dos objetivos pessoais se obtêm pela vivência da cooperação nas organizações informais. Interatividade Com base na Escola das Relações Humanas, qual ação abaixo não contribui para um bom relacionamento entre colegas? a) Fazer comentários inconvenientes e constrangedores visando garantir um clima descontraído. b) Utilizar palavras de cortesia como “obrigado”, “por favor” e “com licença”. c) Respeitar a diversidade. d) Não interromper as pessoas quando estiverem falando. e) Valorizar um serviço bem-feito. Escola estruturalista A escola estruturalista tem entre seus representantes Max Weber, Robert K. Merton, Alvin Gouldner e Amitai Etizione. O ponto de vista central dessa escola é que a organização do mundo moderno exige do homem uma personalidade flexível, resistente às frustrações, com capacidade de adiar a recompensa e com desejo de realização pessoal. Escola estruturalista Para os estruturalistas, o conflito, além de necessário, é inerente a determinados aspectos da vida social, tendo em vista as tensões e os dilemas presentes nas organizações. Os incentivos para o bom desenvolvimento do trabalho não podem ser apenas de natureza econômica ou de natureza psicossocial, mas de ambas, pois elas se influenciam mutuamente. Enfoque cultural A análise das escolas (clássica, relações humanas, behaviorista e estruturalista) que retratam a história das diferentes concepções de administração revela o norte político que as caracteriza. Como no eixo de análise é a escola, precisamos ir além. Enfoque cultural Um estudioso no assunto, Benno Sander, situa a trajetória da administração escolar e destaca o caráter assumido por ela desde o enfoque essencialmente normativo, passando pelas abordagens tecnocratas e comportamentalistas até as abordagens contemporâneas. Esse autor destaca a importância do enfoque cultural, centrado na dimensão humana, como concepção que contribui para repensar a cultura escolar e construir a gestão democrática das escolas. Enfoque cultural A gestão da escola, entendida como instituição educativa, é diferente da administração de empresas? Nessa unidade, analisamos várias concepções sobre a teoria da administração. O objetivo foi possibilitar ao aluno de Pedagogia a compreensão de que existem várias formas e maneiras de se ver e de se organizar a administração de uma instituição social. O enfoque cultural é aquele que possibilita uma ação contextualizada dos processos de gestão escolar. Interatividade Ao término desta unidade, é correto afirmar que: a) O movimento da administração científica não influenciou a gestão escolar. b) Para a escola estruturalista, o incentivo para o bom desenvolvimento no trabalho é, apenas, o de natureza financeira. c) Para a escola estruturalista, os conflitos são necessários e inerentes à vida social. d) Os behavioristas não discutem o comportamento humano. e) As escolas de administração não dialogam com a gestão educacional. ATÉ A PRÓXIMA!
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