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Teoria Antropológica - Slides de Aula Unidade II

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Profa. Sirlei Terra 
UNIDADE II
Teoria Antropológica
 Tempo e espaço são conjuntos de processos simbólicos.
 Ambos passam por transformações e não existem como algo dado, 
a priori, da vida social.
 Seus significados diferem de acordo com o contexto sócio-histórico.
 São categorias do entendimento humano (ou representações coletivas, 
nos termos de Emile Durkheim).
 Assim, dependem de uma construção que envolve 
processos sociais e históricos, e, embora construídos 
na vida social, seus sentimentos são compartilhados 
coletivamente.
Tempo e espaço na perspectiva antropológica
 A passagem de tempo, como percebemos, é uma medida arbitrária (ano, mês, dia, 
hora, minutos, segundos...), estabelecida num dado momento da história, sendo 
que já houve medidas diferentes anteriormente.
 A contribuição da Antropologia é a de entender os contornos específicos desse 
processo em contextos socioculturais diferentes, como segue:
 Tempo em Emile Durkheim:
O tempo constitui um elemento de estruturação da realidade humana e deve ser 
um tempo compartilhado socialmente. É uma categoria objetiva e coletiva. 
A noção de tempo
 O tempo em George Simmel:
O tempo deve ser reconhecido como fator estruturante do “ser-no-mundo” . 
A determinação do tempo compartilhado por meio do tempo socialmente 
programado (calendário, rituais, trabalho, lazer...) constitui uma resposta 
existencial à nossa própria mortalidade. Significa o esquecimento do possível 
reflexo de nosso “ser-temporal”.
 O tempo em Norbert Elias:
 Pode ser associado a fenômenos naturais e tem natureza 
social (convenções).
 Associa-se ao território e ambos são referências da 
fundação das sociedades nacionais.
 Padrão criado de diferentes formas em diferentes 
espaços. Função de ordenação social.
A noção de tempo
 Tempo em Jefrey Alexander:
As origens de quase todas as comunidades são imaginadas e localizadas em 
seu tempo sagrado/mítico (mitos de origem).
A temporalidade cria ordem de civilidade no tempo.
A noção de tempo
 É produzida no interior da vida social. A atual medida foi criada arbitrariamente na 
França após a Revolução Francesa – unidade de medida “o metro”.
 Nossa apropriação e percepção do espaço foi aprendida na vida social e não é 
linear em todos os lugares.
 Espaço em Erving Goffmann:
 É aquilo que organiza a noção de pertencimento a um lugar, a um grupo fixado em 
um lugar. Depende das formas explícitas ou implícitas de relações sociais que 
estabelecemos.
A noção de espaço
 Espaço em Anthony Giddens:
 Toda vida social ocorre em intersecção da presença e da ausência no 
“escoamento” do tempo e na “transformação gradual” do espaço.
 Lugar: remete àqueles espaços que permanecem fixos, em que temos raízes.
 Espaço: podem ser cruzados num piscar de olhos, por meio da tecnologia de 
comunicação (telefone e internet) ou transportes velozes (aviões e trens-balas).
 As relações com os indivíduos ausentes são possíveis via interações que não 
sejam face a face.
A noção de espaço
 O espaço tende a comprimir-se e esvaziar-se nas sociedades contemporâneas em 
fluxos emaranhados e interfaces eletrônicas, e pode sumir e reaparecer no apertar 
de um botão ou de uma tecla.
 A velocidade anulou a experiência de lugar que originalmente ancorava os 
conteúdos das interações sociais.
 Henri Lefebvre: o tempo é indissociável do espaço. Toda realidade no espaço se 
expõe e se explica por uma gênese no tempo.
Espaço: autores contemporâneos e globalização
 Hall: interação global é expressiva e acelerou os laços entre nações.
 Processo de compressão de espaço tempo: o que acontece num local logo 
impacta em outro.
 Internet: modificou a forma como nos relacionamos e lidamos com a distância e as 
temporalidades.
 Tempo e espaço são combinados diferentemente, nas diferentes épocas culturais. 
Suas mudanças impactam nas identidades, pois estas estão localizadas no espaço 
e no tempo simbólico.
 Exemplos de sistemas de representação:
 Escrita, pintura, desenho (dimensões=espacialidade).
 Narrativas (começo, meio, fim=temporalidade).
Espaço: autores contemporâneos e globalização
 O não lugar seria um espaço que não é identitário, nem relacional, nem histórico, 
não simbólicos e construídos para determinados fins. Ex.: Aeroportos, meios de 
transportes, hotéis. Essa definição recebeu críticas.
 Supermodernidade: lugares onde imperam a circulação, a comunicação e o 
consumo = espaços inéditos = não lugar.
 Tempo e espaço comprimidos e fragmentação dos laços sociais levam à noção de 
lugar, mas os espaços têm resistido à globalização.
 Tim Creiswell: o conceito de não lugar é insustentável, 
pois é preciso historicizar o espaço para a 
contextualização. Aeroportos são nós da 
rede e fluxos de circulação internacional.
Marc Augé e o debate sobre os “não lugares”
 Determinismo biológico: as características genéticas e/ou biológicas são 
determinantes da cultura. Pensamento comum ainda: samba está no sangue.
 Determinismo geográfico: as diferenças de ambientes físicos condicionam a 
diversidade cultural (regiões frias = trabalhadores; quentes = preguiçosos).
 A antropologia contesta, pois é a cultura que diversifica a humanidade.
 A partir da adoção da perspectiva antropológica na análise do tempo e do espaço, 
podemos relativizar essas noções e perceber seu caráter construído e 
contingencial.
 Tempo e espaço são percebidos de maneiras distintas 
por diferentes povos. Ex.: guiar-se pela posição do sol e 
não de hora – amanhecer e anoitecer.
Determinismo geográfico e biológico e a noção de tempo e espaço
Com relação à passagem do tempo, podemos afirmar:
a) Sempre foi feita da forma que a entendemos.
b) Não é modificada historicamente.
c) É da mesma forma em todos os contextos socioculturais.
d) Não diz respeito à produção do conhecimento antropológico.
e) É uma medida arbitrária, cujo entendimento é de interesse da Antropologia.
Interatividade
 Fenômenos migratórios internacionais e nacionais sempre existiram e por diversos 
motivos. Entender essas dinâmicas é importante.
Antropologia em comunidades rurais e migrações
 Hall: identidade cultural refere-se a aspectos de nossa identidade que surge de 
nosso pertencimento a culturas étnicas, raciais, linguísticas e religiosas e, acima 
de tudo, nacionais.
 Cultura nacional: sistema de representações que indica como vivemos nosso 
pertencimento. É relacional, formada e transformada no interior de nossas 
representações sociais. Afirma quem somos e renega quem não somos.
 Nação: identidade política. Sistema de representação cultural formado pelas 
pessoas. Somos brasileiros, sou jovem (aqui a referência é a própria pessoa).
 A diferença é pensada também como independência. 
 A identidade e a diferença são produzidas na interação 
entre indivíduos na vida social.
Culturas nacionais, identidades culturais e globalização
 A globalização afeta a ideia de fronteiras e de identidades nacionais.
 Processos que atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando 
comunidades e organizações, recombinando-as e estruturando novas formas de 
se pensar espaço e tempo, conectando mais o mundo e criando nova definição de 
sociedade (trânsito, deslocamento, migrações, produções históricas e culturais).
 Identidade nacional: comunidade imaginada e construída em contraste umas com 
as outras. É composta por instituições culturais, símbolos e representações.
 São questões interpenetradas.
Culturas nacionais, identidades culturais e globalização
A narrativa da cultura nacional é contada com elementos que se seguem:
 Narrativa de nação: história, imagens, cenários, símbolos e rituais nacionais 
(carnaval). Narrativa sobre as origens, a continuidade, a tradição e a intemporalidade.
 Invenção da tradição: práticas rituais e simbólicas que buscam inculcar certos 
valores e normas de comportamento através da repetição=continuidade do 
passado histórico adequado.
Culturas nacionais, identidades culturais e globalização
 Mito funcional: história que localiza a origem/fundação da nação, do povo e de seu 
caráter nacional (tempo mítico: mito das 3 raças=leva à minimização da violência 
da dominação colonialista – portugueses X índios/negros - cuja história é contada 
a partir do ponto de vista do colonizador).
Dominação e desigualdade: envolve a lógica da exclusão e discriminação.
Ambiguidade: assimilar o universal X aderir ao particular articulado. As culturas 
nacionais buscam unificação a partir das distinções (poder cultural=dominação).
 Raça: categoria discursiva. Diferenças físicas como marcas simbólicas. 
Racismo cultural: substituição da ideia de diferença 
biológica por uma imagem de cultura nacional 
homogênea, cuja ideia não resiste às diferenças e às 
contradições internas de uma sociedade.
Culturas nacionais, identidades culturais e globalização
 Todo deslocamento e movimentação de populações e/ou indivíduos que vão de 
um lugar (seu, de origem) para outro lugar (destino).
 Malthus: consequência da superpopulação.
 Durkheim, Marx e Weber: consequência da industrialização e do crescimento do 
capitalismo.
 Formação de grupos étnicos que afirmam a diferença em relação à cultura local.
 Grupo étnico: conjunto de indivíduos que partilham certa uniformidade cultural 
(tradição, conhecimento, técnica, comportamento, língua...)
Migrações
 Melting pot: lugares que abrigam pessoas com diferentes modos de vida, culturas, 
religiões e raças/etnias. Ex.: cadinho das 3 raças.
 Welfare States: política de bem-estar social. O Estado buscando certa harmonia e 
estabilidade social (com a força de mercado e benefícios sociais = Política de 
previdência e seguridade social.
 Xenofobia: migrantes são perigosos. Risco de desemprego e da vida social 
(fechamento de fronteiras, morte a imigrantes...).
 Disseminação da exclusão e do ódio e não 
reconhecimento das contribuições dos 
imigrantes (ódio ao nordestino).
Migrações
 Consequências positivas e negativas:
Positivas: encontro entre diferentes culturas (Brasil).
Negativas: Xenofobia (Holocausto).
 Grupos xenofóbicos: Skinheads, neonazismo... Pode ocorrer dentro do próprio 
país (nordestino = baiano, paraíba, cabeça chata...)
 Xenofobia: racismo, preconceito cultural, discriminação racial, econômica e social.
 Só os imigrantes europeus ajudaram a construir o país? E os negros, bolivianos...
 A antropologia ajuda a olhar para a lógica desses discursos.
Migração e xenofobia
 Temor do desaparecimento da Antropologia por causa do desaparecimento dos 
indígenas, daí o interesse por estudos de outras populações tradicionais, como as 
comunidades rurais. De agricultores a pescadores com modos de vida peculiar.
 Migração do campo para a cidade.
 As razões da migração são variadas: dificuldade de definições objetivas e 
fechadas de comunidade, ruralidade e campesinato.
 Dificuldade de pensar as relações de trabalho nos contextos rurais.
 Problemas com a desigualdade atingem essas populações.
 Dificuldade de pensar como a globalização impacta 
os modos de vida e produções rurais (agronegócio, 
pesca industrial X pequenos produtores).
Antropologia em comunidades rurais
Sobre os processos de migração, é correto afirmar que depois do 11/09/2001:
a) a globalização continuou ampliando as fronteiras entre os povos ricos e pobres, 
diversificando os processos de migrações.
b) os processos de migrações puderam ser harmonizados em função da 
desburocratização nos aeroportos dos países ricos.
c) os mecanismos de segurança nas fronteiras dos países ricos foram amenizados 
como tática para detectar os terroristas e impedir suas ações.
d) a entrada de pessoas ricas nos países ricos, oriundas dos 
países pobres, tem sido facilitada como estratégia de 
atração de divisas de capital.
e) os estereótipos e as formas de discriminação foram 
ampliados no processo de migração de pessoas dos 
países pobres para os países ricos. 
Interatividade
 Contextualizando a Antropologia Urbana:
 A Antropologia tenta compreender o mundo contemporâneo, fazendo pesquisa, 
também na cidade.
 Hoje, há muitos campos que se valem da antropologia urbana e da etnografia em 
contextos urbanos, para pensar a realidade social ou para compreender seu 
contexto sociológico.
Pode-se dizer que há duas formas de fazer antropologias:
 1 - Pesquisa longe de casa e a 
 2 - Preocupação em estudar a própria sociedade 
(dentro de casa).
Antropologia urbana
 A cidade é um dos palcos e desafios para a busca de compreensão e 
conhecimento da sociedade contemporânea.
 Cada contexto diferente produz relações sociais que lhe são próprias, portanto há 
uma riqueza de possibilidades.
 A tradição e a modernidade se encontram na cidade e a Antropologia Urbana 
procura entender as dinâmicas da cidade, por meio das pessoas que vivem nela, 
verificando como os indivíduos percebem a dinâmica de suas vidas nas cidades 
grandes.
 A etnografia é fundamental para essas análises.
Antropologia urbana
 Bastante pautada no método etnográfico e nas teorias interacionistas simbólicas.
Propõe método de pesquisa empírica: coleta de dados, compreensão e 
catalogação das patologias sociais, como o comportamento desviante.
 Comportamentos desviantes: infringem as normas sociais por acaso, por 
desconhecimento ou intencionalidade (o crime para Durkheim). A categorização 
depende da gravidade do descumprimento da regra.
Para Laraia, todos estamos sujeitos ao descumprimento das normas e a adotar 
um comportamento desviante.
 Marginalidade: ausência de pertencimento social. Não 
ajustamento ao grupo e pode se dar por: restrições de 
participação nas arenas política, pobreza, má habitação...
A escola de Chicago e a Antropologia Urbana
 Princípios de interacionismo simbólico, para Herbert Blumer:
 1 – os atores agem em função do sentido que os indivíduos dão à ação, que é 
reciprocamente orientada.
 2 – a expressão dada à ação depende da interação.
 3 – as interações ocorrem dentro de uma lógica que lhes é própria.
A sociedade é um processo e não uma estrutura e esta não tem influência direta 
na determinação das ações do indivíduo.
Propõe um método de análise microssociológico.
A escola de Chicago e a Antropologia Urbana
 Para Goffman, as estruturas influenciam as ações sociais e os papéis sociais.
Na interação social, as pessoas já conhecem as regras, estruturas etc. Suas 
ações estão de acordo com o que pensam e o que é esperado para a situação.
Propõe um método de análise microssociológico.
 Para Robert Park os alunos devem fazer pesquisa in loco 
(sujar as mãos e as calças).
 Obter relatos de vida de indivíduos ou grupos em 
situações marginais: valorização da voz e da experiência 
sobre a percepção de suas próprias vidas e ações 
sociais: valorização dos sentidos e significados.
A escola de Chicago e a Antropologia Urbana
 Exemplos de locais de pesquisa dos pesquisadores da escola de Chicago:
Galeria do rock (S. Paulo): diversas tendências musicais (punks, skinheads, 
metaleiros, rockabilities...
Grupos marginalizados: podem ser ouvidos (migrantes, grupos marginais, 
criminosos, gangues, músicos, frequentador de guetos).
 Crítica à escola de Chicago: ao centrar seus estudos nos problemas sociais, 
negligenciou a elaboração de teorias sociológicas, a partir da reflexão intelectual 
dissociada da Sociologia aplicada.
 A críticafaz sentido, porém não invalida as contribuições 
da escola de Chicago.
 Influenciou gerações de pesquisadores estadunidense 
após 1930 e teve grande impacto na Antropologia 
Urbana.
A escola de Chicago e a Antropologia Urbana
 Malinowski: pai da etnografia, pois foi o primeiro antropólogo a ir a campo e fazer 
uma pesquisa participante.
 Descrição das sociedades tribais, cujos modelos de sociedade eram bem 
diferentes da sociedade do pesquisador.
 O pesquisador em Antropologia Urbana pode fazer de qualquer espaço de 
sociabilidade da cidade fonte de pesquisa (ex.: lugares turísticos)
Etnografia na Antropologia Urbana
 Pressupostos do trabalho etnográfico, por Malinowski:
Definir seus princípios metodológicos.
Relatar o contato com os nativos como meio de descobrir a cultura tribal 
(ordem nativa).
 Objetos da etnografia:
Recusa do exótico: busca da totalidade da cultura tribal.
Chegar ao imponderável da vida real. 
 Importância do diário de campo no desvelamento das 
peculiaridades do costumes nativos.
 Apreender as perspectivas e opiniões sobre seus 
costumes e modos de vida.
Etnografia
 Passagem da experiência de campo e as interpretações analíticas: desdobramento 
do método etnográfico:
1. Estranhamento (de algum acontecimento, no campo).
2. Esquematização (dos dados empíricos).
3. Desconstrução (dos estereótipos preconcebidos).
4. Comparação (com exemplos análogos tirados da literatura antropológica).
5. Sistematização do material em modelo alternativo.
Etnografia
 Preocupou-se em situar o antropólogo como estando no lugar, sendo participante 
da construção de sentido do que observa ou o traduz por meio de seus próprios 
conceitos culturais o que lhe é relatado ou que observa em campo.
 Busca fugir do reducionismo individualizante. 
 A pesquisa etnográfica busca descrever o nativo de forma simpática, no sentido de 
não etnocêntrica.
 Rompe com a tradição antropológica que entendia que o antropólogo deveria ver o 
mundo do ponto de vista do nativo.
 Aí pode entrar a compreensão de Geertz sobre a noção 
de experiência próxima (informação do informante sobre 
a própria cultura) e a de experiência distante (empregado 
por especialista para atingir seus objetivos científicos).
Etnografia
Para Geertz alguns pressupostos são fundamentais:
1. Entender uma pessoa não nos transforma nela.
2. Um antropólogo não se transforma em seu nativo e não apreende e toma para si 
o “eu” deste apenas por pesquisar sua cultura.
3. Este seria o grande racha provocado pela publicação do diário de Malinowski.
4. O etnógrafo não percebe o que seus informantes percebem.
5. O etnógrafo percebe (com insegurança) com que, e/ou por meio de que, os 
outros percebem suas realidades.
 Velho, põe em cheque as noções de neutralidade e 
imparcialidade.
Etnografia
 A Antropologia busca familiarizar-se com o exótico e explicitar o familiar.
 Para Velho, nem sempre o que é familiar é conhecido ou aquilo que não vemos. 
O exótico é desconhecido, assim é possível que o antropólogo pesquise em sua 
própria cidade, com rigor científico. 
 Na Antropologia Urbana, é importante: experiência próxima, experiência distante, 
familiaridade, conhecimento.
 Para Geertz o antropólogo não anota o que seus informantes percebem, mas o 
que eles dizem acerca do que sentem.
 Ao invés de querer se tornar o outro, a tarefa do etnólogo 
é compreender o que realmente os pesquisados pensam 
que estão fazendo.
Etnografia
Quadro de Estudo que diferencia o pesquisador que é do mesmo grupo, pelo:
1. uso do método.
2. do conhecimento teórico.
3. da escrita etnográfica.
4. da assunção de que ser pesquisador o constrói em contraposição ao seu 
informante.
5. da subjetividade do pesquisador enquanto sujeito singular e portador de uma 
trajetória individual de vida.
Etnografia e Antropologia Urbana
 O fato do indivíduo ser católico, judeu, negro, umbandista..., dependendo do 
contexto seria objeto de discriminação ou estigmatização (Velho, 1987, p. 44).
 Marcadores sociais das diferenças: gênero, classe social, geração, raça/etnia, 
sexualidade e religião levam à articulação de diferentes pertencimentos sociais e 
de lugares distintos.
 Inserem a diferença num jogo complexo de hierarquias que podem contribuir para 
a criação de enormes desigualdades.
 Abordagem das interseccionalidades. Quanto mais 
atributos positivados socialmente um indivíduo tiver, 
mais sucesso este terá e vice-versa.
 Necessidade do respeito às diferenças.
Marcadores sociais da diferença
 Nossos pertencimentos sociológicos são produzidos e reproduzidos na vida social, e 
seu efeitos são inserções diferenciadas aos bens sociais, dentre eles a cidadania.
 A produção de hierarquia entre as diferenças ocasiona o surgimento das minorias 
sociais e das maiorias sociais.
 O conceito de minoria ou maioria não tem significado numérico e sim de subordinação 
socioeconômica, política e cultural (negros, mulheres, são maioria numérica).
 A Antropologia urbana tem muito a contribuir para a 
compreensão da transformação dessas diferenças em nossa 
sociedade contemporânea.
 Estudando temas sobre violência, pobreza, consumo, 
migração, sexualidade e a etnografia é o método ideal.
Diferença não é o mesmo que desigualdade
(Pitágoras) Uma das demandas de movimentos contemporâneos por igualdade de 
direitos é a superação de preconceitos inscritos em expressões de fala do nosso 
cotidiano. Assinale, entre as frases a seguir, aquela que não expressa a 
naturalização de preconceitos ou subordinação de pessoas de acordo com sua 
cor/raça, gênero ou classe. 
a) “Mulher no volante, perigo constante”. 
b) “O samba está no sangue”. 
c) “Bom dia para todos e para todas”.
d) “A mulher foi feita a partir da costela do homem”.
e) “Aquele lugar só é frequentado por gente feia”. 
Interatividade
 No campo da pesquisa em comunidades, grupos sociais ou culturais, a dimensão 
da ética profissional deve se respeitada.
 Ética, moral e autonomia:
Ética hoje é utilizada no sentido de ter ou não ter caráter. A ética é uma filosofia 
da moral e lhe dá sustentabilidade e embasamento.
Moral: conjunto de regras que utilizamos no dia a dia em sociedade. Fornece 
parâmetros para nossas ações, direcionam nosso comportamento, e permite 
classificar o mundo em categorias como bom/mau; certo/errado; moral/imoral...
 Ética e moral são responsáveis por regular a conduta do 
indivíduo e englobam a ideia de escolher o que nos leva a 
falar sobre autonomia.
 A autonomia é autodeterminada. É a capacidade racional 
do indivíduo exercer sua liberdade.
Dimensão ética da pesquisa
 Um erro na pesquisa antropológica pode abalar a vida de gerações de pessoas 
pertencentes a uma comunidade.
 Um pesquisador é sempre responsável pelas escolhas que faz ao analisar um 
tema ou uma comunidade. É preciso cuidado de:
 Identificar e denunciar injustiça.
Evitar que seu trabalho sirva para subsidiar a injustiça.
Apontar problemas e oferecer alternativas para solucioná-los.
Dar voz à comunidade estudada, sem falar pelo outro.
A ética na pesquisa antropológica: aspectos gerais
 Pierre Bourdieu (1988), é necessário que o pesquisador:
Conheça a história de sua área de trabalho.
Saiba das implicações políticas de uma pesquisa científica.
Perceba sua relação com a sociedade que lhe serve de objeto de estudo.
Tenha consciência de que tem alguma influência na vida dos seus sujeitos e as 
implicações que isso possui.
 O pesquisador deve proteger suas fontes (pessoas ou documentos) e estar atento 
às populações investigadas.
A ética na pesquisa antropológica: aspectos gerais
 O pesquisador deve ter cuidado com acomunidade estudada como: preservar 
identidades; não usar dados que prejudiquem os pesquisados; procurar trazer 
benefícios; informar ser pesquisador; não produzir dados sem prévia autorização 
também por escrito; informar riscos; não ser neutro em algumas questões.
 Na comunidade científica, deve: preocupar-se com a relevância de seus estudos; 
não ser anticientífico; criticar o conformismo; não cometer plágio nem fraudes; 
compreender que a neutralidade científica não se sobrepõe aos direitos humanos.
 Nas agências de pesquisa, deve: dar satisfação, provar a importância de seus 
estudos e buscar benefícios para o povo estudado.
A ética na pesquisa antropológica: aspectos gerais
 Cada país tem o seu e deve segui-lo, pois cada cultura tem um conjunto próprio 
de normas e restrições, e diferentes moralidades e padrões éticos.
 No código de ética do antropólogo e da antropologia os pesquisadores têm seus 
direitos assim como suas responsabilidades, bem como as populações objeto de 
pesquisa os seus, e que devem ser respeitados pelos antropólogos.
 O código de ética é instrumento que garante idoneidade e segurança. 
Estabelece parâmetros para a atuação profissional.
Código de ética do Antropólogo e da Antropologia
 O Ministério da Saúde homologou uma resolução aprovada pelo Conselho 
Nacional de Saúde, regulamentando as pesquisas envolvendo seres humanos, 
incorporando 4 referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, 
beneficência e justiça. Assegurou direitos e deveres da comunidade científica aos 
sujeitos da pesquisa e ao Estado.
 “Em” seres humanos X “Com” seres humanos.
 As normas de pesquisa para as ciências médicas não podem ser as mesmas para 
as ciências humanas. Como pesquisar corruptos e pedir que assinem o Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido. Isso pode inviabilizar muitas pesquisas
 Há necessidade de regulamentação de pesquisa “em” 
seres humanos, mas os pesquisadores desta área não 
consideram a regulamentação existente nem adequada e 
nem suficiente, pois trabalham “com” pessoas.
Ética igual, pesquisa diferente
 Stephen Tyler (1986, p. 22-31): a etnografia pós-moderna não procura por um 
conhecimento universal, que não oprima e nem liberte povos enquanto 
instrumento.
 A evocação é o discurso do mundo pós-moderno, que não é nem apresentação e 
nem representação e sim evocação daquilo que não pode ser discursivamente 
percebido ou realizado perfeitamente.
 É por meio da linguagem que o conhecimento vai aparecer via descrição e 
representação do mundo. 
 Há uma percepção individual das coisas, portanto 
subjetiva que deve ser levada em consideração na 
pesquisa etnográfica e, mais ainda, no momento da 
escrita etnográfica.
Subjetividade, trabalho de campo e ética
 Tyler defende o uso do termo evocar e não representar, porque evocar liberta a 
etnografia de retóricas científicas como: objeto, fato, descrição, indução, 
generalização, verificação, experimento, verdade.
 O discurso etnográfico pós-moderno não é objeto a ser representado nem a 
representação de um objeto, é fragmentado porque a vida no campo também o é.
 O texto etnográfico não deve ser lido apenas com os olhos, mas também ser 
ouvido, pois é preciso ouvir a voz das páginas.
A análise antropológica pode ser marcada pela subjetividade de cada antropólogo: 
 Subjetividade de quando vai a campo e de quando 
escreve. 
 Essa experiência subjetiva não apenas influencia o modo 
como ele disserta e analisa o que vê na área, mas 
também influi o que ele verá ou deixará de ver.
Subjetividade, trabalho de campo e ética
 Um pesquisador não é apenas fruto das aulas que assistiu e das teorias que leu, 
mas também de todos os fatos que permeiam sua trajetória de vida e como estes 
influenciaram sua subjetividade.
 Deve-se levar em conta também o contexto situacional em que esses dados foram 
informados, coletados, selecionados, analisados e lidos.
Subjetividade, trabalho de campo e ética
São atitudes éticas:
I. Analisar os dados coletados na pesquisa apenas a partir das lentes da cultura do 
pesquisado.
II. Fornecer à população pesquisada o acesso ao resultado da investigação.
III. Não se apropriar da autoria de qualquer costume ou produto cultural da população 
pesquisada.
IV.Realizar sua pesquisa sem a ciência dos nativos. Estão corretas as afirmativas:
a) I e II. 
b) II e III. 
c) III e IV. 
d) I, II e III. 
e) I, III e IV.
Interatividade
ATÉ A PRÓXIMA!

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