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Unidade II SOCIOLOGIA RURAL E URBANA Prof. Adilson Camacho Sociologia rural e urbana Roteiro da Unidade II: 3. Estado e demais agentes sociais: desigualdade, interesses e conflitos. 4. Estruturas sociais e fundiárias: perspectiva histórica e regional da propriedade e mediação territorial. Foco socioeconômico. Sociologia rural e urbana 3. Estado e demais agentes sociais: desigualdade, interesses e conflitos. Vejamos o papel do Estado e demais agentes sociais, chegando a alguns dos desdobramentos das práticas espaciais: desigualdade; interesses; conflitos. Sociologia rural e urbana As soluções impostas são quase sempre privadas, normalmente, parciais, dualistas; enquanto as públicas devem ser portadoras de legitimidade. O direito à terra, no campo e na cidade, do modo como discutimos nesse trabalho, envolve leis novas ou reformadas, planos reguladores das relações sociais com base nas noções de: público (riqueza da vida social); privado (relações sociais degradadas em benefício próprio); evidenciando as razões dos grupos políticos. Os agentes sociais buscam melhores condições para si, em meio à arena em que todos querem mais espaço para manobrar, portanto, é assim que surgem os agentes que cobram dívidas públicas, como aquelas garantidas constitucionalmente, como: terra; habitação; segurança; educação; entre outros direitos. Sociologia rural e urbana “Sem Terra”, Skank “Tenente Gama estará na barra do Brooklin atento Zé da Navalha na boca do rio Urutu Quatro patrulhas vão cobrindo os quatrorizonte Nego DJ Adílio leva o rádio [...] Sofrer o baque todos eles já sofreram No Paraná, no Pará, no Espírito Santo Bate imigrante nego véi de guerra Quebratabaque o atraso, o quebranto” [...], (Skank. “Sem Terra”. Autores: Samuel Rosa, Chico Amaral, Álbum: “O Samba Poconé”. Gravadora: SONY, Selo: Chaos, 1996.) Sociologia rural e urbana “A Cerca”, Skank “Fazendo cerca na Fazenda do Rosário Resto de toco velho mandado pelo vigário Meu camarada, eu moro aqui do lado O terreno que tu cerca, já tá cercado Não entendi a assertiva do compadre Se é lei chama o doutor Se é milagre chama o padre É muito simples, tu veja ali na frente Tá vendo o laranjal, minha cerca passa rente [...]” (Skank. “A Cerca”. Samuel Rosa, Chico Amaral, F. Furtado. Álbum: “Calango”. Gravadora: SONY. Selo: Chaos, 1994.) Sociologia rural e urbana Interatividade Assinale a alternativa que confirme a ideia democrática e republicana de direito à terra. a) É correto pensar que redistribuir riqueza implica mudanças nas relações sociais, na participação regional dos estados federados, entre outras. b) É correto afirmar que o direito à terra, urbana ou rural, é uma questão de propriedade privada. c) A propriedade privada é natural. d) É muito fácil resolver os problemas de concentração socioespacial de riqueza. e) As sociedades tradicionais precisam de propriedade para poderem produzir; é uma condição fundamental para produzirem. (In)sustentabilidade da urbanização “Desenvolvimento sustentável é o processo de ampliação permanente das liberdades substantivas dos indivíduos em condições que estimulem a manutenção e a regeneração dos serviços prestados pelos ecossistemas às sociedades humanas. Ele é formado por uma infinidade de fatores determinantes, mas cujo andamento depende, justamente, da presença de um horizonte estratégico entre seus protagonistas decisivos.” (ABRAMOVAY, Ricardo. “Desenvolvimento sustentável: qual a estratégia para o Brasil?”. Novos estudos CEBRAP, 87, julho 2010, p.97-113.) Sociologia rural e urbana Usos, com encontros e desencontros entre os agentes sociais. Formas vernáculas e modernizações. Agricultura familiar como unidade de reflexão e estratégia: fogo cruzado. Favor e legalização. M. M. Moura. “Os deserdados da terra”. Sociologia rural e urbana Podemos perguntar, por exemplo, até que ponto o exercício da atividade extra-agrícola, por si só, seria suficiente para qualificar o fenômeno da pluratividade entendido como expressão da secundarização da atividade se, historicamente, essa é uma prática recorrente em várias regiões do país? (CARNEIRO, 2000). Sociologia rural e urbana Processos agropecuários industriais “revolucionam” as relações socioambientais tradicionais com crescentes valores econômicos agregados à produção, muito impactantes nas organizações dos grupos humanos, em seus estilos de vida e sistemas ambientais. Sociologia rural e urbana As alternativas mais sustentáveis implicam modos de vida e de produção que têm melhores relações com os ambientes, usando-os, mas mantendo-os, como agriculturas sustentáveis originais, com métodos vernaculares (originais) e que podem nos ensinar muito ainda hoje. Os exemplos envolvem artesãos, pescadores, produção normalmente com baixa mecanização, padronização e extenso emprego de mão de obra etc. Aqui temos outro sentido de moderno. DIEGUES, Antonio Carlos [org.]. “Os saberes tradicionais e a biodiversidade no Brasil”. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal; Cobio-coordenadoria da Biodiversidade; Nupaub-núcleo de Pesquisas sobre Populações Humanas e Áreas Úmidas Brasileiras. Universidade de São Paulo: São Paulo, 2000. Sociologia rural e urbana São formas de vida muito antigas com, aproximadamente, 10.000 anos que, como veremos adiante, praticavam atividades de coleta (extrativismo) e cultivo (agricultura e pecuária) similares àquelas que hoje chamamos agroecologia, esta que é um conjunto de conhecimentos e procedimentos inspirados nos baixos impactos negativos dos velhos saberes e usos. A agroecologia soube aprender. HAVILAND, Willian A. et al. “Princípios de antropologia”. São Paulo: Cengage Learning, 2011. p. 120. Sociologia rural e urbana Usar as coisas ao nosso redor é o que enraíza a história humana, portanto, sigamos com uma palavrinha sobre como nos relacionamos com o ambiente circundante, baseados na necessidade irrefletida de sobrevivência e no impulso de criar meios diferentes dos naturais que lhe antecedem. Sociologia rural e urbana Interatividade (ENADE, 2005. Adaptada) As seguintes afirmações constituem tratamento transversal dado ao tema meio ambiente, exceto: a) Não existe apenas uma crise ambiental, mas uma crise civilizatória, sendo necessária uma profunda mudança na concepção de mundo, de natureza e de poder. b) A problemática ambiental implica, no âmbito social, mudanças no comportamento, na construção de formas de pensar e agir na relação com a natureza. c) A questão ambiental diz respeito sobretudo à preservação dos ambientes naturais intocados e ao controle da poluição. d) É preciso criar e aplicar formas cada vez mais sustentáveis de interação sociedade/natureza na perspectiva de buscar soluções para os problemas ambientais. e) O crescimento econômico deve estar subordinado a uma exploração racional e responsável dos recursos naturais para garantir a vida das gerações futuras. 4. Estruturas sociais e fundiárias Perspectiva histórica e regional da propriedade e mediação territorial. Foco socioeconômico. Sociologia rural e urbana O país inventou a fórmula simples da coerção laboral do homem livre: se a terra fosse livre, o trabalho tinha que ser escravo; se o trabalho fosse livre, a terra tinha que ser escrava. O fato singular de que a economia do café, no Brasil, tenha florescido com base no trabalho escravo e tenha tido um segundodesenvolvimento espetacular com base no trabalho livre constitui referência sociológica de fundamental relevância para o estudo crítico de um dos complicados temas das ciências sociais nesse cenário peculiar: o da transição de um modo de produção a outro. MARTINS, J. S. “O cativeiro da terra”. São Paulo: Hucitec, 1986. Sociologia rural e urbana O rural distingue-se do agrário, pois ao fazermos uma guinada em direção à dimensão econômica da sociedade, falamos de atividades agrárias como setor produtivo, além de modo de vida, negócios: do campesinato histórico a trabalhador rural moderno há muitas mudanças, já mencionadas quando nos referimos aos trabalhos de Margarida Maria Moura. Sociologia rural e urbana A questão agrária brasileira articula-se às questões fundiária e da pobreza, tornando-se fundamental estudá-las. As políticas territoriais estão na base da geografia da produção e da distribuição de produtos, sendo as mais importantes à compreensão do modelo de propriedade brasileira a lei portuguesa de concessão de sesmarias, de 1375, Lei de Terras de 1850 e Estatuto da Terra de 1964. Seguem referências de três abordagens sobre o tema: JAHNEL, T. C. “As leis de terras no Brasil”. Boletim Paulista de Geografia, AGB. n. 65, São Paulo, 2. semestre de 1987. p.105-116. OSÓRIO, S. L. “Na terra, as raízes do atraso”. História Viva, Ano 1, n. 1, nov. 2003. p. 72-7. MARTINS, J. S. “A questão agrária brasileira e o papel do MST”. In: STEDILE, J. P. (org.). “A reforma agrária e a luta do MST”. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. Sociologia rural e urbana Observação sobre a pesquisa como fonte de informações ao pensamento científico. Observemos na tabela a seguir as duas colunas externas da direita e da esquerda. Há discrepância entre a hierarquização inicial das variáveis escolhidas pelo corpo técnico de pesquisadores e aquela resultante de discussão com o povo em plenária, assembleia popular. Sociologia rural e urbana Imagem com visualização Imagem sem visualização Sociologia rural e urbana N° Indicadores Classificação 1 Renda familiar per capita → 1 2 Acessibilidade ao emprego 9 3 Proporção de população não economicamente ativa 11 4 Abastecimento de água 6 5 Consumo de água per capita → 4 6 Rede de esgoto → 3 7 Percentagem de população analfabeta e com primário incompleto → 2 8 Padrão da área construída 9 9 Erosão e inudação 12 10 Sexo do chefe da família 10 11 Número de pessoas por domicílio → 5 12 Metros quadrados de construção per capita 7 13 Proporção de migrantes 13 Fonte: AKERMAN, Marco et al . “Saúde e meio ambiente: uma análise de diferenciais intraurbanos enfocando o Município de São Paulo”. Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 28, n. 4, p. 320-325, ago. 1994. Deve-se dirigir as observações e os comentários para as constatações de que: 1. a primeira coluna é prevista pela equipe técnica e tudo indica seu “desconhecimento” e falta de experiência pessoal das carências das áreas estudadas; 2. enquanto a segunda coluna apresenta a síntese das discussões entre os técnicos e os habitantes (senso comum fundamental por levar vida à ciência), hierarquiza os números de modo que os valores das variáveis mudam conforme se vivenciam os problemas e a carência não é apenas estudada, mas vivida. Sociologia rural e urbana Problemas básicos da pesquisa científica são: dificuldades com as fontes; sua tendência a descartar o outro; rebaixá-lo ou com ele identificar-se. Sociologia rural e urbana Assinale a alternativa que apresenta a pesquisa como instrumento ético de aprendizagem. a) A pesquisa pode facilitar o aprendizado. b) Planejar uma pesquisa e implementar um projeto é, em si mesmo, contribuir para a melhoria da vida social. c) A atividade de pesquisa é crucial para unificar prática e teoria, conhecendo melhor as pessoas que se estuda e para as quais se planeja. d) A pesquisa de campo é, essencialmente, teórica. e) O pesquisador deve impor os caminhos corretos à população, pois ele é quem detém o saber técnico, competente. Interatividade Um pouco de geografia: implicações da identidade de estruturas social e territorial. Concentração de propriedade e mobilidade socioespacial. Sociologia rural e urbana Pequena propriedade fundiária e emprego de mão de obra familiar. Capital concentrado e produtivista. Sociologia rural e urbana Entram em cena também os circuitos produtivos agrários e urbanos, suas interdependências: funções (extrativas, agropecuárias, comerciais e industriais) e escalas (local, regional e internacional) clássicas e modernas. A vida urbana é dependente das áreas produtivas e novas propostas de “produção agrária nas cidades” (hortas urbanas, por exemplo). Sociologia rural e urbana Há circuitos viabilizadores da produção e implica também uma discussão sobre as ocupações e as migrações, os movimentos populacionais que constituem as tais estruturas. Trata-se de trabalhadores do campo e da cidade: novas figuras trabalhistas e localizações de atividades, como vimos em Maria José Carneiro, formam a miríade de agentes e grupos econômicos. Alguns termos dos estudos sobre os espaços rurais são muito importantes, também são nós e obstáculos ao conhecimento, tais como aldeamento, área, rural, vila, cidade, metrópole, por exemplo. Sociologia rural e urbana A cidade é um negócio com os devidos requisitos: produção- produto-reprodução, volatilidade, transformação contínua etc., como fato histórico. Assim, podemos seguir: “Utz”, em busca de elementos que lhe deem segurança contra perseguições e amparando-o contra as vicissitudes de nobre decadente, propiciem-lhe “equilíbrio”, vai a cata de cogumelos em sua terra natal, todos os anos. (CHATWIN, B. “Utz”. São Paulo: Cia das Letras, 1990. p. 75-6.) Sociologia rural e urbana Também “Sam” emigrado polonês em Avalon, que a procura de lugares marcantes de sua vida, que lhe dessem algum conforto, permitindo-lhe firmar-se como ente histórico; ao não encontrá-los, exceto um deles, lamenta ter se preocupado com a manutenção da história para as gerações subsequentes e afirma, já internado em um asilo, ter tido medo de nunca ter existido... (LEWINSON, Barri. “Avalon”. EUA, 1990.) Sociologia rural e urbana Alguns caminhos para enfrentar a desigualdade na base dos problemas a serem enfrentados por qualquer projeto que se ponha como sustentável são: quanto à legitimidade da gestão empresarial do ambiente que utiliza como recurso, isto é, qual é o papel do Estado regulador nessa questão; própria “ciência” da gestão pretender-se “gestão ambiental”; Sociologia rural e urbana quanto às perdas de qualidade alimentar (com inserção química não regulada ou mal gerenciada), das condições de trabalho (com maquinário que não diminui universalmente o risco), entre outras dimensões, quando confrontadas com modelos de integridade ou sustentabilidade; quanto às possibilidades “reais” de alternativas ao modo da racionalidade ambiental de E. Leff (2001), por exemplo, rumo a um saber ambiental que aprenda com as formas ecologicamente mais inteligentes. Sociologia rural e urbana Questões postas por Sauer: Será que precisamos perguntar se ainda há o problema da escassez de recursos, um equilíbrio ecológico que alteramos ou desdenhamos, colocando em risco o futuro? Foi astuto o Wordsworth da primeira era industrial, dizendo que “ao obter e gastar recurso, esgotamos nossas possibilidades”? SAUER (1992:21). Sociologia rural e urbana InteratividadeO saber ambiental é, segundo Enrique Leff, reaprendizagem. Assinale a alternativa verdadeira quanto ao conceito. a) Saber ambiental afirma-se sobre a racionalidade econômica. b) Saber ambiental é cuidar bem dos recursos ambientais. c) Racionalidade ambiental e saber ambiental são dois caminhos importantíssimos até a melhoria de qualidade de vida. d) Racionalidades ambiental e econômica são sinônimos para Leff. e) Saber ambiental requer que se volte no tempo e abandone a tecnologia. ATÉ A PRÓXIMA!