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Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Centro Universitário de Brasília – UniCEUB Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais – FAJS Curso de Direito 16/02/2018 (sexta-feira) 1) Conceitos de Direito Processual do Trabalho “É o ramo do direito que disciplina o processo do trabalho, o qual é o meio para a solução jurisdicional de conflitos trabalhistas” (Gustavo Filipe Barbosa Garcia). “É o ramo da ciência jurídica, constituído por um sistema de princípios, normas e instituições próprias, que tem por objeto promover a pacificação justa dos conflitos decorrentes das relações jurídicas tuteladas pelo direito material do trabalho e regular o funcionamento dos órgãos que compõem a justiça do trabalho” (Carlos Henrique Bezerra Leite). “É o ramo da ciência jurídica, dotados de normas e princípios próprios para a atuação do direito do trabalho e que disciplina a atividade das partes, juízes e seus auxiliares, no processo individual e coletivo do trabalho” (Renato Saraiva). Via de regra, o processo começa em decorrência de uma lide. Lide: conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida/insatisfeita. Sendo assim, a partir do momento que se tem uma lide, ela precisa ser solucionada. Para isso, temos três meios de solução de conflito: a) Autotutela: na autotutela tem-se a imposição do mais forte. Via de regra, esse meio de solução de conflito é proibido no direito, ou seja, não se pode decidir com as próprias mãos. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo b) Autocomposição: aqui, a lide será solucionada pelas próprias partes envolvidas. Neste caso, tem-se uma conciliação. c) Heterocomposição: na heterocomposição, um terceiro irá solucionar o conflito. Esse terceiro pode ser o judiciário, ou pode ser pela via arbitral. Aqui se encaixa a disciplina de direito processual do trabalho, onde os conflitos serão solucionados pelo poder judiciário. Levando em consideração que é um conflito trabalhista, quem irá solucioná-lo será a Justiça do Trabalho. 2) Autonomia do Direito Processual do Trabalho O Direito Processual do Trabalho é ou não um ramo autônomo do direito? Para isso, temos duas teorias: a) Monista: defendem a tese de que o Direito Processual do Trabalho não é um ramo autônomo do direito, pois quando se fala em “direito processual”, fala-se em um direito uno, onde o Direito Processual Civil, Direito Processual Penal, Direito Processual do Trabalho, dentre outros, seriam subdivisões. b) Dualista: para a teoria dualista, o Direito Processual do Trabalho é sim um ramo autônomo do direito, uma vez que possui princípios próprios, regras próprias e institutos próprios. Além disso, ainda possui uma justiça especializada (Justiça do Trabalho). Essa é a teoria majoritária. 3) Fontes do Direito Processual do Trabalho As fontes do Direito Processual do Trabalho podem ser classificadas em fontes formais e fontes materiais: a) Fonte formal: é o meio pelo qual o direito se exterioriza – Constituição Federal, CLT, CPC, entre outras legislações processuais. b) Fonte material: são as mesmas do direito material do trabalho, já que processo é o instrumento que faz valer o direito material, como por exemplo, fatos sociais, políticos, econômicos e morais. 4) Eficácia da lei processual trabalhista no tempo (912 da CLT, 14 do CPC) Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo A pergunta é: qual a lei processual aplicável a determinado processo? Obviamente, a lei que está em vigor. Mas, e se a lei processual mudar durante esse processo? A nova lei se aplica ou não se aplica a esse processo que está em curso? Para saber sobre a eficácia da lei processual no tempo, é preciso saber acerca de três teorias: a) Teoria da unidade processual: para essa teoria, levando em conta a unidade do processo, só irá ser aplicada uma única legislação processual – aquela que estava em vigor na data do ajuizamento da ação. b) Teoria das fases processuais: para essa teoria, o processo é divido em fases (postulatória, ordinatória, instrutória, decisória e recursal). Desta forma, a lei nova será aplicada no processo, porém, somente na fase posterior. c) Teoria do isolamento dos atos processuais: a lei nova tem aplicabilidade imediata, ou seja, no momento em que ela entra em vigor, será aplicada automaticamente naquele processo em curso. E os atos que foram praticados anteriormente, são atos válidos ou inválidos? É necessário praticá-los novamente com base na nova lei? Não, eles serão considerados atos válidos, em razão do tempus regit actum (pratica do ato conforme a lei que estiver em vigor naquela data). Essa é a teoria adotada no Brasil. Art. 912 (CLT) - Os dispositivos de caráter imperativo terão aplicação imediata às relações iniciadas, mas não consumadas, antes da vigência desta Consolidação. Art. 14. (CPC) - A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. 5) Reforma trabalhista (Art. 6º, Lei nº 13.467/2017) A reforma trabalhista trouxe alterações tanto no Direito do Trabalho quanto no Direito Processual do Trabalho. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo A reforma trabalhista se aplica ou não se aplica aos processos que estão em curso na justiça do trabalho? Via de regra, sim (teoria do isolamento dos atos processuais). A reforma trabalhista foi publicada no dia 13 de julho de 2017, mas só entrou em vigor 120 dias depois (11 de novembro de 2017) – IMPORTANTE GUARDAR ESSAS DATAS. Na reforma trabalhista, temos três problemas quanto a “aplicabilidade imediata” sustentada pela teoria do isolamento dos atos processuais: a) Honorários periciais: quando o juiz necessitar de conhecimentos técnicos ou científicos, ele será auxiliado por um perito. Após apresentar o laudo, o perito tem direito a receber pelo serviço prestado (honorários periciais). Acontece que, antes da reforma trabalhista, quem era beneficiário da justiça gratuita não pagava honorários periciais. Ou seja, se eu perdesse na pretensão objeto da perícia, e se eu fosse beneficiário da justiça gratuita, eu não iria pagar os honorários, e sim a União. Contudo, com a reforma trabalhista, mesmo que você seja beneficiário da justiça gratuita, você terá que pagar os honorários periciais. Ex: eu ajuizei uma ação em SET/2017 e agora, FEV/2018, pretendo realizar uma perícia. A pergunta é: eu devo ou não devo pagar os honorários periciais, ainda que eu seja beneficiário da justiça gratuita? Sim. A tese defendida é que se deve utilizar o CPC de forma subsidiária (art. 1047): Art. 1.047. As disposições de direito probatório adotadas neste Código aplicam-se apenas às provas requeridas ou determinadas de ofício a partir da data de início de sua vigência. Para esse artigo (1047, CPC), deve-se levar em consideração o requerimento específico da perícia, ou seja, a data que foi requerida a prova pericial, ou a partir da determinação de ofício pelo juiz. Em suma, para eu saber se vou pagar os honorários periciais ou não, é preciso levar em consideração a data do requerimento da prova pericial. Se a data do requerimento da prova pericial foi depois de 11/11/2017, eu entro na nova regra. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Por outrolado, se eu fiz esse requerimento antes de 11/11/2017, não vou pagar esses honorários periciais se eu perder. Obs: o requerimento de perícia genérico é válido para aplicação desta regra? Enunciado 366 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: O protesto genérico por provas, realizado na petição inicial ou na contestação ofertada antes da vigência do CPC, não implica requerimento de prova para fins do art. 1047. (Grupo: Direito intertemporal e disposições finais e transitórias) O requerimento genérico, então, para fins do 1047, é válido? Não. b) Honorários advocatícios: antes da reforma trabalhista, não existiam honorários sucumbenciais na justiça do trabalho na forma do CPC. Antes da reforma, somente o advogado do sindicato recebia honorários sucumbenciais. Advogado privado não tinha direito a honorários sucumbenciais. Com a reforma trabalhista, todos os advogados passaram a ter direito aos honorários advocatícios, mesmo que esteja atuando em causa própria. Ex: eu ajuizei uma ação em SET/2017 e perdi. A sentença saiu em FEV/2018. A pergunta é: o juiz vai me condenar em honorários advocatícios? Para responder, é preciso saber a natureza jurídica dos honorários advocatícios. Temos duas correntes: - Primeira: diz que os honorários advocatícios têm natureza jurídica processual, levando em consideração que ele decorre da sucumbência. Para quem defende que ele tem natureza processual, ele vai utilizar a teoria do isolamento dos atos processuais, ou seja, terá aplicabilidade imediata, devendo ser verificada a data em que essa decisão foi proferida. Se ela foi proferida depois da entrada em vigor, aplica-se os honorários advocatícios. - Segunda: diz que os honorários advocatícios têm natureza jurídica híbrida, ou seja, têm natureza processual, decorrente da sucumbência, bem como têm natureza material (alimentar). Quem defende que os honorários advocatícios têm Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo natureza híbrida, deve ser observada a data do ajuizamento da ação, e não a data da sentença a ser proferida. O TST ainda não decidiu essa questão. Mas, provavelmente, o Tribunal vai adotar a segunda corrente – Enunciado 98 da 2ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho: HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. INAPLICABILIDADE AOS PROCESSOS EM CURSO - EM RAZÃO DA NATUREZA HÍBRIDA DAS NORMAS QUE REGEM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (MATERIAL E PROCESSUAL), A CONDENAÇÃO À VERBA SUCUMBENCIAL SÓ PODERÁ SER IMPOSTA NOS PROCESSOS INICIADOS APÓS A ENTRADA EM VIGOR DA LEI 13.467/2017, HAJA VISTA A GARANTIA DE NÃO SURPRESA, BEM COMO EM RAZÃO DO PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE, UMA VEZ QUE A EXPECTATIVA DE CUSTOS E RISCOS É AFERIDA NO MOMENTO DA PROPOSITURA DA AÇÃO. c) Recursos: quanto aos recursos, é preciso fazer duas observações: - Primeira observação: quanto aos pressupostos recursais (requisitos), deve- se observar a data da publicação da decisão. - Segunda observação: no que tange ao processamento do recurso, e ao julgamento, se aplica a lei nova. Ex: a sentença foi publicada enquanto a lei velha estava em vigor. Os pressupostos processuais vão observar a lei velha ou a lei nova? A lei velha; e quanto ao processamento e julgamento, a lei velha ou a lei nova? A lei nova. 21/02/2018 (quarta-feira) Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo 6) Integração normativa Sabe-se que o juiz não pode deixar de sentenciar alegando lacuna ou obscuridade na legislação. Nestes casos, ele irá se utilizar de outro meio para decidir aquele mérito. Se utilizar a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), vai ser utilizado o seu art. 4º: Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Contudo, também temos o art. 140, do CPC, que traz expressamente o seguinte: Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Acontece que a CLT trata desse assunto. Então, se eu tiver omissão na legislação processual trabalhista, irei utilizar o art. 8º da CLT: Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo § 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) § 2o Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) § 3o No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência). Em suma, havendo omissão, lacuna ou obscuridade na legislação, o juiz pode deixar de sentenciar? Não. Ele terá que resolver pela integração normativa (art. 8º, CLT). 7) Princípios Quando falamos em princípios, identificamos três funções: interpretativa, informadora e integrativa. - Interpretativa: o princípio auxilia na interpretação da norma. Na hora de interpretar uma norma, o juiz vai se utilizar também dos princípios; - Informadora: é a função de inspirar o legislador na criação da norma; Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo - Integrativa: os princípios servem como meio de integração normativa. 7.1) Princípios constitucionais a) Princípio do devido processo legal Ninguém será privado dos seus bens ou da sua liberdade sem o devido processo legal. Art. 5º, inciso LIV, da CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Cuidado: quando se fala em processo legal, tem-se o devido processo legal formal e o devido processo legal substancial: - Formal: nada mais é que a forma/procedimento, ou seja, alguém só pode ser privado dos seus bens e da sua liberdade desde que o procedimento daquele processo seja observado. Neste caso, deve-se observar a legislação processual da CLT e o CPC. - Substancial:leva-se em consideração que aquela pessoa que será julgado por aquele tribunal teve o livre acesso à justiça, que ela tenha efetivamente uma decisão de mérito e que essa decisão seja concedida em uma duração razoável (princípio da razoável duração do processo). b) Princípio do juiz natural O devido processo legal é conduzido por um juiz. Esse juiz deve ser competente. Ou seja, você só pode ser julgado por um órgão competente, desde que esse juiz seja um juiz imparcial. Tem-se a garantia de ser julgado por meio de um processo que observa a legislação processual, onde se tem todos os direitos e garantias para que se tenha Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo uma tutela efetiva, bem como tem que ser julgado por um órgão competente, desde que o juiz seja imparcial. Art. 5º, XXXVII, CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; c) Princípio da igualdade Quando se está falando de processo, fala-se em igualdade de tratamento. O mesmo tratamento que o juiz der para uma parte, terá que dar, também, para a parte contrária. Art. 7º, CPC: Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. Art. 139, I, CPC: Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; d) Princípio da inafastabilidade da jurisdição: Art. 5º, XXXV, CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Art. 3º, CPC: Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei. § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. e) Princípio do contraditório: Todos no processo têm direito ao contraditório. Contraditório: tem por finalidade dar ciência à parte de que um ato foi praticado e que, se ela quiser, poderá se manifestar quanto àquele ato. O contraditório pode ser formal ou substancial: - Formal: informação + possibilidade de manifestação. Ex: uma das partes juntou folha de ponto. Nesse caso, o juiz deverá intimar a parte contrária para que ela tenha conhecimento desse ato e que, se ela quiser, se manifeste no prazo de 10 dias. - Substancial: informação + possibilidade manifestação + poder de influência. Hoje o contraditório é visto da seguinte forma: dar-se-á ciência a uma das partes sobre determinado ato praticado, abrir-se-á a possibilidade de manifestação à parte Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo contrária e, no momento da manifestação, essa parte (contrária) terá o poder de influenciar quem vai julgar o processo. Art. 5º, LV, CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Art. 7º, 9º e 10, CPC: Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III - à decisão prevista no art. 701. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Cuidado com o artigo 10, do CPC. Ex: uma empregada ajuizou uma ação em face de uma empresa. O juiz, quando foi sentenciar, verificou que seus direitos estavam prescritos. Contudo, nenhuma das partes alegou prescrição. A pergunta é: o juiz pode sentenciar sem antes dar a possibilidade de manifestação pelas partes? Não (art. 10, CPC). Qual será, então, o procedimento a ser adotado pelo juiz? Abrir o contraditório para o reclamante e para o reclamado, com o objetivo de não proferir uma decisão surpresa. O art. 10, do CPC, veio para se evitar a decisão surpresa (a que, no julgamento final do mérito da causa, em qualquer grau de jurisdição, aplicar fundamento jurídico ou embasar-se em fato não submetido à audiência prévia de uma ou de ambas as partes – IN n. 39/2016 – TST). f) Princípio da motivação das decisões judiciais Todas as decisões, sejam elas judiciais ou administrativas, devem ser motivadas, fundamentadas. Art. 93, IX, CF: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Art. 11, CPC: Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público. g) Princípio da publicidade Via de regra, os atos processuais serão públicos. Excepcionalmente, esses atos correrão em segredo de justiça. Art. 93, IX, CF: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciárioserão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Art. 770, CLT: Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Cuidado: quando os processos correrão em segredo de justiça? “Quando o contrário determinar o interesse social”. Com base no interesse social, esses atos podem sim correr em segredo de justiça. h) Princípio da duração razoável do processo Esse princípio virou um princípio constitucional em 2004 com a Emenda Constitucional nº 45. Art. 5º, LXXVIII, CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 4, CPC: Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Art. 765, CLT: Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas. 7.2) Princípios do Código de Processo Civil a) Princípio da primazia da decisão de mérito Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Sabe-se que a sentença pode ser terminativa ou definitiva: - Terminativa: quando não há a resolução do mérito, ou seja, quando não há a análise do mérito. - Definitiva: quando há a resolução do mérito, ou seja, quando há a análise do mérito. Art. 4º, CPC: Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Antes do CPC de 2015, se você fosse recorrer, e ficasse faltando 1 centavo do seu preparo, o seu recuso era considerado deserto e não subia para julgamento. Não teria, também, complementação desse 1 centavo. Não se aplicava a complementação na Justiça do Trabalho. Com o CPC de 2015, essa prática não pôde continuar, uma vez que deve ser levada em consideração a decisão de mérito. b) Princípio da cooperação Qualquer pessoa que estiver no processo, não somente as partes, ou seja, qualquer pessoa que direta ou indiretamente esteja participando daquele processo, deve cooperar entre si para que se obtenha uma decisão de mérito. Art. 6º, CPC: Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Hoje, o modelo atual do processo é o cooperativo (princípio da cooperação – art. 6º, CPC). Contudo, antes dele, tivemos o modelo adversarial e o modelo inquisitivo: Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo - Adversarial: o juiz tinha um papel passivo. Ou seja, levando em consideração que existia um conflito de interesse entre autor e réu, o juiz estava ali simplesmente para exercer a função de mediador. - Inquisitivo: o juiz passou a ter o papel de direção (“quem manda aqui sou eu”). c) Princípio da boa-fé Art. 5º, CPC: Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. Qualquer pessoa que participar no processo deve atuar com boa-fé, ou seja, deve atuar com lealdade. 7.3) Outros princípios a) Princípio do dispositivo (ou princípio da demanda) Sabe-se que uma das características da jurisdição é a inércia, devendo, então, ser provocada pelas partes. Art. 2º, primeira parte, CPC: Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. b) Princípio do inquisitivo (ou princípio do impulso oficial) Art. 2º, segunda parte, CPC: Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. 7.4) Princípios do processo do trabalho a) Princípio da aplicação subsidiária Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Nós não temos um código do trabalho, nem um código de processo do trabalho. O que nós temos é uma CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Essa Consolidação nada mais é do que um conjunto de normas que estavam soltas e que foram reunidas. Nela, há tanto normas que versam sobre direito material quanto normas que versam sobre direito processual do trabalho. Acontece que a CLT não traz todo o procedimento do processo. Nestes casos, devemos utilizar uma outra legislação para complementar a CLT. Vou utilizar a legislação processual comum de forma subsidiária, ou seja, vou aplicar o CPC de forma subsidiária. Art. 769, CLT (processo de conhecimento): Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. Cuidado: quando a CLT for omissa quanto a um ato processual, utiliza-se o CPC de forma subsidiária, desde que haja compatibilidade com as normas processuais do trabalho (omissão + compatibilidade das normas). Ex: no processo civil, se os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, de escritórios distintos, eles têm direito ao prazo em dobro. Contudo, na Justiça do Trabalho, essa regra não pode se aplicar, uma vez que essa regra é incompatível com o processo do trabalho. O objetivo principal do processo do trabalho é a celeridade. Art. 889, CLT (processo de execução): Art. 889 - Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal. O CPC será utilizado de forma subsidiária na Justiça do Trabalho, seja no processo de conhecimento, seja no processo de execução. Cuidado para não cair na pegadinha de que o CPC só pode ser utilizado de forma subsidiária no processo Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo de conhecimento. Pois, como já dito, pode ser utilizado tanto no processo de conhecimento, como no processo de execução. Art. 15, CPC: Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. Art. 1º, IN nº 39/2016 – TST: Art. 1° Aplica-se o Código de Processo Civil, subsidiária e supletivamente, ao Processo do Trabalho, em caso de omissão e desde que haja compatibilidade com as normas e princípios do Direito Processual do Trabalho, na forma dos arts. 769 e 889 da CLT e do art. 15 da Lei nº 13.105, de 17.03.2015. A pergunta é: quando vou utilizaro CPC de forma subsidiária e quando vou utilizar o CPC de forma supletiva? Quando a CLT for omissa, ou seja, ela não trata do assunto (omissão total), utiliza-se o CPC de forma subsidiária. Por outro lado, quando a CLT tratar do assunto de forma incompleta (omissão parcial), utiliza-se o CPC de forma supletiva. b) Princípio da oralidade Por que o processo do trabalho é mais célere do que os outros processos? Porque, via de regra, alguns atos processuais serão praticados verbalmente. Ex: reclamação trabalhista (verbal ou escrita), contestação (verbal ou escrita), razões finais (verbal). O ato praticado verbalmente deve ser reduzido a termo. Ex: oitiva de uma testemunha. Trata-se de um princípio doutrinário. c) Princípio da conciliação Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Todos os processos trabalhistas, sem exceção, estão sujeitos à conciliação, independentemente do grau de jurisdição. Art. 764, CLT: Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação. § 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos. § 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste Título. § 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório. Empregado e empregador irão fazer um acordo (conciliação). Quando se faz tal acordo, é preciso verificar se esse acordo vai ser feito pelo objeto da inicial ou se ele vai ser feito pelo extinto contrato de trabalho: Se o acordo for feito pelo objeto da inicial, dar-se-á quitação somente dos pedidos constantes na reclamação trabalhista, ou seja, na petição inicial. Contudo, se o acordo for feito pelo extinto contrato de trabalho, dar-se-á quitação geral de todo o período que foi trabalhado, inclusive daqueles pedidos que não constavam na petição inicial. Nesse caso, o empregado não poderá, futuramente, ajuizar uma ação pedindo qualquer coisa que tenha ficado de fora da petição inicial. Mais vantajoso para o empregado: acordo feito pelo objeto da inicial, pois, se o advogado tiver deixado algum pedido de fora, ainda poderá ajuizar uma outra ação contra aquela empresa. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Mais vantajoso para o empregador: acordo feio pelo extinto contrato de trabalho, pois o empregador terá a segurança de que não aparecerá outra ação sendo ajuizada pelo mesmo empregado contra ele. Quando se fala em princípio da conciliação, em alguns momentos do processo, o juiz é obrigado a propor o acordo. Para isso, é necessário saber qual o rito utilizado. Se for o rito sumaríssimo (valor da causa de até 40 salários mínimos), o juiz é obrigado a fazer 1 (uma) única proposta de acordo, logo após a abertura da audiência, sob pena de nulidade. Se for o rito ordinário (valor da causa acima de 40 salários mínimos), o juiz é obrigado a tentar a conciliação em 2 (dois) momentos. O primeiro momento é logo após a abertura da audiência. O segundo momento é após as razões finais e antes da sentença. Esses dois momentos são chamados de juízos conciliatórios (art. 764, § 3º, CLT). Cuidado: mesmo depois desses dois momentos, as partes ainda podem fazer acordo. Caso: eu ajuizei uma ação pedindo R$ 50.000,00. Contudo, fiz um acordo com o empregador no valor de R$ 15.000,00. Fomos até o juiz e solicitamos a homologação de tal acordo. Pergunta: o juiz é obrigado a homologar esse acordo? Súmula 418, TST: A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança. Obs: com a reforma trabalhista, temos um novo procedimento chamado “homologação de acordo extrajudicial” (procedimento de jurisdição voluntária). A súmula 418, do TST, não se aplica à jurisdição voluntária. d) Princípio do jus postulandi A capacidade postulatória é privativa do advogado devidamente inscrito nos quadros da OAB. Ou seja, somente pode fazer pedido em juízo o advogado devidamente inscrito na OAB. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Contudo, na Justiça do Trabalho, as partes podem pessoalmente postular sem necessidade de estarem representadas por advogado, independentemente do valor da causa. Art. 791, CLT: Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. § 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer- se representar por intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. § 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado. § 3o A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da parte representada. (Incluído pela Lei nº 12.437, de 2011). A CLT diz que você pode postular sem advogado até o final, contudo, até o final, esse processo pode chegar até o STF, passando pela Vara do Trabalho, pelo TRT e pelo TST. A Vara do Trabalho e o TRT são chamados de instâncias ordinárias. O TST e o STF são instâncias extraordinárias. Você só pode ficar sem advogado nas instâncias ordinárias (Vara do Trabalho e TRT). Se for para o TST, ou para o STF, obrigatoriamente terá que ter a presença de advogado. Exceções: súmula 425, do TST: O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. Se eu estiver na Vara do Trabalho ou no TRT e for uma ação rescisória, uma ação cautelar, mandado de segurança ou recurso de competência do TST, eu preciso de advogado. Caso: eu ajuizei uma ação e perdi. Quero agora recorrer para o TRT, eu mesmo posso fazer esse recurso? Sim. Contudo, se eu perder no TRT e quiser levar a causa para o TST, precisarei de advogado. 23/02/2018 (sexta-feira) e) Princípio da normatização coletiva Esse princípio tem previsão no art. 114, da CF: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo empregadores; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IVos mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). A Justiça do Trabalho é a única justiça que tem a possibilidade de criar regras (gerais e abstratas) que são aplicáveis a uma categoria/coletividade. Quando se fala em justiça, sabemos que cabe ao judiciário aplicar a lei ao caso concreto. Contudo, a única justiça que tem a possibilidade de normatizar é a Justiça do Trabalho, conforme disposto no art. 114, da CF. Temos uma ação na Justiça do Trabalho chamada “Dissídio Coletivo”. Nesse Dissídio Coletivo vai ser proferida uma sentença chamada “sentença normativa” (com duração de até 4 anos). Trata-se de uma sentença normativa pois ela cria lei entre as partes. f) Princípio da extra petição É quando o juiz concede um direito que não foi requerido pela parte, ou seja, ele te dá um direito que não foi pedido. Isso é chamado de extra petição. Sabemos que uma sentença não pode ser ultra petita, extra petita ou citra petita. Via de regra, o juiz só pode conceder aquilo que foi pedido, ou seja, o juiz está adstrito aos pedidos da petição inicial. Contudo, pelo princípio da extra petição, o juiz vai poder dar algum direito que não foi requerido, pois ele o faz estando autorizado pela lei. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Exemplo 1: súmula 211 do TST: Súmula nº 211 do TST JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação. Exemplo 2: súmula 396 do TST: Súmula nº 396 do TST ESTABILIDADE PROVISÓRIA. PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO. CONCESSÃO DO SALÁRIO RELATIVO AO PERÍODO DE ESTABILIDADE JÁ EXAURIDO. INEXISTÊNCIA DE JULGAMENTO "EXTRA PETITA" (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 106 e 116 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - Exaurido o período de estabilidade, são devidos ao empregado apenas os salários do período compreendido entre a data da despedida e o final do período de estabilidade, não lhe sendo assegurada a reintegração no emprego. (ex-OJ nº 116 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997) II - Não há nulidade por julgamento “extra petita” da decisão que deferir salário quando o pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT. (ex-OJ nº 106 da SBDI-1 - inserida em 20.11.1997). Exemplo 3: Imagine uma empregada que tenha ajuizado uma ação e não requereu os benefícios da justiça gratuita. O juiz, na hora de sentenciar, verificou Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo que ela preenchia os requisitos e concluiu “defiro os benefícios da justiça gratuita”. O juiz poderia, de ofício, conceder tais benefícios? Art. 790, § 3º, da CLT: Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002) § 1o Tratando-se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002) § 2o No caso de não-pagamento das custas, far-se-á execução da respectiva importância, segundo o procedimento estabelecido no Capítulo V deste Título. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002) § 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002) Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo § 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017). 8) Organização da Justiça do Trabalho Sabe-se que a Justiça é dividida em Justiça Comum (Federal e Estadual) e Justiça Especial (Justiça do Trabalho, Eleitoral e Militar). Logo, a Justiça do Trabalho é um ramo especializado. É necessário saber os órgãos que compõem esse ramo especializado. Eles estão previstos tanto na Constituição Federal como na Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 111, CF: Seção V (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Regionaisdo Trabalho e dos Juízes do Trabalho Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: I - o Tribunal Superior do Trabalho; Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo II - os Tribunais Regionais do Trabalho; III - Juizes do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999) §§ 1º a 3º (Revogados pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). 8.1) Tribunal Superior do Trabalho (TST) Trata-se de um órgão de cúpula, ou seja, a última palavra em matéria trabalhista é dada por ele. O TST tem jurisdição nacional. Isso quer dizer que sua atuação é de âmbito nacional, com sede em Brasília, e tem por objetivo uniformizar a jurisprudência. Tribunal Superior do Trabalho – TST Órgão de cúpula do Poder Judiciário Trabalhista. Jurisdição no território nacional. Sediado em Brasília. Uniformizar a interpretação da legislação Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Art. 92, CF: Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - o Superior Tribunal de Justiça; II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o trabalhista no âmbito de sua competência. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo território nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Art. 111-A, da CF (composição do TST): Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II os demais dentre juízes (desembargadores) dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 1º A lei (CLT) disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar, originariamente, a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) 8.2) Tribunal Regional do Trabalho (TRT) Tem previsão expressa no art. 115, da CF: Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes (desembargadores), recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 8.3) Juízes do Trabalho (Varas do Trabalho) Para ser Juiz do Trabalho é preciso ser aprovado em concurso público. Em cada Vara do Trabalho existirá um juiz singular. Art. 116, CF: Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999) Parágrafo único. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999) E se não houver Vara do Trabalho em determinada localidade, o que fazer? Nas localidades onde não houver Vara do Trabalho, tal competência será repassada Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo para um Juiz de Direito. Esse Juiz de Direito estará investido na jurisdição trabalhista. Caso o Juiz de Direito investido na jurisdição trabalhista profira uma sentença, e uma das partes queira recorrer, onde deverá fazê-lo? No Tribunal de Justiça (TJ) ou no Tribunal Regional do Trabalho (TRT)? R: no respectivo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) – art. 111, da CF: Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Importante: como já dito, se não houver Vara do Trabalho na localidade, a competência é repassada para um Juiz de Direito. Contudo, a partir do momento em que essa Vara do Trabalho for instaurada, todos os processos irãopara lá automaticamente, ainda que estejam na fase de execução – súmula 10 do STJ: Súmula 10/STJ - 18/12/2017. Competência. Execução de sentença. Instalação de JCJ. Justiça do Trabalho. CPC, art. 87. CLT, art. 769. Instalada a Junta de Conciliação e Julgamento (Vara do Trabalho), cessa a competência do Juiz de direito em matéria trabalhista, inclusive para a execução das sentenças por ele proferidas. Art. 93, I, CF: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo- se, nas nomeações, à ordem de classificação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 8.4) Ministério Público do Trabalho (MPT) Art. 127, CF: Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. § 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo § 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) O Ministério Público é divido em Ministério Público da União (MPU) e Ministério Público dos Estados (MPE). O Ministério Público do Trabalho (MPT) está dentro do Ministério Público da União (MPU): Ministério Público da União (MPU) Ministério Público do Trabalho (MPT) Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Ministério Público da União (MPU) Ministério Público Federal (MPF) Ministério Público Militar (MPM) Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) MPT – é o ramo do Ministério Público da União, incumbido de tutelar os direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis, quando pautados na relação de trabalho. Art. 81, do CDC: Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. DIFUSOS COLETIVOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS Transindividuais Transindividuais Individuais Indivisíveis Indivisíveis Divisíveis Pessoas indeterminadas Classe, categoria ou grupo Origem comum Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Ligadas por circunstância de fato 1. Ligadas entre si ou 2. Com a parte contrária por uma relação jurídica- base Desnecessária ligação - Direitos difusos: Os direitos difusos são transindividuais pois ultrapassam a esfera de uma única pessoa, ou seja, fala-se de uma coletividade. Os direitos difusos são indivisíveis pois sua decisão é igual para todos daquela coletividade. No âmbito dos direitos difusos, tem-se pessoas indeterminadas, ou seja, não se sabe quem são essas pessoas. Sabe-se tão somente que é uma coletividade. No âmbito dos direitos difusos, as pessoas (indeterminadas) estão ligadas por uma circunstância de fato. Exemplo (direitos difusos): uma empresa pública está contratando aleatoriamente, com e sem concurso público. O MPT descobriu e ajuizou uma Ação Civil Pública para que a empresa fosse condenada a contratar somente mediante concurso público. A pergunta é: nesse caso, a medida judicial está correta? R: sim, pois pega uma coletividade (todo mundo que quer fazer concurso público), sendo que sua decisão será igual para todo mundo (os empregados só serão contratados mediante concurso público). Trata-se de pessoas indeterminadas (todas as pessoas que irão fazer concurso público), que estão ligadas por uma circunstância de fato (submissão ao concurso público). - Direitos coletivos: Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Os direitos coletivos são transindividuais pois ultrapassam a esfera de uma única pessoa, ou seja, fala-se de uma coletividade. Os direitos coletivos são indivisíveis pois sua decisão é igual para todos daquela coletividade. No âmbito dos direitos coletivos, as pessoas não são indeterminadas. Pelo contrário, são determináveis, pois agora tem-se uma classe, categoria ou um grupo específico. No âmbito dos direitos coletivos, as pessoas (determináveis) estão ligadas entre si, ou com a outra parte, por meio de uma relação jurídica-base. Exemplo (direitos coletivos): uma empresa tem 10.000 empregados. Em determinado setor trabalham 2.000empregados, os quais realizam suas tarefas num local que não possui boa ventilação, não possui boa iluminação, dentre outros problemas. Ou seja, essa empresa não se preocupa com seu ambiente de trabalho. Diante desse cenário, o MPT ajuíza uma Ação Civil Pública para que essa empresa seja obrigada a se adequar às normas de segurança e medicina do trabalho. Nesse caso, fala-se em direitos coletivos, pois é transindividual, tendo uma decisão igual para todos, tendo pessoas determináveis (2.000 pessoas que trabalham em determinado setor), ligadas entre si (colegas de trabalho) e com a parte contrária (empregador). - Direitos individuais homogêneos: Os direitos individuais homogêneos, por óbvio, são individuais, ou seja, não ultrapassam a esfera de uma única pessoa. Os direitos individuais homogêneos são divisíveis pois sua decisão será diferente para cada uma dessas pessoas. No âmbito dos direitos individuais homogêneos, as pessoas estão ligadas por uma origem comum. No âmbito dos direitos individuais homogêneos, não há necessidade de ligação entre as pessoas. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Exemplo (direitos individuais homogêneos): uma empresa tem 5.000 empregados, sendo que 3.000 empregados trabalham em condições perigosas e não recebem adicional de periculosidade. Quem deve ajuizar a ação para que a empresa fosse condenada a pagar estes adicionais de periculosidade? R: cada um dos empregados que teve seus direitos lesados. O MPT pode ajuizar uma ação só para todos os empregados? R: sim, pois trata-se de direitos individuais homogêneos. Qual será o nome da ação que deverá ser ajuizada? R: Ação Civil Coletiva. Enfim, os direitos são individuais (cada empregado tem direito ao adicional de periculosidade), a decisão não será igual para todo mundo (cada um vai receber um valor, pois trata-se de 30% do salário do empregado), a origem é comum (pois os empregados têm direito a periculosidade) e não há necessidade de ligação entre eles. Resumindo, cabe ao MPT a tutela dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. Ou seja, via de regra, cabe ao MPT a tutela coletiva e não a individual (via de regra). A Lei Complementar 75/1993 diz quem é o chefe do Ministério Público do Trabalho: o Procurador-Geral do Trabalho (PGT). Quem faz a nomeação do PGT? R: o Procurador-Geral da República (PGR) – art. 88, LC 75/1993: Art. 88. O Procurador-Geral do Trabalho será nomeado pelo Procurador-Geral da República, dentre integrantes da instituição, com mais de trinta e cinco anos de idade e de cinco anos na carreira, integrante de lista tríplice escolhida mediante voto plurinominal, facultativo e secreto, pelo Colégio de Procuradores para um mandato de dois anos, permitida uma recondução, observado o mesmo processo. Caso não haja número suficiente de candidatos com mais de cinco anos na carreira, poderá concorrer à lista tríplice quem contar mais de dois anos na carreira. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Como já dito, via de regra, cabe ao MPT a tutela coletiva. Excepcionalmente, em alguns casos, caberá a ele a tutela individual (como parte ou como fiscal da lei): - Quando se tratar de menores; - Quando se tratar de incapazes; - Quando se tratar de índios. O MPT pode atuar judicialmente ou extrajudicialmente. Atuando extrajudicialmente, tem-se dois procedimentos mais usuais: - Inquérito Civil (IC); - Termo de Ajuste, ou de Ajustamento, de Conduta (TAC). Quando o Procurador do Trabalho recebe uma denúncia, ele irá apurá-la, por meio do Inquérito Civil (IC). Ex: um empregado vai até o MPT e diz que está sofrendo assédio moral por parte do empregador. Se restar comprovado que tal denúncia é verdadeira, o MPT poderá ajuizar uma ação na justiça pedindo para que tal prática cessasse. Contudo, ele também pode atuar extrajudicialmente, por meio do TAC (Termo de Ajuste de Conduta). Nesse caso, o empregador se comprometeria a não mais praticar aquele ato ilícito, sob pena de multa ou indenização. Para um TAC ser assinado, é necessário ter havido um Inquérito Civil antes? R: não, basta haver provas suficientes. Da mesma forma, para o MPT ajuizar uma ação judicial, não é necessária sua atuação extrajudicial (IC e TAC). Princípios do MP – art. 127, § 1º, CF: Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo § 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. Quando se fala em Ministério Público, fala-se de um órgão só. Pode ocorrer, inclusive, de um Procurador do Trabalho ajuizar uma Ação Civil Pública e outro Procurador do Trabalho ir para a respectiva audiência. Não se fala da pessoa do Procurador do Trabalho, fala-se no órgão Ministério Público do Trabalho, que tem independência funcional. 28/02/2018 (quarta-feira) 9) Jurisdição e competência Art. 114, I, primeira parte, da Constituição Federal: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Quais são as espécies de relação de trabalho (gênero)? Temos o trabalho autônomo, o trabalho eventual, o trabalho voluntário, o trabalho avulso, o estágio e a relação de emprego. Relação de trabalho é todo e qualquer tipo de prestação de serviço. Trabalho, prestou serviço, trata-se de relação de trabalho. Antes de 2004, a Justiça do Trabalho só tinha competência para julgar a relação de emprego, ou seja, somente se julgava empregado da Justiça do Trabalho. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Com a Emenda Constitucional 45, de 2004, essa competência foi ampliada. A Justiça do Trabalho passou a julgar não somente a relação de emprego, mas também toda relação de trabalho. O STF decidiu que a Justiça do Trabalho não tem competência para julgar relação de consumo. Quando se tratar de relação de consumo, não é competência da Justiça do Trabalho. Em suma, a Justiça do Trabalho tem competência para julgar relação de trabalho lato sensu (gênero), exceto a relação de consumo. A Justiça do Trabalho não tem competência para julgar matéria penal (STF). Obs: honorários advocatícios - o advogado fez um contrato e não recebeu. Agora, pretende executar os honorários. A competência é da Justiça do Trabalho ou da Justiça Comum? Pesquisar: um acórdão do TST que diz que para executar os honorários advocatícios é da Justiça do Trabalho; um acórdão do STJ que diz que para executar os honorários advocatícios é da Justiça Comum. Art. 114, I, segunda parte, da Constituição Federal: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Quem pode ser chamado de ente de direito público externo? Os estados estrangeiros, as embaixadas, os consulados e as organizações internacionais. Os estados estrangeiros possuem imunidade? Certamente. Nessa medida, eles podem ser julgados e processados aqui no Brasil? Via de regra, não. Contudo, o STF decidiu o seguinte: por se tratar de estados estrangeiros (nesse entendimento também abrangidas as embaixadas e os consulados), é preciso verificar quais são os atos que eles praticam: se atos de império ou atos de gestão. Ato de império é Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo aquele que decorre da soberania do Estado. Ex: concessão de um visto; Por outro lado, quando se tratar de ato de gestão, equipara-se ao particular. Ex: contratação de recepcionista por uma embaixada americana aqui em Brasília. Para o STF, quando o estado estrangeiro pratica um ato de gestão, ele será equiparado ao particular. Dessa forma, ele não terá imunidade de jurisdição. Somente terá imunidade de execução. Poderá ser julgado pela Justiça do Trabalho. Uma recepcionista que mora em Brasília foi contratada pela embaixada americana e não recebeu nada. Ela pode ajuizar ação em face dessa embaixada americana? Pode. De quem é a competência? Da Justiça do Trabalho, pois, nesse caso, a embaixada americana estava praticando um ato de gestão. Não terá imunidade jurisdição, mas terá imunidade de execução. Ou seja, não será possível executar aqui no Brasil. Para essa execução ser efetivada, terá que ser feita uma carta rogatória. Acontece que temos duas exceções (hipóteses em que seria permitida a execução): renúncia a intangibilidade de seu bens ou quando houver no território brasileiro bens que, embora pertencentes ao ente externo, não tenham nenhuma vinculação com as finalidades essenciais inerentes às relações diplomáticas ou representações consultes mantidas no Brasil (STF - RE n. 222.368- 4) Quanto aos organismos internacionais, temos a OJ 416 da SDI-1 do TST: OJ-SDI1-416 IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO. ORGANIZAÇÃO OU ORGANISMO INTERNACIONAL. (DEJT divulgado em 14, 15 e 16.02.2012) As organizações ou organismos internacionais gozam de imunidade absoluta de jurisdição quando amparados por norma internacional incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, não se lhes aplicando a regra do Direito Consuetudinário relativa à natureza dos atos praticados. Excepcionalmente, prevalecerá a jurisdição brasileira na hipótese de renúncia expressa à cláusula de imunidade jurisdicional. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Nesse caso (organismos internacionais), a imunidade é absoluta. Art. 114, I, parte final, da Constituição Federal: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Antes da Emenda Constitucional nº 45, de 2004, competia à Justiça do Trabalho processar e julgar apenas os empregados públicos. Contudo, após a referida emenda, sua competência se ampliou para abarcar, também, a administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Dentro da administração pública tem-se os estatutários, os empregados públicos e a relação chamada de “relação de caráter jurídico-administrativa”, que são os servidores temporários. O STF disse que o estatutário (Lei 8.112) e os temporários não serão de competência da Justiça do Trabalho. Dessa forma, somente será competência da Justiça do Trabalho processar e julgar os empregados públicos da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Se for servidor público da União, a competência será da Justiça Federal. Se for servidor público dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, a competência será da Justiça Estadual (Varas de Fazenda Pública). Quanto ao temporário, verificar se é da União ou dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, e aplicar a mesma regra aplicada aos servidores públicos. Art. 114, II, da Constituição Federal: Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004): (...) II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Todas as ações que decorrem do direito de greve são de competência da Justiça do Trabalho. A Justiça do Trabalho tem competência para julgar ações possessórias, como, por exemplo, uma reintegração de posse? Depende, pois se essa ação possessória for em decorrência do exercício do direito de greve, essa competência será da Justiça do Trabalho. Ver súmula vinculante 23: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. Cuidado: essas ações possessórias somente em decorrência do exercício do direito de greve das empresas e instituições privadas. De quem é a competência para dizer se uma greve é abusiva ou não? Será preciso verificar se é da empresa privada, da administração direta ou indireta. O STF disse que a competência para julgar abusividade de greve de empregado público não é da Justiça do Trabalho. Atenção 1: “A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas (empregado público) da Administração Pública direta, autarquias e fundações públicas.” (STF. RE 846854). Professor disse que essa será a questão n. 5 da prova. Direito Processual do Trabalho I Prof. M.Sc. Rogério Alves Dias Guilherme Azevedo A regra geral é que a Justiça do Trabalho pode julgar empregado de empresa privada e empregado público. Contudo, se se tratar de abusividade de greve de empregado público, não é competência da Justiça do Trabalho, mas sim da “justiça comum, federal ou estadual”, de acordo com o STF. Quando vai ser competência da Justiça do Trabalho o julgamento da abusividade de greve? Quando se tratar de empregados de empresa privada, da administração indireta (empresa pública e sociedade de economia mista). Atenção 2: “Somente é competência da Justiça do Trabalho: as pessoas jurídicas de direito privado, inclusive as empresas públicas e as sociedades de economia mista”. Atenção 3: “Competência do STJ: a) Movimento de âmbito nacional; b) Movimento que atinja mais de uma região da justiça federal; c) Movimento que compreenda mais de uma unidade da federação”. (abusividade de greve). Atenção 4: “Competência do TRF: a) Uma única região da justiça federal; b) Âmbito local”. (abusividade de greve). Atenção 5: “Competência do TJ: a) Uma unidade de federação; b) Âmbito local”. (abusividade de greve). Art. 114, III, da Constituição Federal: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (...) III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos,
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