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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 9.ª VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS Processo nº __/__ JOSIANE ALMEIDA, já qualificada nos autos em epígrafe, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal, interpor RECURSO DE APELAÇÃO, por não se conformar com a r. Sentença de fl. X. Requer o recebimento e processamento do presente, com as anexas razões recursais. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data Advogado _________________ OAB. Nº _________ RAZÕES DE APELAÇÃO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DO ESTADO DE MINAS GERAIS Processo nº __/__ Comarca de __________ Apelante: Josiane Almeida Apelado: Justiça Pública do Estado de Minas Gerais DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO, COLENDA CÂMARA A r. Decisão de fl. X, não traz aos autos a correta e eficaz aplicação da Justiça, conforme será demonstrado pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos: 1. DOS FATOS. A ré foi denunciada por peculato, sob a acusação do crime de peculato, previsto no artigo 312 do código de processo penal. Segundo a denúncia, a acusada, cometeu o crime após solicitar o cartão de crédito e a senha sem o consentimento da autora, que tinha a intenção apenas da abertura de conta e após o ocorrido(procedimento comum para um bancário), começaram a serem feitos saques no cartão de crédito. Quando citada, apresentou sua defesa e no depoimento das testemunhas de acusação não houve esclarecimentos sobre os fatos alegados. Por outro lado, as testemunhas da defesa confirmaram a boa índole e alegaram não possuir conhecimento da prática do crime. Após, nenhuma diligência adicional foi requerida. O Parquet requereu a condenação do acusado ( art 312, CP), pedido que foi acolhido pelo magistrado, condenando a ré a 6 (dois) anos de reclusão. Ressalte-se que o Magistrado considerou os supostos antecedentes criminais como sendo a circunstância judicial necessária e suficiente para fixar a pena-base supramencionada, de acordo com o artigo 59 do CP. Isso porque, segundo ele, a Ré é investigada por outro crime diverso do presente caso, conforme certidão de fls. 100 trazida aos autos. 2. DO DIREITO. 2.1. PRELIMINARES. A acusada fora condenado a pena de 6 (seis) anos de reclusão, pela suposta prática do crime de peculato, previsto no artigo 312 do Código Penal. Importante ressaltar, inicialmente, que a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso LV, assegura a todo acusado o contraditório e a ampla defesa, com todos os meios e os recursos inerentes. Assim, a omissão do advogado de defesa em relação a apresentação das alegações finais, evidencia-se o cerceamento de defesa, tendo em vista que ninguém pode ser condenado sem que os atos essenciais de defesa no processo sejam apresentados. Posto isso, não há de se caracterizar o exposto no artigo 565 do CPP, visto que no momento da omissão, era de responsabilidade do magistrado a nomeação ad hoc de um defensor público para que houvesse a apresentação das alegações finais. Dessa forma, resta demonstrado a ofensa do princípio do contraditório e ampla defesa, dando causa a nulidade suscitada no artigo 564, IV do Código de Processo Penal. Conforme consolidado pelo Supremo Tribunal Federal, na súmula 523 “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”. 2.2 DO MÉRITO. a) Da absolvição por insuficiência de provas Conforme se depreende dos autos, em fase de instrução foi realizada a oitiva de testemunhas da acusação que não conseguiram demonstrar a evidência de qualquer indício que indicasse a autoria do acusado. Ressalte-se que as testemunhas levadas ao juízo pela defesa, foram capazes de atestar a boa conduta do acusado, posto que afirmaram irrefutavelmente que trata-se de uma boa pessoa, trabalhadora, responsável, e que não tinham notícia da prática do crime em questão. Destarte, em análise a todos os atos praticados no curso do processo, resta demonstrado que não foi realizado qualquer exame ou perícia técnica, bem como não foi apresentada qualquer prova nova capaz de imputar à acusada a autoria do crime de peculato, elencado no artigo 312, CP. Dessa forma, faz-se necessário a absolvição da ré, com base no artigo 386, inciso VII, Código de Processo Penal. Ocorrendo a reforma da r. Sentença para que seja declarada a absolvição da acusada, visto que não existem provas suficientes para sua condenação, apenas indícios, o que a perícia técnica solicitada na exordial, facilmente comprovaria a sua inocência. Assim, a dúvida deve levar, necessariamente, à absolvição, em apreço à constitucional presunção de inocência, a menos que haja robusto conjunto probatório a elidi-la. Contudo, não é o que ocorre nos autos, sendo manifesta a insuficiência probatória. Assim, imprescindível a absolvição do apelante da acusação do delito de peculato, conforme previsão do Código de Processo Penal, art. 312. b) Da pena Restritiva de Direito Ademais, a pena aplicada pelo d. Juízo “a quo”, não se torna necessária e principalmente proporcional, uma vez que, conforme demonstrado na instrução, a ré preenche os requisitos necessários do artigo 44, inciso III do Código Penal. Assim, requer substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos, sem qualquer perigo de dano para a sociedade. Ressalte-se que o Magistrado considerou os supostos antecedentes criminais como sendo a circunstância judicial necessária e suficiente para fixar a pena-base supramencionada, de acordo com o artigo 59 do CP. Isso porque, segundo ele, a Ré é investigada por outro crime diverso do presente caso, conforme certidão de fls. 100 trazida aos autos. 3. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: a) Seja o presente recurso conhecido e provido, sendo anulada a r. Sentença de fl. X., com fulcro no inciso IV, do artigo 564, do Código de Processo Penal e súmula 523 do STF, conseguinte o retorno dos autos à vara de origem, para que seja assegurado ao acusado o direito de apresentar alegações finais. b) Subsidiariamente, seja o réu absolvido, ante a insuficiência de provas para condenação, com fulcro no art. 386, VII do Código de Processo Penal. c) Finalmente, caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, requer-se a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos, aplicando o artigo 44, III do Código Penal. Belo Horizonte. 30 de novembro de 2018 Advogado _________________ OAB nº _________
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