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Juízo de admissibilidade

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Juízo de admissibilidade 
e Juízo de mérito 
	O recurso deve passar pelo Juízo de Admissibilidade, em que será conhecido ou não conhecido. Se conhecido, deverá passar pelo Juízo de Mérito, em que será provido ou não provido. O órgão que julga o recurso normalmente é o mesmo que faz o Juízo de Admissibilidade e o Juízo de Mérito. 
Excepcionalmente pode ser feito por órgão diferente, como no caso do Juízo de Admissibilidade Prévio, que é feito pelo órgão que proferiu a decisão. No CPC/1973 o JAP existia apenas no recurso Apelação, e o mesmo juiz que julgava a apelação, julgava o JAP. Uma vez que a parte apelava, o juiz da oportunidade ao contraditório, por meio das contrarrazões e mandava para o Tribunal, que fazia o J.A. No CPC/2015 o JAP é feito pelo Presidente do Tribunal, que analisa em caso de recurso especial ou extraordinário. Se indeferido, há o AResp ou Are.
O J.M. pode ser feito pelo órgão prolator em vez do órgão que julga, exceto no caso de juízo de retratação (indeferimento de petição inicial, sentença terminativa e julgamento de improcedência do pedido).
Os requisitos de admissibilidade são matéria de ordem pública e o julgador pode conhece-los de ofício (Princípio da não surpresa). O julgador apenas pode reconhecer de ofício algo no mérito quando houver efeito translativo.
Art. 331.  Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.
§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.
§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.
§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.
Art. 332.  Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 485 § 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.
	Há para o Juiz o prazo impróprio e se ele não cumprir, não há sanção processual. Para as partes o prazo é próprio, e a sanção processual é a preclusão temporal.
	Os requisitos de admissibilidade podem ser extrínsecos (pertinentes ao modo pelo qual o direito do recurso é exercido) e intrínsecos (dizem respeito à existência do direito de recorrer).
	
Requisitos de admissibilidade intrínsecos 	
Cabimento. Decisão judicial deve ser passível de recurso e o recurso deve estar correto. 
Exceção: princípio da fungibilidade. 
Súmula 281 STF: É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada. Deve haver esgotamento das instancias ordinárias. Deve manejar todos recursos de forma ordinária, se não manejar/esgotar, o recurso não será cabível. Exemplo: possuo uma sentença e manejo um recurso especial.
Legitimidade para recorrer. Pode ser parte, Ministério Público como fiscal ou parte, ou 3º interessado (deve possuir vinculo jurídico). Assistente pode entrar no processo a qualquer tempo. O 3º interessado não é intimado. 
O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo 3º (terceiro) prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. O 3º (terceiro) deve demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual.
Interesse recursal. O recorrente deve possuir interesse recursal. Interesse, binômio utilidade (utilidade da providência, do pedido, requerido pelo autor, ou seja, se o procedimento é adequado) e necessidade (necessidade do processo, verificado na narrativa da causa de pedir). A parte precisa manejar o recurso para melhorar sua situação, já que há a necessidade de se obter uma situação mais favorável, mais benéfica. Normalmente o sucumbente possui interesse, mas em alguns casos o réu de uma petição inicial indeferida pode sim manejar um recurso de apelação como 3º interessado, obtendo uma coisa julgada material, impedindo o autor de manejar aquela ação novamente.
Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer. Deve demonstrar renúncia, desistência ou aceitação do ato decisório. Fatos impeditivos: A desistência pressupõe que o recurso já foi interposto. Aceitação do ato decisório, aceita tacitamente o decisum. Fato extintivo: Renúncia é abrir mão do direito de impugnar a decisão judicial, independendo de aceitação da outra parte.
Depósito prévio da multa: parte quando recorre deve depositar multa. Apenas nos casos de Embargos de Declaração ou Agravo Interno.
Existência da repercussão geral: Específico para o recurso extraordinário.
Requisitos de admissibilidade extrínsecos 	
Tempestividade. Deve ser interposto nos prazos previstos em lei. 15 (quinze) dias para todos recursos. 5 (cinco) dias para Embargos de Declaração. CPC/1973: recurso interposto antes do prazo é intempestivo, ou seja, precisa ratificar. CPC/2015: o recurso interposto antes do prazo é considerado tempestivo, não precisa ratificar.
Prazos: Disponibilização da sentença – publicação da sentença – contagem do prazo. 
Art. 219.  Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único.  O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais. 
Art. 224.  Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento.
§ 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica.
§ 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.
§ 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação.
	O prazo pode ser interrompido, com, por exemplo, o manejamento de embargos de declaração ou interposição de qualquer outro recurso. Se interromper, o prazo volta a contar do início.
Art. 1.026.  Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso.
§ 1o A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
§ 2o Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.
§ 3o Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficarácondicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.
§ 4o Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados protelatórios.
	Para o art. 1.026 ser aplicado, os embargos devem ser tempestivos e não devem ser protelatórios. 
Art. 1.003.  O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
§ 1o Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão.
§ 2o Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação.
§ 3o No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial.
§ 4o Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem.
§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
§ 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso.
	Prazo em dobro: litisconsórcio em que todos sucumbiram. Se apenas um sucumbir, não há prazo em dobro. AResp e ARe: prazo não é contado em dobro em litisconsórcio, já que a decisão é específica para cada litisconsórcio. Litisconsórcio com advogados diferentes de escritórios diferentes, em que todos foram sucumbentes e não sendo AResp ou Are, possuem prazo em dobro.
Art. 229.  Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.
§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles.
§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.
Súmula 641 STF: Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido.
	A intempestividade é vício insanável. No entanto posso sanar a comprovação do feriado local impreterivelmente no ato da interposição do recurso (Art. 1.003 §6o).
Art. 1.023 § 5o O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:
I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a interposição do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;
I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;                    
II - ao relator, se já distribuído o recurso;
III - ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.      
	Para o STJ a comprovação posterior é vício grave e não pode ser sanado em Recuso Especial ou Recurso Extraordinário.
Preparo. Pagamento das custas recursais (inclusive porte de remessa de retorno). Um recurso ausente em preparo é um recurso deserto, que não será conhecido. O preparo deve ser comprovado no ato de interposição do recurso. Se não for comprovado no ato de interposição, poderá ser feito depois, mediante pagamento em dobro do valor. Percebe-se que o preparo é um recurso sanável.
Se o preparo não tiver sido realizado por um motivo justo, poderá ser realizado posteriormente, em preparo simples, sem pagamento em dobro.
Parte faz o preparo, porém, o faz de forma incompleta/defeituosa. Ela não gera deserção e pode-se completar o valor.

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