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Uma visão panorâmica da psicologia científica de Wilhelm Wundt
Saulo de Freitas Araujo
INTRODUÇÃO
Dificuldades de interpretação por leitores modernos: A extensão das obras, a falta de uma edição crítica de referência, a ausência de novas edições, traduções parciais e pouco confiáveis e a dimensão intelectual da mesma. Wundt usa expressões da tradição filosófica alemã, que estão distantes do vocabulário psicológico da tradição norte-americana predominante no cenário contemporâneo.
Correções que devem ser feitas nas interpretações tradicionais acerca do pensamento dele: Sua biografia, o seu projeto de uma psicologia social (Völkerpsychologie) e seu sistema filosófico.
Livro Arnold (1980): Único livro dedicado à filosofia de Wundt, mas por conta do dogmatismo do autor, que só consegue enxergar o idealismo, é pouco confiável.
Projeto intelectual: A filosofia ocupou o lugar central nesse aspecto. Seu objetivo era elaborar um sistema metafísico¹ universal (visão de mundo) baseado nos resultados empíricos² de todas as ciências particulares.
A DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA
A psicologia é uma ciência empírica cujo objetivo é a experiência interna ou imediata.
Experiência mediata: Conteúdo puramente objetivo. Abstrai-se o sujeito da experiência e coloca-se toda a ênfase nos seus objetos (mundo externo).
Experiência imediata: Conteúdo subjetivo. Investigam-se os aspectos subjetivos da experiência e sua relação recíproca com todos os conteúdos da mesma (mundo interno).
Com base nesses dois pontos de vista, surge a dupla possibilidade de fazer ciência empírica: Ciência natural – física, química, fisiologia etc., preocupada com os objetos do mundo exterior (experiência mediata) e a psicologia, que tem como objetivo os aspectos subjetivos da experiência (experiência imediata). As duas ciências trabalham de forma complementar, com o intuito de abranger o conteúdo da experiência como um todo.
O acesso aos objetos da natureza é sempre mediado pelas características constitutivas do sujeito da experiência (estrutura biológica, cognitiva etc.) e, portanto, indireto. No caso do mundo subjetivo, não há nenhuma mediação, uma vez que cada um de nós tem acesso direto a sua própria experiência subjetiva. É a partir dessa assimetria, pois, que Wundt justifica a diferença epistemológica entre a psicologia e as ciências da natureza.
OS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO PSICOLÓGICA
Manipulação: Interferência proposital do pesquisador sobre o início, a duração e o modo de apresentação dos fenômenos investigados.
Observação: Apreensão de fenômenos ou objetos, sem que haja qualquer interferência por parte do observador.
Psicologia individual, fisiológica ou experimental: o experimento deve ser utilizado diretamente nos estudos sobre a sensação, a percepção e a representação, uma vez que se pode investigar cuidadosamente tanto o início quanto o curso desses processos, tendo sempre em vista a análise do complexo em termos de seus elementos constituintes.
Psicologia dos povos: a única alternativa possível é a observação, pois se tratam de fenômenos culturais e coletivos etc.), que escapam ao controle experimental.
Introspecção: Auto-observação planejada que, segundo ele, é ilusória uma vez que o sujeito que observa coincide com o objeto observado e modifica os fenômenos que consiste quase sempre na supressão geral dos fenômenos que se querem observar. 
Percepção interna: Pode ser reforçada pelo controle experimental das condições externas da experiência, o que, segundo Wundt, eliminaria os riscos da introspecção tradicional e livraria a psicologia das duras críticas feitas por diversos autores ao introspeccionismo.
Objetos psíquicos: linguagem, religião, mitos e costumes, que depende de certas condições psíquicas gerais, que podem inferir com base em suas características objetivas. É aqui que se manifestam os processos mentais superiores, também inacessíveis à experimentação.
Psicologia dos povos: investigação psicológica ligada a uma comunidade, grupo étnico ou a uma totalidade cultural, que complementa a psicologia individual ou experimental na busca de uma compreensão das leis gerais da vida psíquica.
Formas complementares do estudo psicológico: Experimento – a psicologia individual ou fisiológica utiliza na análise dos processos psíquicos inferiores (sensação, percepção, representação) e a observação dos produtos mentais - investiga os processos psíquicos superiores. Ambos têm o objetivo final de descobrir as leis gerais da vida mental.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA PSICOLOGIA WUNDTIANA
Servem de fundamento para todas as investigações psicológicas e garantem a autonomia da psicologia.
Paralelismo psicofísico: Caracteriza-se principalmente pela afirmação de que o físico e o psíquico são processos paralelos, que não interagem entre si e que não podem ser reduzidos um ao outro. 
Causalidade psíquica:  há conteúdos da experiência que só podem ser conhecidos a partir de um ponto de vista (físico ou psicológico), assim, há uma causalidade própria dos processos psíquicos, como há uma causalidade para os fatos físicos. E essas duas causalidades não entram em contradição entre si.
Há uma íntima relação entre o princípio do paralelismo psicofísico e o princípio da causalidade psíquica. Juntos, eles fornecem a fundamentação da autonomia epistemológica da psicologia em relação às demais ciências particulares, garantindo assim a irredutibilidade da primeira em relação seja à neurociência seja à física propriamente dita, o que afastaria Wundt de qualquer tendência materialista contemporânea
¹ subdivisão fundamental da filosofia, caracterizada pela investigação das realidades que transcendem a experiência sensível, capaz de fornecer um fundamento a todas as ciências particulares, por meio da reflexão a respeito da natureza primacial do ser; filosofia primeira.
² doutrina segundo a qual todo conhecimento provém unicamente da experiência, limitando-se ao que pode ser captado do mundo externo, pelos sentidos, ou do mundo subjetivo, pela introspecção, sendo ger. descartadas as verdades reveladas e transcendentes do misticismo, ou apriorísticas e inatas do racionalismo.

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