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55 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 PSICOLOGIA DO TRABALHO Unidade IV 7 LIDERANÇA As novas realidades macroeconômicas e tendências em um mundo globalizado estão modificando o ambiente de negócios. Isso requer organizações competitivas que possam responder de forma rápida e positiva a essa realidade na tendência dos mercados futuros (SOTO, 2002). Criar diferenciais competitivos dentro da arena que se quer competir passa a ser uma questão de sobrevivência. Nessa perspectiva, a liderança passa a ser fundamental nas organizações. É preciso entender um pouco o fascínio que a liderança desperta em todos, afinal esse é um dos temas mais estudados em toda a história na tentativa de explicar, entender, identificar e desenvolver novos atores. No princípio, o poder era disputado na força física: o mais forte assumiria o comando e quem quisesse desafiaria o detentor do poder; o ganhador assumiria o comando; o perdedor era morto na disputa ou banido, sendo condenado a morrer no exílio, já que sozinho não conseguiria sobreviver. A Guerra dos Cem Anos, que na verdade durou 116 anos, se deu entre França e Inglaterra. O conflito ocorreu por interesses econômicos e territoriais; durou muito devido ao poderio militar da Inglaterra e pelo apego excessivo da convicção francesa na defesa de seus interesses. A Primeira Guerra Mundial, em 1914, foi provocada por insatisfação na distribuição dos mercados da Ásia e África no fim do século XIX. Alemanha e Itália haviam ficado de fora da divisão. O estopim foi a morte do príncipe do Império austro‑húngaro Francisco Ferdinando durante sua visita a Sarajevo. O que se percebe é que o poder econômico também é um vetor das paixões humanas. Algo na linha do controle também pelas finanças, determinar o que e quando fazer para ter acesso ao financiamento. Podemos ainda nos debruçar sobre a beleza e o poder, pois ambos sempre estiveram juntos. No início, a fêmea escolhia o macho alfa dominante como forma de garantir a sua sobrevivência e a da sua cria. Quem estivesse no poder garantiria as melhores fêmeas, o que se mantém ao longo da história. Na idade medieval, déspotas criavam leis que lhes davam o direito de passar a noite de núpcias com qualquer noiva do reino. Sempre o poder da força ou o poder econômico que se sobressaem, o que parece que é ainda muito atual. No início de século XIX, em plena Revolução Industrial, a figura do supervisor estava associada ao biotipo homem forte, corpulento, com um tom de voz intimidador, que se fazia respeitar pelo medo. O trabalhador desejado era dócil, obediente e seguidor de ordens. Logo, o líder nascia pronto: a natureza era a responsável. 56 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 Unidade IV Entretanto, o que importava mesmo era a produção. Assim, o esforço estava concentrado em desenvolver maquinas a vapor, a combustão. As pessoas estavam em segundo plano. O homem servia para produzir, carregar e deslocar peças de um lugar para outro, desprovido de sentimentos e de inteligência. Essa crença era nutrida pela elite. O trabalhador era considerado um ser preguiçoso, sem ambição e que deveria ser vigiado e punido pois não gostava de trabalhar. Os trabalhos de Elton Mayo e Roethlisberger foram fundamentais para uma reflexão sobre a postura dos líderes, pois apresentaram a ideia de que os homens eram seres sociais, relacionais e que não poderiam ser tratados como peças ou objetos. Era necessária, então, uma postura diferente dos chefes, que deveriam estar preparados para lidar com as novas demandas. A frase de Abraham Lincoln fica muito atual: “Se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê‑lhe poder”. Outras teorias desenvolvidas contribuíram para entender melhor e melhorar as relações de trabalho, como a teoria sobre a motivação humana, dando ferramentas para os novos líderes. Assim, podemos conceituar liderança considerando essa nova perspectiva como uma habilidade para influenciar pessoas ou grupos para a consecução de um determinado objetivo, aqui no sentido mais amplo de qualquer objetivo. Dessa forma, se alguém convidar outro para tomar um refrigerante, ou convidar para almoçar, está exercendo sobre esse outro uma liderança. 7.1 Liderança bem‑sucedida e liderança malsucedida Tentativa de influenciar o comportamento Comportamento resultante Negativa Positiva Liderança malsucedida Liderança bem‑sucedida Figura 4 Quando, após a tentativa de influenciar um comportamento, temos como resultado uma negativa, dizemos que a liderança foi malsucedida, exemplo: Gabriel acorda de manhã, vai até o quarto do irmão e diz: “Raphael, é sua vez de ir à padaria comprar pão e leite para preparar o café da manhã”. O irmão descobre a cabeça, olha para Gabriel e responde: “estou com muito sono, vá você!”. Houve uma tentativa de influenciar o comportamento, mas a resposta foi uma negativa. Caso o Raphael tivesse levantado conforme o combinado com o seu irmão Gabriel, nós teríamos uma liderança bem‑sucedida. Entretanto, mesmo sendo a liderança bem‑sucedida, ela ainda pode ser eficaz ou ineficaz. Vamos voltar ao caso dos irmãos. Se Raphael levantasse para ir à padaria resmungando, fosse e voltasse chateado e inconformado, nós teríamos uma liderança bem‑sucedida e ineficaz. O que diferencia a ineficaz da eficaz é o sentimento que o liderado nutre no exercício de suas atividades. Se ele acredita 57 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 PSICOLOGIA DO TRABALHO que o que está fazendo faz sentido para empresa, é benéfico para ele e contribui para os resultados do departamento, então ele faz com satisfação. 7.2 Liderança diferente de gerenciamento Liderança é diferente de gerenciamento. Este se distingue da primeira pois busca objetivos organizacionais: ainda há quem diga que se lidera pessoas e se gerencia processos. Maquiavel, no século XVII, dizia que os governantes podem ser eficazes se: • conseguirem o amor das pessoas; ou • se agirem energicamente para que as pessoas o respeitem. O historiador ainda afirmava que, se for preciso escolher entre o amor e o temor, é melhor optar pelo segundo, pois não se deve sacrificar relações duradouras por sentimentos temporários. O conceito discutido se refere aos dois tipos de poder: o pessoal e o de posição. O primeiro vem de baixo para cima, é outorgado pelas pessoas e é do tipo que se deve cuidar em tempo integral; é volátil e qualquer deslize pode comprometer a relação. O poder pessoal não é aconselhado em tempos de crise, pois não tem lastro, você não pode obrigar ninguém a nada. O poder de posição vem de cima para baixo, alguém de autoridade atribui o poder. É aconselhado em tempos de crise, pois você pode ordenar, pedir ou sugerir que as coisas aconteçam. É um poder mais duradouro, pois pune ou recompensa. Punir envolveria demitir ou impedir uma mobilidade para uma área de interesse. Premiar envolve promover, dar aumento salarial, liberar para outra área mais atrativa e do interesse do colaborador. 7.3 Fontes de poder Dubrin (2003) apresenta seis fontes que podem ser transformadas em tipos de poder, como poder: • de recompensa – positivas; • coercitivo – expectativa do castigo; • legítimo – valores interiorizados do direito inerente de influenciar seus subordinados; • de controle de informação – posse de conhecimento que os outros não têm; • de referência – representa ou simboliza; • técnico – conhecimento ou experiência. Os primeiros três fazem referência ao poder de posição, e os três últimos ao poder pessoal. 58 Re vi sã o: C ar la -D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 Unidade IV 7.4 Ser líder para Drucker (1996) Segundo Drucker (1996), o que define o líder é o atendimento de quatro condições básicas de liderança: • É alguém que possui seguidores. • Um líder eficaz não é alguém amado e admirado. É alguém cujos seguidores fazem as coisas certas. Popularidade não é liderança, resultados, sim. • Os líderes são bastante visíveis, portanto servem de exemplo. • Liderança não quer dizer posição, privilégios, títulos ou dinheiro. Significa responsabilidade. A polêmica sobre características e traços é pura perda de tempo, já que os resultados devem ser o seu foco; fazer com que os seus liderados atinjam as metas ou as superem deve ser o desafio a ser ultrapassado (DRUCKER, 1996) Drucker (1996, p.162) escreve: Em crise não há liderança partilhada, quando o barco está afundando o capitão não pode convocar uma reunião para ouvir as pessoas, tem de dar ordens. Esse é o segredo da liderança partilhada: saber em que situações deve agir como chefe e em que situações atuar como parceiro. Dependendo do tempo que se tem para tomar decisões, cabe ao líder escolher se compartilha ou não com os colaboradores as situações que merecem atenção. Cabe ao gestor assumir a responsabilidade pela solução; não havendo tempo, espera‑se que o líder decida. Isso não causará nenhum tipo de melindre, pois, quando o hábito de partilhar está interiorizado na equipe, os liderados entenderão que a situação demanda uma posição diferenciada. Vamos a um exemplo. Um comandante do batalhão do corpo de bombeiros costuma convocar os seus operários para solucionar situações fictícias que demandem tomadas de decisões. Ele faz isso para treiná‑los. Tem o hábito de ouvir a sua equipe quanto às preferências no uso de equipamentos no combate a incêndios e mantém treinamento constante no seu uso. Mantém com a sua equipe um relacionamento democrático e participativo, estabelecendo um diálogo bilateral. Em determinado momento, o alarme de incêndio dispara no batalhão e a correria começa para atender ao chamado. Chegando no local da ocorrência, um edifício de 20 andares, o comandante pede para os comandados sentarem na escadaria da entrada do edifício e pergunta por onde cada um gostaria de começar a apagar o fogo. Enquanto isso, as pessoas estão desesperadas gritando nas sacadas do prédio. Qual é a probabilidade de que isso aconteça? Grande ou pequena? 59 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 PSICOLOGIA DO TRABALHO Será que o bombeiro, quando ouvir o seu comandante gritando para fazer isso ou aquilo, se sentirá melindrado ou entenderá a gravidade da situação? 7.5 Liderança situacional Blanchard e Hersey (1986) apresentaram uma ferramenta denominada grid gerencial, que contribuiu tanto na avaliação da equipe quanto no seu desenvolvimento. Os autores partem da ideia de que não existe um estilo ideal de liderança para ser usado em qualquer situação, o que existe é um estilo específico para cada situação. Para escolher o estilo mais adequado a ser usado pelo líder, deve‑se levar em consideração três aspectos fundamentais: • O grau de direção e controle que o líder oferece ao colaborador na realização de uma determinada tarefa (comportamento de tarefa) — O que determina o grau de controle e direção é o conhecimento que o liderado tem da tarefa: se conhece muito, baixa direção; caso desconheça ou não tenha domínio, o líder deve dar muita direção. É preciso dizer ao colaborador o que fazer, como fazer e quando fazer. • Quantidade de orientação e apoio socioemocional dado pelo líder na execução de uma tarefa pelo colaborador (relacionamento) — A quantidade de orientação e apoio socioemocional referem‑se a quanto o colaborador necessita de acompanhamento para realizar a tarefa. O que determinará a proximidade do líder é o quanto o liderado precisa de estímulo e orientação. • Nível de prontidão dos colaboradores no desempenho de uma tarefa (maturidade) — Prontidão, ou maturidade de trabalho, é o quanto o liderado tem disposição e vontade para a realização da tarefa. De acordo com a liderança situacional, o indivíduo não é maduro em tudo ou em qualquer situação; por exemplo, um profissional pode ser muito competente no trabalho, mas não consegue disciplinar os seus filhos em casa. A maturidade pode ser psicológica ou de trabalho. Será denominada maturidade psicológica quando se referir à vontade e à disposição; será chamada maturidade de trabalho quando se tratar do conhecimento/domínio da tarefa. 60 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 Unidade IV Esses três fatores formam o grid gerencial, que tem o seguinte formato: Compartilhar/apoio E3 Delegar E4 Treinar/persuadir E2 Tarefa alta Relacionamento alto Tarefa baixa Relacionamento alto Alto C o m p o r t a m e n t o R e l a c i o n a m e n t o Baixo Tarefa alta Relacionamento baixo Tarefa baixa Relacionamento baixo Dirigir/determinar E1 Baixo Comportamento de tarefa Alto Alta Moderada Baixa M4 M3 M2 M1 Maturidade dos liderados Figura 5 7.5.1 Os estilos de liderança – grid gerencial Estilo E1, Determinar ou Dirigir, para indivíduos com Maturidade Baixa (M1): aconselhável para pessoas iniciantes, sem experiência na função, que não sabem por onde começar e precisam de direção. Cabe ao gestor dizer o que fazer, como fazer e quando fazer e cobrar resultados. À medida que o liderado vá encontrando facilidades, dominando as tarefas simples, cuja execução se torna rápida, e demonstrando interesse em aprender novas rotinas ou solícito para ajudar em outras atividades, o líder deve perceber esse momento e aumentar o nível de complexidade das tarefas. Nesse instante, muda‑se o estilo usado de E1 para E2. Caso o líder não perceba a empolgação do aprendiz e não eleve o nível de complexidade, ele passará de empolgado para frustrado, acreditando que tem capacidade para fazer mais e a oportunidade não está sendo oferecida a ele. Pensando positivamente, o líder percebeu e mudou o estilo para E2, treinando o liderado em rotinas mais complexas. Nessa ocasião, o grau de direção e controle continuam altos, todavia aumenta o nível de apoio socioemocional, ou seja, eleva‑se o relacionamento e o diálogo entre líder e liderado. O líder continua dizendo o que fazer, quando fazer, onde fazer e introduz o porquê fazer, assim passa a ensinar toda a rotina. Esse estilo é recomendado para indivíduos com Maturidade Moderada para Baixa (M2). O liderado deve passar para o Estilo E3 quando adquire o conhecimento, sua maturidade é de moderada para alta (M3), entende as rotinas, mas, por algum motivo, ele se encontra inseguro ou não tem disposição para realizar a tarefa. Nesse caso, cabe ao líder se aproximar do seu liderado e dar a segurança necessária na realização da atividade. O que o líder deve fazer é perguntar para o seu empregado de que forma pretende resolver o problema e tirar dele a solução. Em hipótese alguma ele deve tomar a tarefa em suas mãos, pois isso faria com que a insegurança do seu liderado continuasse. 61 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 PSICOLOGIA DO TRABALHO O que aconteceria se o líder dissesse exatamente o que o colaborador precisa fazer passo a passo? O líder não ajudaria em nada no aumento do nível de segurança do funcionário e tiraria dele a oportunidade de mostrar que estava na direção correta. Se o colaborador procurasse o seu gestor para sanar uma dúvida com relação a uma tarefa,o que aconteceria se o gestor nada dissesse? Quando o gestor responde decida você mesmo, o liderado se sentirá abandonado, o que é chamado de supervisão insuficiente. Se o empregado se mostra desmotivado ou indisposto, recusando a realização da tarefa, qual deveria ser a postura do líder? O líder deve se aproximar e perguntar: estou percebendo que você não está bem, posso ajudar? Vou almoçar daqui a pouco, quer ir almoçar comigo? O líder não precisa necessariamente ter alguma solução, às vezes, o que ele precisa é apenas desabafar. Por exemplo, Marcel, funcionário dedicado, está na empresa há seis anos e tem conquistado o respeito da equipe. Ele acabou de realizar o seu sonho de comprar uma casa própria; para isso, usou o FGTS e o dinheiro que conseguiu com a venda do automóvel, assumindo longas prestações. Contudo, recentemente, surgiu uma doença grave na família que o convênio não cobre. Essa situação tem deixado Marcel preocupado. Você, como líder, percebeu a queda na produtividade e o chamou para uma conversa. Lembre‑se de que o estilo E3 (compartilhar ou apoio) é essencialmente um estilo com relacionamento alto, conversa e a aproximação. Talvez a empresa possa trazer uma solução, como saber da existência de uma linha de crédito subsidiada para os operários. Mesmo que o colaborador seja demitido, o tempo de permanência na organização pagaria o empréstimo no momento da rescisão contratual. A empresa não perde nada e o trabalhador também não. Assim, você teria alguém grato pela ajuda, um aliado. Agora imagine outra situação: seu colaborador anda chateado, desmotivado, o que tem refletido no atraso dos trabalhos e na sua performance. O que o líder deverá fazer se, ao chamá‑lo para conversar, escutar uma reclamação dele? Nessa reunião, o contratado confidenciou que anda sobrecarregado enquanto outros estão sem trabalho. Cabe ao líder explicar a necessidade de o trabalho ser realizado por ele, mas dialogando. Diga que você entende o que ele sente, mas que conta com ele para que o trabalho seja feito. Diálogo e aproximação são importantes. Uma vez que os problemas de indisciplina, indisposição e de insegurança forem equacionados, e o seu colaborador sabe o que fazer, como fazer, quando fazer e tem vontade de fazê‑lo, o seu estilo deve mudar para E4 (Delegar), recomendável para indivíduos com maturidade alta (M4), em que o grau de direção na realização da tarefa será baixo e a quantidade de apoio socioemocional também. O líder sai de cena e deixa o liderado à vontade, livre. Nesse estilo, o líder torna‑se um facilitador. Contudo, não abre mão de cobrar resultados e, se alguma coisa é comum em todos os estilos, é a cobrança por resultados. 62 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 Unidade IV Não existe a menor possibilidade de pular etapas, deve‑se manter a sequência curvilínea dos estilos, iniciando no estilo E1 (Dirigir ou determinar), passando para E2 (Treinar ou persuadir), progredindo para E3 (Compartilhar ou apoio) e culminando em E4 (Delegar). Essa sequência é conhecida como ciclo do desenvolvimento. Qualquer alteração no percurso afetará a resultado negativamente: o liderado não entregará os resultados desejados e o clima se deteriorará com aumento do nível de insatisfação de parte a parte. Considerando que não existe a menor chance de queimar etapas, temos uma sequência que começa com o estilo 1, passa para o estilo 2, depois o 3 e conclui‑se no 4. Havendo uma transgressão do critério, teremos efeitos negativos com resultados desastrosos. Por exemplo, se pularmos de 1 para 3, teríamos um liderado que não entende do trabalho sendo deixado à vontade para a realização da tarefa; como o relacionamento é alto, teríamos uma situação em que o liderado se sentiria abandonado pela falta de orientação; se pularmos do estilo 2 para 4, teríamos alguém que foi treinado nas rotinas, mas ainda não se sente seguro o suficiente para assumir as rédeas da atividade, sentindo‑se desamparado; em ambos os casos, a probabilidade de a execução atender às necessidade do departamento estaria comprometida e a atribuição seria única e exclusivamente do líder. Você promove um colaborador, (Raphael) – analista sênior, maturidade alta (M4), profissional qualificado, sério, comprometido, que está na empresa há seis anos e todos já acreditavam que seria o sucessor natural para coordenador. Você o chamou para uma reunião, qual é o atual nível de maturidade? Qual será o seu estilo nessa reunião? O estilo E1 é recomendado para colaboradores iniciantes, sem experiência e sem conhecimento de rotinas. É o caso de Raphael? Se a resposta é não, você está certo. Se você pensou no estilo E4, mas lembrou que nesse estilo o promovido sabe e domina todas as rotinas, o que não é verdade, pois ele acabou de ser promovido, lembre‑se de que ele é bom tecnicamente. Temos agora para análise o estilo E3: o indivíduo conhece as rotinas, todas, apenas está inseguro ou indisposto. Parece que existe uma informação importante aqui. Ele está inseguro ou está indisposto? Como acabou de ser promovido, está entusiasmado, disposto, apenas precisa ser treinado nas novas responsabilidades. Qual é o estilo que em seu conceito encerra a ideia de treinar? É o estilo E2 (treinar ou persuadir). Espero que tenha entendido o raciocínio, caso contrário, sugiro que volte a ler a definição de cada conceito. O que determinará o sucesso no uso do estilo adequado à situação é a adaptabilidade, ou seja, adaptar o estilo apropriado à situação considerando o nível de maturidade do liderado. A maturidade é a disposição e o conhecimento para a realização da tarefa; seu padrão de exigência é muito benfeito ou simplesmente feito. Então, é só escolher o estilo. Devemos ainda considerar a possibilidade de o colaborador, por algum motivo que concorra com a disposição na execução do trabalho, tenha a sua performance comprometida. Você, como líder, percebe e precisa tomar uma decisão. Fica a dica: se quiser resgatar os níveis de produtividade, quanto mais rápido você agir, mais rápido você traz de volta o seu liderado. Esse procedimento foi denominado ciclo de regressão: quando um liderado retorna a um estágio anteriormente superado; caso você deixe de 63 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 PSICOLOGIA DO TRABALHO agir, existe a tendência de ter que regredir mais e mais até o colaborador cometer uma falha intencional ou não; então, a única alternativa seria demiti‑lo e a responsabilidade será somente sua (BLANCHARD; HERSEY, 1986). 7.6 Atributos de um líder Os atributos são habilidades necessárias para o exercício da função. O que realmente interessa para a liderança: os orientados para resultados; as qualidades que não estão conectadas com os resultados não são relevantes; e os líderes que não estão conseguindo os resultados almejados não estão verdadeiramente liderando (ULRICH, 2011). Ulrich aponta três grupos de conjunto de atributos: • como os líderes são – valores, motivos, traços pessoais, caráter; • o que os líderes sabem – habilidades, capacidades; • o que os líderes fazem – comportamentos, hábitos, estilos. Destaca quatro categorias: • definição da trajetória (visão, clientes e futuro); • mobilização do comprometimento pessoal (envolvimento de outras pessoas, compartilhamento de poder); • desenvolvimentos das capacidades organizacionais (construção de equipes, gerenciamento da mudança); • demonstração do caráter pessoal (hábitos, integridade, confiança). Cabe ao líder o exercício das quatro categorias, como apontar a direção, promover uma visão estimulante aos colaboradores, desenvolver o espírito de equipe, de união, aumentando as competências individuais na troca de conhecimentoe de experiências numa via de duas mãos. Deve liderar através do exemplo, não existe mais espaço para frases do tipo “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Agora o que se espera do líder é integridade: estar completamente integrado entre o que fala e o que faz, assim terá confiança e credibilidade dos seus liderados. A participação pessoal ativa e continuada da alta direção cria clareza e unidade de propósito na organização. No exercício da liderança, a alta direção serve de exemplo a todos. Por meio de seu comportamento ético e transparente, habilidades de planejamento e comunicação e análise, a alta direção estimula as pessoas à busca da excelência. Seu papel inclui a criação de um ambiente apropriado à autonomia, melhoria, inovação, agilidade e aprendizado. 64 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 Unidade IV 8 O COMPORTAMENTO HUMANO E SUA RELAÇÃO COM O ACIDENTE DE TRABALHO Uma realidade que não poderíamos desconsiderar é que os países em busca de um desenvolvimento acelerado o faziam por via da industrialização. Os benefícios econômicos eram inegáveis, como o aumento da renda per capita, melhores produtos e consequente melhoria nos níveis de vida da população, mas à custa da exposição do homem a meios de trabalho sem as devidas proteções. Vejamos o que diz Pinto (2016): No século XVIII, (1ª Fase capitalismo industrial), a Europa passa por uma mudança significativa no que se refere ao sistema de produção. A revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, fortalece o sistema capitalista e solidifica suas raízes na Europa e em outras regiões do mundo. A Revolução Industrial modificou o sistema de produção, pois colocou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado pelos artesões. O dono da fábrica conseguiu, desta forma, aumentar a sua margem de lucro, pois a produção acontecia com mais rapidez. Se por um lado esta mudança trouxe benefícios (queda no preço das mercadorias), por outro a população perdeu muito. O desemprego, baixos salários, péssimas condições de trabalho, poluição do ar e rios e acidentes nas máquinas foram problemas enfrentados pelos trabalhadores deste período. Vejam que o texto trata das péssimas condições de trabalho às quais o trabalhador era submetido – tudo em nome da produção. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) constitui um instrumento que busca observar todas as necessidades de proteção do trabalhador em defesa dos seus direitos. Ela foi sofrendo ao longo do tempo algumas atualizações, acompanhando a evolução do trabalho, por isso é dinâmica. A CLT define o seguinte: Segundo a CLT a definição de segurança do trabalho. Conforme dispõe o art. 19 da lei nº 8.213/91, “acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho” (NASCIMENTO, 2003, p. 694). A lei abrange com clareza o que constitui acidente de trabalho e as consequências que isso imputa ao trabalhador. Barbosa (2000 apud Reason, 2000, p. 27) define os acidentes organizacionais como “eventos que ocorrem com tecnologias modernas, complexas, tais como plantas de energia nuclear, plantas de processo químico, transporte marinho e ferroviário, bancos e estádios”. Dois conceitos são apresentados pelo autor: falhas ativas e condições latentes. A primeira diz respeito àquelas ações e decisões de 65 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 PSICOLOGIA DO TRABALHO pessoas mais próximas ao fim da cadeia do sistema, como o pessoal da manutenção; a segunda aborda os processos organizacionais genéricos, como as decisões estratégicas, projeto e planejamento. O autor ainda acrescenta que: Os acidentes são o resultado de falhas ativas conformadas pela existência dessas condições latentes e em geral as organizações tendem a tratar apenas das falhas ativas, o que pode representar apenas uma solução pontual, considerando‑se que a falha ativa é um evento único. Por outro lado, ao tratar as condições latentes, ampliamos o raio de ação, pois em geral elas podem contribuir para várias falhas ativas (BARBOSA, 2000 apud REASON, 2000, p. 28). Ter uma visão mais abrangente possibilita considerar as condições latentes e atuar mais efetivamente, antecipando‑se e identificando as falhas ativas. Perrow (1999) chamou de acidente normal as características dos sistemas tecnológicos. A possibilidade de ocorrências de interações inesperadas e incompreensíveis de múltiplas falhas que levam a acidentes está sempre presente, pois faz parte da natureza dos sistemas. Já Machado et al. (2000) trabalham com um conceito denominado cultura técnica do improviso, em virtude da fragilidade econômica e sindical em alguns setores que apresentam equipamentos e processos obsoletos acompanhados por manutenções inadequadas e modos operatórios temerários, nos quais as anormalidades são incorporadas como normalidades nas organizações. Laurell e Noriega (1989) defendem que, ao se debruçar sobre as condições de trabalho, é possível identificar a origem dos problemas de saúde dos trabalhadores, pois cada coletivo de trabalhadores traz em si um perfil peculiar de desgaste em decorrência do ambiente particular. É preciso uma aproximação para entender a realidade que vive o trabalhador. Para isso, se faz mister uma descrição do trabalho que contextualize as ações e o comportamento como maneira de aproximar a descrição da realização. Portanto, há a necessidade de conhecer o processo de trabalho e compreender o gerenciamento de riscos do ofício propriamente dito. Dwyer (2000) aponta três níveis de relações sócias para que os acidentes industriais aconteçam: organização, recompensa e comando. Organização: a distribuição de tarefas obedece à lógica da organização do trabalho. Recompensa: ela pode ser econômica ou simbólica. • econômica: está associada ao aumento da produtividade que acompanha o bônus, participação nos lucros, pagamento de horas extras, entre outros; • simbólica: está associada ao prestígio e poder adquirido por um trabalho benfeito. 66 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 Unidade IV Comando: é a postura do líder no exercício do seu trabalho. Pode ser de três maneiras: • autoritarismo: inibe a participação dos colaboradores e a troca de informações; • desintegração do grupo de trabalho: por meio do controle da comunicação, limitando a troca entre os colaboradores e, principalmente, inibindo a discussão, por exemplo, da percepção sobre os riscos no ambiente de trabalho; • servidão voluntária: quando, de maneira submissa, os colaboradores aceitam atuar sobre condições adversas. Os responsáveis pela prevenção de acidentes não levam em consideração o papel das relações sociais. Todavia, os especialistas apontam o estudo da cultura organizacional como um dos componentes para entender o papel das relações sociais. Para entender esse papel, será necessário definir cultura organizacional como o conjunto de crenças e valores compartilhados pelos membros de uma empresa, e uma das funções dessa postura é dar aos membros uma identidade institucional. Em virtude desse conceito, a cultura de segurança: é o produto dos valores individuais e de grupo, atitudes, competências e padrões de comportamento que determinam o comprometimento, o estilo e a proficiência dos programas de SST de uma organização. Organizações com uma cultura positiva de segurança são caracterizadas por comunicações baseadas em confiança mútua,por percepções da importância de segurança compartilhadas, e por confiança na eficácia de medidas preventivas (BOOTH apud REASON, 2000, p. 393). Höpfel (1994) alerta que é necessário considerar que as tentativas de impor valores desejados para a corporação aos indivíduos podem produzir um mascaramento da realidade, levando às pessoas a encobrirem as reais causas de acidentes. Para Reason (2000), a cultura de segurança é sinônimo da cultura de informação, que deve ser construída baseada nos seguintes pilares de relação com os indivíduos: confiança, comunicação e cooperação. Dentro dessa vertente, a aprendizagem organizacional tem a sua contribuição quando estimula e propicia aquisição de conhecimento, a sua disseminação e a utilização. Organização que aprende é aquela que dispõe de habilidades para criar, adquirir e transferir conhecimentos, e é capaz de modificar seu comportamento, de modo a refletir os novos conhecimentos e ideias (GARVIN, 1993). Garvin (1993) apresenta três tipos básicos de aprendizagem: • aprender como melhorar o conhecimento organizacional existente (aquisição); • aprender a criar um novo conhecimento organizacional, ou seja, inovar (criação); • disseminar ou transferir o conhecimento para as várias áreas da organização (disseminação). 67 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 PSICOLOGIA DO TRABALHO Assim, temos um ambiente estimulante onde se criam múltiplos canais para a transferência de conhecimento e onde se promove a troca de experiências que possibilita adquirir, criar e disseminar a cultura de segurança. A coragem do trabalhador em denunciar a sua indisposição, fadiga, preocupação ou até a sua falta de domínio em relação ao trabalho a ser executado poderá evitar erros que culminem em acidentes. Para isso, precisa haver, como já informado antes, um ambiente de confiança e um fluxo de comunicação bilateral. Deming apud Masiero (2007), um dos precursores dos programas da qualidade, em um dos 14 pontos para a gestão, já abordava a preocupação com os processos e a qualificação dos trabalhadores no caminho para a qualidade total quando levantou a bandeira: “Elimine slogans, frases e cartazes”. A gerência deveria se preocupar em melhorar os sistemas em vez de fazer solicitações vagas do tipo “evitem acidentes”. Nenhum trabalhador sai de casa com a ideia de fazer a sua tarefa de maneira inadequada. As pessoas aumentam os seus atos seguros na medida em que têm o domínio da tarefa adquirido pelo treinamento, pela qualificação, pelas condições de trabalho e pelo uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs). Se insistirem ser reducionistas escolhendo a falha humana como o único motivo para os erros, teremos dificuldades em conhecer as verdadeiras razões e nada se poderá fazer a não ser aceitar os acontecimentos. A percepção tem uma importância substancial nessa situação, como veremos a seguir. 8.1 A percepção A percepção se dá através dos estímulos que a pessoa recebe do meio e que são captados pelos nossos sentidos (tato, olfato, visão, audição e paladar). Aquilo que é assimilado está em consonância com os nossos valores, crenças, experiências, já que a percepção é seletiva. Captamos aquilo que queremos, e se não formos capazes de abstrairmos de nós mesmos as nossas tendências teremos fragmentos da realidade. Segundo Fiorelli (2000), a percepção permite o sentido de completude e continuidade: objetos e formas constituem imagens inteiras, construídas a partir de estímulos fragmentários recolhidos pelos órgãos dos sentidos. Já Wagner III e Hollenbeck (1999, p. 59) assinalam o problema em confiar cegamente na percepção: A maioria de nós confia em “nossos sentidos”, mas às vezes essa fé cega pode nos fazer acreditar que nossas percepções são um reflexo perfeito da realidade. As pessoas reagem àquilo que percebem, e suas percepções nem sempre refletem a realidade objetiva. Esse é um problema importante, porque à medida que aumenta a diferença entre a realidade percebida e a objetiva, aumenta proporcionalmente a possibilidade de incompreensão, frustração e conflito. 68 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 Unidade IV Para Damásio (1996), Ter percepção do meio ambiente não é apenas uma questão de fazer com que o cérebro receba sinais diretos de um determinado estímulo [...] O organismo se altera ativamente de modo a obter a melhor interface possível, o corpo não é passivo. Percebemos as coisas através dos nossos sentidos e a distorção é o fenômeno pelo qual transformamos a realidade para que ela se adapte à nossa cultura, crença, valores e até mesmo às impressões e intenções momentâneas. Essa falha na percepção pode nos levar ao engano, autoengano, por exemplo, na avaliação das circunstâncias – aumentando ou diminuindo a sua importância ou risco, e pode ainda comprometer a interpretação da análise que se pretende realizar da situação. Oliveira (1999) apud Webster (2001): Coloca que a ampliação da capacidade de percepção das pessoas através da educação é o mesmo que ampliar as suas necessidades, tanto qualitativas quanto quantitativas. Desta forma, conforme o autor, necessidades diferentes, ações e respostas diferentes; utilidades diferentes, interesses diferentes. No mundo do trabalho, a participação efetiva das pessoas envolvidas, no caso os trabalhadores de todos os níveis (operacional, gerencial, estratégico etc.), gera compromisso e motivação, de forma que ocorre a percepção natural daquilo que pode ou não comprometer a sua vida ou o patrimônio da empresa. No caso de riscos, há a necessidade de se “provocar” o trabalhador, a participar do reconhecimento e avaliação dos mesmos, de forma que o mesmo passe a “pensar” segurança, culminando numa percepção mais apurada do mundo laboral ao seu redor. Portanto, podemos concluir que a melhoria na percepção, educação continuada dentro de uma proposta de aprendizagem organizacional e um ambiente estimulante no que tange ao desenvolvimento de lealdade e confiança criará as condições necessárias para as atitudes seguras. 8.2 Percepção versus comportamento humano A nossa percepção é seletiva. Assim, de um modo geral, vemos apenas as coisas que estamos procurando, de tal forma que, às vezes, até as vemos onde elas não estão. Quando se tem uma ideia pré‑determinada a respeito de algo, nós temos a tendência de procurar motivos que confirmem a nossa impressão em relação ao objeto observado. Por exemplo, quando se investigam as causas de um acidente no local da ocorrência, o perito tem como crença que, na maioria das vezes, a causa do acidente é falha humana. Com a opinião formada, o investigador inclina‑se a procurar indícios que confirmem a sua crença. Dessa forma, as conclusões atendem a anseios pessoais e que de nada contribuem para diminuir a ocorrência de acidentes. 69 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 PSICOLOGIA DO TRABALHO Qual é a relevância de encontrar precursores? É essencial analisar os dados que indicam a existência de precursores, nome dado a uma situação de alto risco em que os controles gerenciais estão ausentes, não conformes ou ineficazes, podendo levar a um acidente fatal ou alguma lesão incapacitante se o trabalho não for interrompido. Conhecer a existência desses precursores é vital, pois apontam para potenciais problemas. Ter uma percepção aguçada, manter foco na busca de indicadores ou de situações que possam suscitar possíveis riscos e se comunicar com os envolvidos em atividades de risco podem e devem contribuir para instituir uma cultura de segurança. O papel dos líderes é de extrema importância, pois lidam e interferem nos eventospotenciais. O seu trabalho será facilitado se estabelecer um canal de comunicação bilateral e se houver um ambiente que estimula e encoraja o diálogo. Resumo A liderança sempre estará relacionada ao sucesso ou ao fracasso no mundo corporativo, seja motivando ou desmotivando, seja criando uma visão compartilhada ou um cenário nebuloso, tomando decisões autoritárias ou partilhando a liderança. Assim, apresentamos a definição de liderança e a habilidade para influenciar pessoas ou grupos para atender objetivos. Vimos qual é a diferença entre liderança e gerenciamento, o que é liderança bem‑sucedida e liderança malsucedida e como o líder poderá fazer para torná‑la eficaz ou ineficaz. Passamos por DuBrin e as fontes de poder. Vimos como Peter Drucker define como ser líder e continuamos com Blanchard e Hersey e a Teoria da Liderança Situacional e os quatro estilos, a saber: Determinar, Persuadir, Compartilhar e Delegar, estilos estes que podem contribuir sobremaneira para o desenvolvimento de talentos e com isso a formação de sucessores ou de líderes num plano de expansão. E por fim chegamos aos atributos de um líder definidos por Ulrich, o que os líderes são, o que os líderes sabem e o que os líderes fazem. Antigamente, não havia muitos cuidados com as condições de trabalho nem com a proteção do trabalhador. O custo social estava na perda da força de trabalho em plena idade produtiva por incapacidade, garantindo indenização, total, parcial, por tempo determinado, indeterminado ou permanente. Deve‑se considerar que, dependendo da situação, esta poderá afetar a continuidade do trabalho, como a quebra ou danificação da máquina. Foi possível entender conceitos como condições latentes, acidentes normais e cultura do improviso, assim como os três níveis de relações 70 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 Unidade IV sociais de Dwyer (organização, recompensa e comando). Foram abordadas a cultura organizacional e a cultura de segurança, que é sinônimo da cultura da informação e aprendizagem organizacional. Abordamos como os sentidos contribuem para a avaliação das condições do ambiente e do trabalho, norteando a percepção. Exercícios Questão 1. Leia atentamente o texto apresentado a seguir, relativo aos estilos de liderança. Entendendo liderança como habilidade para influenciar pessoas ou grupos tendo em vista a consecução de determinado objetivo, a partir do efeito resultante podemos avaliar se determinada liderança foi bem‑sucedida ou malsucedida. Assim, se na posição de líder dou um comando pretendendo atingir certo objetivo e não sou atendido, ou seja, obtenho como comportamento resultante uma negativa, terei que admitir que minha liderança foi malsucedida. Por outro lado, se minha tentativa de influenciar o comportamento for bem‑sucedida (o comportamento resultante é positivo), apenas isso não garante que eu tenha atingido meu objetivo porque a resposta de meu liderado pode ser eficaz ou ineficaz. Considerando o exemplo da relação entre dois irmãos ‑ Gabriel e Rafael ‑, cuja liderança cabe a Gabriel, por ser o irmão mais velho, algumas situações são criadas a partir do comportamento de Rafael quando Gabriel delega a ele a tarefa de ir à padaria comprar pão e leite. Seu comportamento poderá ser: 1. Não irei. Vá você! 2. Irei sim, embora eu não pudesse ir porque tenho provas na escola hoje e ainda não repassei minhas fichas. 3. Irei sim, mesmo tendo provas na escola hoje. Sei que é importante para mim e para a nossa família que eu realize a minha parte nas obrigações domésticas. Mesmo com um pequeno desvio em minha programação de hoje, fico feliz ao colaborar com nosso grupo familiar. Sem perder de vista o que é considerado comportamento eficaz no contexto organizacional, e considerando que os comportamentos de Rafael geraram respostas positivas ou negativas, verifique e registre na coluna 3 se a liderança de Gabriel foi eficaz ou ineficaz. Depois, assinale a alternativa correta. COLUNA 1 Resposta (comportamento) de Rafael COLUNA 2 Resposta positiva ou negativa COLUNA 3 Liderança eficaz ou ineficaz LINHA 1 (L1) Não irei LINHA 2 (L2) Irei de má vontade LINHA 3 (L3) Irei de boa vontade 71 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 PSICOLOGIA DO TRABALHO A eficácia da liderança de Gabriel acha‑se corretamente registrada em: A) L1 – Coluna 2 – Positiva e Coluna 3 – Liderança Ineficaz B) L1 – Coluna 2 – Negativa e Coluna 3 – Liderança Eficaz C) L2 – Coluna 2 – Positiva e Coluna 3 – Liderança Eficaz D) L3 – Coluna 2 – Positiva e Coluna 3 – Liderança Eficaz E) Impossível avaliar a eficácia da liderança de Gabriel Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: considerando que no contexto organizacional é tido por eficaz, o comportamento que atende, simultaneamente, às necessidades da organização e às necessidades emocionais do trabalhador, a resposta “Não irei” dada por Rafael é resposta negativa e ineficaz. B) Alternativa incorreta. Justificativa: considerando que no contexto organizacional é tido por eficaz o comportamento que atende, simultaneamente, às necessidades da organização e às necessidades emocionais do trabalhador, a resposta “Não irei”, dada por Rafael é resposta negativa, sendo, portanto, impossível que seja eficaz. C) Alternativa incorreta. Justificativa: considerando que no contexto organizacional é tido por eficaz o comportamento que atende, simultaneamente, às necessidades da organização e às necessidades biopsicossociais do trabalhador, a resposta “Irei de má vontade”, dada por Rafael é resposta positiva, porém ineficaz, dado o fato de Rafael não se sentir bem com essa ação. D) Alternativa correta. Justificativa: considerando que no contexto organizacional é tido por eficaz o comportamento que atende, simultaneamente, às necessidades da organização e às necessidades biopsicossociais do trabalhador, a resposta “Irei de boa vontade”, dada por Rafael é resposta positiva e eficaz, dado o fato de Rafael sentir‑se bem com essa ação. 72 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 Unidade IV E) Alternativa incorreta. Justificativa: como podemos constatar nas justificativas dadas às alternativas precedentes, é perfeitamente possível avaliar a eficácia da liderança de Gabriel no exemplo dado. Questão 2. Dependendo da maturidade dos liderados, aumentam os desafios das tarefas e altera‑se o estilo de ação gerencial. Abaixo são apresentados dois conjuntos de informações. Um deles, relativo aos estilos de liderança e o outro, relativo à maturidade dos liderados. Relacione os estilos de liderança a serem adotados em função da maturidade dos liderados e assinale a alternativa correta. Estilos de Liderança: 1. E1 ‑ Estilo 1 – O líder determina, dirige, controla e cobra resultados. 2. E2 ‑ Estilo 2 – O líder determina, dirige, controla, intensifica seu apoio sócio emocional e cobra resultados. 3. E3 ‑ Estilo 3 – O líder estabelece relacionamento mais próximo com o liderado e cobra resultados. 4. E4 ‑ Estilo 4 – O líder sai de cena, deixa o liderado à vontade, age como facilitador e cobra resultados. Grau de maturidade dos liderados: a. MB‑M ‑ Maturidade Baixa para Moderada. b. MB ‑ Maturidade Baixa. c. MA ‑ Maturidade alta. d. MM‑A ‑ Maturidade moderada para alta. Assinale a alternativa que relaciona corretamente o estilo de liderança com a maturidade dos liderados: A) E1 – MB‑M B) E1 – MB C) E2 ‑ MB D) E3 – MA E) E4 – MM‑A Resolução desta questão na plataforma. 73 Re vi sã o: Car la - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 17 /0 8/ 20 16 REFERÊNCIA Audiovisuais NÁUFRAGO. Dir. Robert Zemeckis. Estados Unidos: 20th Century Fox, 2001. 144 minutos. QUASE Deuses. Dir. Joseph Sargent. Estados Unidos, 2004. 110 minutos. TEMPOS modernos. Dir. Charles Chaplin. Estados Unidos, 1936. 87 minutos. Textuais BARBOSA, T. S. Gerenciamento de riscos de acidentes do trabalho: estudo de caso em uma obra de construção de dutos terrestres. 2002. 102 f. Dissertação (Mestrado). Fiocruz, Rio de Janeiro, 2002. BLANCHARD, K., HERSEY, P. Psicologia para administradores: a teoria e as técnicas da liderança situacional. São Paulo: EPU, 1986. BOCK, A. M. B.; TEIXEIRA, M. L. T.; FURTADO, O. Psicologia fácil. São Paulo: Saraiva, 2011. BOOG, G.; BOOG, M. (Coord.). 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