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Agricultura Sustentável - Livro-Texto - Unidade II

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Unidade II
5 OS PROBLEMAS DO MODELO CONVENCIONAL
O caminho que estamos criando para o mundo está pavimentado com boas 
intenções. No entanto, sabemos para onde ele leva? Materialmente, estamos 
promovendo o esgotamento dos recursos. Nossos programas de apoio à 
agricultura dão pouca atenção aos usos e produtos autóctones. Em vez 
de aprender sobre as suas experiências e preferências, nós nos esforçamos 
para impor nossos usos, considerando atrasado o que não se encaixa em 
nosso padrão. Pá, enxada e cultivos variados são uma afronta à nossa fé no 
progresso (SAUER, 1992, p. 23).
Estamos tratando dos problemas ambientais desde o início do texto, porém, neste momento, eles 
devem ficar mais evidentes. Poluição, envenenamento, toxidade, são eventos com possibilidades de 
diagnósticos sistêmicos, a partir de uma ótica de gerenciamento ambiental de recursos tomados como 
elementos dos sistemas e cadeias produtivas convencionais. Entretanto, o tema da disciplina requer que 
sejamos radicais já nas concepções do problema em suas causas. Sendo, então, mais incisivos, somos 
levados às visões alternativas de organização do espaço rural, com revisões nos modelos de gestão e de 
planejamento ambiental alternativos e participativos.
A construção do conhecimento agroecológico, como diz Ehlers (1998), ocorre com base em utopias, 
no melhor sentido da palavra.
Todos os debates sobre os transgênicos dividem os contendores em basicamente dois lados: aqueles 
que se alinham à favor de uma saída tecnológica para especialização e fortalecimento de espécies 
contra o que veem como “obstáculos” ao desenvolvimento, além dos “problemas de produtividade” 
(estão pensando em escala); e aqueles que temem efeitos indesejáveis ou impactos do uso à saúde, 
não previstos pelas pesquisas com tempo insuficiente ainda para avaliação da eficiência ambiental (não 
econômica).
É necessário nos perguntarmos sobre os caminhos que tomamos para podermos discutir outros, e o 
que nos interessa produzir e consumir.
É preciso, assim, ir além de modos e exotismos. Crosby (1993) expõe de modo interessante a irradiação 
dos padrões alimentares de boa parte do mundo a partir da Europa, o que explicaria também os circuitos 
produtivos de alimentos, insumos, cardápios inteiros baseados em regiões que milhões de pessoas 
nunca viram, forçando ecossistemas de modo artificial a produzirem espécies exóticas. O agravante 
desse processo de séculos é a visão que se adquiriu de “solos pobres”, quando na verdade os solos não 
deveriam ter eficiência com cultivares estrangeiros; é o caso dos solos de nossas florestas tropicais, 
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que não são adequados ao plantio de espécies do gosto do colonizador europeu. Esse processo moldou 
a estrutura fundiária e as bases agropecuárias dos povos subjugados pelas armadas e pelo comércio 
português, espanhol e britânico.
Uma lista sem fim de situações mostrando a negação da complexidade alimentar poderia ser 
citada, como lanchonetes, restaurantes, supermercados vendendo reduções simplificadas de pratos 
anteriormente comuns, habitualmente mais complexos e preparados em casa; trata‑se do reino do 
funcional, do prazer fácil, quase sempre solitário, do comer apressado. Não há lugar para pratos 
complexos, pois a experiência tanto para o preparo quanto para comê‑lo não estará disponível. Claro 
que estamos num terreno perigoso para se achar o verdadeiro hábito em meio às imposições de povos 
conquistadores e consequentes transformações de estruturas milenares. Os “problemas com a revolução 
verde” na forma de envenenamento dos rios e dos solos, também são descritos por Standage (2010).
Comemos o que nos dizem as grandes empresas agroalimentares. No Brasil, a legislação ambiental 
básica é da década de 1980.
É somente em 2000 que se chega à lei que instaura o Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
(o Snuc), que define as áreas de preservação em unidades de proteção integrais e com permissões 
graduais e funcionais de usos. É um instrumento de política ambiental que pode ser muito útil, mas 
também apenas mais uma lei.
No coro das acusações às inovações tecnológicas abstratas (desvinculadas das regiões e populações 
reais), segue o trecho de Lima (2004):
Diante desse diagnóstico (de que a crise fora gerada, em grande medida, em 
decorrência do próprio padrão científico‑tecnológico. O que, segundo alguns 
pensadores, exigiria uma nova configuração do conhecimento socialmente 
produzido sobre o mundo – social e natural), a atual relação entre sociedade 
e natureza parece ter por base uma nova escassez. Não mais uma relação 
fundadora do que é irredutivelmente humano como a categoria trabalho 
em Marx (1975). Pelo contrário, a principal clivagem que a sociedade 
contemporânea parece ter construído, na sua relação com o seu substrato 
natural, é uma “escassez limitante” do texto humano. Não é mais a natureza 
do ambiente local (a intempérie, os fenômenos naturais, a sazonalidade, os 
desastres naturais) que está a desafiar a capacidade e criatividade cultural 
de um grupo humano em particular. Hoje são os limites de regeneração da 
Terra como um todo, que parecem se impor ao texto colocado em marcha 
pela moderna sociedade industrial: suas relações de produção, seus padrões 
de consumo; seu padrão tecnológico; sua densidade demográfica; sua 
hierarquização e desqualificação de saberes e culturas (LIMA, 2004, p. 5).
Na lista de problemas devemos assinalar que a desigualdade social em todos os níveis está na base 
de todos os problemas, perpetuando‑nos; assim, a questão da propriedade deve ser discutida quando se 
considera o desenvolvimento sustentável e as formas de produção sustentáveis.
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Unidade II
 Saiba mais
Ladislau Dowbor é uma importante referência sobre o assunto da 
propriedade. Leia:
DOWBOR, L. Da propriedade intelectual à economia do conhecimento. 
Economia Global e Gestão, Lisboa, v. 15, n. 1, abr. 2010a. Disponível em: 
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873‑744
42010000100002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 6 abr. 2015.
6 SOLUÇÕES: UMA INTRODUÇÃO ÀS OPÇÕES E ÀS POSSIBILIDADES DE 
MELHORIA DE QUALIDADE DO AMBIENTE E DA VIDA
Em essência, o Enfoque Agroecológico corresponde à aplicação de 
conceitos e princípios da Ecologia, da Agronomia, da Sociologia, da 
Antropologia, da ciência da Comunicação, da Economia Ecológica e de 
tantas outras áreas do conhecimento, no redesenho e no manejo de 
agroecossistemas que queremos que sejam mais sustentáveis através do 
tempo (CAPORAL, 2002, p. 14).
Vamos ao esboço das soluções, numa introdução teórica à transição. Os porquês de mudar, a transição 
e as opções alternativas, aproveitando as formas vernáculas e a diversidade de percepções, de ideologia 
e de tecnologias.
Os assuntos atinentes à transição dos sistemas convencionais para as alternativas que resgatam 
a escala humana (saúde, criação, acesso, entre outros valores éticos) são: ecologia experimental 
e “intuitiva”, de preservação, economia social e “flexível”, resgate da “microeconomia” de alimentos 
caseiros com a devida supervisão pelos gestores públicos e privados, hortas urbanas, feiras e redes para 
trocas de sementes; eis alguns temas próprios às relações entre sustentabilidade e ecologia, pois como 
afirma Gliessman (2000), “o enfoque agroecológico pode ser definido como a aplicação dos princípios e 
conceitos da ecologia no manejo e desenho de agroecossistemas mais sustentáveis”.
Para Gliessman (2000), podemos distinguirtrês planos do processo de transição para a produção 
baseada em agroecossistemas mais sustentáveis. O primeiro nível diz respeito ao aumento da 
eficiência das práticas convencionais para reduzir o uso e consumo de inputs externos caros, escassos 
e danosos ao meio ambiente. O segundo nível da transição se refere à substituição de inputs e práticas 
convencionais por práticas alternativas. A meta seria a substituição de insumos e práticas intensivas em 
capital, contaminantes e degradadoras do meio ambiente por outras mais benignas sob o ponto de vista 
ecológico. Neste nível da transição, a estrutura básica do agroecossistema seria pouco alterada, podendo 
ocorrer, então, problemas similares aos que se verificam nos sistemas convencionais. O terceiro e mais 
complexo nível da transição é representado pelo redesenho dos agroecossistemas, para que funcionem 
com base em um novo conjunto de processos ecológicos.
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É preciso discutir qual é o melhor modo de produzir de acordo com os verdadeiros preceitos de 
sustentabilidade, o que implica discutir modelos de agricultura ecológica e formas de agricultura 
industrial e familiar. Caporal (2004) chama atenção à elitização dos processos e dos resultados sociais.
Importante: não negamos o papel fundamental da produção industrial no que diz respeito à escala 
de suprimento, devemos sim discuti‑la e planejá‑la de acordo com as especificidades regionais dos 
grupos sociais de demanda (políticos, culturais e econômicos) que passariam desse modo a participar da 
pauta política da agenda agrária.
Caporal (2009) estabelece alguns dos desvios dos preceitos da agroecologia, lamentando que haja 
confusão ao modo como vem acontecendo com a palavra de ordem “desenvolvimento sustentável”. E 
continua:
O que não é Agroecologia. Em outros trabalhos, temos procurado enfatizar 
o que não é Agroecologia. Isso é importante na medida em que permite 
uma abordagem diferenciada e mais coerente com a lógica do processo de 
ecologização que vem ocorrendo. Ainda que a palavra Agroecologia nos faça 
lembrar de estilos de agricultura menos agressivos ao meio ambiente, não é 
pertinente confundir Agroecologia com um tipo de agricultura alternativa. 
Também não é suficientemente explicativo o vínculo, muito comum da 
ciência agroecológica com “uma produção agrícola dentro de uma lógica 
em que a natureza mostra o caminho”; “uma agricultura socialmente justa”; 
“o ato de trabalhar dentro do meio ambiente, preservando‑o”; “o equilíbrio 
entre nutrientes, solo, planta, água e animais”; “o continuar tirando 
alimentos da terra sem esgotar os recursos naturais”; “uma agricultura sem 
destruição do meio ambiente”; “uma agricultura que não exclui ninguém”; 
entre outras (CAPORAL, 2009, p. 3).
O autor segue seu raciocínio afirmando que a agroecologia busca integrar os saberes históricos dos 
agricultores com os conhecimentos de diferentes ciências, permitindo tanto a compreensão, análise 
e crítica do atual modelo do desenvolvimento e de agricultura como o estabelecimento de novas 
estratégias para o desenvolvimento rural e novos desenhos de agriculturas mais sustentáveis, com uma 
abordagem transdisciplinar.
agroecologia constitui‑se em um campo do conhecimento científico que 
[...] pretende contribuir para que as sociedades possam redirecionar o 
curso alterado da coevolução social e ecológica, nas suas mais diferentes 
inter‑relações e mútua influência (CAPORAL, 2009, p. 4).
As discussões prévias devem fundamentar o desenvolvimento teórico e as técnicas de estudo e 
manejo produtivo dos ecossistemas, trazendo coerência à elaboração e aplicação de conceitos.
Se, conforme aponta Enrique Leff, “a problemática ambiental [...] surgiu nas 
últimas décadas do século XX como uma crise de civilização, questionando 
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a racionalidade econômica e tecnológica dominantes”, o que produziu a 
sujeição e a redução da crítica ambientalista aos mecanismos de regulação 
e controle dos problemas que denunciam? Por que um pensamento fundado 
por um dos principais diagnósticos críticos da realidade contemporânea 
produz hoje uma literatura, muitas das vezes, centrada na “apresentação 
de afirmações normativas como afirmações científicas” (LIMA, 2004, p. 2).
Stédile (2003, p. 5) afirma que hoje a reforma agrária não poderia mais ser a “reforma agrária 
clássica capitalista” em que o camponês “se viraria” apenas dividindo a terra, loteando‑a em parcelas e 
botando o pobre em cima, pois o desenvolvimento das forças produtivas na agricultura e na sociedade 
e o modelo agrícola que foi adotado exigem o que chamamos de “reforma agrária de novo tipo”, 
indo além do simples assentamento, com políticas de incentivos governamentais, apoio tecnológico, 
extensão e acompanhamento agronômico. Também seriam necessários: política de preços mínimos; 
crédito concedido de acordo com categorias dimensionais das propriedades e dos produtos; manejo 
sustentável; programa de redistribuição de terras conforme a área e os produtos a serem trabalhados.
Políticas estruturantes para alcançar a soberania alimentar
As hipóteses para a construção de uma soberania alimentar no Brasil, no âmbito mais 
geral de afirmação da soberania popular, necessitariam de reformas estruturais no meio 
rural e no atual modelo de produção agrícola do país. Entre elas se destacariam, como 
essenciais:
1. Uma reforma agrária ampla e massiva que a democratize a posse e uso da terra, 
tendo como consequências a garantia de acesso a 4 milhões de famílias de trabalhadores 
que querem produzir na agricultura. Para isso é preciso desapropriar os maiores latifúndios, 
sobretudo os de propriedade do capital estrangeiro e de empresas não agrícolas, bancos etc.
2. Mudar o atual modelo de produção e de tecnologia agrícola dominante para uma 
outra concepção de produção de alimentos saudáveis, baseados na agroecologia, agricultura 
ecológica, orgânica e outros caminhos que garantam produção e oferta abundante em 
todos os locais, regional e a nível nacional.
3. Limitar o tamanho máximo da propriedade e posse da terra; e garantir o princípio do 
interesse de toda sociedade sobre os bens da natureza, água e biodiversidade.
4. Reformular o papel do Estado para que ele ordene o processo de soberania alimentar, 
garantindo a sua produção e distribuição em todas as regiões do país.
5. Controle direto do governo sobre o comércio exterior (importação/exportação) de 
alimentos e sobre as taxas de juros e de câmbio.
6. Implementar um amplo programa de pequenas e medias agroindústrias instaladas em 
todos os municípios do país, na forma cooperativa.
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7. Garantir estoques reguladores de alimentos saudáveis, por parte do governo, para 
garantia de acesso a toda população.
8. Desenvolvimento de um novo modelo econômico, baseado na ampla distribuição 
de renda, na garantia de emprego e renda para toda população; na universalização da 
educação e na implementação de uma indústria nacional voltada para o mercado interno.
9. O conhecimento e plena liberdade para intercambiar e melhorar sementes é um 
componente fundamental da Soberania Alimentar, porque sua existência em diversidade 
permite assegurar a abundância alimentar, servir de base a uma nutrição adequada e variada 
e desenvolver formas culinárias culturalmente próprias e desejadas. As sementes são o início e 
o fim dos ciclos de produção camponesa, são criação coletiva que reflete a história dos povos 
e de suas mulheres, as quais foram suas criadorase principais guardiãs e aperfeiçoadoras. Seu 
desaparecimento leva ao desaparecimento das culturas dos povos do campo e de comunidades. 
Como não são apropriáveis, devem manter seu caráter de patrimônio coletivo.
10. Impedir o uso e fomento de sementes transgênicas. Elas representam a propriedade 
privada da vida, da possibilidade da livre reprodução, e acima de tudo representam a destruição 
de toda biodiversidade, pois elas não conseguem se reproduzir sem contaminação de todas 
as demais sementes. Além de pesar dúvidas e a falta de pesquisa sobre suas consequências 
para a saúde animal e humana.
Fonte: Stédile (2010, p. 14‑15).
 Observação
Stédile (2003) reafirma que todos os povos têm o direito a consumir 
de acordo com fatores culturais, éticos, religiosos, estéticos, de qualidade 
alimentícia; alimentos sadios, acessíveis e culturalmente apropriados é 
condição sine qua non para alcançarmos a soberania alimentar verdadeira.
A etnoconservação da natureza é uma concepção fundamentalmente ética e, assim, torna‑se 
importante instrumento e moderno de produção, pois:
[...] mais que uma área do conhecimento científico, é uma possibilidade 
em potencial para a proteção dos recursos naturais, principalmente para 
os países em desenvolvimento. Enquanto ciência, os estudos no campo da 
etnoconservação são capazes de levantar dados importantes que, além de 
propiciar conhecimentos científicos relevantes, auxiliam na proteção de 
áreas naturais. Os conhecimentos difundidos pelas populações tradicionais se 
referem ao meio no qual foram produzidos, no geral, ecossistemas tropicais 
com elevado grau de biodiversidade. Apesar das muitas pesquisas realizadas, 
estes ecossistemas ainda possuem muitos detalhes desconhecidos pela ciência 
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ocidental moderna, mas que são contemplados pelo cotidiano das populações 
humanas que sobrevivem por meio da interação que desenvolveram com estes 
locais. Neste sentido, estes conhecimentos trazem importantes contribuições 
para a compreensão do funcionamento destes sistemas complexos e, por 
conseguinte, para melhorias na administração e proteção dessas áreas. É 
importante ressaltar as populações tradicionais como importantes agentes 
para a proteção de áreas naturais e a necessidade que existe em protegê‑los, 
visto que apresentam um dos modos de vida humana capaz de coexistir 
dentro de certo equilíbrio com a natureza. A articulação entre meio natural 
e social, proporcionada pela etnociência, com enfoque na relação entre 
conhecimentos tradicionais e conservação dos recursos naturais, por meio 
de subsídios da etnoconservação, conduz a uma reflexão sobre a ideia de 
natureza como uma construção cultural de algumas sociedades humanas 
que, ao desenvolverem esta noção como algo externo, longínquo, digno de 
observação e contemplação, não consideram que também são uma das partes 
desta “natureza” e que apresentam intensa dependência de todo o ciclo que é 
perpetuado constantemente (PEREIRA; DIEGUES, 2010, p. 47‑48).
Os saberes tradicionais, não apenas do agricultor, mas do pescador e criador de animais, vistos 
anteriormente, são resgatados pelo conhecimento científico das engenharias, como a agronômica.
O tratamento de resíduos da produção agropecuária é uma questão importante e deve ser encarada 
de modo metódico, como na permacultura, por exemplo:
IHU On‑Line – Em que consiste a permacultura, o que a diferencia da 
agroecologia, por exemplo, e como ela vem sendo desenvolvida na 
agricultura brasileira?
João Rockett – Podemos dizer que a permacultura engloba a agroecologia, 
como se fosse uma plataforma. Trata‑se de um projeto interdisciplinar para 
criar unidades sustentáveis envolvendo a questão da água, da energia, da 
habitação, dos animais e das plantas dentro de um sistema que conecta 
esses outros sistemas. Ou seja, trata‑se do projeto de otimizar um local 
com menor impacto sobre o espaço. Dentro desse sistema mais amplo, 
a agroecologia está relacionada à questão dos alimentos, considerando 
também a forma de distribuir esse produto no mercado e a questão social 
envolvida na produção (PERMACULTURA..., 2013)
7 SOLUÇÕES: DESENVOLVIMENTO DAS SOLUÇÕES COM PREDOMÍNIO DA 
CULTURA E DO AMBIENTE PARA O MANEJO ECOLÓGICO E ECONÔMICO, DE 
FATO ECOEFICIENTE
A melhoria das condições ambientais e da saúde humana, de um modo particular, requer que se 
considerem as dimensões da cultura e da política para o manejo ecológico e econômico dos ecossistemas.
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Como corrigir os rumos baseados nas perdas? Os dilemas da via tecnológica apontam que não se 
pode colocar todas as fichas nessa frente.
Algumas saídas pela via tecnológica poderiam trazer benefícios se associados a outras ações, como 
é o caso da mudança de material das embalagens:
Feito à base de mandioca, bom para embalar, dá até para comer. A tecnologia 
brasileira busca alternativas às embalagens plásticas tradicionais. Sabemos 
que o plástico é um dos maiores poluidores, só a China se vê às voltas com 
3 milhões de sacolas plásticas por dia (DWORZAK, 2008).
Leff (2001, p. 145) traz uma importante contribuição às frentes sustentáveis com suas reflexões e 
projetos relacionados ao saber ambiental. A respeito da formação do saber ambiental, a:
[...] construção de uma racionalidade ambiental implica a formação de 
um novo saber e a integração interdisciplinar do conhecimento, para 
explicar o comportamento de sistemas socioambientais complexos. O saber 
ambiental problematiza o conhecimento fragmentado em disciplinas e a 
administração setorial do desenvolvimento, para constituir um campo 
de conhecimentos teóricos e práticos orientado para a rearticulação das 
relações sociedade‑natureza. Este conhecimento não se esgota na extensão 
dos paradigmas da ecologia para compreender a dinâmica dos processos 
socioambientais, nem se limita a um componente ecológico nos paradigmas 
atuais do conhecimento. O saber ambiental excede as “ciências ambientais”, 
constituídas como um conjunto de especializações surgidas da incorporação 
dos enfoques ecológicos às disciplinas tradicionais – antropologia ecológica; 
ecologia urbana; saúde, psicologia, economia e engenharia ambientais 
– e se estende além do campo de articulação das ciências, para abrir‑se 
ao terreno dos valores éticos, dos conhecimentos práticos e dos saberes 
tradicionais. O saber ambiental emerge do espaço de exclusão gerado no 
desenvolvimento das ciências, centradas em seus objetos de conhecimento, 
e que produz o desconhecimento de processos complexos que escapam à 
explicação dessas disciplinas. Exemplo disto é o campo de externalidades 
no qual a economia situa os processos naturais e culturais, e inclusive a de 
inequitativa distribuição da renda e a desigualdade social gerada pela lógica 
do mercado e pela maximização de benefícios a curto prazo.
O que Khatounian (2001, p. 23‑24) chama de “reconstrução ecológica da agricultura” é um conjunto 
de correções nos processos produtivos convencionais, requerendo o estabelecimento e disseminação 
dos princípios sustentáveis de planejamento e gestão, bem como clareza sobre as áreas de abrangência 
e de progressiva ocorrência dos novos métodos.
Métodos alternativos aos convencionais, para Khatounian (2001, p. 24), têm expandido seus mercados, 
já que estariam inseridos numa profunda mudança na atitude das pessoas diante de recursos naturais. O 
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autor aponta uma sensação de imaginação de pequenez humana frente à potência das forças da naturezae “até o início dos anos 1960, a atitude predominante era a do temor‑domínio”. Temendo e dominando, a 
humanidade vem seguindo no afã de controlar e manejar todas as forças do planeta.
A crença nos avanços tecnológicos possibilitou ao ser humano transformar o ambiente numa tal 
escala que os mecanismos naturais de reconstituição não eram mais suficientes para esse modelo 
convencional de produção de excedentes além do consumo. Khatounian (2001, p. 25) discorre sobre os 
marcos desse pensamento e dessas ações:
No início dos anos 1960, a publicação de Silent Spring, de Rachel Carson, 
chamou a atenção da opinião pública para os danos que a utilização de 
inseticidas estava causando ao ambiente, inclusive a grandes distâncias 
das áreas de aplicação. Nas décadas de 1970 e de 1980 se sucedem as 
constatações da poluição generalizada do planeta, dos pinguins na Antártida 
aos ursos polares no Ártico, e se avizinha a exaustão iminente das reservas 
de importantes recursos naturais. Em 1992, esse conjunto de informações se 
cristaliza numa série de documentos apresentados e aprovados na Terceira 
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, 
a ECO‑92, no Rio de Janeiro. [...]. A Terra deixará de ser um campo ilimitado; 
tornara‑se um pequeno jardim da humanidade.
O autor acha que há uma sucessão de acontecimentos que desencadeiam novas formas mais 
respeitosas de ver e viver a natureza. Identifica uma busca por formas de agricultura “menos dependentes 
de insumos químicos, tentando conciliar as necessidades econômicas e sociais das populações humanas 
com a preservação da sua base natural” (KHATOUNIAN, 2001, p. 25).
Para o autor, embora tenham sido de origem ocidental, os sucessos e insucessos do desenvolvimento 
técnico e econômico eurocêntrico universalizaram‑se, associados à expansão econômica dos países 
europeus e dos EUA, no que foram seguidos pelo Oriente, como é caso expressivo do Japão, orientado 
para o desenvolvimento industrial no estilo ocidental. E acrescenta:
Assim, o modo de produção baseado em insumos químicos, primeiro 
fertilizantes, depois biocidas, alcançou todos os quadrantes geográficos 
do planeta, em maior ou menor intensidade, o mesmo ocorrendo com a 
poluição industrial. Disso resultou que os problemas trazidos pela poluição 
industrial e pela agricultura quimificada igualmente se generalizaram pelo 
mundo. Resultou também num grande número de reações, buscando o 
desenvolvimento de modos de produção mais naturais ou ao menos de 
menor impacto no ambiente (KHATOUNIAN, 2001, p. 25).
Essas reações surgiram mais ou menos ao mesmo tempo e em diversos países, “incorporando elementos 
da cultura de onde emergiam ao seu corpo filosófico e prático” (KHATOUNIAN, 2001, p. 25). É nas décadas 
de 1920 a 1940 que se organizam os primeiros movimentos a usarem adjetivos como biológico‑dinâmico, 
orgânico ou natural, para se diferenciarem da doutrina dominante centrada na química.
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A diversidade das frentes que se caracterizou num grande movimento de reações às atividades 
agrárias é muito maior e mais complexa, o que inviabilizaria nosso quadro. O termo sustentável, mais do 
que uma escola, abrange todas essas ações, assim como as designações de todas elas se interpenetram; 
porém, prevalece aqui o apelo didático para facilitar as suas maiores marcas.
Neste momento do texto apresentamos de modo breve as “escolas de agricultura ecológica”, segundo 
Khatounian (2001).
Biodinâmica
Escola criada na Alemanha, em 1924, como reação à química agrícola. Sua figura central é o filósofo 
Rudolf Steiner, grande influência em várias gerações de agrônomos e agricultores. Os adubos químicos 
da época causaram grande estrago nas lavouras, gerando um ambiente propício às ideias de Steiner.
Esse método preconizava a moderna abordagem sistêmica, entendendo a 
propriedade como um organismo e destacava a presença de bovinos como um 
dos elementos centrais para o equilíbrio do sistema. Foi bastante difundido 
nos países de língua e/ou influência germânica. A escola biodinâmica foi 
a primeira a estabelecer um sistema de certificação para seus produtos. 
O método biodinâmico de agricultura é acompanhado na educação pela 
Pedagogia Waldorf e na saúde pela Medicina Antroposófica (KHATOUNIAN, 
2001, p. 25‑26).
A agricultura biodinâmica no Brasil esteve inicialmente associada à colônia alemã, estabelecendo‑se 
pioneiramente em Botucatu – SP, em uma fazenda chamada Estância Demétria. “Posteriormente, essa 
unidade foi assumindo novas funções e se desmembrando em outras organizações, que são atualmente 
ativas na formação de pessoal, certificação e divulgação” (KHATOUNIAN, 2001, p. 26).
Orgânica
Surge no Reino Unido, disseminando‑se em seguida pelos Estados Unidos. A figura de maior expressão 
dessa corrente foi o agrônomo Albert Howard, com extensa experiência na Índia, então colônia britânica. 
Ele percebeu que a adubação química produzia excelentes resultados nos primeiros anos, mas depois os 
rendimentos caíam drasticamente em comparação aos resultados obtidos pelos camponeses indianos a 
partir de métodos tradicionais, com menores, mas constantes rendimentos.
O fertilizante básico dos indianos era preparado misturando‑se 
excrementos animais com restos de culturas, cinzas, ervas daninhas, 
o que resultava num compost manure (esterco composto), de onde se 
originou o termo “composto”, hoje corrente. Após mais de três décadas de 
observação, experimentação e reflexão, Howard publica An Agricultural 
Testament, em 1940, ainda hoje um clássico em agricultura ecológica 
(KHATOUNIAN, 2001, p. 26).
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Há uma expansão desse tipo de produção e o mercado abre‑se para seus produtos à medida que as 
pessoas ficam temerosas com o envenenamento dos alimentos, procurando e cobrando soluções.
Natural
Mokiti Okada iniciou um movimento de caráter filosófico‑religioso no Japão, nos anos 1930 e nos 
1940, criando a Igreja Messiânica. “Um dos pilares desse movimento foi o método agrícola denominado 
Shizen Noho, traduzido como o ‘método natural’ ou ‘agricultura natural’” (KHATOUNIAN, 2001, p. 26).
Suas bases estão no trabalho de Masanobu Fukuoka (fitopatologista), que defende “a menor alteração 
possível no funcionamento natural dos ecossistemas, alimentando‑se diretamente do Zen‑Budismo” 
(KHATOUNIAN, 2001, p. 26). É das maiores fontes de inspiração para as técnicas de produção orgânica.
Mais recentemente, a agricultura natural tem se concentrado na utilização de 
microrganismos benéficos à produção vegetal e animal, conhecidos pela sigla EM 
(do inglês, microrganismos eficazes). Esses microrganismos foram selecionados 
pelo Professor Teruo Higa, da Universidade de Ryukiu, e são difundidos e 
comercializados pela Igreja Messiânica (KHATOUNIAN, 2001, p. 27).
A colônia japonesa aqui no Brasil foi responsável pela difusão inicial desse método associado à Igreja 
Messiânica e “atualmente a Agricultura Natural inclui braços empresariais, voltados à comercialização e 
à certificação” (KHATOUNIAN, 2001, p. 27).
Biológica
No início dos anos 1960, na França, acontece o movimento da agricultura ecológica com arcabouço 
teórico sistematizado por Claude Aubert, em livro publicado em 1974, A Agricultura Biológica: por que 
e como Praticá‑la.
Assim como a agricultura orgânica de Howard, a proposta de Aubert não se vincula a uma doutrina 
filosófica ou religiosa particular. Desenha‑se “como uma abordagem técnica sobre o pano de fundo 
de um relacionamento mais equilibrado com o meio ambiente e de melhor qualidade dos produtos 
colhidos” (KHATOUNIAN, 2001, p. 27).
Alternativa
Coma crise do petróleo nos anos 1970 e com os movimentos de agricultura ecológica nos anos 
1980, há um aumento da consciência da gravidade dos problemas ambientais, principalmente em suas 
repercussões à saúde humana. Assim, há também uma ampliação do mercado para produtos ecológicos.
Nos Estados Unidos, a referida crise do petróleo expõe a dependência que sua agricultura desenvolve 
dos combustíveis fósseis, bem como a sua decorrente fragilidade. Ao que se somam os problemas com o 
pacote completo “da revolução iniciada pelos fertilizantes minerais e completada com os herbicidas, era 
até então o modelo supremo de eficiência em todo o mundo” (KHATOUNIAN, 2001, p. 27‑28).
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O governo americano toma então para si a responsabilidade de identificar alternativas para a solução 
dessa dependência, mobilizando para isso recursos humanos e materiais. Há então o reconhecimento 
oficial dos problemas causados pela generalização do uso de agrotóxicos e adubos químicos e a procura 
de caminhos alternativos. Khatounian agrupa as alternativas em agricultura alternativa, com a conclusão 
fundamental:
Uma interessante constatação é que tais propriedades não haviam criado 
técnicas revolucionárias, mas simplesmente aplicado de forma cuidadosa 
os conhecimentos e recomendações da agronomia tradicional, apenas 
excluindo os agroquímicos (KHATOUNIAN, 2001, p. 28).
Agroecológica
O destaque desse movimento latino‑americano é o chileno Miguel Altieri que procura atender às 
“necessidades de preservação ambiental e de promoção sócio‑econômica dos pequenos agricultores”. 
Khatounian (2001, p. 29). É um movimento de cunho político e diante do alijamento desses agricultores, 
esse movimento se politiza e segue a direção de aumentar seu peso político nas sociedades da América 
Latina.
Seu trabalho de Altieri valoriza a produção familiar camponesa e o relaciona com o movimento 
ambientalista na América Latina. E:
Pela natureza da sua proposição, fazendo convergir a preocupação ambiental 
com a grave e crônica questão social latino‑americana, essa escola encontrou 
meio fértil no seio de organizações não governamentais ligadas ao 
desenvolvimento de comunidades rurais de pequenos agricultores. No Brasil, 
destaca‑se, pela sua abrangência geográfica e capacidade de articulação, a 
ONG AS‑PTA, que inclusive tem mantido um significativo esforço editorial. 
Dentre outras ONGs participantes dessa articulação, destacou‑se o trabalho 
do Centro de Agricultura Ecológica em Ipê, na Serra Gaúcha, pela divulgação 
do uso de fermentados de esterco bovino, no espírito da Teoria da Trofobiose, 
formulada por Francis Chaboussou (KHATOUNIAN, 2001, p. 29).
Permacultura
Na Austrália tem lugar o movimento da Permacultura:
[...] uma vertente extremamente profícua cujos conceitos criariam modelos 
sobretudo para as regiões menos bem‑dotadas de recursos naturais. 
Desenvolvendo a ideia da criação de agroecossistemas sustentáveis através 
da simulação dos ecossistemas naturais, o movimento de permacultura 
caminha para a priorização das culturas perenes como elemento central da 
sua proposta. Dentre as culturas perenes, destacam‑se as árvores, das quais 
se procura espécies para suprir o maior número possível das necessidades 
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humanas, do amido ao tecido. O movimento de permacultura tem como 
ideólogos Bill Mollisson e seus colaboradores (KHATOUNIAN, 2001, p. 29).
Também os aspectos urbanos são objeto da permacultura, planejando cidades ecologicamente 
adaptadas; procurando autogestão de energia; fazendo melhor uso de materiais, com melhor 
aproveitamento dos elementos do ambiente; promovendo associação da natureza e da tecnologia nos 
projetos arquitetônicos, como é o caso de maior uso de ventilação natural do que artificial, maior 
insolação pelo posicionamento das construções e melhoria da qualidade do ar com tecnologias limpas 
e flexíveis com aprendizado das culturas tradicionais.
Sendo o Brasil predominantemente florestal:
[...] o potencial de contribuição que sistemas permaculturais podem dar a 
uma economia sustentável ainda está quase totalmente inexplorado. Ao 
lado de e convergente com a proposta de Fukuoka, a permacultura propõe 
um modo inteiramente novo de enfocar a agricultura, utilizando a natureza 
como modelo (KHATOUNIAN, 2001, p. 29).
Orgânica como coletivo
Os movimentos de produção sem agroquímicos organizaram‑se no plano internacional, tanto 
para o intercâmbio de experiências como para estabelecer os padrões mínimos de qualidade 
para os produtos de todos os movimentos. Adotam a designação “agricultura orgânica” como 
conjunto de propostas alternativas e fundam em 1972 a Federação Internacional de Agricultura 
Orgânica (International Federation of Organic Agriculture Movements – Ifoam) (KHATOUNIAN, 
2001, p. 29).
A Ifoam estabelece normas para classificação dos produtos que, assim, podem ser oferecidos no 
mercado, vendidos com o seu selo “orgânico”. Tais normas proíbem agrotóxicos, também restringem 
a utilização dos adubos químicos e incluem ações de conservação dos recursos naturais. E, 
fundamentalmente, têm um apelo ético “nas relações sociais internas da propriedade e no trato com os 
animais” (KHATOUNIAN, 2001, p. 29).
No final dos anos 1980, a agricultura orgânica não é mais um movimento 
rebelde. Por um lado, as premissas em que se baseava a contestação do 
método convencional haviam se mostrado verdadeiras. Os danos causados 
à saúde do homem e do ambiente eram muito evidentes. Não havia mais 
como escondê‑los ou negá‑los. Por outro lado, o crescimento do mercado 
orgânico e a necessidade de proteção do consumidor levaram muitos países 
a criar legislações específicas (KHATOUNIAN, 2001, p. 29).
Há no Brasil, com sede em São Paulo, a Associação de Agricultura Orgânica, mais antiga e de caráter 
federativo.
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Sustentável
Para Khatounian (2001), há uma conjunção de fatores ligados à sobrecarga dos sistemas ecológicos e, 
acrescentaríamos, principalmente dos organismos humanos, o que é atestado pela área médica. Então, diante 
da constatação de insustentabilidade ambiental do modelo de desenvolvimento, há um movimento crítico 
denominado desenvolvimento sustentável, aqui especificamente considerado em sua aplicação agrária.
Para os organismos internacionais, especialmente a Organização das Nações Unidas, 
a postura predominante até o início dos anos 1970 era a de que toda a contestação ao 
modelo convencional era improcedente. Contudo, o acúmulo de evidências em contrário 
foi obrigando a uma mudança na postura oficial.
Na sequência de conferências sobre o desenvolvimento e o meio ambiente de 1972, 
1982 e 1992, foi‑se tornando cada vez mais evidente que tanto o padrão industrial quanto o 
agrícola precisavam de mudanças urgentes. Ambos haviam se desenvolvido com a premissa 
do campo ilimitado, mas agora o planeta se mostrava pequeno em face da voracidade no 
consumo de matérias pela indústria e pela agricultura.
A poluição dos ecossistemas havia atingido tais proporções que ameaçavam as bases 
de sustentação da vida. A contaminação das águas doces e dos oceanos, a destruição da 
camada de ozônio, o comprometimento das cadeias tróficas, os resíduos de agrotóxicos 
no leite materno e na água das chuvas, as chuvas ácidas, tudo isso infelizmente não 
eram mais especulações ou alarmismo, mas fatos concretos e fartamente documentados. 
A agricultura, em particular, tornara‑se a maior fonte de poluição difusa do planeta. A 
situação eraclaramente insustentável.
Em face dessa situação, urgia definir‑se um novo norte, que apontasse para a correção 
desses problemas. Desenvolve‑se, assim, o conceito de sustentabilidade, entendido como o 
equilíbrio dinâmico entre três ordens de fatores: os econômicos, os sociais e os ambientais.
No caso da agricultura, havia já considerável acúmulo de experiências que se aproximavam 
do ideal de sustentabilidade, particularmente dentro do coletivo designado como orgânico. 
Contudo, em termos dos organismos internacionais, havia uma impossibilidade política 
de declarar a agricultura orgânica como novo paradigma, por dois motivos. O primeiro, 
porque a proposta orgânica apresentava ainda lacunas técnicas no que se referia ao seu 
uso em escala ampliada. O segundo, e mais importante, os países membros mais ricos 
sediavam as maiores corporações que lucravam com o método convencional, e por isso não 
subscreveriam uma proposta que ferisse seus interesses comerciais imediatos.
Assim, cria‑se o termo agricultura sustentável, como tentativa de conciliar as expectativas 
sociais de alimento e ambiente sadios com os interesses dessas corporações. Por essa razão, 
o termo agricultura sustentável comporta muita nebulosidade. No passado recente, no 
Brasil, realizaram‑se grandes eventos patrocinados por empresas produtoras de agrotóxicos, 
que se auto‑atribuíram o qualificativo de sustentável.
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Por isso, a agricultura sustentável, embora representando um avanço, por ser um 
reconhecimento oficial da inadequação do modelo convencional, não deixa de ser também 
um retrocesso em relação à agricultura orgânica, cujas normas são absolutamente claras.
Fonte: Khatounian (2001, p. 30‑31).
Ecológica
A ecologia deixa de ser apenas uma disciplina da Biologia. E “com a crescente conscientização da 
magnitude dos problemas ambientais, o termo foi ganhando o grande público, sempre associado à 
preservação ou recuperação do meio ambiente” (KHATOUNIAN, 2001, p. 31).
 Lembrete
As correntes de ideias e práticas alternativas e sustentáveis são fortes 
instrumentos de mudança, pois todas trazem elementos fundamentais; 
devemos, pois, pesquisar mais sobre cada uma.
Após a lista das escolas, Khatounian lembra, como fizemos há pouco, que a classificação não é exata 
nem isola cada conjunto em si mesmo. Portanto, concentramo‑nos naquilo que têm em comum: as 
escolas do coletivo “orgânico” e aquelas do “sustentável” apontam no sentido de uma melhor associação 
entre sociedades e ambiente. O autor faz a ressalva: “algumas universidades europeias e também parte 
do movimento orgânico no Brasil usam o adjetivo ‘ecológica’ no mesmo sentido de ‘orgânico’ como 
coletivo” (KHATOUNIAN, 2001, p. 32).
 Observação
O termo ecológico pode ser usado como sinônimo de orgânico, mas, 
geralmente, não está tão associado às normas quanto este último. Também 
não é normalmente tão fugaz quanto o sustentável. Por assim dizer, ele 
permite identificar claramente o caminho, sem se engessar dentro de normas 
rígidas. Os termos ecológico e orgânico são utilizados indistintamente e 
como coletivo para todas as escolas (KHATOUNIAN, 2001).
O problema com o termo sustentável é a vulgarização. Um efeito 
colateral muito comum, com a intenção de informar, é produzir muita 
confusão, isto é, propaga‑se muito uma ideia, sem seu substrato teórico e 
conjunto de saberes práticos.
O autor fala de seu apreço pela produção orgânica, discorrendo sobre a situação brasileira. Ele traça 
um quadro evolutivo, que vai dos anos 1980 e 1990, com a multiplicação das organizações ligadas à 
produção orgânica, crescimento da quantidade de produtores e aumento da produção, da diversidade 
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e da qualidade. Lembra‑nos que em duas décadas (seu texto de referência é de 2001) o mercado fica 
restrito a poucas feiras e “cestões” ou “sacolões” com venda direta ao consumidor. Atualmente, essas feiras 
fixaram‑se e algumas tornaram‑se minimercados e estão presentes em praticamente todas as capitais do 
Centro‑Sul do país. Segundo o autor, “as feiras se enquadram perfeitamente na filosofia do movimento 
orgânico, que preconiza a comercialização direta do agricultor ao consumidor, de modo a: (1) estabelecer 
uma relação personalizada e de cooperação entre o produtor e o consumidor e (2) possibilitar maiores 
ganhos aos agricultores e menores preços aos consumidores” (KHATOUNIAN, 2001, p. 32).
O autor aponta ainda o aumento da demanda por produtos orgânicos levando “as grandes redes de 
supermercados a estabelecerem estandes específicos num número crescente de lojas no Centro‑Sul” do 
país, requerendo “organização de um mercado atacadista”, sendo incorporados os produtos orgânicos 
às vias construídas de distribuição. Ele fala em estimativas de crescimento desse mercado em 30% ao 
ano (KHATOUNIAN, 2001, p. 32).
A produção orgânica no Brasil inclui hortaliças, soja, açúcar mascavo, 
café, frutas (banana, citros), cereais (milho, arroz, trigo), leguminosas 
(feijão, amendoim), caju, dendê, erva‑mate, plantas medicinais e vários 
produtos de menor expressão quantitativa. A produção animal orgânica 
é ainda muito restrita, constituindo uma das áreas de maior possibilidade 
de retorno dentro do mercado orgânico. Há iniciativas na produção de 
aves de postura e de corte, bovinos de leite e carne, suínos e abelhas. Os 
principais produtos exportados têm sido a soja, o café e o açúcar, mas a 
evolução do mercado e das iniciativas de produção tem sido muito rápida 
(KHATOUNIAN, 2001, p. 32‑33).
Khatounian (2001, p. 33) faz importantes considerações sobre o que chama de “descompasso 
entre os anseios da população consumidora por produtos limpos e a percepção pelos agricultores e 
distribuidores das oportunidades de negócios que tais anseios representam”, indicando o treinamento 
desses profissionais (técnicos e agricultores) já na primeira fase das iniciativas de produção orgânica.
A questão política dos interesses corporativos é fundamental e ajuda a entender porque não há 
disseminação e porque o mercado não é formado integralmente por produtos saudáveis:
Essa menor dependência de insumos materiais levanta contra a produção 
orgânica o peso econômico da indústria química, o que tem retardado o 
desenvolvimento de soluções que prescindam de produtos comprados. 
A própria indústria, por seu turno, tem investido no desenvolvimento 
de produtos biotecnológicos, supostamente mais simpáticos aos olhos 
dos consumidores. As primeiras indústrias com patentes de produtos 
biotecnológicos já alardeiam à opinião pública os danos que as concorrentes 
causam com seus produtos químicos tóxicos. Não obstante, a oposição entre 
o movimento orgânico e a indústria não cessou, posto que o movimento 
procura estimular o funcionamento dos controles naturais existentes em 
cada propriedade agrícola, enquanto a indústria continua trabalhando no 
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sentido de os agricultores terem de comprar anualmente seus insumos 
(KHATOUNIAN, 2001, p. 32‑33).
Khatounian (2001, p. 32‑33) continua explicando que “do ponto de vista técnico, a agricultura 
ecológica tem sido relativamente bem‑sucedida, apesar de o apoio da investigação científica e assistência 
técnica oficiais ter sido quase nulo até muito recentemente”. As políticas públicas voltadas para esse fim, 
seja no nível dos municípios ou dos estados, deveriam ser maciças, com vistas ao desenvolvimento.
O autor ainda afirma que do ponto de vista da tecnologia, os cultivos orgânicos “costumam 
apresentar elementosrecuperados de bons exemplos do passado, combinados com procedimentos de 
ponta em termos de manejo de microrganismos, controle fitossanitário, variedades, máquinas e insumos 
ecologicamente corretos” (KHATOUNIAN, 2001, p. 32‑33).
Lembra que há lacunas tecnológicas em algumas culturas, notadamente naquelas que também são 
as mais problemáticas na agricultura convencional, tais como a batatinha, o tomate, o algodão e as 
uvas europeias, dentre outras. Porém, afirma que há duas frentes: 1) a pesquisa tem se voltado para 
a busca de soluções ambientalmente melhores, atacando os problemas mais persistentes; 2) solução 
também possível, mas ainda incipiente, é a reeducação do consumidor, eliminando ou reduzindo os 
produtos cuja produção é mais problemática. Embora estratégico, não parece simpático ao cultivo da 
biodiversidade esse segundo caminho, o da redução, sendo o próprio autor quem junta essa reflexão: 
“plantas bem adaptadas em ambientes bem manejados, normalmente produzem bem, a despeito de 
pragas e doenças” (KHATOUNIAN, 2001, p. 33‑34).
 Saiba mais
Recomendamos o livro de Khatounian para você tomar contato tanto 
com os aspectos técnicos quanto políticos do referido debate ligado à 
questão ambiental, em geral, e agrário‑alimentar, especificamente.
KHATOUNIAN, C. A. A reconstrução ecológica da agricultura. Botucatu: 
Agroecológica, 2001.
10 práticas sustentáveis
1. Integração lavoura‑pecuária‑floresta. É um sistema que combina o cultivo de 
espécies arbóreas comerciais, grãos, forrageiras com a criação de animais em uma mesma 
área, de forma simultânea ou sequencial, com o uso sustentável dos solos. Essa tecnologia 
proporciona a máxima produção de alimentos, fibras e energia por unidade de área.
2. Plantio direto. Método de manejo em que a palha e os restos vegetais são deixados 
na superfície do solo. A terra é revolvida apenas no sulco no qual são depositados sementes 
e fertilizantes. As plantas infestantes são controladas por herbicidas. Não existe preparo 
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do solo, além da mobilização no sulco de plantio. O SPD brasileiro é indicado pela FAO 
(Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) como modelo de 
agricultura.
3. Descarte de embalagens. É a correta destinação final às embalagens vazias dos 
agrotóxicos utilizados na agricultura. O agricultor deve lavar (tríplice lavagem ou lavagem 
de alta pressão), inutilizar as embalagens e entregar a uma unidade de recebimento indicada 
pelo revendedor na nota fiscal. As indústrias devem retirar as embalagens nas unidades de 
recebimento e dar correta finalização (incineração ou reciclagem).
4. Recuperação de pastagens. Degradação de pastagens é um processo evolutivo de 
perda de vigor e produtividade forrageira, sem possibilidade de recuperação natural, que 
afeta a produção e o desempenho animal e culmina com a degradação do solo e dos recursos 
naturais em função de manejos inadequados. Causada por diversos fatores, a degradação 
precisa ser revertida para garantir a produtividade e a viabilidade econômica da pecuária.
5. Rastreabilidade. O rastreamento do gado é feito desde o nascimento até o abate. 
Gera um histórico completo, que deve ser fornecido pelos fazendeiros ou certificadoras 
credenciadas pelo Ministério da Agricultura. Data e local do nascimento, nome dos pais, 
movimentação geográfica do animal, uso de produtos veterinários são algumas das 
informações disponíveis.
6. Manejo da água. Reduzir a dependência das chuvas e ofertar produtos no mercado 
em épocas de melhores preços – e ao longo de todo o ano – são benefícios da irrigação.
7. Bioenergia. O bagaço da cana passa por várias etapas durante o processo industrial 
antes de produzir bioeletricidade – energia limpa, renovável e segura.
8. Manejo Integrado de Pragas (MIP). Implantado no país há 40 anos, o MIP é uma técnica 
que consiste em manter as pragas abaixo do nível em que causam danos econômicos para 
as lavouras. O manejo é uma alternativa proposta pela comunidade científica para diminuir 
o uso de agrotóxicos, que torna os insetos mais resistentes e causam contaminação dos 
alimentos e do lençol freático quando aplicados indiscriminadamente.
9. Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN). As bactérias da família Rhizobiaceae são as 
principais fixadoras desse elemento, que atua em todas as fases da planta (crescimento, 
floração e frutificação) e fortalece os vegetais contra pragas e doenças. Elas estão presentes 
nos plantios de cana e soja, especialmente, e podem ser aplicadas na forma de inoculantes 
que aumentam a produtividade no campo. A fixação biológica de nitrogênio substitui o 
emprego dos fertilizantes minerais, produto que foi um dos pilares da Revolução Verde.
10. Tratamento de resíduos. Não é só o setor canavieiro que teve que achar destino 
correto para seus resíduos, como a vinhaça, que poluiu rios e matou peixes no passado. 
Desde 2003, a suinocultura investe no tratamento dos dejetos dos animais. A técnica 
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mais eficiente provém dos biodigestores. Nestes equipamentos ocorre a fermentação da 
biomassa que dá origem ao biogás, usado na geração de energia, e no biofertilizante que 
tem eficiência comprovada nas lavouras.
Fonte: 10 práticas... (2011).
8 SOLUÇÕES: APONTAMENTOS E PERSPECTIVAS
Seja como for, depois das dezenas de entrevistas que fiz, livros que li, 
documentários que vi e lugares que visitei para produzir este livro, uma 
coisa me parece certa: o futuro da comida é uma volta ao passado 
(KEDOUK, 2013, p. 214).
A partir do que foi apresentado, podemos concluir que as alternativas ao modelo atual de exploração 
dos recursos ganham quando alimentadas com cuidadoso e despojado estudo das práticas sociais 
originais, em geral, e produtivas, em particular; isto é, as práticas nativas ou autóctones, vernáculas, 
vistas anteriormente.
Vimos, também ajudados pela abordagem sobre as perdas de qualidade advindas das mudanças 
culturais nas simbologias das necessidades do trabalho, que o próprio caráter da produção é deslocado 
do suprimento básico à sobrevivência para os aumentos em escala que não compensam os riscos e 
impactos negativos à integridade alimentar; há uma geração de insegurança alimentar.
Com a escala nos moldes convencionais há empobrecimento da biodiversidade, um empobrecimento 
simbólico, com esquecimento e desuso de rituais associados aos ciclos produtivos e consequente 
aplanamento dos gostos.
As perdas são de ordem material, geradas em meio às atividades e procedimentos produtivos já 
descaracterizados e sem identidade trabalhador‑ambiente. A organização intrínseca à vida social passa 
a ser chamada gestão simplificada, e aí ela é vazia, sem imaginação ou conteúdo do grupo.
Com os problemas ambientais e alimentares mais prementes, aprendemos que se estamos nos 
envenenando também podemos limpar os ambientes e a produção em todas as suas etapas, fundindo os 
conhecimentos das atividades agrárias aos ecológicos, agora com ética. Colocamos as bases da noção de 
sustentabilidade, tratando‑se do potencial desdenhado de produzir em frentes que trazem experiências 
de manejo novas e antigas coordenadas. Assim, ficamos conhecendo exemplos de atuação de agentes 
envolvidos nessas novas formas de pensar, limpas, ecológicas, orgânicas, a partir da realidade, e não 
fugindo dela, como querem os críticos.
Encerramos com a pesquisa de Kedouk (2013) sobre dinâmica social, que nos é muito cara: a 
produção de sujeitos individuais, a mais antiga e útil que existe. Há, aqui, quando da inserção do 
assunto, um debate entre duas concepções de crescimento econômico: uma, atrelada às demandasinternacionais às quais visa atender, assim fazendo caixa e patrocinando desenvolvimento; e a 
outra, que acredita que se todos que souberem fazer alguma coisa e fizerem em suas casas, com 
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os equipamentos que já possuem, um grande passo já terá sido dado para a cidadania por meio da 
integração social pela economia. A primeira é baseada em grandes visões estruturais e sistêmicas, 
enquanto esta última tem suas crenças na liberdade de exercer conhecimentos e com eles participar 
ativamente da vida social local e regional, em princípio.
Em seu posfácio, falando da “volta da comida de verdade”:
Hoje, 60 produtores fazem parte da Família (grupo de agricultores e 
educadores ambientais chamado Família Orgânica, que acaba de inaugurar 
uma sede própria em Piracaia, também em São Paulo), que mantém 
convênio com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Empresa 
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para fazer pesquisas. 
Organizamos cursos e convênios com escolas, restaurantes e instituições 
para conscientizar o consumidor, além de vender em feiras e eventos do 
setor. Uma das maiores apostas da Família Orgânica é resgatar alimentos 
que foram esquecidos no nosso cardápio, como serralha, beldroega, caruru, 
capuchinha, taioba e azedinha, que são hortaliças baratas, de fácil cultivo e 
ricas em vitaminas e antioxidantes (KEDOUK, 2013, p. 214).
A produção artesanal de comida também está voltando à tona. É o caso dos queijos 
de regiões mineiras como Serro, uma cidade que foi colonizada pelos portugueses e se 
desenvolveu por causa da mineração. As famílias por ali tinham o costume de fazer o 
próprio queijo, principalmente quando queriam agradar as visitas que chegavam ou 
presentear alguém que morava longe – os queijos eram despachados para o País inteiro. 
Na Serra da Canastra, também. Os tropeiros que passavam na cidade guiando animais de 
uma região para outra davam uma parada na Canastra para se abastecer com o queijo 
típico de lá. Quando as minas se esgotaram, os moradores começaram a produzir para 
vender, e fizeram desse trabalho sua fonte de renda. Até que, em 1952, uma lei federal 
que tem o objetivo de garantir a segurança alimentar tornou inviável a venda desses 
queijos. É que eles são artesanais, feitos com leite cru – os industrializados levam leite 
pasteurizado, o que aumenta o prazo de validade e reduz o risco de contaminação por 
bactérias – e ficam prontos para o consumo depois de passar pelo processo de maturação 
que dura entre 16 e 22 dias. A maturação é o tempo que o queijo fica descansando para 
ficar com a consistência, o cheiro e o sabor característicos. Cada tipo tem um tempo 
diferente. Quando a tal lei entrou em vigor, determinou que os queijos feitos com leite 
cru só poderiam ser vendidos em outros Estados se passassem por um período mínimo de 
maturação de 60 dias. Uma norma dessas só serve para os produtos cozidos, que seguram 
bem o longo tempo no mercado. Em outras palavras, favorecem a indústria. As famílias, 
que vivem do queijo há 200 anos, passaram a trabalhar na clandestinidade e a ver seus 
lucros despencarem. Quando tentaram emplacar uma lei parecida na França, onde cem 
dos cerca de 360 tipos de queijo são produzidos no sistema artesanal, teve quebradeira 
geral. O roquefort francês, que foi proibido de entrar nos Estados Unidos e virou estopim 
de uma gigantesca manifestação contra leis que favorecem os grandalhões do ramo e 
empobrecem os pequenos produtores, é feito com leite de ovelha cru.
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A proibição levou o governo de Minas Gerais a fazer um acordo de cooperação com 
a França para importar conhecimento e técnicas modernas que garantam a segurança 
alimentar e a competitividade no mercado. Agora, o Ministério da Agricultura estabeleceu 
uma certificação específica para esse mercado e pretende reduzir o tempo mínimo de 
maturação para 16 dias, no caso do queijo de Serro, e de 22 dias para o da Canastra.
Gosto da ideia de comer queijo feito por uma família que tira sua renda disso. Gosto 
mais ainda da ideia de ter uma horta em casa. Vivo tentando montar uma, mas preciso 
deixar o romantismo de lado e assumir que nunca deu certo comigo. Nem meus vasinhos 
de temperos frescos na janela vão para frente. É que ervas, alfaces e repolhos criados em 
casa não são como cães. Você compra a melhor terra para alimentá‑los e o canteiro mais 
bonito para servir de casinha. Mas eles preferem morrer secos a pedir água. Não perdoam 
desatenção, nem mesmo se você teve uma semana dura. E acabam sendo comidos por 
cochonilhas, aqueles insetos brancos, marrons ou amarelos que grudam nos caules para 
se alimentar da seiva. Eles só aparecem quando há desequilíbrio na terra: muito ou pouco 
nutriente, muita ou pouca água, muito ou pouco sol. Em minha defesa, devo dizer que 
continuo tentando, com a melhor das intenções.
Fonte: Kedouk (2013).
Bastante interessante a dupla produção do cineasta Silvio Tedler (2011; 2014) sobre nosso 
envenenamento pelos agrotóxicos. Em cerca de 70 minutos, Tendler mostra os impactos do uso dos 
agrotóxicos no meio ambiente, na vida dos trabalhadores e na saúde humana e mostra quais são as 
alternativas viáveis para o desastroso modelo atual de produção de alimentos.
Os filmes também foram disponibilizados na internet. Esta, para Tendler, é uma forma de democratizar 
o acesso à informação e de abrir espaço para debates, já que nas salas de cinema comerciais o 
documentário recebe pouco espaço. Ele é signatário do “Manifesto em Defesa do Documentário 
Brasileiro”, que critica justamente o negligenciamento à importância do documentário pelos órgãos 
encarregados pelo fomento do audiovisual brasileiro.
Na entrevista a seguir, ele conta sobre a produção do documentário “O Veneno Está na Mesa II”, faz 
uma avaliação sobre as barreiras à implantação de alternativas ao uso de agrotóxicos e opina sobre a 
produção de cinema nacional.
Como surgiu a ideia de lançar a segunda parte do documentário?
A ideia de lançar o Veneno Está Na Mesa II surgiu da necessidade de 
complementar a primeira parte. A primeira parte teve muito impacto 
porque a gente fez todas as denúncias contra os agrotóxicos. E as pessoas 
ficaram desesperadas, pensando “será que isso não tem solução?”, “estamos 
condenados à morte?”. E aí eu comecei a conversar com pessoas que 
disseram que existe, sim, um outro tipo de agricultura. Disseram que existem 
a agroecologia, a agricultura alternativa, os insumos agrícolas que são 
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naturais e não venenosos, os saberes ancestrais, que lidam com a natureza 
há muito mais tempo e com muita mais sabedoria. Então, eu achei que 
era importante na segunda parte do documentário reforçar os males que 
esse processo adotado hoje está fazendo na natureza. E ao mesmo tempo 
mostrar que existem alternativas. Daí nasceu O Veneno II (SECCO, 2014).
 Saiba mais
Assista:
O VENENO está na mesa. Dir. Silvio Tendler. Brasil, 2011. (50 min.).
O VENENO está na mesa II. Dir. Silvio Tendler. Brasil, 2014. (71 min.).
 Lembrete
Os temas próprios às frentes de trabalho em agricultura sustentável 
devem contemplar as tradições, os erros ou distorções e, por fim, as 
inovações éticas.
 Saiba mais
Segue manifesto de Vandana Shiva, como exemplo de luta contra o 
empobrecimento da biodiversidade que é a atividade moderna das mais 
nefastas: redução da complexidade vital. Shiva é a maior referência sobre o 
que há de mais novo na agricultura.
SHIVA, V. Manifiesto sobre elfuturo de las semillas. Comisión 
Internacional para el Futuro de los Alimentos y de la Agricutura, 2006. 
Disponível em: <http://www.navdanyainternational.it/images/manifesti/
semi/futurosemi_spa.pdf>. Acesso em: 1º fev. 2015.
.
 Resumo
Nesta unidade iniciamos pelos problemas advindos dos desdobramentos 
do modelo de desenvolvimento convencional, de suas formas de gestão e 
instrumentos, bem como do emprego de toda ordem de venenos, agrotóxicos, 
pesticidas, equilíbrio artificial dos ecossistemas e degenerescência da produção.
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Passamos para um esboço teórico das soluções, uma introdução às 
opções e à transição para situações de melhoria de qualidade ambiental ou 
de vida com as alternativas sustentáveis.
Em seguida, vimos o desenvolvimento das soluções com predomínio 
da cultura e do ambiente para o manejo ecológico e econômico, de fato 
ecoeficiente. Foram apresentados perdas e correções, experiências e casos 
de sucesso da agricultura sustentável.
Encerramos com alguns apontamentos e perspectivas acerca do 
material pesquisado aqui exposto e dos argumentos tecidos; em síntese, 
o caminho de transição depende de (re)educação ambiental de todos os 
agentes e é essencialmente político, além de técnico e econômico.
 Exercícios
Questão 1. (UFMT 2009) Sobre a questão agrária e a cana‑de‑açúcar no Brasil, assinale a afirmativa correta:
A) A demanda crescente nos mercados interno e externo por combustíveis renováveis, especialmente 
o álcool, atraindo novos investimentos para o setor no Brasil, embora esse fato não signifique uma 
tendência concentradora do setor canavieiro.
B) A possibilidade de aumento da área plantada de cana‑de‑açúcar devido ao crescimento da 
demanda por biocombustíveis foi neutralizada por pressões internacionais.
C) Após sua expulsão de Pernambuco, os holandeses pilharam a produção açucareira nas Antilhas, 
marcando o início do apogeu da produção nordestina de açúcar.
D) A Zona da Mata do Nordeste é uma faixa territorial historicamente marcada pelo domínio da 
monocultura canavieira, muitas vezes utilizando o emprego de mão‑de‑obra assalariada de baixa 
remuneração.
E) A criação do Instituto do Açúcar e do Álcool, devido ao crescimento da indústria alcooleira, marcou 
o fim do controle pelo Estado da produção e distribuição do produto.
Resposta correta: alternativa D.
Análise das alternativas
A) Afirmativa incorreta.
Justificativa: a demanda numa série de mais de 30 anos oscilou bastante, além de que a concentração 
é imensa no setor.
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B) Afirmativa incorreta.
Justificativa: não foi neutralizada, pois a cana é um alimento secundário em nossos cardápios, 
diferentemente dos produtos alimentícios utilizados nos biocombustíveis em países da Nafta e da União 
Europeia, como milho e batata, entre outros.
C) Afirmativa incorreta.
Justificativa: deu‑se ao contrário, houve declínio no território do nordeste colonial “brasileiro” e 
expansão nas Antilhas.
D) Afirmativa correta.
Justificativa: a afirmativa está correta, pois tanto há relação entre o sucesso do plantio com as condições 
ambientais em geral, como também eram favoráveis às práticas descritas as condições econômicas 
internacionais (bom preço do produto) e nacionais (disponibilidade de pessoas escravizadas para o trabalho, 
além da configuração de monocultura em razão do tipo de exploração territorial do português).
E) Afirmativa incorreta.
Justificativa: não marcou o fim, pois era mais um instrumento de governança do mercado desse cultivo 
convencional e praticado de modo insustentável; basta olhar para a participação do Estado via Petrobras.
Questão 2. (Enade 2008) No artigo “Os Biocombustíveis, o Etanol e a Fome no Mundo”, Nelson 
Bacic Olic afirma que a expressiva alta dos alimentos nos últimos dois anos e a crise alimentar que 
vem afetando muitos países pobres como o Haiti, Burkina Faso e Níger, entre outros, levou vários 
especialistas ligados a organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional, a afirmar que 
esses problemas poderiam se alastrar por outros países e eram causados pela expansão dos cultivos 
dedicados à produção de biocombustíveis (o etanol em particular) em detrimento daqueles dedicados à 
alimentação humana. Com relação a esse assunto, analise as afirmativas a seguir:
I – O problema da crise alimentar decorre de uma combinação de fatores que atuam de forma 
diferenciada em vários países.
porque
II – A produção norte‑americana do etanol já consome cerca de 20% do milho produzido no país e 
essa cultura vem avançando gradativamente sobre áreas de outros plantios.
Acerca dessas afirmativas, assinale a opção correta:
A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
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C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
E) As duas asserções são proposições falsas.
Resolução desta questão na plataforma.
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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
STANDAGE, T. Uma história comestível da humanidade. São Paulo: Zahar, 2010. p. 19. (E‑book 
visualizado no Adobe Digital Editions).
Figura 2
STANDAGE, T. Uma história comestível da humanidade. São Paulo: Zahar, 2010. p. 14. (E‑book 
visualizado no Adobe Digital Editions).
Figura 3
DIEGUES, A. C. (Org.). Os saberes tradicionais e a biodiversidade no Brasil. Ministério do Meio Ambiente, 
dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal; Coordenadoria da Biodiversidade; Núcleo de Pesquisas 
sobre Populações Humanas e Áreas Úmidas Brasileiras. São Paulo: Usp, 2000a.
Figura 4
032_0_P.GIF. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_9665/ 
032_0_p.gif>. Acesso em: 19 maio 2015.
Figura 5
026_0_PEQ.GIF. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_9665/ 
026_0_peq.gif>. Acesso em: 19 maio 2015.
REFERÊNCIAS
Audiovisuais
O VENENO está na mesa. Dir. Silvio Tendler. Brasil, 2011. (50 min.).
O VENENO está na mesa II. Dir. Silvio Tendler. Brasil, 2014. (71 min.).
Textuais
10 PRÁTICAS sustentáveis. Revista Globo Rural, 1º out. 2011. Disponível em: <http://revistagloborural.
globo.com/Revista/Common/0,,ERT270205‑18282,00.html>. Acesso em: 1 fev. 2014.
ABRAMOVAY, R. Desenvolvimento sustentável: qual a estratégia para o Brasil? Novos estudos Cebrap, 
n. 87, jul. 2010, p. 97‑113.
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ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. Porto Alegre: Editora da 
UFRGS, 2004.
ANDRADE, M. C. A questão do território no Brasil. São Paulo: Hucitec, 2004.
ASSIS, R. L. Agricultura orgânica e agroecologia: questões conceituais e processo de conversão. 
Seropédica: Embrapa Agrobiologia, 2005. 35 p. (Embrapa Agrobiologia. Documentos, 196).
BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2010.
BOLETIM SETORIAL DO AGRONEGÓCIO, nº 3. Bovinocultura leiteira. Recife: SEBRAE/PE, 2010.
BRASIL. Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007. Institui a Política Nacional de DesenvolvimentoSustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. Brasília, 2007. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007‑2010/2007/decreto/d6040.htm>. Acesso em: 19 maio 2015.
CAPORAL, F. R. Agroecologia: alguns conceitos e princípios. Brasília: MDA/SAF/DATER‑IICA, 2004. 
___. Agroecologia: uma nova ciência para apoiar a transição a agriculturas mais sustentáveis. Brasília: 
MDA/SAF, 2009. v. 1.
___. Agroecologia: enfoque científico e estratégico. Agroecologia e Desenvolvimento Rural 
Sustentável, Porto Alegre, v. 3, n. 2, abr./jun., 2002.
CARRIERE, A. P. O meio ambiente: discurso consistente ou prática vazia? Uma reflexão sobre os 
discursos ambientais, a teoria organizacional e o caso brasileiro. Revista de Administração Pública, ano 
37, n. 6, nov./dez. 2003.
CARVALHO, N. V. Autogestão: o nascimento das ONGs. São Paulo: Brasiliense, 1995.
CASSIRER, E. Antropología filosófica: introducción a una filosofía de la cultura. México: Fondo de 
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CLAVAL, P. Terra dos homens. São Paulo: Contexto, 2010.
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___. (Org.). Os saberes tradicionais e a biodiversidade no Brasil. Ministério do Meio Ambiente, dos 
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MOTTA,

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