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Agricultura Sustentável: Desafios e Alternativas

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Prof. Adilson Camacho
UNIDADE II
Agricultura Sustentável
Para início de conversa: 
 Objetivos específicos: é nesta unidade que se deve capacitar o aluno para 
entender a produção do agronegócio, encaminhando-o à aplicação das boas 
práticas e dos conceitos discutidos (conceitos da sustentabilidade e de 
desenvolvimento limpo) no início do texto.
Então, do que estamos falando? 
 Agropecuária sustentável. Sustentabilidade. Cultivo e criação.
Agricultura sustentável
Por quê? 
 Para mantermos a qualidade de vida e, acima de tudo, a saúde das ecologias 
de nosso corpo e do ambiente, tomadas como unidade. Isso é, de modo 
geral, sustentabilidade! 
Como?
 Tanto no cotidiano e na escala local quanto na internacional, plantando, cultivando, 
criando melhor; e de modo mais adequado.
Agricultura sustentável
Nosso roteiro da Unidade II:
5. Problemas do modelo de desenvolvimento convencional, de suas formas de 
gestão e instrumentos, bem como do emprego de toda ordem de venenos, 
agrotóxicos, pesticidas, equilibração artificial dos ecossistemas. Degenerescência 
da produção. 
6. Uma introdução às possibilidades sustentáveis de transição para situações de 
melhoria de qualidade ambiental e de vida. 
7. Desenvolvimento das propostas com foco na cultura e no 
ambiente para o manejo ecológico e econômico, 
ecoeficiente. Perdas e correções, experiências e casos 
de sucesso da agricultura sustentável.
8. Apontamentos e perspectivas a título de síntese, com 
(re)educação ambiental de todos os agentes, foco na 
dimensão política, além da técnica e econômica.
Agricultura sustentável
5. Problemas advindos do modelo de desenvolvimento convencional, de suas 
formas de gestão e instrumentos, bem como do emprego de toda ordem de venenos, 
agrotóxicos, pesticidas, equilibração artificial dos ecossistemas. Degenerescência da 
produção.
 Observação: não se trata de, ingenuamente, esquecermos as “barbaridades” que 
nós seres humanos cometemos em nome de muitas ideias e valores.
Agricultura sustentável
 O caminho que estamos criando para o mundo está pavimentado com boas 
intenções. No entanto, sabemos para onde ele leva? Materialmente, estamos 
promovendo o esgotamento dos recursos. Nossos programas de apoio à 
agricultura dão pouca atenção aos usos e produtos autóctones. Em vez de 
aprender sobre as suas experiências e preferências, nós nos esforçamos para 
impor nossos usos, considerando atrasado o que não se encaixa em nosso 
padrão. Pá, enxada e cultivos variados são uma afronta à nossa fé no progresso 
(SAUER, 1992:23).
Agricultura sustentável
 Devemos ser incisivos, com visões alternativas de organização do espaço rural e 
revisões nos modelos de gestão e de planejamento ambiental alternativos e 
participativos. A agroecologia é uma dessas vias.
 A construção do conhecimento agroecológico ocorre com base em utopias, no 
melhor sentido da palavra. Como é tema recorrente, voltaremos aos seus 
benefícios mais adiante.
 Observação: utopia é o que não tem lugar (u-topos), mas 
podemos tomá-la com aquilo que ainda não teve lugar!
Agricultura sustentável
Tomemos como exemplo os debates sobre os alimentos geneticamente alterados 
(os transgênicos) que dividem os contendores em basicamente dois lados: 
1. aqueles que se alinham a favor de uma saída tecnológica para especialização e 
fortalecimento de espécies, contra os que os veem como “obstáculos” ao 
desenvolvimento, além dos “problemas de produtividade” (estão pensando 
em escala); 
2. e aqueles que temem efeitos indesejáveis ou impactos 
do uso à saúde, não previstos pelas pesquisas, com 
tempo insuficiente ainda para avaliação da eficiência 
ambiental (não econômica).
Agricultura sustentável
 Que caminho tomamos? Pergunta para discutirmos alternativas sobre o que nos 
interessa produzir e consumir. 
 Crosby, em seu “Imperialismo ecológico” (1993) expõe de modo interessante a 
irradiação dos padrões alimentares de boa parte do mundo a partir da Europa, o 
que estaria também forçando ecossistemas de modo artificial a produzirem 
espécies exóticas.
 Lembrar de Fast Food Nation e de Super Size Me!
 Observação: o agravante desse processo de séculos é a 
visão que se adquiriu de “solos pobres”, quando na 
verdade os solos não deveriam ter eficiência com 
cultivares “estranhos”; é o caso dos solos de nossas 
florestas tropicais, que não são adequados ao plantio de 
espécies do gosto do colonizador europeu.
Agricultura sustentável
E ainda:
 Esse processo imposto moldou os circuitos produtivos de alimentos, insumos, 
cardápios inteiros baseados em regiões que milhões de pessoas nunca viram, a 
estrutura fundiária e as bases agropecuárias dos povos subjugados pelo comércio 
português, espanhol e britânico, mas também francês, holandês e belga. 
 As consequências dessas posturas produtivistas e imediatistas 
do capital foram uma visão imediatista e descuidada dos recursos.
 Tanto que é somente em 2000 que se chega à lei que 
instaura o Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
(o SNUC), que define as áreas de preservação em 
unidades de proteção integrais e com permissões 
graduais e funcionais de uso. É um instrumento de política 
ambiental que pode ser muito útil, mas também apenas 
mais uma lei.
Agricultura sustentável
 Uma lista sem fim de situações mostrando a negação da complexidade alimentar 
poderia ser citada, como lanchonetes, restaurantes, supermercados vendendo 
reduções simplificadas de pratos antes comuns, habitualmente mais complexos e 
preparados em casa; trata-se do reino do funcional, do prazer fácil, quase sempre 
solitário, do comer apressado. 
 Observação: não há lugar para pratos complexos, pois a experiência, tanto para 
seu preparo quanto para comê-los, não estará disponível. Claro que estamos num 
terreno perigoso para se achar o verdadeiro hábito em meio às imposições de 
povos conquistadores e consequentes transformações de estruturas milenares. 
 Comemos o que nos dizem as grandes empresas 
agroalimentares, influenciados por modismos e 
propaganda. A legislação ambiental deve ser 
associada à saúde.
Agricultura sustentável
As inovações tecnológicas abstratas são aquelas desvinculadas das regiões e 
populações reais, que causam os maiores problemas, como afirma R. B. Lima:
 Diante desse diagnóstico (de que a crise fora gerada, em grande medida, em 
decorrência do próprio padrão científico-tecnológico. O que, segundo alguns 
pensadores, exigiria uma nova configuração do conhecimento socialmente 
produzido sobre o mundo social e natural), a atual relação entre sociedade e 
natureza parece ter por base uma nova escassez (não mais uma relação 
antropocêntrica, como a da categoria trabalho em Marx).
In: LIMA, Ricardo Barbosa de. Da crítica ao modelo de desenvolvimento à gestão dos 
problemas ambientais: a relação entre teoria crítica e conhecimento científico no campo de 
pesquisa sobre as relações entre ambiente e sociedade no Brasil (1992-2002), 
Maio de 2004. (p. 5).
Agricultura sustentável
Pelo contrário:
A principal clivagem que a sociedade contemporânea parece ter construído na sua 
relação com o seu substrato natural, é uma “escassez limitante” ao desenvolvimento 
humano. Não é mais a natureza do ambiente local (a intempérie, os fenômenos 
naturais, a sazonalidade, os desastres naturais) que está a desafiar a capacidade e 
criatividade cultural de um grupo humano em particular. Hoje são os limites de 
regeneração da Terra como um todo, que parecem se impor à moderna 
sociedade industrial: 
 suas relações de produção, seus padrões de consumo, 
seu padrão tecnológico, sua densidade demográfica, sua 
hierarquização e desqualificação de saberes e culturas. 
In: LIMA, Ricardo Barbosa de. Da crítica ao modelo de desenvolvimento à gestão dos 
problemas ambientais: a relação entre teoria crítica e conhecimento científico no campo de 
pesquisa sobre as relações entre ambiente esociedade no Brasil (1992-2002), 5/2004. (p. 5).
Agricultura sustentável
 Na lista de problemas, devemos assinalar que a desigualdade social em todos os 
níveis está na base de todos os problemas, perpetuando-os; assim, a questão da 
propriedade deve ser discutida quando se considera o desenvolvimento 
sustentável e as formas de produção sustentáveis.
 Ladislau Dowbor faz algumas considerações sobre a questão da propriedade que 
o modelo convencional enrijeceu e não parece ceder facilmente aos apelos da 
razão. Não é abrir mão da propriedade, mas repensá-la de acordo com os 
princípios da sustentabilidade real. Segue trecho de artigo do autor. 
DOWBOR, Ladislau. Da propriedade intelectual à economia do conhecimento (Primeira parte). 
Economia Global e Gestão, Lisboa , v. 15, n. 1, abr. 2010a (p. 55).
Agricultura sustentável
 “Para dar um exemplo trazido pelos autores (Gar Alperovitz e Lew Daly, do livro 
‘Apropriação indébita: como os ricos estão tomando a nossa herança comum’), 
quando a Monsanto adquire controle exclusivo sobre determinada semente, como 
se a inovação tecnológica fosse um aporte apenas dela, esquece o processo que 
sustentou estes avanços”.
 O que eles nunca levam em consideração é o imenso investimento coletivo que 
carregou a ciência genética, dos seus primeiros passos até o momento em que a 
empresa toma a sua decisão [...] tudo isto chega à empresa sem custo, um 
presente do passado. Trata-se de um pedágio sobre o esforço dos outros.
In: DOWBOR, Ladislau. Da propriedade intelectual à economia do conhecimento (Primeira 
parte). Economia Global e Gestão, Lisboa , v. 15, n. 1, abr. 2010 (p. 55).
Apropriação indébita
Dowbor recomenda mensagem de 1813, de Thomas Jefferson: 
 “Se há uma coisa que a natureza fez que é menos suscetível que todas as outras 
de propriedade exclusiva, esta coisa é a ação do poder de pensamento que 
chamamos de ideia […]. 
 Que as ideias devam se expandir livremente de uma pessoa para outra, por todo o 
globo, para a instrução moral e mútua do homem, e o avanço de sua condição, [...] 
passíveis de expansão por todo o espaço, sem reduzir a sua densidade em 
nenhum ponto, e como o ar no qual respiramos, nos movemos e existimos 
fisicamente, incapazes de confinamento ou de apropriação 
exclusiva. Invenções não podem, por natureza, ser objeto 
de propriedade”.
In: DOWBOR, Ladislau. Da propriedade intelectual à economia do conhecimento (Primeira 
parte). Economia Global e Gestão, Lisboa , v. 15, n. 1, abr. 2010a (p. 55).
De quem são as ideias?
 Assinale a alternativa correta quanto ao sentido contemporâneo da escassez.
a) Os maiores problemas ambientais da atualidade são aqueles desencadeados no 
plano local, lugar das decisões globais.
b) O regime de propriedade, sua regulação e controle, não interferem 
na questão ambiental.
c) Inovações são sempre bem-vindas, pois a modernização tecnológica pode 
somente melhorar as condições de produção.
d) Imperialismo ecológico é uma maneira de uniformizar 
o gosto.
e) Tecnologia é sempre a melhor saída, principalmente 
para a crise de segurança alimentar.
Interatividade
 Assinale a alternativa correta quanto ao sentido contemporâneo da escassez.
a) Os maiores problemas ambientais da atualidade são aqueles desencadeados no 
plano local, lugar das decisões globais.
b) O regime de propriedade, sua regulação e controle, não interferem 
na questão ambiental.
c) Inovações são sempre bem-vindas, pois a modernização tecnológica pode 
somente melhorar as condições de produção.
d) Imperialismo ecológico é uma maneira de uniformizar 
o gosto.
e) Tecnologia é sempre a melhor saída, principalmente 
para a crise de segurança alimentar.
Resposta
6. Um esboço das soluções saudáveis ou uma introdução às possibilidades 
sustentáveis de transição a situações de melhoria de qualidade ambiental 
(de vida).
Agricultura sustentável
 Em essência, o enfoque agroecológico corresponde à aplicação de conceitos e 
princípios da ecologia, da agronomia, da sociologia, da antropologia, da ciência da 
comunicação, da economia ecológica e de tantas outras áreas do conhecimento 
no redesenho e no manejo de agroecossistemas que queremos que sejam mais 
sustentáveis através do tempo (CAPORAL, 2002:14).
 Um agroecossistema é um sítio de produção agrícola, 
como uma fazenda, visto como um ecossistema. O 
conceito de agroecossistema fornece uma estrutura para 
analisar sistemas de produção alimentar, na sua 
totalidade, incluindo o complexo conjunto de entradas e 
saídas e as interações entre suas partes 
(GLIESSMAN, 2002:17).
Agricultura sustentável
 Há muitas razões para mudar e as alternativas devem se basear nas formas 
vernáculas, bem como a diversidade de percepções, ideologias e tecnologias 
podem ser encontradas no Fórum Social Mundial e autores como M. Santos, M. 
Serres, E. Morin.
A transição dos sistemas convencionais para as alternativas que resgatam a escala 
humana (saúde, criação, acesso, entre outros valores éticos) poder ser efetuados 
por meio de: 
 ecologia experimental e “intuitiva”, de preservação, 
economia social e “flexível”, resgate da “microeconomia” 
de alimentos caseiros, com a devida supervisão pelos 
gestores públicos e privados, hortas urbanas, feiras e 
redes para trocas de sementes.
Agricultura sustentável
 Os temas listados são próprios à associação entre sustentabilidade e ecologia 
pois, como afirma Gliessman (2000), “o enfoque agroecológico pode ser definido 
como a aplicação dos princípios e conceitos da ecologia no manejo e desenho de 
agroecossistemas mais sustentáveis”.
 A modernização social ética deve se realizar sobre vias distintas, tornando-se 
paisagens de liberdade; menos mirabolantes, talvez, mas coerentes com a 
sociedade real, isto é, considerada como todo.
 Para Gliessman (2000), podemos distinguir três planos do 
processo de transição para a produção baseada em 
agroecossistemas mais sustentáveis.
Agricultura sustentável
 O primeiro nível diz respeito ao aumento da eficiência das práticas convencionais 
para reduzir o uso e consumo de inputs externos caros, escassos e danosos ao 
meio ambiente.
 O segundo nível da transição se refere à substituição de inputs e práticas 
convencionais por práticas alternativas. A meta seria a substituição de insumos e 
práticas intensivas em capital, contaminantes e degradadoras do meio ambiente, 
por outras mais benignas sob o ponto de vista ecológico. Neste nível da transição, 
a estrutura básica do agroecossistema seria pouco alterada, podendo ocorrer, 
então, problemas similares aos que se verificam nos sistemas convencionais.
 O terceiro e mais complexo nível da transição é 
representado pelo redesenho dos agroecossistemas, para 
que funcionem com base em um novo conjunto de 
processos ecológicos.
Agricultura sustentável
 [...] na Agroecologia, é central o conceito de transição agroecológica, entendida 
como um processo gradual e multilinear de mudança, que ocorre através do 
tempo, nas formas de manejo dos agroecossistemas, que, na agricultura, têm 
como meta a passagem de um modelo agroquímico de produção (que pode ser 
mais ou menos intensivo no uso de inputs industriais) a estilos de agriculturas que 
incorporem princípios e tecnologias de base ecológica. Essa ideia de mudança se 
refere a um processo de evolução contínua e crescente no tempo, porém, sem ter 
um momento final determinado (CAPORAL, 2004:12).
 Entretanto, continua o autor...
Agricultura sustentável
 Entretanto, por se tratar de um processo social, isto é, por depender da 
intervenção humana, a transição agroecológica implica não somente na busca de 
uma maior racionalização econômico-produtiva, com base nas especificidades 
biofísicas de cada agroecossistema, mas também numa mudança nas atitudes e 
valores dos atores sociais em relação ao manejo e conservação dos recursos 
naturais (CAPORAL, 2004:12).
Agricultura sustentável É preciso que se discuta publicamente qual é o melhor modo de produzir, de 
acordo com os verdadeiros preceitos de sustentabilidade, o que implica discutir 
modelos de agricultura ecológica e formas de agricultura industrial e familiar, 
Caporal (2004:11-2) chama atenção à elitização dos processos 
e dos resultados sociais. 
Observação: 
 é orientar a produção industrial agropecuária, de acordo 
com as especificidades dos grupos de demanda, definidos 
por renda, por região ou temas articuladores como as 
lutas por menos pesticidas e agrotóxicos, que passariam, 
desse modo, a participar da pauta política 
da agenda agrária.
Agricultura sustentável
 Caporal (2009) estabelece alguns dos desvios dos preceitos da agroecologia, 
lamentando que haja confusão quanto ao modo como vem acontecendo com a 
palavra de ordem “desenvolvimento sustentável”.
Para o autor: 
 a agroecologia busca integrar os saberes históricos dos 
agricultores com os conhecimentos de diferentes ciências, 
permitindo tanto a compreensão, análise e crítica do atual 
modelo do desenvolvimento e de agricultura, como o 
estabelecimento de novas estratégias para o 
desenvolvimento rural.
Agricultura sustentável
 Agroecologia constitui-se em um campo do conhecimento científico que [...] 
pretende contribuir para que as sociedades possam redirecionar o curso alterado 
da coevolução social e ecológica, nas suas mais diferentes inter-relações e mútua 
influência (CAPORAL, 2009, p. 4).
 Sistemas, circuitos e cadeias produtivas vernáculas e 
alternativas. Diversidade de percepções, de ideologias e 
de tecnologias, representadas pelo Fórum Social Mundial 
(FSM). Ecologia experimental e “intuitiva”, de preservação. 
Economia social e “flexível”. Resgate da “microeconomia” 
de alimentos caseiros com a devida supervisão pelos 
gestores públicos e privados. Hortas urbanas, feiras e 
redes para trocas de sementes.
Agricultura sustentável
 Stédile (2003, p. 5) afirma que hoje a reforma agrária não poderia mais ser a 
“reforma agrária clássica capitalista”, pois deve ir além do simples assentamento, 
com políticas de incentivos governamentais, apoio tecnológico, extensão e 
acompanhamento agronômico.
 E acrescenta que também seriam necessários: política de preços mínimos; crédito 
concedido de acordo com categorias dimensionais das propriedades e dos 
produtos; manejo sustentável; programa de redistribuição de terras conforme 
a área e os produtos a serem trabalhados.
Agricultura sustentável
Ainda segundo Stédile, a construção da soberania alimentar no Brasil supõe 
soberania popular e requer reformas estruturais no meio rural e no modelo de 
produção agrícola do país:
1. Uma reforma agrária ampla e massiva que democratize a posse e uso da terra, 
tendo como consequência a garantia de acesso a 4 milhões de famílias de 
trabalhadores que querem produzir na agricultura.
2. Mudar o atual modelo de produção e de tecnologia 
agrícola dominante para uma outra concepção de 
produção de alimentos saudáveis, baseados na 
agroecologia, agricultura ecológica, orgânica e outros 
caminhos que garantam produção e oferta abundante 
em todos os locais.
Políticas estruturantes para alcançar a soberania alimentar, por Stédile
3. Limitar o tamanho máximo da propriedade e posse da terra e garantir o princípio 
do interesse de toda sociedade sobre os bens da natureza, água 
e biodiversidade.
4. Reformular o papel do Estado para que ele ordene o processo de soberania 
alimentar, garantindo a sua produção e distribuição em todas as regiões.
5. Controle direto do governo sobre o comércio exterior (importação/exportação) de 
alimentos e sobre as taxas de juros e de câmbio.
6. Implementar um amplo programa de pequenas e médias 
agroindústrias instaladas em todos os municípios do 
país, na forma cooperativa.
Agricultura sustentável
7. Garantir estoques reguladores de alimentos saudáveis por parte do governo, 
para garantia de acesso a toda população.
8. Desenvolvimento de um novo modelo econômico, baseado na ampla distribuição 
de renda, na garantia de emprego e renda para toda população; na 
universalização da educação e na implementação de uma indústria nacional 
voltada para o mercado interno.
Agricultura sustentável
9. O conhecimento e plena liberdade para intercambiar e melhorar sementes é um 
componente fundamental da Soberania Alimentar, porque sua existência em 
diversidade permite assegurar a abundância alimentar, servir de base 
a uma nutrição adequada e variada e desenvolver formas culinárias 
culturalmente próprias e desejadas.
 As sementes são o início e o fim dos ciclos de produção 
camponesa, são criação coletiva que reflete a história dos 
povos e de suas mulheres, as quais foram suas criadoras 
e principais guardiãs e aperfeiçoadoras. Seu 
desaparecimento leva ao desaparecimento das culturas 
dos povos do campo e de comunidades. Como não são 
apropriáveis, devem manter seu caráter 
de patrimônio coletivo.
Agricultura sustentável
10. Impedir o uso e fomento de sementes transgênicas. Elas representam a 
propriedade privada da vida, a impossibilidade da livre reprodução, e acima de 
tudo representam a destruição de toda biodiversidade, pois elas não conseguem 
se reproduzir sem contaminação de todas as demais sementes. Além de pesar 
dúvidas e a falta de pesquisa sobre suas consequências para a saúde animal 
e humana. 
Fonte: STÉDILE, João Pedro e Carvalho, Horácio Martins de. Soberania Alimentar: Uma 
Necessidade dos Povos. In: Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2010). 
Fome Zero: Uma história Brasileira. Brasília, DF, Assessoria Fome Zero, 3 vol., vol. 3 pp. 144 a 
156. (p. 14-5).
Agricultura sustentável
 É uma concepção fundamentalmente ética, assim, torna-se importante e moderno 
instrumento de produção, pois
 mais que uma área do conhecimento científico, é uma possibilidade em potencial 
para a proteção dos recursos naturais, 
 enquanto ciência, os estudos na área são capazes de levantar 
dados importantes que, além de propiciar conhecimentos científicos relevantes, 
auxiliam na proteção de áreas naturais. 
 Os conhecimentos difundidos pelas populações 
tradicionais se referem ao meio no qual foram produzidos, 
permitindo articulação entre meio natural e social, 
proporcionada pela etnociência, buscando a melhoria da 
produção e a conservação dos recursos naturais [...]. 
PEREIRA, B. E.; DIEGUES, A. C. (2010:47-8).
A etnoconservação da natureza
 Os saberes tradicionais, não apenas do agricultor, mas do pescador e criador de 
animais, vistos anteriormente, são resgatados pelas ciências sociais em geral e 
aplicados em novos contextos por pesquisadores das engenharias, 
como a agronômica. 
Lembrete:
 Os princípios da etnoconservação são poderosos 
instrumentos que, articulados como corpo técnico e social, 
permitem-nos, junto com as formas de agricultura 
vernaculares tratadas na Unidade 1, desenvolver 
maneiras de produção sustentáveis.
Agricultura sustentável
Questão fundamental e deve ser encarada como na permacultura, segundo João 
Rockett: 
 Podemos dizer que a permacultura engloba a agroecologia, como se fosse uma 
plataforma. Trata-se de um projeto interdisciplinar para criar unidades 
sustentáveis, envolvendo a questão da água, da energia, da habitação, dos 
animais e das plantas dentro de um sistema que conecta esses e outros sistemas. 
 Ou seja, trata-se do projeto de otimizar um local com 
menor impacto sobre o espaço. Dentro desse sistema 
mais amplo, a agroecologia está relacionada à questão 
dos alimentos, considerando também a forma de distribuir 
esse produto no mercado e a questão social envolvida 
na produção.
ROCKETT, João. Permacultura: por uma outra visão de mundo. Entrevista especial com João 
Rockett. IHU On-line Instituto Humanitas Unisinos [IHU, da Universidade do Vale do Rio dos 
Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS]. Entrevistas. Domingo,06 de janeiro de 2013.
O tratamento de resíduos da produção agropecuária
 Assinale a alternativa correta quanto às possibilidades de transição para um 
modelo de produção agrário saudável. 
a) Reforma agrária de qualquer espécie somente pode acontecer sob 
a bandeira socialista.
b) A agroecologia e a permacultura são utopias a-científicas.
c) Tal transição implica, como vimos, numa construção gradual, pois requer 
mudanças psicossociais profundas em nossas formas de viver e pensar.
d) A questão dos resíduos sólidos é uma questão essencialmente tecnológica (das 
engenharias), o que pode ser comprovado ao observarmos as consequências de
contaminação rural e urbana.
e) A questão da propriedade não é relevante para discutir o 
modelo de desenvolvimento econômico e o regime 
agroexportador; este sim está na base 
da soberania alimentar.
Interatividade
 Assinale a alternativa correta quanto às possibilidades de transição para um 
modelo de produção agrário saudável. 
a) Reforma agrária de qualquer espécie somente pode acontecer sob 
a bandeira socialista.
b) A agroecologia e a permacultura são utopias a-científicas.
c) Tal transição implica, como vimos, numa construção gradual, pois requer 
mudanças psicossociais profundas em nossas formas de viver e pensar.
d) A questão dos resíduos sólidos é uma questão essencialmente tecnológica (das 
engenharias), o que pode ser comprovado ao observarmos as consequências de
contaminação rural e urbana.
e) A questão da propriedade não é relevante para discutir o 
modelo de desenvolvimento econômico e o regime 
agroexportador; este sim está na base 
da soberania alimentar.
Resposta
7. Em seguida vamos pelo desenvolvimento das soluções com predomínio da 
cultura e do ambiente para o manejo ecológico e econômico, de fato ecoeficiente. 
 São apresentadas as perdas de qualidade socioambiental e esboço de correções, 
experiências e casos de sucesso da agricultura sustentável.
Agricultura sustentável
 A melhoria das condições ambientais e da saúde humana, de um modo particular, 
requer que se considerem as dimensões da cultura e da política para o manejo 
ecológico e econômico dos ecossistemas.
 Como corrigir os rumos baseados nas perdas? Os dilemas da via tecnológica 
apontam que não se pode colocar todas as fichas nesta frente.
Agricultura sustentável
 Leff (2001, p. 145) traz uma importante contribuição às frentes sustentáveis com 
suas reflexões e projetos relacionados ao saber ambiental. 
 Trata da formação do saber ambiental, como a construção de uma racionalidade 
ambiental. Implica na formação de um novo saber e a integração e diálogo 
interdisciplinar do conhecimento para explicar o comportamento de sistemas 
socioambientais complexos. 
 O saber ambiental problematiza o conhecimento 
fragmentado em disciplinas e a administração setorial do 
desenvolvimento para constituir um campo de 
conhecimentos teóricos e práticos orientado para a 
rearticulação das relações sociedade-natureza.
Agricultura sustentável
Khatounian vê na “reconstrução ecológica da agricultura”: 
 um conjunto de correções nos processos produtivos convencionais, requerendo o 
estabelecimento e disseminação dos princípios sustentáveis de planejamento e 
gestão, bem como clareza sobre as áreas de abrangência e de progressiva 
ocorrência dos novos métodos (2001, p. 23-24).
Para Khatounian, os métodos alternativos têm:
 expandido seus mercados, já que estariam inseridos 
numa profunda mudança na atitude das pessoas diante de 
recursos naturais. O autor aponta que “até o início dos 
anos 1960, a atitude predominante era a do temor-
domínio”, no afã de controlar e manejar todas as forças do 
planeta (2001, p. 24).
Agricultura sustentável
Crenças na tecnologia: 
 possibilitaram ao ser humano transformar o ambiente numa tal escala que os 
mecanismos naturais de reconstituição não eram mais suficientes para esse 
modelo convencional de produção de excedentes além do consumo. 
 Apesar de generalizar-se com a globalização...
Agricultura sustentável
Os marcos desse pensamento e dessas ações, para Khatounian (2001, p. 25): 
 No início dos anos 1960: “Silent spring”, de Rachel Carson.
 Nas décadas de 1970 e de 1980: constatações da poluição generalizada do 
planeta e exaustão iminente das reservas de importantes recursos naturais.
 Em 1992, Terceira Conferência das Nações Unidas sobre 
o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a ECO-92. A Terra 
deixará de ser um campo ilimitado e se tornará um 
pequeno jardim da humanidade.
Agricultura sustentável
 O autor acha que há novas formas de agricultura “menos dependentes de insumos 
químicos”, “tentando conciliar as necessidades econômicas e sociais com a 
preservação da sua base natural” (KHATOUNIAN, 2001, p. 25).
 Reações em diversos países, incorporando elementos de suas culturas locais às 
visões teóricas e instrumentos de sustentabilidade.
Agricultura sustentável
Algumas saídas, pela via tecnológica, poderiam trazer benefícios se associadas a 
outras ações, como é o caso da mudança de material das embalagens, descrita na 
matéria “O plástico que se come”, da revista Caros Amigos: 
 Feito a base de mandioca, bom para embalar, dá até para comer. A tecnologia 
brasileira busca alternativas às embalagens plásticas tradicionais. A jornalista 
Cylene Dworzak aborda o tema nesta edição especial de Caros Amigos. Sabemos 
que o plástico é um dos maiores poluidores, só a China se vê às voltas com 3 
milhões de sacolas plásticas por dia”. 
DWORZAK, C. O plástico que se come. Especial Meio Ambiente. Caros Amigos, 
Ano XIII, N. 43, Casa Amarela, jun. 2008. (p.14-5).
Agricultura sustentável
 Nas décadas de 1920 a 1940, organizam-se os primeiros movimentos a usarem 
adjetivos como biológico-dinâmico, orgânico ou natural para se diferenciarem da 
corrente dominante centrada na química. Há uma diversidade das frentes.
 O termo sustentável, mais do que uma escola, abrange todas essas ações, assim 
como as designações de todas elas se interpenetram; porém, prevalece aqui o 
apelo didático para facilitar as suas maiores marcas.
 Apresentamos, seguindo Khatounian (2001), as escolas 
de agricultura ecológica ou sustentável.
Agricultura sustentável
1. Biodinâmica
 Foi criada na Alemanha, em 1924, como reação à química agrícola, 
lá também criada.
 Sua figura central é o filósofo Rudolf Steiner, grande influência em várias gerações 
de agrônomos e agricultores.
 Os adubos químicos da época causaram grande estrago 
nas lavouras, gerando um ambiente propício às ideias 
de Steiner.
Agricultura sustentável
2. Orgânica
 Surge no Reino Unido, disseminando-se em seguida pelos Estados Unidos.
 A figura de maior expressão dessa corrente foi o agrônomo Albert Howard, com 
extensa experiência na Índia, então colônia britânica.
 Ele percebeu que “a adubação química produzia 
excelentes resultados nos primeiros anos, mas depois os 
rendimentos caíam drasticamente” em comparação com 
os resultados obtidos pelos camponeses indianos a partir 
de métodos tradicionais, com menores, mas 
constantes rendimentos.
Agricultura sustentável
3. Natural
 Mokiti Okada iniciou um movimento de caráter filosófico-religioso no Japão, nos 
anos 1930 e nos 1940, criando a Igreja Messiânica. “Um dos pilares desse 
movimento foi o método agrícola “natural” ou agricultura natural” (Shizen Noho). 
(Khatounian, 2001:26).
 Suas bases estão no trabalho de Masanobu Fukuoka (fitopatologista), que defende 
“a menor alteração possível no funcionamento natural dos ecossistemas, 
alimentando-se diretamente do Zen-Budismo” (Khatounian, 2001:26).
 É das maiores fontes de inspiração para as técnicas de 
produção orgânica.
Agricultura sustentável
4. Biológica
 No início dos anos 1960, na França, acontece o movimento da agricultura 
ecológica com arcabouço teórico sistematizado por Claude Aubert, em livro 
publicado em 1974, “A agriculturabiológica: por que e como praticá-la”.
 Assim como a agricultura orgânica de Howard, a proposta 
de Aubert não se vincula a uma doutrina filosófica ou 
religiosa particular. Desenha-se “como uma abordagem 
técnica sobre o pano de fundo de um relacionamento mais 
equilibrado com o meio ambiente e de melhor qualidade 
dos produtos colhidos.” (Khatounian, 2001:27).
Agricultura sustentável
5. Alternativa
 Com a crise do petróleo nos anos 70 e com os movimentos de agricultura 
ecológica nos anos 80, há um aumento da consciência da gravidade dos 
problemas ambientais, principalmente em suas repercussões à saúde humana. 
Há, também, uma ampliação do mercado para produtos ecológicos.
 Nos Estados Unidos, a referida crise do petróleo expõe a 
dependência que sua agricultura desenvolve dos 
combustíveis fósseis, bem como a sua decorrente 
fragilidade. Ao que se somam os problemas do modelo 
inquestionado: uso de fertilizantes minerais e dos 
herbicidas. (Khatounian, 2001:27-8).
Agricultura sustentável
6. Agroecológica
 O destaque desse movimento latino-americano é o chileno Miguel Altieri, que 
procura atender às “necessidades de preservação ambiental e de promoção 
socioeconômica dos pequenos agricultores” (Khatounian, 2001:29). É um 
movimento de cunho político e diante do alijamento desses agricultores, esse 
movimento se politiza e segue a direção de aumentar seu peso político nas 
sociedades da América Latina.
 O trabalho de Altieri valoriza a produção familiar 
camponesa e a relaciona com o movimento ambientalista 
na América Latina.
Agricultura sustentável
7. Permacultura
 Na Austrália tem lugar o movimento da Permacultura, com modelos para as 
regiões menos dotadas de recursos naturais, desenvolvendo a criação de 
agroecossistemas sustentáveis através da simulação dos ecossistemas naturais, 
prioriza as culturas perenes (árvores) como centrais em sua proposta. Principais 
ideólogos: Bill Mollisson e colaboradores (Khatounian, 2001:29).
 Também os aspectos urbanos são objeto da permacultura, planejando cidades 
ecologicamente adaptadas e procurando autogestão de energia, melhor uso de 
materiais, com melhor aproveitamento dos elementos do ambiente, promovendo 
associação da natureza e da tecnologia nos projetos 
arquitetônicos (ventilação natural, insolação pelo 
posicionamento das construções, melhoria do ar com 
tecnologias limpas e flexíveis) com aprendizado 
das culturas tradicionais.
Agricultura sustentável
8. Orgânica como coletivo
 Os movimentos de produção sem agroquímicos organizaram-se no plano 
internacional, “tanto para o intercâmbio de experiências como para estabelecer os 
padrões mínimos de qualidade para os produtos de todos os movimentos”. 
Agricultura orgânica: conjunto de propostas alternativas. Fundam, em 1972, a 
Federação Internacional de Agricultura Orgânica (Khatounian, 2001:29).
 A Federação estabelece normas para classificação dos produtos, que assim 
podem ser oferecidos no mercado, vendidos com o seu selo “orgânico”. Tais 
normas proíbem agrotóxicos, também “restringem a utilização dos adubos 
químicos e incluem ações de conservação dos recursos 
naturais”. Têm apelo ético “nas relações sociais internas da 
propriedade e no trato com os animais”. 
(Khatounian, 2001:29).
Agricultura sustentável
9. Sustentável
 Para Khatounian, há uma conjunção de fatores ligados à sobrecarga dos sistemas 
ecológicos (2001:29) e, acrescentaríamos, principalmente dos organismos 
humanos; o que é atestado pela área médica. Então, diante da constatação de 
insustentabilidade ambiental do modelo de desenvolvimento, há um movimento 
crítico denominado desenvolvimento sustentável, aqui especificamente 
considerado em sua aplicação agrária.
 O termo agricultura sustentável é uma tentativa de conciliar as expectativas sociais 
de alimento e ambiente sadios com os interesses das corporações. Advertência 
quanto à sua participação!
 A agricultura sustentável, embora represente um avanço, 
não deixa de ser também um retrocesso em relação à 
agricultura orgânica, cujas normas são absolutamente 
claras. (31-2).
Agricultura sustentável
10. Ecológica
 A ecologia deixa de ser apenas uma disciplina da biologia, acadêmica. E “com a 
crescente conscientização da magnitude dos problemas ambientais, o termo foi 
ganhando o grande público, sempre associado à preservação ou recuperação 
do meio ambiente” (Khatounian, 2001:31).
 As correntes de ideias e práticas alternativas e 
sustentáveis são fortes instrumentos de mudança, pois 
todas trazem elementos fundamentais; devemos, pois, 
pesquisar mais sobre cada uma.
Agricultura sustentável
 O autor ainda afirma que, do ponto de vista da tecnologia, os cultivos orgânicos 
“costumam apresentar elementos recuperados de bons exemplos do passado, 
combinados com procedimentos de ponta em termos de manejo de 
microrganismos, controle fitossanitário, variedades, máquinas e insumos 
ecologicamente corretos” (Khatounian, 2001, p. 32-33).
 Há graves problemas nas políticas públicas e em sua ausência.
Agricultura sustentável
 Há problemas: 1) em algumas espécies menos resistentes; 2) cuja alternativa pior 
seria reduzir a gama de alimentos consumidos. 
 É muito importante entendermos o debate sobre a “agricultura sem agrotóxicos”: 
de um lado aqueles com grande apreço aos avanços da química na nutrição 
artificial e no combate aos desequilíbrios ecológicos por envenenamento; de outro, 
aqueles com abertura tanto ao (re)aprendizado das tradições quanto para novas 
experiências com tecnologias limpas, naturais.
Agricultura sustentável
As correntes ou escolas agrícolas apresentadas podem ser consideradas:
a) Movimentos de sonhadores em busca de soluções inócuas para problemas 
concretos que requerem ação científica.
b) Dependentes de fé e sem caráter científico.
c) Integradoras e com objetivos ligados principalmente à saúde.
d) De forte cunho capitalista, pois todas estão inseridas nos mercados de 
commodities, especificamente de alimentos.
e) Localistas, pois seus preceitos servem basicamente às 
regiões em que surgiram.
Interatividade
As correntes ou escolas agrícolas apresentadas podem ser consideradas:
a) Movimentos de sonhadores em busca de soluções inócuas para problemas 
concretos que requerem ação científica.
b) Dependentes de fé e sem caráter científico.
c) Integradoras e com objetivos ligados principalmente à saúde.
d) De forte cunho capitalista, pois todas estão inseridas nos mercados de 
commodities, especificamente de alimentos.
e) Localistas, pois seus preceitos servem basicamente às 
regiões em que surgiram.
Resposta
8. Construção das melhorias possíveis a partir de exemplos concretos de 
produtividade sustentável, passando pelas transformações sociais que explicam 
as mudanças na concepção de produto e na essência das 
tecnologias empregadas.
Agricultura sustentável
 Práticas sustentáveis numa propriedade rural.
Agricultura sustentável
Agricultura sustentável
Fonte: Adaptado de: TAGUSHI, V. 10 
práticas sustentáveis. Matéria Globo 
Rural, 1.10.2011 (p. 36- 59). Disponível 
em: < 
http://revistagloborural.globo.com/Revi
sta/Common/0,,ERT270205-
18282,00.html >. Acesso em: 
1.2.2014.
Integração
Lavoura-Pecuária-Floresta1
Plantio direto2
Descarte de embalagens3
Recuperação
de pastagens4
Rastreabilidade5
Manejo
da água6 Bioenergia7
Manejo integrado
de pragas8
Fixação biológica
de nitrogênio9
Tratamento
de resíduos10
1. Integração lavoura-pecuária-floresta.
2. Plantio direto.
3. Descarte de embalagens. 
4. Recuperação de pastagens.
5. Rastreabilidade. 
6. Manejo da água.
7. Bioenergia.
8. Manejo integrado de pragas (mip).
9. Fixação biológica de nitrogênio (fbn).
10. Tratamento de resíduos. 
Fonte: Tagushi (2011).
Agricultura sustentável
 Seja como for, depois das dezenas de entrevistas que fiz, livros que li, 
documentários que vi e lugares que visitei paraproduzir este livro, uma coisa me 
parece certa: o futuro da comida é uma volta ao passado (Kedouk, 2013, p. 214).
 A partir do que foi apresentado, podemos concluir que as alternativas ao modelo 
atual de exploração dos recursos ganham quando alimentadas com cuidadoso e 
despojado estudo das práticas sociais originais, em geral, e produtivas, 
em particular; isto é, as práticas nativas ou autóctones, vernáculas, 
vistas anteriormente.
Agricultura sustentável
 Além das perdas de qualidade advindas das mudanças culturais nas relações de 
trabalho, o próprio caráter da produção é deslocado do suprimento básico à 
sobrevivência para os aumentos em escala, com riscos e impactos negativos à 
integridade alimentar; há geração de insegurança alimentar.
 Com a escala nos moldes convencionais, há empobrecimento da biodiversidade, 
um empobrecimento simbólico, com esquecimento e desuso de rituais associados 
aos ciclos produtivos e consequente aplanamento dos gostos.
 As perdas são de ordem material, geradas em meio às 
atividades e procedimentos produtivos já 
descaracterizados e sem identidade trabalhador-ambiente. 
A organização intrínseca à vida social passa a ser apenas 
gestão, aí se esvazia, sem imaginação ou conteúdo 
do grupo.
Agricultura sustentável
 Com os problemas ambientais e alimentares mais prementes, aprendemos que, se 
estamos nos envenenando, também podemos limpar os ambientes e a produção 
em todas as suas etapas.
Encerramos com a pesquisa de Kedouk (2013) sobre dinâmica social, que nos é 
muito cara: a produção por parte de sujeitos individuais. Há um debate entre duas 
concepções de crescimento econômico:
 uma atrelada às demandas internacionais, às quais visa a atender, assim fazendo 
caixa e patrocinando o desenvolvimento;
 e a outra, que acredita que se todos que souberem fazer 
alguma coisa fizerem em suas casas com os 
equipamentos que já possuem, um grande passo já terá 
sido dado para a cidadania, por meio da integração social 
pela economia.
Agricultura sustentável
 A produção artesanal de comida também está voltando à tona. 
É o caso dos queijos de regiões mineiras, como Serro, uma cidade que foi 
colonizada pelos portugueses e se desenvolveu por causa da mineração. 
 As famílias por ali tinham o costume de fazer o próprio queijo, principalmente 
quando queriam agradar as visitas que chegavam ou presentear alguém que 
morava longe – os queijos eram despachados para o País inteiro. Na Serra da 
Canastra também. 
 Os tropeiros que passavam na cidade guiando animais de 
uma região para outra davam uma parada na Canastra 
para se abastecer com o queijo típico de lá. (Kedouk, 
2013, p. 214).
Agricultura sustentável
 Bastante interessante a dupla produção do cineasta Silvio Tendler (2011; 2014) 
sobre nosso envenenamento pelos agrotóxicos. 
 Ficha técnica
 Nome original: 
“O veneno está na mesa”
 País de origem: Brasil
 Gênero: Documentário
 Duração: 50 min.
 Ano: 2011
 Direção: Silvio Tendler
Agricultura sustentável
 Título: O veneno está 
na mesa 2 (original).
 Ano produção: 2014
 Dirigido por: Silvio Tendler
 Estreia: 16 de Abril de 
2014 (Brasil) 
 Duração: 70 min.
 Gênero: Documentário
 Países de origem: Brasil
 Com base na ideia de sustentabilidade, assinale a alternativa que apresente tanto 
elementos de (re)qualificação técnica da produção quanto princípios filosóficos de 
conscientização do padrão alimentar (sentido em comer).
a) A alimentação e a produção não têm necessariamente relação 
no setor agropecuário.
b) A cadeia produtiva, nos moldes atuais, ocupa-se tanto da 
educação alimentar profilática (a medicina mais eficiente) 
quanto dos estudos dos diversos 
conhecimentos produtivos.
Interatividade
c) A agricultura somente pode ser rentável em grandes escalas, como mostram os 
números oficiais.
d) Permacultura, agroecologia e demais concepções unicistas (integradoras) 
aplicadas à criação e cultivo somente podem ser implantadas com imensos 
investimentos governamentais.
e) Pode-se inovar (re)aprendendo tanto técnicas já 
existentes quanto a comer com consciência.
Interatividade
 Com base na ideia de sustentabilidade, assinale a alternativa que apresente tanto 
elementos de (re)qualificação técnica da produção quanto princípios filosóficos de 
conscientização do padrão alimentar (sentido em comer).
e) Pode-se inovar (re)aprendendo tanto técnicas já existentes quanto a comer 
com consciência.
Resposta
ATÉ A PRÓXIMA!

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