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Apostila Imuno - Revisada

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Universidade Unigranrio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imunologia Médica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Beatriz Mathias 
3º período 
Professor: Tulio Queto 
 
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Sumário 
1. Células e órgãos do sistema imune ........................................................................................................................ 3 
2. Imunidade ....................................................................................................................................................................... 8 
3. Inflamação ...................................................................................................................................................................... 8 
4. Anticorpos .................................................................................................................................................................... 10 
5. MHC ................................................................................................................................................................................. 13 
6. Diversidade de anticorpos ..................................................................................................................................... 16 
 
Infelizmente minha paciência com imuno acabou cedo e eu não terminei a apostila, mas estudem pelas 
provas antigas que vai dar certo ;) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sistema Imunológico 
O sistema imune é mais conhecido por ser um sistema de defesa do organismo, mas o mesmo é 
mais amplo, buscando manter a homeostasia do organismo. 
É composto por células e tecidos específicos para a eliminação de patógenos, antígenos e células 
anormais. Sendo “antígeno” toda a partícula ou molécula capaz de ser reconhecido pelas células do 
sistema imune e que pode iniciar uma resposta, específica e inespecífica. 
 
OBS: marcadores celulares são proteínas de superfície que definem uma fase de diferenciação do linfócito 
e são reconhecidas por um grupo de anticorpos. 
 
Células do Sistema Imune 
A) Linfócitos B e T: são as únicas células com receptores específicos para antígenos específicos, sendo elas 
as chaves da imunidade adaptável. São morfologicamente semelhantes, diferenciados apenas por 
linhagem, funcionamento e fenótipo. 
 
A.1) Células B: únicas capazes de produzir anticorpos. O antígeno que ativa uma célula B torna-se 
alvo dos anticorpos produzidos por ela e pelas células plasmáticas para qual a célula B deu origem. 
Os antígenos são reconhecidos pelas imunoglobulinas de membrana. Resposta imune humoral. 
 
A.2) Células T: capaz de reconhecer o antígeno SOMENTE com a ajuda de células apresentadoras de 
antígeno MMC – complexo histocompatibilidade principal – em sua composição. Após ser ativada, 
ela se prolifera e pode assumir diferentes funções: 
▪ Células T citotóxicas (TCD8) – destroem células estranhas por apoptose. 
▪ Células T helper (TCD4) – controla toda a resposta imune adquirida, aumentando a 
produção de anticorpos pelas células B e atividade fagocitária dos fagócitos. 
 
Durante uma resposta imune, algumas células B e T podem se diferenciar em células de memória, 
que são os linfócitos responsáveis pela imunidade de longa duração. 
 
A.3) Linfócitos NK (natural killer): reconhece células infectadas e induz a morte. São importantes 
contra vírus e tumores. Mediadores da imunidade inata. Não expressam receptores de antígenos 
como as células B e T. 
 
OBS: Células apresentadoras de antígeno (APC) – podem ser células dendríticas, macrófagos ou 
linfócito B. Elas capturam o antígeno e o apresenta aos linfócitos T. Localizam-se em locais de porta 
de entrada para patógenos, como: pele; área gastrointestinal e área respiratória. 
 
 
B) Células Dendríticas: projeções de membrana. Possuem grandes quantidades de receptores padrões 
moleculares associados à patógenos (PAMPs) que respondem a lipopolisacarídeos na membrana externa 
das bactérias. Tem como funções fagocitose e reconhecimento inicial/processamento/apresentação do 
antígeno ao linfócito T. Possuem duas subpopulações: 
 
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B.1) Mieloides: Células Dendríticas clássicas, responsáveis pela ativação dos Linfócitos T. 
Encontram-se distribuídas por todos os tecidos linfoides, e em diversos tecidos dos organismos 
principalmente cutâneo e mucosas, aonde residem de uma forma ainda imatura. 
 
B.2) Plasmocitóides – Distribuídas em diversos órgãos linfoides, mas em menor número do que as 
mieloides. Têm a função de combater infecções virais. 
 
 
C) Fagócitos mononucleares: células especializadas em eliminação de antígenos através de fagocitose. 
Possuem receptores de membrana altamente especializados que reconhecem moléculas estranhas ao 
organismo, ou mesmo moléculas ligadas a anticorpos e outras moléculas do sistema imunológico. 
Produzem reativos intermediários do oxigênio (ROIs), através do processo de explosão respiratória, os 
quais podem oxidar e destruir microrganismos. Derivadas da medula óssea, são liberadas num estado 
imaturo e indiferenciado, completando sua maturação nos órgãos nos quais irão residir. 
 
C.1) Monócito: célula imatura, encontrada circulando no sangue, que apresenta núcleo em forma 
de feijão. 
 
 
C.2) Macrófagos: monócitos que se instalaram nos tecidos e maturaram. Recebem nomes distintos 
de acordo com o tecido no qual se instalam: micróglia no SNC, células de Kupffer no fígado; 
macrófagos alveolares no pulmão, e osteoclastos no tecido ósseo. 
 
 
D) Leucócitos polimorfonucleares ou granulócitos: possuem inúmeros grânulos no citoplasma e núcleo 
irregular. São produzidos em maior quantidade durante a resposta imune, deixando a corrente sanguínea 
e migrando para o local com infecção. 
 
D.1) Neutrófilos: núcleo geralmente multilobulado. São as células mais numerosas e importantes na 
resposta imune inata. Durante um processo de infecção ele é o primeiro a chegar no tecido, mas 
em condições normais está no sangue. Sua meia vida é muito curta, se dentro de seis horas não 
forem recrutados para sítios de infecção, acabam entrando em apoptose. Agem principalmente por 
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explosão respiratória, liberando enzimas e ROIs que vão agir diretamente sobre os microrganismos, 
além de possuírem intensa atividade fagocitária. 
 
D.2) Eosinófilos: núcleo bilobado/reniforme. Encontrados nos tratos respiratórios, intestinais e 
genitourinário. Extremamente importantes na reação imunológica a helmintos, assim, em número 
aumentado indica parasitose. Respondem a ação da eotaxina, produzida pelas células epiteliais em 
locais de reações inflamatórias. 
 
D.3) Mastócito: existem dois grupos, um encontrado nas mucosas do TGI e nos alvéolos, os quais 
possuem grânulos ricos em histamina. Outro encontrado nas cavidades serosas, pele e pulmões (de 
tecido conjuntivo), que além de possuírem alta quantidade de histamina, também produzem 
heparina, caboxipeptidases e proteases. 
 
D.4) Basófilos: núcleo em forma de ferradura. São produzidos em quantidade muito baixa, e 
raramente são encontrados em tecidos, estão na corrente sanguínea, mas são rapidamente 
recrutados para sítios de infecção. Possuem grânulos citoplasmáticos muito semelhantes aos dos 
mastócitos e liberam histamina e heparina. Sintetizam e liberam mediadores derivados do ácido 
araquidônico. 
 
OBS: tanto mastócitos quanto basófilos possuem função de defesa imediata, principalmente em 
mucosas, mas são frequentemente envolvidos em casos de Hipersensibilidade Imediata (alergias). 
 
 
 
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Citocinas: 
Substâncias secretadas pelo sistema imune que tem como função mediar as funções do sistema 
imunológico, servindo tambémcomo mecanismo de comunicação entre as células. 
 
Propriedades gerais: 
▪ Produção rápida e autolimitada, pelas células do sistema imune; 
▪ Ações locais ou sistêmicas (febre é resultado sistêmico de citocinas, como TNF2); 
▪ Ligam-se à receptores específicos na membrana das células-alvo. 
 
Categoria de citocinas: 
▪ Estimuladoras de hematopoiese; 
▪ Mediadoras e regulares da imunidade adquirida e inata. 
 
Órgãos e tecidos do Sistema Imune 
A) Órgãos Linfóides primários (centrais): estão obrigatoriamente envolvidos com a produção e/ou 
maturação das células imunes. Ex.: medula óssea, timo, fígado no feto. 
A.1) Medula Óssea: 
▪ Órgão gerador de todas as células sanguíneas; 
▪ Sítio de maturação de linfócitos B em mamíferos; 
▪ Encontrada nas costelas, vértebras, esterno e extremidade de ossos longos; 
▪ Nela encontram-se células estromais que criam um ambiente perfeito com citocinas ideais 
para a diferenciação das células-tronco presentes na medula óssea e início da 
hematopoiese. 
 
OBS: célula-tronco pode gerar somente alguns tipos de célula / células totipotentes podem 
gerar qualquer tipo de célula. 
 
A.2) Timo: 
▪ 2 lobos compostos por lóbulos divididos em córtex e medula no mediastino; 
▪ Órgão de maturação de linfócitos T (presença de linfócitos T em diversos estágios de 
maturação, macrófagos, células dendríticas tímicas); 
▪ Seleção tímica: células que reagem contra o próprio organismo (linfócito T reativo) ou 
negligentes (não se ligam a nada) são destruídos nesse órgão; 
▪ O timo regride conforme envelhecemos e seu tecido é substituído por tecido adiposo, ou 
seja, quanto mais velhos ficarmos, menos linfócitos T são produzidos. 
 
B) Órgãos Linfóides secundários (periféricos): estão associados ao início da resposta imune adquirida, onde 
os linfócitos encontram o antígeno. Ex.: baço, linfonodo, sistema imune cutâneo e sistema imune de 
mucosas. 
B.1) Linfonodos: 
▪ Pontos de filtragem de antígenos na circulação linfática; 
▪ Córtex externo - linfócitos B, com centro germinativo com LB ativados; 
▪ Paracórtex - linfócitos T; 
▪ Medula - macrófagos e plasmócitos; 
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▪ Torna mais fácil encontrar patógenos. 
 
B.2) Baço: 
▪ Onde ocorre filtragem de antígenos presentes no sangue; 
▪ Irrigado pela artéria esplênica; 
▪ As arteríolas são compostas de folículos linfóides e centros germinativos, compondo a 
bainha periateriolar (PAL). 
▪ As PALs são cercadas de populações de linfócitos T e macrófagos, formando a Zona 
Marginal. PAL + Zona Marginal – Polpa Branca; 
▪ As arteríolas terminam nos sinusóides, ricos em eritrócitos, linfócitos e macrófagos – Polpa 
Vermelha – terminam em vênulas que drenam para a veia esplênica; 
▪ Principal fonte de anticorpos do nosso sistema. 
 
 
B.3) Sistema Imune Cutâneo: 
▪ Composto por células de Langerhans epidérmicas (células dendríticas imaturas) e linfócitos 
T intraepiteliais (em sua maioria LT citotóxicos) perivasculares. 
 
B.4) Sistema Imune de Mucosas: 
▪ A superfície das mucosas do TGI e trato respiratório possuem linfócitos e células fagocíticas 
com função de defender o organismo de antígenos inalados ou ingeridos; 
▪ Linfócitos T intra-epiteliais (maioria LT citotóxicos); 
▪ Na lâmina própria encontramos: LTh; LB; plasmócitos e células fagocíticas; 
▪ Placas de Peyer: aglomerados de células imunológicas (principalmente LB) presentes na 
lâmina própria do intestino. 
▪ Tonsilas – grupo de nódulos linfáticos na mesofaringe e cavidade oral. Proporciona proteção 
contra bactérias e outros microorganismos. Grupos: palatinas; faríngeas e linguais. 
 
 
Circulação Linfática – mantém conexão entre os linfonodos. Os linfócitos T e B possuem mecanismos para 
sempre manter sua circulação pelo sistema linfático e ser mais fácil encontrar os antígenos. 
 
 
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Revisando 
Os linfócitos B se originam na medula óssea. No sangue, quando reconhecem o antígeno, eles se 
proliferam e se diferenciam em plasmócitos, que são células produtoras de anticorpos. Os anticorpos 
produzidos vão reconhecer, neutralizar e marcar antígenos para que eles sejam eliminados ou fagocitados 
pelos macrófagos. No entanto, alguns linfócitos B não se diferenciam em plasmócitos, formando células B 
da memória imunitária, que reagem muito rapidamente a uma segunda exposição ao antígeno. 
Os linfócitos T se originam na medula óssea, mas só se tornam totalmente maduros no timo, onde 
seu precursor se torna linfócito T ativo, diferenciando-se em alguns tipos, como células T helper e células T 
citotóxicas. As células Th estimulam transformação do linfócito B em plasmócito, sendo a principal célula 
reguladora do sistema imune. As células Tc agem diretamente sobre as células estranhas, induzindo 
apoptose e liberando perforina (proteína que abre orifícios na membrana da célula alvo promovendo sua 
lise). 
Os linfócitos NK (natural killer) atacam células cancerosas e infectadas sem necessidade de estímulo 
prévio. 
Células apresentadoras de antígenos, como o próprio nome já diz, vão apresentar o antígeno para 
ativas os linfócitos T. Podem ser macrófagos, linfócitos B e células dendríticas. Essa função se deve, 
principalmente a presença de MHC (complexo histocompatibilidade principal), que é resultado do 
processamento dos antígenos e é essencial para a ativação das células T. 
 
Imunidade 
É o mecanismo de defesa por ação do sistema imunológico com objetivo de eliminar um agente 
agressor, seja ele químico, físico ou biológico. 
▪ Resposta imune inata: sem memória, sem especificidade, tempo de resposta imediata e constante. 
Não importa quantas vezes entre em contato com uma mesma bactéria, a resposta sempre será a 
mesma: fagocitar e destruir. 
▪ Resposta imune adquirida: com memória, alta especificidade, resposta eficiente após o contato 
com antígeno. A cada contato com o antígeno, a resposta melhora. 
 
OBS1: Memória Imunológica: gera células para ativar a resposta imune adquirida (dependente da 
imunidade inata). 
OBS2: os dois tipos de imunidade “trabalham” juntos: a adquirida torna a inata mais forte e específica. 
 
Imunidade Inata: 
Possui resistência inespecífica a doenças pelos seguintes fatores: 
 
▪ Barreiras físicas/mecânicas: epitélios (pele, mucosa, secreções), fluxo de ar nas vias respiratórias, 
fluxo de líquido no sistema excretor; 
▪ Barreiras químicas: pH estomacal, pH genital, salinidade da lágrima; 
▪ Barreiras biológicas: microbiota anfibiôntica, proteínas; 
▪ Resposta celular: envolvem mastócitos, fagócitos (os que já estão no local – macrófagos – e os que 
migram do sangue para o epitélio – neutrófilos) e células NK; 
▪ Proteínas antimicrobianas: presentes no sangue e nos líquidos intersticiais que impedem o 
desenvolvimento de microrganismos. 
 
Inflamação 
É uma reação de tecidos vascularizados a um agente agressor caracterizada pela saída de líquidos e 
células do sangue para o interstício, ou seja, é uma resposta vascular a injúria. Pode ser causada por: 
▪ Trauma; 
▪ Infecção; 
▪ Injúria física (extremos de temperatura ou radiação ionizante); 
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▪ Injúria química; 
▪ Injúria imunológica; 
▪ Tecido morto (gangrena). 
 
Sinais cardinais de inflamação: 
▪ Rubor: vermelhidão devido acúmulo de células vermelhas no local de vasodilatação; 
▪ Dor: aumento da pressão exercida sobre as células nervosas pelo acúmulo de líquido intersticial, 
além da formação de bradicininas e prostaglandinas que aumentam a sensibilidade local; 
▪ Calor: aumento do fluxo sanguíneo e acúmulo de células com alta taxa metabólica; 
▪ Tumor/edema: acúmulo extravascular de fluido; 
▪ Perda de função. 
 
OBS: Importância dos vasos linfáticos na inflamação: o líquido que extravasa durante o processo 
inflamatório é drenado pelos vasos linfáticos, diminuindo o edema da região. É comum os linfonodosdo 
local ficarem inchados devido a drenagem de todo esse líquido. 
 
Estágios: 
 
Dano tecidual –> citocinas –> atrai macrófagos –> histamina –> vasodilatação –> edema e mastócitos 
 
1. Implementação da resposta imediata (promoção da vasodilatação e quadro inflamatório). Nesta etapa 
ocorre o dano no tecido acompanhado com a entrada de microrganismos. As células epiteliais que 
foram danificadas liberam citocinas, que ativam mastócitos e macrófagos. O mastócito vai liberar 
histamina, responsável pela vasodilatação, o que causa um quadro de extravasamento de líquido do 
sangue para o tecido, levando ao edema característico de inflamações. Função da vasodilatação: saída 
de líquido dos vasos contendo elementos do sistema imunológico, como proteínas, e impedimento da 
saída de bactérias do tecido para o sangue devido a pressão do extravasamento (barreira hidrostática). 
 
2. Migração celular (parte imunológica). Ocorrem 2 eventos celulares: diapedese leucocitária e 
fagocitose. A diapedese não ocorre pela vasodilatação, e sim, por indução química principalmente. A 
vasodilatação faz com que as células se posicionem mais próximos a parede do vaso. O endotélio é 
estimulado por citocinas liberadas por ele mesmo após lesão tecidual, tendo como função promover a 
secreção de selectina, uma molécula de adesão, que junto ao mecanismo de rolamento da célula 
promove a adesão adequada à parede do vaso. As integrinas aumentam ainda mais essa adesão. Em 
seguida, a célula faz diapedese e, no tecido, elas são atraídas para o local com maior concentração de 
citocinas (quimiotaxia), que é onde está ocorrendo o processo inflamatório. Ela faz fagocitose por 
reconhecimento e acoplamento da partícula, englobamento e destruição. 
 
3. Reparo tecidual (cicatrização ou regeneração). Na regeneração existe a substituição do tecido pelo 
mesmo, enquanto que na cicatrização existe a substituição do tecido por tecido fibroso. A presença de 
tecido fibroso faz com que haja um certo grau de perda de função do órgão acometido. Etapas: 
angiogênese; migração e proliferação fibroblásticas; deposição de matriz extracelular; maturação e 
organização do tecido fibroso (remodelamento). 
 
 
Efeitos sistêmicos da inflamação: 
▪ Febre: IL1 e IL6. Resultado da ação de substâncias do sistema imunológico e não do patógeno em si. 
▪ Leucocitose: aumento do número de leucócitos na corrente sanguínea. 
 
 
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Anticorpos – Imunoglobulinas de células B 
 
Imunoglobulinas: 
São glicoproteínas de conformação globular associados ao sistema imune. Podem ser encontradas 
secretadas ou ancoradas na membrana das células do sistema imunológico. São produzidas e secretadas 
por Linfócitos B e Plasmócitos que conferem a característica de especificidade da Resposta Imune 
Adquirida Humoral. 
Somente um grupo de imunoglobulinas (anticorpos) são capazes de reconhecer antígenos. Esses 
anticorpos são específicos para uma porção do antígeno (epítodo). 
Suas principais funções são: 
▪ Reconhecer antígenos (epítopos); 
▪ Inativá-los (somente em alguns casos); 
▪ Direcioná-los para degradação. 
 
OBS: todo anticorpo é uma imunoglobulina; nem toda imunoglobulina é um anticorpo. 
 
Estrutura: 
Formado por 4 cadeias polipeptídicas: Cadeia leve: λ (lambda) + K (capa) e 
Cadeia pesada: γ, µ, α, ε, δ, caracterizam as 5 classes (5 isotipos). 
▪ IgG – γ (subclasses: IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4) 
▪ IgD – δ 
▪ IgE – ε 
▪ IgA – α (subclasses: IgA1 e IgA2) 
▪ IgM – µ 
 
As cadelas leve e pesada possuem uma região variável e uma região constante (ou estável). 
▪ Região variável (V): mudança na sequência de aminoácidos. Responsável por se ligar no 
antígeno. 
▪ Região constante (C): mesma sequência dependendo da classe. É reconhecida pelo organismo. 
 
Ex: todas as IgM possuem a mesma região constante e diferentes regiões variáveis. 
 
OBS: cada anticorpo tem a capacidade de se ligar a 2 antígenos simultaneamente (possui 2 locais de 
ligação com antígeno). 
 
 As imunoglobulinas podem ainda ser divididas em duas porções/frações. Essa divisão é feita por 
tratamento enzimático para clivar a molécula, podendo usar papaína (3 fragmentos: 2 Fab e 1 Fc) ou 
pepsina (2 fragmentos Fab). 
▪ Fab: localizada na região variável, participa do reconhecimento e ligação com o antígeno. 
▪ Fc: localizada na região constante, é cristalizável e permite reconhecimento ligação do 
anticorpo com receptores de células do sistema imunológico, ou seja, é o responsável por ativar 
a resposta imune contra antígeno. Os anticorpos costumam ter Fab diferente e Fc igual, assim, 
o macrófago só precisa de 1 receptor. 
 
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Uma outra estrutura presente nas imunoglobulinas é a dobradiça, que nada mais é do que uma 
estrutura entre Fab e Fc que dá mobilidade permitindo interação com dois antígenos diferentes e em 
distâncias diferentes. 
 
 
 
Hipervariabilidade dos anticorpos e sítios de ligação dos antígenos: 
A região hipervariável nos anticorpos é chamada de CDR (regiões determinantes de 
complementaridade). Nessas regiões existe uma grande variedade de aminoácidos compondo a cadeia 
variável, que permite ligação com antígenos diferentes. 
Os sítios de ligação de Ag variam na forma e nas propriedades físicas. São baseados em forças não 
covalentes e nem todos os CDRs fazem contato com o antígeno. 
 
Isotipos de anticorpos: 
 
A) IgM 
▪ Primeiro anticorpo produzido (em forma de pentâmero); 
▪ Importante para resposta primária (primeiro contato com o antígeno) no entanto, não neutraliza 
vírus nem toxicidade; 
▪ Principal função: ativar/fixar sistema complemento; 
▪ Níveis elevados de igm indicam primeiro contato com antígeno e quando acompanhado de níveis 
altos de igG indica contato recente. 
 
OBS: imunocomplexo –> aglomerado de antígeno e anticorpo (facilita a fagocitose pelos macrófagos). 
 
B) IgG 
▪ Mais abundante, principal Ig do espaço extra vascular; 
▪ Promove opsonização (facilita a ação do sistema imunológico por fixar opsoninas), neutraliza 
toxinas e vírus, ativa complemento; 
▪ Passa por transferência placentária e leite materno. Os anticorpos passados pela transferência 
placentária vão auxiliar na defesa interna do bebê (principalmente nos primeiros 3 meses); 
▪ Não participa de proteção de mucosa e ligação de mastócito; 
▪ Envolvido na resposta secundária (segundo contato com antígeno). 
 
OBS1: Resposta primária x Resposta inata: a resposta inata ocorre antes mesmo da primária, que nada 
mais é do que a 1ª resposta adquirida. Corresponde a um pico de IgM, seguido por um pico de IgG. 
OBS2: Resposta secundária: corresponde ao 2º contato com o antígeno. Apresenta um pico de IgG 
muito alto (mais que o dobro de IgM) e pico bem pequeno (ou nulo) de IgM. 
 
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C) IgA 
▪ Segundo mais abundante no soro; 
▪ Principal Ig secretado nas mucosas (lágimas, saliva, secreções pulmonares, suco gástrico); 
▪ Não fixa complemento, mas neutraliza vírus; 
▪ Funciona como bactericida contra gram-negativas na presença de lisozima. 
 
D) IgE 
▪ Monômeros de 4 domínios de cadeia pesada; 
▪ Baixa concentração no soro devido a sua baixa meia-vida; 
▪ Se liga à mastócitos e basófilos; 
▪ Baixo nível em indivíduos saudáveis; 
▪ Em reações alérgicas ele é o responsável pela resposta a parasitas ou hipersensibilidade em 
pacientes; 
▪ Interação mastócito-IgE-Ag causa ativação do mastócito com efeitos vasculares potentes 
localizados; 
▪ Não fixa complemento. 
 
E) IgD 
▪ Concentração baixa no soro (menos abundante); 
▪ Sua presença indica implementação de resposta imune adquirida; 
▪ Liberada junto com IgM após ativação de linfócitos B; 
▪ Surge no RNA proveniente de splincing alternativo na geração de anticorpos; 
▪ Não possui função definida. 
 
Antígeno: 
Toda molécula reconhecida como estranha pelo organismo. Interage com anticorpose TCR 
(imunoglobulina receptora de célula T). Imunoglobulina de Membrana e TCR se ligam a moléculas que não 
fazem parte das células do organismo em questão – reconhecimento do antígeno. 
 
A) Antigenicidade: capacidade de um antígeno ser reconhecido pelo sistema imunológico. Depende do 
repertório de TCRs e imunoglobulinas de membranas do indivíduo. 
B) Imunogenicidade: capacidade do antígeno de ativar uma resposta imunológica – progressão do estágio 
de reconhecimento para o estágio de ativação dos linfócitos. 
C) Haptenos: moléculas pequenas que não são capazes de induzir uma resposta imunológica, mas são 
reconhecidas por imunoglobulinas de membrana. Somente são capazes de induzir uma resposta 
imunológica quando associadas quimicamente a outra molécula, chamada carreador. 
 
Anticorpos podem se ligar a virtualmente toda e qualquer espécie de molécula biológica. Já TCRs se 
ligam somente a peptídeos processados e apresentados por APCs e TCRs especiais reconhecem 
glicolipídeos apresentados por CD1d. 
Como já foi citado, imunoglobulinas de membrana e TCRs não reconhecem uma molécula como um 
todo, e sim pequenas frações de uma molécula (determinantes antigênicos ou epítopos). Uma 
determinada molécula pode ter somente um epítopo (ou ser ela toda um epítopo), nesse caso sendo 
chamada de MONOVALENTE, ou possuir mais de um epítopo, sendo então chamada de POLIVALENTE. 
Depende de seu tamanho, natureza química, grau de glicosilação, conformação espacial, etc. 
Tendo os epítopos uma sequência pequena de aminoácidos, podem ser semelhantes à sequências 
presentes em estruturas do nosso organismo, evidenciando a causa de reações cruzadas. Uma molécula de 
antígeno possui vários epítopos, tendo a possibilidade de se ligar a vários tipos de anticorpos. Por isso, 
nem todo mundo que tem Zika adquire Guillain-Barré: a molécula antigênica tem os epítopos, mas o 
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indivíduo não tem o anticorpo que reconhece o epítopo que tem a sequência semelhante à proteína da 
bainha de mielina. 
OBS: A força de ligação do anticorpo com antígeno se dá por ligações químicas não covalentes específicas. 
 
▪ Valência: capacidade de se ligar (termos numéricos). 
▪ Afinidade: representa a força da ligação entre o antígeno e o anticorpo. 
▪ Avidez: representa o somatório de todas essas forças. 
 
Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) 
Receptor de células T (TCR) 
 O antígeno é apresentado para os linfócitos T pelas APC’s por meio de uma estrutura denominada 
MHC. A estrutura responsável por esse reconhecimento é o TCR, o qual depende do MHC para realizar o 
processo, ou seja, se liga ao complexo antígeno-MHC. 
 O TCR é formado por duas cadeias: alfa/beta (apresentadas por MHC) e gama/delta (células NK 
com receptor T). 
 
MHC 
O Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) é um conjunto complexo de genes, altamente 
polimórficos, que codificam glicoproteínas de superfície celular especializadas na apresentação de 
moléculas antigênicas aos linfócitos T, através das vias citosólica (através de APCs à Linf-TCD4) e endocítica 
(em geral células infectadas à Linf-TCD8). 
Possui funções como interações imunes, ligação a peptídeos antigênicos processados no interior de 
APCs (via exógena) ou células infectadas (via citosólica) e apresentação aos linfócitos T. O MHC não é 
específico, ou seja, cada MHC tem capacidade de apresentar mais de 200 epítopos. A questão é ter mais 
afinidade com uns e menos com outros. 
No homem, o MHC é referido como o complexo HLA (Human Leucocyte Antigenes). Quanto maior 
o HLA, maior a chance de encontrar um MHC capaz de se ligar e apresentar antígenos de forma eficiente, 
ou seja, existe maior chance de sobrevivência da espécie do que se todos tivessem o mesmo MHC. Por 
outro lado, essa variedade dificulta o transplante de órgãos devido a incompatibilidade dos doadores. 
 
MHC e transplantes 
Está muito relacionado a rejeição de transplantes, já que há grande polimorfismo intra-espécie e 
interespécies nas moléculas de MHC presentes nas células. Assim, quando células/tecidos são 
transplantadas entre indivíduos que expressam diferentes alelos em ou mais loci de MHC, os linfócitos T do 
receptor, encontram-se com as moléculas MHC do doador, levando à ativação do Linfócito T do receptor. 
Para que não haja rejeição é importante encontrar doadores cujo os alelos do MHC sejam os mais 
semelhantes ao receptor. Devido ao polimorfismo elevado existe uma maior dificuldade em encontrar 
doadores compatíveis. 
Chama-se Tecido Histocompatível, o tecido transplantado aceito como self e Tecido 
Histoincompatível o tecido transplantado rejeitado, nonself. 
 
Classes das Moléculas MHC 
Classe I: glicoproteínas expressas na superfície de todas as células nucleadas, apresentação de antígenos 
peptídicos ao Linfócitos TCD8. 
 
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▪ Distribuição celular: 
− Linfócitos: níveis de expressão elevados 
− Células musculares, fibroblastos, hepatócitos e células 
neuroniais: níveis de expressão muito baixos 
− Neurónios e células germinativas: em algumas fases de 
diferenciação não apresentam qualquer tipo de 
moléculas de MHC I 
▪ Domínios: 
− Alfa 1 e 2: sítio de apresentação do antígeno, onde o 
TCR se liga. 
− Alfa 3: ligamento colateral com o CD8, apenas o TCR se 
ligando não é suficiente. 
▪ Genética: 
− Genes clássicos: região HLA-A, B e C 
− Genes não clássicos: região HLA-E, F, G e H 
▪ Via endógena: proteínas são fragmentadas no citosol por 
proteossomos em pequenos peptídeos e epítopos. Eles sã 
carregados até o retículo endoplasmático, onde entram 
através da TAP1 e TAP2 presentes na membrana e se ligam ao MHC I. Então, o MHC vai para a 
membrana da célula com o epítopo ligado. 
 
Classe II: glicoproteínas expressas nas APC’s (macrófagos, células dendríticas e Linfócitos B, atuam 
principalmente em linfonodos), apresentação de antígenos processados aos Linfócitos TCD4, função de 
ativação destas TCD4. 
 
 
▪ Distribuição celular: 
− APC’s profissionais: 
o Macrófagos: são importantes no desenvolvimento de respostas imunes secundárias. 
Necessitam de grandes quantidades de antígenos para serem ativados e por isso funcionam 
em locais de deposição de antígenos. 
o Células dendríticas: em condições normais, células dendríticas não expressam moléculas 
MHC II na superfície, estas encontram-se armazenadas no citoplasma, em vesículas 
originadas do complexo de Golgi. Quando recebem estímulo para maturação, está se dá 
como a seguir: ligação de peptídeos antigênicos às moléculas de MHC II que se encontravam 
no citoplasma, sendo então transportados para a superfície da célula e migração da célula 
dendrítica para as zonas dos órgãos linfóides secundários ricas em células T. 
o Linfócitos B: não possuem capacidade fagocítica: capturam, processam e apresentam 
antígenos às células T auxiliares. São especialmente eficazes na apresentação dos antígenos 
que se ligam às suas imunoglobulinas de superfície, sendo a sua importância como APC mais 
significativa após exposições ao antígeno. 
− APC’s não profissionais: 
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o Células endoteliais e epiteliais podem apresentar MHC II para linfócitos TCD4 na presença 
de certas citocinas. 
o Estudos recentes indicam que as células musculares também seriam capazes de apresentar 
MHC II em determinadas situações. 
▪ Domínios: 
− Beta 1 e alfa1: sítio de apresentação do antígeno, onde TCR se liga. 
− Beta 2: ligamento colateral com CD4. 
▪ Genética: 
− Genes clássicos: regiões HLA-DP, DQ e DR 
− Genes não clássicos: regiões adicionais de genes, 
HLA-DM, por exemplo 
▪ Via exógena: o macrófago ou célula dendrítica faz 
fagocitose do antígeno, formando o fagossoma que se 
liga ao lisossomo, o qual promove a digestão das 
proteínas presentes no fagolisossoma. O MHC II sai 
instável do reticulo endoplasmático, ligado aoCLIP. 
Quando o epítopo se liga ao MHC, o CLIP sai e o MHC 
estabiliza, sendo apresentado na membrana da célula. 
 
 
Classe III: proteínas com função imune, incluindo componentes do sistema complemento e moléculas 
envolvidas na inflamação. Não são proteínas de membrana e nem parecidas com as classes anteriores. 
 
Diversidade das moléculas do MHC 
Sistema Poligênico: as moléculas são codificadas por múltiplos genes, com estrutura e função similares, 
que se localizam no braço curto do cromossomo 6. 
 
Polimorfismo genético: sistema genético mais polimórfico que se conhece, dificuldade em encontrar 2 
indivíduos compatíveis; existem numerosos genes alelos para cada locus gênico, ou seja, para cada 
molécula de MHC há vários alelos possíveis, não há apenas um tipo de cada gene (não há 1 gene HLA-A, 
mas sim 151). 
 
Co-dominância: para cada gene existem 2 haplotipos, materno e paterno, normalmente heterozigóticos e, 
na superfície celular ocorre a expressão de ambos. Herda-se até 3 genes HLA materno e 3 paterno, 
perfazendo até 6 HLA diferentes por indivíduo. 
 
Haplotipo: conjunto de alelos que formam um gene. Cada indivíduo recebe um haplotipo materno e uma 
haplotipo paterno. 
 
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CD1d 
Molécula da família dos MHC, especializada em apresentar glicolipídeos e não proteínas como os 
MHC I e II, para dois tipos de linfócitos: 
▪ Linfócitos iNKT: variável de linfócitos NK que apresentam um TCR invariável que quando ativadas 
passam a atuar como bombas de citocina. 
▪ Linfócitos T cujo receptor de célula T é conhecido por cadeias Gama/Delta ao invés de Alfa/Beta. 
Está presente em células dendríticas, timócitos maduros e macrófagos. 
 
Diversidade de anticorpos e Receptores de Células T 
Como surgem tantos tipos de anticorpos contra tantos antígenos diferentes? Como existem células 
com apenas clone de anticorpo? Existem duas grandes teorias que explicam essas questões: Teoria 
Instrutiva e Teoria da Seleção Clonal. 
A Teoria Instrutiva estipula que os receptores se moldariam ao antígeno no momento do contato e 
que não há especificidade nas células antes do contato com o antígeno. Mas o soro de pacientes que 
nunca entraram em contato com determinado antígeno não reagiria com esses. Assim, surgiu a Teoria da 
Seleção Clonal. 
Nela cada célula progenitora é capaz de dar origem a vários linfócitos, mas cada um deles com um 
receptor distinto de antígeno. Os linfócitos que desenvolvem receptores que se ligam a antígenos próprios 
são eliminados durante o processo de maturação. Cada linfócito carrega somente um tipo de receptor de 
membrana capaz de reconhecer antígenos, então um linfócito tem somente UMA especificidade. Somente 
aqueles linfócitos que encontram com o antígeno específico para o receptor de membrana sofrerão 
ativação. 
 
Geração da diversidade nas imunoglobulinas 
No homem, o repertório de anticorpos consiste em cerca de 1011 moléculas diferentes. 
O repertório de anticorpos é gerado durante o desenvolvimento das células B por rearranjos do 
DNA. O que é recebido pelo pai e pela mãe é um arranjo completo, mas cada um realiza seu próprio 
rearranjo de DNA para a região variável, ou seja, cada indivíduo possui uma carga de anticorpos, diferente 
do MHC. 
Nos linfócitos B ocorre recombinação somática. 
 
Maturação dos linfócitos B

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