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Unidade II HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO Prof. Rodrigo Stolf Alimentação na Grécia Antiga A aristocracia se alimentava bem. Camponeses e escravos comiam maza (mingau de cevada). Leite e queijo de cabra eram muito consumidos. Somente os ricos cultivavam a videira – devido à demora na colheita. Os gregos não tinham o domínio da agricultura – não faziam rotação de culturas. Traziam do exterior produtos como cereais, queijos, carnes, vidro, tapetes, perfumes e marfim. Alimentação na Grécia Antiga A Grécia antiga origina quatro contribuições fundamentais para a cozinha atual: a criação e o frequentar habitual do mercado, o estatuto especial atribuído ao cozinheiro, a frugalidade nas refeições e as inúmeras receitas para a posteridade. Na época da dominação romana houve mesmo algumas escolas de cozinhas em Atenas, onde eram organizados concursos. Ser cozinheiro era um profissão lucrativa e honrada. Alimentação entre os romanos Primeira atividade – pastoril. Obtinham o sal para o rebanho com a evaporação da água do mar. O sal foi a primeira moeda e fonte de riqueza dos romanos. Com o passar do tempo, a culinária era influenciada com a mudança de estilo de vida dos romanos (luxo). Ser cozinheiro em Roma era símbolo de ascensão social. Roma era conhecida como sociedade da extravagância e da glutonaria. Alimentação entre os romanos Nos banquetes romanos surge a figura do chef de cozinha: geralmente, prisioneiros de guerra que passavam a fazer trabalhos culinários. Tê-los era sinal de ascensão social. Com o tempo, os banquetes romanos foram se transformando em verdadeiras orgias gastronômicas. Os festins eram tão exagerados e demorados que havia intervalo para os convidados tomarem banho e fazerem massagens. Os vomitórios marcaram a decadência gastronômica: buscava-se quantidade em detrimento da qualidade. Alimentos entre os romanos Os romanos comiam frangos, patos, gansos, galinhas- d’angola e pavões; pássaros silvestres, como codornas, perdizes, gralhas, avestruzes, flamingos, garças e papagaios; peixes, rãs, mexilhões, ouriços e ostras. Comiam frutas, como cereja, abricó, limão e melão. Era uma cozinha variada e refinada, resultado do intercâmbio com outros povos, culturas e hábitos, em virtude de um período de estabilidade e prosperidade, até a queda do Império Romano. Os pobres comiam uma polenta feita com cereais ou farinha de grão-de-bico. Os banquetes na Antiguidade Os banquetes são redes de sociabilidade e pontes entre o universo doméstico e o universo político, o privado e o público, o profano e o sagrado. (STRONG, 2004) Um banquete, um buffet, um coquetel, todos esses momentos de comensalidade são coletivos. Eles devem ser preparados longamente, associando os participantes, frequentemente rivais; as pessoas convivem juntas por um longo período e ninguém pode abster-se de participar se for convidado ou participar se não tiver sido convidado. (STRONG, 2004) Os banquetes Os banquetes nasceram como uma festa gastronômica. Em todas as suas acepções, a palavra banquete sempre está relacionada às ideias de festividade, de luxo, de extrema importância. Nos tempos antigos, mandavam-se convites para o evento e, após a definição da data, um empregado era enviado para confirmar a realização da festa. Os banquetes eram realizados em grandes, iluminadas e luxuosas casas. (STRONG, 2004) Banquetes entre os egípcios O protocolo desses banquetes obedecia a seguinte ordem: (1) acolhida dos convidados, que eram conduzidos até uma peça para lavagem de pés e mãos; (2) prática de jogos diversos, antes do festim; (3) introdução à sala de banquetes, onde os escravos colocavam uma coroa de flores nos convidados e serviam-lhes bebidas e (4) as preces eram realizadas e após era servida a ceia. Os banquetes eram organizados e dirigidos por mulheres, ao contrário da maioria dos países do Oriente. Banquetes entre os egípcios No antigo Egito, em todas as classes sociais, o hábito era realizar três refeições ao dia. A primeira era sempre frugal (ou seja, alimentavam-se de frutos); ao meio-dia, comiam aves (ou outra carne) com pão, vinho, cerveja e frutas; à tarde, na refeição principal, o prato favorito era ganso assado. Os antigos habitantes da margem do Nilo eram grandes apreciadores de ovos de todos os tipos: aves em geral, avestruz, tartaruga, crocodilo e lagarto. (STRONG, 2004) Banquetes entre os egípcios A fartura e o exagero descrevem a alimentação dos egípcios que habitavam a corte dos faraós. Ao contrário do que se passava com as camadas populares, as orgias alimentares eram frequentes nos palácios faraônicos. Em um papiro descrito pelo egiptólogo francês Pierre Tallet foi encontrada uma lista relacionando 18 mil pães, 300 peças de carne, 100 tipos de molhos, 50 gansos, 70 carneiros, dezenas de peixes, codornas, frutas e vários tipos de bebida. Toda essa comilança era para comemorar o retorno do faraó de uma visita nas proximidades do Cairo. Os banquetes persas Na Pérsia (atual Irã) daquela época, o luxo e a suntuosidade à mesa não eram muito diferentes. Os utensílios da sala de jantar, e mesmo da cozinha, eram de metais preciosos. A sala era decorada com mármore, pórfiro e alabastro, e as colunas de mármore eram adornadas com prata. No reinado de Dario (522 a.C. a 486 a.C.), havia 277 cozinheiros, 89 deles apenas com a única tarefa de preparar bebidas. Para o serviço das refeições, dispunham de algo em torno de 330 cortesãos, entre músicos e dançarinos, para entreter os convidados. Os banquetes persas Estudos arqueológicos nos fazem creditar ao povo persa o papel de inventores dos banquetes como hoje os conhecemos. Eles realizavam celebrações em que seus convidados podiam desfrutar da melhor comida, bebendo em copos de ouro e comendo ao redor de pedras preciosas. Os banquetes persas influenciaram as festividades de outras civilizações. Os banquetes Cada época e sociedade produziu seu próprio tipo de festejo para os banquetes. Os encontros realizados proporcionavam considerações sobre aspectos políticos, sociais e econômicos de cada período histórico. O banquete foi construído pela necessidade de expressão das comunidades e representava as hierarquias e as relações de poder no interior delas. O lugar que cada um ocupava à mesa, o tipo de alimento servido a cada convidado e a partilha dos alimentos eram as expressões das relações de poder constituídas no banquete. Interatividade Qual o povo da Antiguidade pode ser considerado o inventor dos banquetes? a) Persa. b) Grego. c) Romano. d) Egípcio. e) Europeu. Os banquetes gregos Os banquetes gregos eram organizados com fins sociais e religiosos. Aqueles que participavam dessas reuniões estavam revestidos temporariamente de caráter sacerdotal. Os participantes deveriam trajar roupa branca com uma coroa de flores e folhas na cabeça. As mulheres não participavam desses banquetes. Os banquetes gregos Ao ingressar no local do banquete, os convidados deviam tirar seus calçados, tomar seus lugares (nos leitos), invocar os deuses e após beber e comer. Todos os banquetes eram acompanhados de músicas e danças. Os banquetes gregos O banquete, na Grécia antiga, era denominado de symposio e era a prática mais comum entre os gregos. Enquanto a comida era servida aos convidados, o entretenimento ficava por conta dos jogos e da música de harpas, liras e tamborins. Na Grécia antiga, o banquete era uma escola de civilidade e de cidadania.Participar de um significava ser um cidadão ou um emissário estrangeiro provisoriamente aceito como cidadão. Os banquetes gregos A igualdade dos convivas se manifestava pelas disposições variadas à mesa. Nessa época, quem quisesse fazer parte da política precisava participar ou oferecer banquetes. (STRONG, 2004) Depois da comida, rodeados de frutas, pastéis, queijos e muitas outras tentações para petiscar, os gregos tratavam do divino e do humano. Os banquetes gregos eram reuniões alegres, com grande quantidade de comida e de bebida e que incluíam diferentes tipos de entretenimento artístico (como danças, relatos de lendas e música). Os banquetes romanos O Império Romano também realizava o symposio grego, mas agregava ao banquete o convivium. Tratava-se de uma espécie de jantar de gala romano, com momentos lúdicos, mas também indispensável para a coesão social e para a demarcação de status social e hierarquias dos frequentadores. Vale ressaltar que o convivium era frequentado apenas por homens (sempre cidadãos livres) e dispunha até de divãs para que os convidados pudessem desfrutar do máximo conforto. Os banquetes romanos Os romanos se preparavam para tais eventos usando túnicas e adornos de flores. Era costume (aliás, fazia parte da boa educação) aguardar que os convidados vomitassem em recipientes especiais durante o banquete, em razão da quantidade considerável de comida que era servida pelos anfitriões. O papel da mesa na política romana é ainda mais célebre que em todas as outras civilizações antigas, sobretudo no momento de declínio do Império. Os alimentos básicos servidos eram pão, azeite, vinho, carne, peixe e legumes. (STRONG, 2004) Protocolo dos banquetes romanos (1) trocar as vestimentas pessoais por uma branca; (2) entrar na sala do festim com pé direito; (3) tomar lugar sobre as camas, ao redor das mesas; (4) tomar lugar conforme a importância; (5) tirar os calçados e trocá-los por sandálias; (6) colocar ao redor do pescoço um lenço fino e outro ao lado para limpar as mãos; (7) invocar os deuses; (8) iniciar a ceia que era composta de três partes: a) primeiro serviço: vinhos doces e entradas; b) segundo serviço: a ceia propriamente dita; c) terceiro serviço: sobremesa, que consistia de frutas frescas e secas ou doces. Os banquetes romanos Com o declínio do Império Romano e a fragmentação da tradição da culinária desenvolvida na Antiguidade clássica, duas vertentes surgiram na sociedade cristã ocidental europeia com relação à mesa: a primeira era vinculada às instituições religiosas cristãs, representadas pela mesa rígida e, normalmente, parcimoniosa dos monastérios. A segunda era vinculada às tradições tribais, representadas pela mesa profana marcada pela pompa, pelo luxo e pela carne. Os banquetes na Idade Média Durante a Idade Média, o banquete representava um evento social de grande importância e um dos símbolos mais significativos de status social elevado. A carne se destacava como o prato mais apreciado, sendo sinônimo de riqueza e poder. Na verdade, o próprio banquete era uma maneira de expressar poder por meio da comida. (STRONG, 2004) Alimentação na Idade Média O período da história que vai do século V d.C. até o século XV. Tradição gastronômica dos mosteiros, os monges simplificaram a preparação e enriqueceram a qualidade: herdaram os conhecimentos da cozinha romana e transmitiram a tradição para outros povos. Foram importantes na mudança da cozinha na Idade Média, simplificando a preparação dos alimentos e enaltecendo a qualidade dos produtos. Alimentação na Idade Média As ordens religiosas mantiveram hábitos alimentares da Antiguidade: pão, leguminosas, azeite e vinho. Os mosteiros eram os centros culturais e de armazenamento de alimentos da época. Os mosteiros ganhavam muitas terras dos nobres entre os séculos X e XV. A hospitalidade monástica conferiu a eles o papel de transmissores da culinária. Por conta dos cruzados, há uma influência grande do Oriente Médio na gastronomia europeia. Alimentação na Idade Média O vinho e a cerveja foram aprimorados nos mosteiros com o desenvolvimento de videiras nobre e do malte. Os monges desenvolveram legumes, frutas; exploraram minas de sal, praticaram a pecuária, curtiram o couro e aprimoraram a conservação de alimentos e pão. Plantaram, aumentaram sua produção e mantiveram fazendas- modelo. Nas feiras vendiam seus produtos, como pães, carnes salgadas e especiarias. Alimentação na Idade Média Comiam peixe como o arenque, que era salgado e vendido em vários mercados europeus. O peixe era muito valorizado, pois era barato, popular e, ainda, a base da dieta dos cristãos. A cozinha apresentava mais luxo que sabedoria. Os ingredientes eram justapostos, sem preocupação com a combinação. O que importava era a apresentação dos pratos e não como os alimentos eram preparados. Protocolo dos banquetes na Idade Média (1) os convidados lavavam as mãos com água perfumada; (2) recebiam guardanapos; (3) tomavam lugar à mesa segundo sua importância; (4) a mesa era coberta por uma toalha e os valetes traziam, em seguida, facas e talheres; (5) os copos não eram postos sobre as mesas, mas sim enchidos e levados aos convidados (essa maneira de servir bebidas durou até o fim do século XVIII); (6) rezava-se; (7) o pão era servido e, em seguida, entravam os pratos principais com grande pompa, anunciando seu nome do momento em que entravam na sala. Protocolo dos banquetes na Idade Média (8) antes de serem servidos, os alimentos eram provados por outras pessoas (medo de envenenamento); (9) serviam-se primeiramente as sopas, depois, os peixes e, em seguida, os demais pratos; (10) após concluída a ceia e recolhida a mesa, rezavam-se “as graças”; (11) em seguida, os valetes serviam os vinhos aromatizados e as guloseimas diversas, que eram degustados em pé; (12) no final entravam os trovadores e os menestréis para encantar com espetáculos. Os banquetes no Renascimento No final do período medieval, as refeições públicas da realeza tornaram-se mais escassas; tratava-se de uma tática para reforçar as diferenças entre ela e a burguesia em ascensão na época do Renascimento. (STRONG, 2004) Até então, o refinamento da gastronomia era reservado às classes mais altas da população. No entanto, a partir do fervor cultural vivido nas cidades italianas, a população começou a ter acesso às pequenas sofisticações da mesa (como comer usando garfo). Interatividade Como era denominado o banquete na Grécia antiga? a) Gastronomium. b) Festas Saturninas. c) Convivium. d) Symposio. e) Triclinium. Os banquetes no Renascimento Banquetes do século XVI: aparecem as finas cobertas de mesa. A sequência para servir os alimentos era, basicamente, a mesma, a cozinha é que melhorou de qualidade. Banquetes do século XVII: Luís XIII da França eliminou o grande luxo dos banquetes. Desse modo, os menus foram melhor compostos, isso quer dizer que a grande quantidade de alimentos desapareceu dos banquetes, que chegavam a ter oito serviços cada um, com variadas especialidades. Os banquetes na Era Moderna Já Luís XIV tinha para suas refeições minuciosas regras de etiquetas. Foi com ele que se iniciou o uso do garfo e, em consequência disso, novas formas de colocar os alimentos à mesa e atitudes a serem observadas. Banquetes do século XVIII: foi sobre o reinado de Luís XV que o prazer da mesa conheceu seu esplendor. No fim desse século nasceram os pequenos jantares que foram benéficospara o progresso da cozinha. Banquetes do século XIX: inicia-se nesse século a era dos restaurantes, em que se procura dar aos pratos uma maior lógica e uma maior elegância. Renascimento O Renascimento Cultural (século XIV ao XVI) foi um movimento inicialmente evidenciado na Itália, mais precisamente nas cidades de Florença e Veneza, e depois difundido para toda a Europa. Tal movimento foi influenciado pela intensificação do comércio na baixa Idade Média que auxiliou o desenvolvimento de cidades e tornou a burguesia uma classe social importante. Renascimento Com tais mudanças no convívio das cidades, novas formas de viver e pensar vieram à tona, o que resultou em um amplo movimento artístico e científico chamado Renascimento. O crescimento do comércio e da produção artesanal estimulou a invenção de novas tecnologias, inclusive no ramo da agricultura. Ainda nessa época, cientistas surgiram e invenções que mudariam o mundo eram frequentemente apresentadas ao rei. Renascimento Os mais importantes artistas renascentistas surgiram na Itália. A explicação para tal fato está relacionada ao intenso comércio desenvolvido no mar mediterrâneo e ao enriquecimento da burguesia local: nas cidades onde o dinheiro girava, a arte aparecia. Alguns dos artistas mais importantes da época foram Maquiavel, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Donatello, Giotto, Botticelli. Com relação à gastronomia, o Renascimento italiano recuperou textos clássicos culinários esquecidos na era medieval e passou a defender a gastronomia como uma experiência que envolve todos os sentidos. Renascimento Na Itália, os Médici ficaram conhecidos como os padrinhos da Renascença. Família mais importante da região, fez sua fortuna como comerciantes e banqueiros, ficando conhecidos como mecenas de vários importantes artistas do Renascimento. Com apenas quatorze anos de idade, Catarina de Médici partiu para a França para casar com Henrique II que faleceu em 1559, cabendo a ela o governo francês. Catarina de Médici incentivou as artes e contratou artistas e arquitetos para embelezar os palácios reais da França e melhor receber os convidados ilustres nos grandes bailes e banquetes do período. Renascimento Ainda com tal objetivo, trouxe cozinheiros, copeiros, maîtres e toda a equipe de cozinha da corte de Florença para servi-la na França. Os cardápios da corte francesa também refletiam influência considerável dos italianos. Os cozinheiros de Catarina levaram técnicas da culinária italiana à França como: gelo, fritura sob imersão, introdução do molho bechamel, panquecas e o cozimento em banho-maria. Renascimento Catarina era amante da boa mesa e tinha suas próprias receitas, de peixes e sopas. Seus chefs de cozinha eram profundos conhecedores de alquimia e ervas e queriam demonstrar aos franceses como as especiarias poderiam realçar o sabor dos alimentos e não apenas disfarçar o cheiro quando começava a apodrecer. A cozinha de Catarina de Médici não apenas levou a culinária italiana à França, mas ajudou a transformar a gastronomia francesa e, por isso, é considerada a mãe da gastronomia francesa. Ela reformulou a antiga culinária francesa, de tradição medieval, e a fez ressurgir como vertente moderna e renascentista. Renascimento Para agradar a corte francesa, ela levou consigo os luxuosos aparelhos de mesa, porcelana e cristais que, junto com seus cozinheiros italianos, influenciaram as mesas da nobreza parisiense. Lavar as mãos antes das refeições (para evitar doenças), usar louças e talheres decorados, escolher o ambiente para as refeições (ou banquetes) e selecionar a música adequada para o ritual à mesa foram hábitos trazidos por ela para a corte francesa. O açúcar nos doces franceses também foi influência de Catarina (antes de sua chegada, eles eram feitos com mel). Os banquetes no Renascimento Catarina de Médici, com o desenvolvimento de novos cardápios, mudou completamente a forma como a comida era servida nos banquetes franceses. Melão com presunto cru, consommé, pato com laranja e algumas sobremesas como macarons e sorbet foram levados à França por ela. Além disso, incentivou a presença de mulheres nos banquetes oferecidos tanto à corte francesa quanto às demais cortes europeias. Renascimento O Renascimento Cultural estimulou pesquisas e invenções na época de transição da Idade Média para a Idade Moderna. Após a ida de Catarina de Médici à França, os confeiteiros italianos influenciaram os franceses a manipular o chocolate. Posteriormente, com a utilização de máquinas no processo, tornou-se mais caro seu comércio, tornando o produto algo fino e raro. Renascimento Com o refinamento à mesa trazido por Catarina e as batalhas religiosas vividas na Europa (em razão da Reforma Protestante), no século XVIII, o foco se deslocou para os jantares íntimos com os reis europeus. Obviamente, o elemento de destaque dos banquetes era a culinária como arte, com a incorporação de novas técnicas e tecnologias de cozinha disseminadas pela França nas demais cortes europeias. Os banquetes Com a aproximação entre burguesia e aristocracia em toda a Europa, as maneiras de se portar à mesa se tornaram meios de exclusão social. Com a gastronomia não foi diferente, em comum acordo com os banquetes oferecidos pelas cortes, tornou-se um instrumento da alta política e do poder. Os banquetes Após a Revolução Francesa, o ato de comer se tornou uma atividade familiar, desenvolvendo-se também à mesa uma tendência de igualdade entre os comensais. No entanto, ao mesmo tempo que os lemas de igualdade, fraternidade e liberdade chegavam à gastronomia, os luxos de Versailles revoltavam o povo. A célebre frase de Maria Antonieta, ironizando que o povo comesse brioches, já que não havia pão, deu a diretriz final à família real francesa, que foi decapitada pelos revolucionários com o apoio do povo faminto. Os banquetes eram vistos como deboche da corte perante os pobres e miseráveis. Os banquetes Os banquetes constituem a ocasião de afirmação do vínculo social, da ordem política e até mesmo da ordem internacional – caso, por exemplo, dos jantares oferecidos pelos chefes de Estado a outros presidentes e políticos. Compartilhar a mesa é a forma de sociabilidade mais reconhecida, independentemente do período da história de que tratemos. Dividir a mesa com alguém, comer em família ou entre amigos assume um significado simbólico muito além da simples satisfação de uma necessidade fisiológica. Comensalidade e convívio andam de mãos dadas: é preciso saber comer junto. Interatividade O Renascimento Cultural surgiu primeiramente em qual país? a) Grécia. b) Itália. c) França. d) Alemanha. e) China. Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea Dois eventos influenciaram a alimentação humana: o primeiro foi o desenvolvimento da agricultura, ocorrido por volta de 10.000 a.C. O cultivo se tornou realidade nas comunidades sedentárias e, pela primeira vez, os produtos derivados do leite passaram a fazer parte da dieta. O segundo evento está relacionado à Revolução Industrial: com o aparecimento das fábricas, a variedade de alimentos tornou-se imensa. As ferrovias facilitaram a comunicação e as trocas entre os países industrializados e os que produziam matéria-prima, aumentando, assim, o comércio de alimentos em escala mundial. Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea A Itália inovou em pastelaria, geleias, doces e em todas as técnicasenvolvendo a utilização do açúcar. Seus padrões e sabores foram assimilados por outras cortes europeias e por seus cozinheiros. No fim da Idade Média, tavernas e albergues estabeleceram-se em Paris para suprir a necessidade dos comerciantes que viajavam entre as cidades europeias. No século XVI, os cabarés eram vistos com frequência pelas ruas de Paris e, com eles, os restaurantes surgiram para suprir a fome de viajantes e turistas, permitindo espetáculo, divertimento e boa mesa. Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea No século XVII, com Luís XIV, o Rei Sol, o empratamento foi colocado em prática. Cada serviço, composto de mais de um prato, vinha nesta ordem: sopas, entradas, assados, saladas e sobremesas. No fim do século XVII, estava à disposição dos convivas uma grande variedade de faqueiros, colheres, facas e garfos (antes, esses utensílios eram trazidos de casa por cada participante do banquete). O mestre cozinheiro real da França do século XVII, La Varenne, publicou um livro em vários países com regras para servir à mesa, seus preceitos causaram uma verdadeira revolução culinária. Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea O bom gosto passou também a critério de consumo com base na aparência. Ora, se o indivíduo possuía dinheiro para comprar algo do comércio marítimo com as Índias e o Novo Mundo, então, isso deveria ser visível tanto em suas vestes quanto sua casa; é a noção do ser e do ter. O campo do consumo e do luxo foi a forma de comunicação mais eficaz entre a elite social nos séculos XVII e XVIII. Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea No século XVII, os hábitos franceses se espalharam pela Europa. No século XVIII, Luís XV introduziu uma cozinha de reflexão e elaboração em relação aos ingredientes, as preparações ganharam nomes ilustres. Para a nobreza, ter um bom chef de cozinha significava oferecer aos convivas pratos inéditos. Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea No final do século XVIII, a culinária se tornou, de certa forma, um pouco mais democrática. O que antes era exclusividade da nobreza passou a estar disponível para qualquer um que pudesse pagar por ela, como a classe burguesa. Com essa espécie de democratização, houve a criação dos restaurantes, acontecimento que auxiliou na profissionalização e no aprimoramento da gastronomia. Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea Em 1825, após os tremores causados pela Revolução Francesa, os prazeres e os luxos podiam novamente ser praticados com a discrição e a elegância dos que sempre os conheceram. Havia uma espécie de treinamento ou diferença entre o refinamento dos nobres e o alarde dos burgueses (também conhecidos como novos ricos ou emergentes). Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea No final do século XIX e início do XX, a Inglaterra forneceu sua maior contribuição à gastronomia europeia. No início do século XIX, com a Revolução Industrial e a invenção da máquina a vapor, biscoitos eram fabricados em larga escala e comercializados. A Inglaterra, então, entre 1821 e 1826, começou a produzir biscoitos finos, distribuindo tais manufaturas aos demais países europeus. Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea Grandes invenções também foram responsáveis pelo desenvolvimento da gastronomia, como o fogão a gás, a pasteurização e a refrigeração. Burgueses e aristocratas levaram ainda à mesa porcelana, cristais, prataria, toalhas de mesa e objetos decorativos. A luz elétrica propiciou jantares servidos à noite. Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea No século XIX, a nutrição passou a ser compreendida como um conjunto de fatores que permitiam obter do alimento as substâncias químicas necessárias para se desenvolver e sobreviver com saúde. Transformações importantes também ocorreram no consumo de alimentos. A culinária intensificou a repulsa aos grãos integrais, vistos como alimento da classe mais pobre. Os restaurantes estimularam o consumo de alimentos fora de casa, uma forma de demonstrar status social e poder aquisitivo. As guerras e as indústrias de alimentos também influenciaram o modo como nos alimentamos hoje em dia. Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea A gastronomia do século XX recebeu influências culturais diversificadas e as relacionava com satisfação e experiência sensoriais. Não bastava apenas comer bem, era preciso surpreender o comensal: não só com alimento e mesa, mas também sons, luzes, cores e convidados ilustres. No século XIX, a alimentação sofreu mudanças notáveis em todo o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a grande maioria dos americanos comia alimentos provenientes diretamente do campo ou recém-tirados do mar, no século XXI, inversamente, a grande maioria dos americanos vive à base de comida industrializada. Desenvolvimento da gastronomia – a época contemporânea Os transportes de alimentos tornaram os produtos sazonais disponíveis o ano todo. Uma enorme variedade de alimentos enlatados, congelados, fermentados e secos está disponível nas prateleiras dos supermercados no mundo todo, basta ter recursos para poder comprá-los. Assim como os alimentos provenientes da natureza, podemos contar também com produtos industrializados como as bebidas à base de frutas e carnes feitas de soja. Evolução da cozinha A mesa possibilita o cultivo de relações de carinho e de afeto entre os indivíduos, comer em família é um ritual que nos aproxima, acolhe, protege e nos ensina sobre sobrevivência e hospitalidade. Como refere-se Michael Pollan, a refeição familiar é o berço da democracia. No mundo globalizado e acelerado de hoje, saímos da esfera privada e procuramos refeições práticas em restaurantes, mas sempre lembrando que as refeições envolvem saúde, memórias, políticas e experiências sensoriais. Interatividade Além do desenvolvimento da agricultura, qual outro grande evento influenciou a alimentação humana? a) Máquina a vapor. b) Pasteurização. c) Desenvolvimento dos refrigeradores. d) Revolução Industrial. e) A criação das ferrovias. ATÉ A PRÓXIMA!