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Unidade I PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE Profa. Ma. Gabriela Rodrigues Zinn Educação e saúde: Por quê? “O binômio educação e saúde constituem práticas socialmente produzidas em tempos e espaços históricos definidos.” (RUIZ-MORENO et al, 2005) “O encontro entre ensino, serviço (de saúde) e comunidade pode vir a ser o vetor de construção de uma utopia, que é a de fazer chegar a saúde a todas as famílias brasileiras.” (PIANCASTELLI et al, 2000) Educação em saúde “A educação influencia e é influenciada as/pelas condições de saúde, estabelecendo um estreito contato com todos os movimentos de inserção nas situações cotidianas em seus complexos t i i líti ô iaspectos sociais, políticos, econômicos, culturais, dentre outros.” (MENDES e VIANA, 2001) Conceitos de educação em saúde “Conjunto de saberes e práticas orientados para a prevenção de doenças e promoção da saúde.” (COSTA & LOPES, 1996) Conceitos de educação em saúde “Recurso por meio do qual o conhecimento cientificamente produzido no campo da saúde, intermediado pelos profissionais de saúde, atinge a vida cotidiana das pessoas, uma vez que a ã d di i t dcompreensão dos condicionantes do processo saúde-doença oferece subsídios para a adoção de novos hábitos e condutas de saúde.” (ALVES, 2005) Significado de educação Educar vem do latim educere que significa conduzir. ‘‘As pessoas não devem / querem ser ‘educadas’, mas sim, com a ajuda da e dialogando com a informação técnica g ç devidamente decodificada, conduzir sua vida.’’ (LEFÈVRE, 1999) “Em vez de educar conduzindo é preciso informar o cidadão de modo claro, , transparente...” (LEFÈVRE, 1999) Diálogo no processo ensino-aprendizagem Imposição x Diálogo Histórico da educação em saúde O discurso higienista e as intervenções normatizadoras têm marcado tradicionalmente o campo de práticas da educação em saúde. Práticas sociais com propósitos ideológicos, políticos e econômicos. Exemplo: polícia sanitária de Oswaldo Cruz – vacinação compulsória, vigilância sobre atitudes e moralidades dos pobres – final do século XIX e início do século XX. Visão da dimensão individual do processo saúde-doença. Histórico da educação em saúde “Na maior parte do tempo, a prática dos profissionais de saúde não tem sido a de fortalecimento; ao contrário, ela tem consistido na ministração, para indivíduos, coletividades, grupos de i t l ã l dpacientes, população em geral, de prescrições comportamentais, em geral enunciadas no imperativo: não fume; não transe sem camisinha; use cinto de segurança; não abandone o tratamento ”tratamento... (LEFÈVRE, 1999) Profissional da saúde: educador Interatividade Diante das afirmativas abaixo, verifique qual é verdadeira: a) A compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença não oferece subsídios para adoção de novos hábitos e condutas de saúde. b) A educação influencia e é influenciada as/pelas condições de saúde, estabelecendo um estreito contato com todos os movimentos de inserção nas situações cotidianas em seus complexos aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais. c) Educação em saúde é prioritariamente um conjunto de saberes e práticas orientados para a i t ã h it lintervenção hospitalar. d) As práticas de educação em saúde de caráter higienista têm como característica principal o diálogo nas relações educador e educando. e) Educação em saúde é um recurso por meio do qual o conhecimento popular torna-se científico. Um caminho ‘‘Em conformidade com os princípios da Promoção à Saúde, se o objetivo é o fortalecimento das populações para que as coletividades e os i di íd f f d iindivíduos possam fazer face de maneira mais adequada aos determinantes do processo saúde-doença, é preciso lançar mão de uma pedagogia não normativa e dialogal a exemplo da proposta por Paulo Freire ’’Freire. (ZINN, 2007) ‘‘Pedagogia da autonomia’’, Paulo Freire 1. Não há docência sem discência. Ensinar exige: rigorosidade metódica; pesquisa; respeito aos saberes dos educandos; respeito aos saberes dos educandos; criticidade; estética e ética; a “corporeificação” das palavras pelo exemplo; risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação; reflexão crítica sobre a prática; o reconhecimento e a assunção da identidade cultural. ‘‘Pedagogia da autonomia’’, Paulo Freire 2. Ensinar não é transferir conhecimento. Ensinar exige: consciência do inacabamento; reconhecimento de ser condicionado; reconhecimento de ser condicionado; respeito à autonomia do ser educando; bom senso; curiosidade; apreensão da realidade;ap ee são da ea dade; alegria e esperança; convicção de que a mudança é possível; humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores. ‘‘Pedagogia da autonomia’’, Paulo Freire 3. Ensinar é uma especificidade humana. Ensinar exige: competência profissional e generosidade; comprometimento; comprometimento; compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo; liberdade e autoridade; tomada consciente de decisões; saber escutar; reconhecer que a educação é ideológica; disponibilidade para o diálogo; querer bem aos educandos. Interatividade Diante das afirmativas abaixo, verifique qual é verdadeira: a) A estética é um aspecto que, por ser abstrato, não se aplica à educação. b) A criticidade pode ser compreendida pela ) p p p atitude rigorosa e autoritária do educador. c) No modelo pedagógico proposto por Paulo Freire, a educação ocorre de modo normativo. d) Pensar em promoção da saúde a partir de ) p ç p práticas educativas implica utilizar estratégias dialógicas que considerem a peculiaridade do educando. e) A educação não é ideológica, conforme nos orienta a pedagogia da autonomia. Evolução histórica da educação Gadotti, 2001 “Desde o surgimento do homem, (a educação) é prática fundamental da espécie, distinguindo o modo de ser cultural dos homens do modo natural de existir dos demais seres vivos.” (Severino, in: GADOTTI, 2001) Evolução histórica da educação O pensamento pedagógico surge a partir da reflexão sobre a prática da educação, ou seja, a prática educativa é anterior ao pensamento pedagógico, que surge a fim de sistematizar e organizar a prática em f ã d d t i d fi bj tifunção de determinados fins e objetivos. O pensamento pedagógico oriental A doutrina pedagógica mais antiga é o taoísmo que prega a vida tranquila e pacífica. Confúcio (551-479 a.C.), sob doutrina taoísta, pregava o ensino dogmático e p g g memorizado. Educação chinesa tradicional. Reprodução do sistema hierárquico e de obediência. O pensamento pedagógico oriental Hindus: contemplação e reprodução da cultura das castas. Egípcios: d bibli t uso de bibliotecas; casas de instrução: ensinamentos de leitura, escrita, história dos cultos, astronomia, música, medicina... Hebreus: educação rígida e minuciosa com técnicas de repetição; através do cristianismo, seus métodos influenciaram a cultura ocidental. O pensamento pedagógico grego A sociedade grega serviu de berço da cultura, da civilização e da educação ocidental. A educação do homem integral pautava-se: na ginástica para o corpo;na ginástica para o corpo; na filosofia para a mente; nas artes para a moral e os sentimentos. O pensamento pedagógico grego Sócrates: crença que o autoconhecimento é o início do caminho para o verdadeiro saber. Platão: educação como arte de conversão no sentido de vislumbrar o bem, o divino. Aristóteles: aprendemos fazendo. O pensamento pedagógico romano Na educação romana predominou o caráter utilitário e militarista focados na disciplina e na justiça. Na escola, os castigos eram severos, os culpados (por erros) eram açoitados por p (p ) ç p varas. Todas as regiões conquistadas – o império romano – eram submetidas aos mesmos hábitos. Com o domínio de Roma sobre a Grécia,Com o domínio de Roma sobre a Grécia, a filosofia de educação grega também influenciou os romanos. O pensamento pedagógico medieval Com a queda do império romano e as invasões bárbaras, limita-se a influência greco-romana e impõe-se o crivo ideológico da Igreja Cristã. Destaca-se que Cristo havia sido um q grande educador: uso de parábolas, comunicação com os humildes, linguagem popular e erudita. O império árabe com predomínio islâmico não queria mutilar a cultura grega em função dos seus interesses, foram eles que a levaram ao ocidente. O pensamento pedagógico medieval Os estudos medievais compreendiam gramática, dialética e retórica, além de aritmética, geometria, astronomia e música. A educação, assim como os ç pensamentos grego e romano, era excludente (escravos, mulheres...). Apenas a elite (nobreza, clero...) tinha acesso à educação. Destaque para a criação das universidades na Idade Média: alguns historiadores afirmam que as universidades medievais eram menos elitistas que as renascentistas. Interatividade Diante das afirmativas abaixo, verifique qual é verdadeira: a) A educação medieval destacava-se pela abrangência de acesso às diferentes camadas sociais. b) O d l d ó i i t lb) O modelo pedagógico oriental era caracterizado pela diversidade de informações culturais e independência hierárquica. c) No modelo pedagógico romano, o castigo era uma ação expressamente proibida. d) A educação grega tinha como característica umd) A educação grega tinha como característica um sistema rígido e focado nas potencialidades mentais. e) Na educação romana predominou o caráter utilitário e militarista focados na disciplina e na justiça. O pensamento pedagógico renascentista Revalorização da cultura greco-romana, tornando a educação mais prática, incluindo a educação do corpo e a substituição dos métodos mecânicos por procedimentos mais agradáveis. Em reação à reforma protestante, a Igreja Católica criou o índice de livros proibidos e organizou a Inquisição, também criou a Companhia de Jesus com ação dos jesuítas. A educação jesuítica privilegiava os dogmas e a conservação das tradições em uma educação científica e moral em detrimento de uma abordagem humanística. O pensamento pedagógico moderno Nova forma de produção opondo-se ao modo feudal: o sistema de cooperação. Tudo o que fora ensinado até então era considerado suspeito. Destaques (predomínio da razão e doDestaques (predomínio da razão e do método): telescópio (Galileu Galilei); circulação do sangue (William Harvey); distinção entre fé e razão (Francis Bacon); matemática como a ciência perfeita (René Descartes). O pensamento pedagógico moderno Revolução linguística: fim do predomínio do latim. Permanecia a dicotomia entre trabalho intelectual e trabalho manual. Ao lado da luta popular pelo acesso àAo lado da luta popular pelo acesso à escola tem-se a popularização da educação religiosa: os metodistas com as escolas dominicais e as ordens religiosas católicas dedicando-se à educação popular. O pensamento pedagógico iluminista Jean Jacques Rousseau inaugura uma nova era na educação: Resgata a relação entre educação e política. Não vislumbra mais a criança comoNão vislumbra mais a criança como um miniadulto. Ressalta o estado natural do homem: educação que permite o desabrochar da natureza humana. Ocorre um movimento de libertação da Ocorre um movimento de libertação da repressão dos monarcas e do despotismo sobrenatural do clero. O pensamento pedagógico iluminista Para Kant, o homem é o que a educação faz dele através da disciplina, da didática, da formação moral e da cultura. Fichte e Hegel pautam-se no idealismo subjetivo, negando as implicações j g p ç externas. Manteve-se nesse período a diferenciação de educação popular (para trabalhar) x para classe dirigente (para governar). O pensamento pedagógico positivista Concepção burguesa de educação. Destaque para Augusto Comte, que pautava-se no pensamento positivista. O positivismo nasce como filosofia e segue como ideologiasegue como ideologia. A contribuição positivista na educação refere-se ao valor dado à ciência. O pensamento pedagógico socialista Surge do movimento popular pela democratização do ensino. Gramsci: crítica à divisão de ensino clássico e profissional, apontava o trabalho como um princípio p p antropológico e educativo. Para Karl Marx, a transformação educativa deveria ocorrer paralelamente à revolução social. O pensamento pedagógico da Escola Nova A teoria da Escola Nova propunha que a educação fosse instigadora da mudança social e, ao mesmo tempo, se transformasse, porque a sociedade estava em mudança. Destaque para Montessori (foco nas experiências sensoriais) e Piaget (foco no desenvolvimento da inteligência na criança). Embora esse movimento escolanovista não tenha relação direta com o tecnicismo pedagógico, teve grande preocupação com os meios e as técnicas educacionais. O pensamento pedagógico crítico Na segunda metade do século XX surgem críticas à educação e afirmam o quanto a educação reproduz a sociedade. Algumas teorias que abordam o sistema de ensino como função ideológica: ç g escola como aparelho ideológico do Estado (Althusser); escola como violência simbólica (Bourdieu e Passeron). O pensamento pedagógico brasileiro Pensamento pedagógico com autonomia nacional a partir da Escola Nova – até então reprodução do pensamento religioso medieval. Católicos e liberais representavam p grupos diferentes, porém em comum eram facções de grupos dominantes. Com o pensamento pedagógico progressista é que se inicia o papel da educação na transformação social. O pensamento pedagógico brasileiro Destaque para Paulo Freire – um dos maiores educadores do século XX – sua ideia central era pautada na concepção dialética: Educador e educando aprendem juntos p j em uma relação dinâmica, em que a prática, orientada pela teoria, reorienta essa teoria, tornando-se um processo de constante aperfeiçoamento. Para Freire, através da educação, é possível alcançar a autonomia intelectual do cidadão para intervir sobre a realidade – educação como ato político. O pensamento pedagógico brasileiro Educadores e teóricos da educação progressista defendem a formação do cidadão crítico e participantes das mudanças sociais. Alguns defendem mais a autonomia da g escola; outros, maior intervenção do Estado. O pensamento pedagógico brasileiro é rico e está em movimento, não é possível reduzi-lo a esquemas. Perspectiva atual: discussão sobre a educação pós-moderna e multicultural. Interatividade Diante das afirmativas abaixo, verifique qual é verdadeira: a) O modelo de educação socialista destaca-se por suas características positivistas. b) Educadores e teóricos da educação progressista são avessos à formação doprogressista são avessos à formação do cidadão crítico e participante das mudanças sociais. c) Para Paulo Freire, através da educação é possível alcançar a autonomia intelectual do cidadão para intervir sobre a realidade. d)O pensamento pedagógico brasileiro éd) O pensamento pedagógico brasileiro é considerado pobre em relação a outros países e está estagnado, sendo possível reduzi-lo a esquemas. e) A contribuição positivista na educação refere- se ao valor dado a questões do senso comum. ATÉ A PRÓXIMA!
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