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INTRODUÇÃO A PRÓTESE SOBREIMPLANTE 1. O que são os implantes dentais O implante funciona como uma raiz artificial para suportar coroas unitárias, múltiplas ou até mesmo próteses totais. Assim, pode ser utilizado tanto em casos que a pessoa perdeu apenas um dente como em casos que a pessoa perdeu alguns, e até todos os dentes. Nesses casos de perdas maiores, não é necessário colocar um implante para cada dente perdido, alguns implantes bem distribuídos são capazes de suportar uma prótese fixa e proporcionar ao paciente estética, conforto, segurança e uma mastigação eficiente. São dispositivos confeccionados em titânio, que são introduzidos à pressão ou rosqueados dentro do osso dos maxilares (superior ou inferior) no lugar onde foi perdido o dente natural, com o objetivo de suportar prótese dental, repondo o(s) elemento(s) perdido(s). Quanto antes colocados, em função da reabsorção natural do osso que sustentava os dentes, maiores podem ser seu comprimento e diâmetro, proporcionando melhores condições para uma adequada reabilitação oral, tanto funcional, quanto estética. Em situação ideal, podem repor um único dente perdido e, em situação extrema, através de dois ou mais implantes permitem suportar uma barra que dará estabilidade a prótese total (sobre dentadura). Os implantes são feitos de titânio, em vista das excelentes características de biocompatibilidade com o tecido ósseo e meio bucal, e também pela resistência desse metal às forças a que são submetidos os implantes durante a mastigação. Nos tempos primitivos, o homem usou e tentou de tudo no objetivo de repor dentes perdidos. Pedra, ferro, até partes de conchas foram utilizados na fase empírica. Com a evolução do conhecimento, foram experimentados, com relativo sucesso, o tântalo e o vitálio cirúrgico, dentre outros metais. Com o advento dos implantes que se integram ao osso (fenômeno conhecido como osseointegração) os biomateriais passaram a ser melhor estudados e experimentados. Dessa fase em diante, o titânio passou a ser o metal de eleição de todos os tipos e marcas de implantes, no mundo inteiro. O fato de ser um elemento neutro colabora para que, além das outras vantagens, ele não provoque nenhuma alteração no meio orgânico, sendo inclusive usado em próteses para refazer fêmur, joelho, clavícula etc. 2. Histórico Os primeiros implantes eram feitos com ligas de cobalto-cromo. Eram denominados Implantes subperiósticos (eram colocados entre o osso e a gengiva) e baseados na premissa de ausência de mudanças ósseas e na resistência da mucosa à tração. Como consequência ocorriam fraturas nas infraestruturas metálicas, fenestrações e recessões de tecidos moles, além da reabsorção de tecido ósseo. Por estes motivos, os índices de sucesso eram inferiores a 6%. O segundo tipo de implante dentário (Implante Endósseo) fora desenvolvido numa tentativa de melhorar a distribuição de forças. Assim, realizava-se a colocacão de lâminas em forma de tripoidismo. Propiciavam menor incisão, mas incompatibilidade com tecido após a colocação da prótese. Exibiam índices de sucesso de 30%, com perda óssea de aproximadamente 1/3 do comprimento após um ano em função. Na sequência, surgiram os implantes laminados, que eram colocados em uma canaleta aberta no osso. Não apresentaram boa estabilização, e movimentos acima de 150um faziam com que ocorresse formação de fibras ao invés de osso, uma vez que a falta de ajuste, e de íntimo contato entre o osso e o implante propiciava a proliferação de tecido mole, prejudicando assim, o processo de cicatrização óssea. Em 1969, um pesquisador sueco, o professor Per Ingvar Bränemark, publicou diversos estudos, após 15 anos de investigações clínicas e científicas, que comprovaram a osseointegração (processo de conexão direta estrutural e funcional entre o osso vivo e a superfície de um implante submetido a uma carga oclusal) de dispositivos cilíndricos na forma de parafusos, surgindo assim os implantes osseointegráveis. 3. Quando utilizar implantes? Para obter maior retenção para as próteses Com o intuito de não preparar dentes hígidos Evitar a manutenção de dentes com prognóstico duvidoso Suporte para as próteses fixas unitárias, parciais ou totais As contra-indicações podem ser divididas em locais ou gerais. As locais estão relacionadas à boca e a região a ser implantada e as gerais dizem respeito ao todo do paciente com vistas à cirurgia. Quanto às locais, as mais importantes são: atrofia óssea da região a ser implantada, rebordo ósseo em lamina de faca (fino), proximidade de acidentes anatômicos (canal mandibular, seios maxilares e fossas nasais), alterações ósseas (osteoporose, por exemplo) e outras específicas que devem ser objeto de análise pelo implantodontista. Quanto às gerais, devem ser motivo de atenção do profissional e consulta ao médico do candidato a implantes, se este julgar necessário. As que devem ser avaliadas: doenças cardíacas, vasculares, sanguíneas, renais, reumatóides e metabólicas. Merecem análise: osteoporose, diabetes, alcoolismo, tabagismo acentuado e desequilíbrios psicológicos. Existem também contra-indicações ditas temporárias, que inviabilizam as implantações por um determinado tempo. As mais comuns são infecções sistêmicas nas vias aéreas superiores, gravidez, debilidades passageiras e pacientes com pobre higiene oral, que precisam antes de submeter-se a implantes, ser orientados e motivados. 4. Partes do implante O implante propriamente dito pode ser dividido em três partes: Plataforma à região sobre a qual o pilar (também chamado de intermediário ou abutment) é parafusado. Região de interesse para a confecção da prótese. Rosca e extremidade à podem apresentar diferentes características. Roscas podem apresentar superficies tratadas ou não, sendo escolhidas em função do tipo de osso do paciente e região na qual o implante sera posicionado. 5. Fases da reabilitação com próteses sobreimplantes A técnica convencional desenvolvida por Branemarck (implante em dois estágios) envolve a fase cirúrgica (colocação dos implantes), a fase de reabertura (para colocação do cicatrizador) e a fase de confecção da prótese. Na primeira fase, a cirurgia ocorre em ambiente apropriado, com roupas e instrumental esterilizados de acordo com a técnica adequada. Trata-se de uma cirurgia de médio porte para os padrões odontológicos, mas sua real extensão, inclusive em termos de duração depende basicamente de quantos implantes serão colocados. A anestesia é local, mas para evitar-se estados de ansiedade que prejudiquem o desenrolar da cirurgia podem ser ministradas drogas previamente à cirurgia. O uso de ansiolíticos, na dosagem adequada ao paciente, é muito recomendável, inclusive por permitir uma redução na dosagem de anestésicos durante a cirurgia. O pós-operatório é normalmente muito bom, podem ser ministrados antiinflamatórios e analgésicos neste período com o intuito de reduzir a dor, inchaço da área e outros inconvenientes típicos de cirurgias realizadas na boca. Raramente ocorrem problemas pós-operatórios, como hemorragia, hematomas, dor acentuada e infeção pós-operatório. Na eventualidade da ocorrência destes eventos o melhor tratamento possível será dispensado, com o uso de drogas outras e meios físicos de redução destes sintomas, como compressas quentes, infravermelho e outros. A segunda etapa cirúrgica, para exposição dos implantes (remoção do cover screw e colocação do cicatrizador) , ocorre sempre depois de três meses a seis da primeira, período este suficiente para uma boa cicatrização do osso ao redor dos implantes.Não há possibilidade deste tempo ser abreviado. Envolve menos riscos cirúrgicos que a primeira, mas muitos cuidados são os mesmos. A cicatrização nesta etapa é bastante previsível com menores riscos que na fase anterior. É basicamente uma cicatrização gengival, bastante importante para o sucesso estético das próteses. O paciente deve seguir atentamente as instruções de higienização. Eventualmente pode passar mais algum período sem usar as próteses até a completa cicatrização. A partir da cicatrização gengival são confeccionados os elementos protéticos. Em alguns casos é possível a realização de apenas uma fase cirurgia, com a colocação do cicatrizador ou do pilar + prótese provisória sem esperar o período de osseointegração (três a seis meses). Cuidado com as terminologias: Restauração imediata - Instalada até 48h após os implantes, sem oclusão com a arcada antagonista; Carga imediata - Reabilitações colocadas em oclusão com a arcada antagonista, dentro de no máximo 48h após colocação dos implantes; Carga convencional - Reabilitações realizadas ao término do período de cicatrização de 3 a 6 meses; Carga precoce - Reabilitações colocadas em oclusão dentro de um período de 48h a 3 meses após a instalação dos implantes; Carga tardia - Reabilitações realizadas após o período convencional de cicatrização. 6. Tipos de conexão A conexão é o meio pelo qual a prótese ou componente intermediário se encaixa ao implante. Segundo o FDA (órgão americano responsável pelo controle de produtos da área da saúde) existem cerca de 20 tipos de conexões registradas, que basicamente podemos dividir em 3 tipos de desenho: hexágono externo, hexágono interno e cone morse. A primeira conexão surgiu com a introdução do implante por Branemark, o hexágono externo servia inicialmente para a introdução do implante no leito cirúrgico, nas reabilitações totais os componentes protéticos não necessitava do hexágono como dispositivo antirrotacional. Quando os implantes foram utilizados para restaurações parciais e unitárias, viu-se a necessidade de um dispositivo que impedisse a rotação dos intermediários, o que a princípio foi resolvido com o hexágono externo. A configuração da conexão dos implantes é fundamental para a estabilidade da interface implante/intermediário o que determina a longevidade da restauração, diminuindo a possibilidade de micromovimentação durante as cargas funcionais. Hexágono Externo A conexão de hexágono externo com 0,7mm de altura, 2,7mm de largura e diâmetro de plataforma de 4,1mm foi considerada padrão pelas empresas de implante, sendo este o mais utilizado devido a facilidade de intercâmbio dos intermediários. Este tipo de conexão facilita a reabilitação devido à quantidade de possibilidades de intermediários que permitem a correção de um posicionamento não favorável do implante, trazendo-nos uma facilidade na execução da prótese. Esta conexão traz a desvantagem de estabilidade já que sem a adaptação adequada, as forças mastigatórias são direcionadas diretamente ao parafuso de fixação, causando afrouxamento e até mesmo a fratura do mesmo. A colocação de implantes de hexágono externo não é indicada para regiões com alta carga mastigatória, porém é muito bem-indicado para próteses múltiplas e para a reabilitação total com prótese total híbrida ou sobredentaduras. Facilitam a moldagem e a execução laboratorial, já comprovada a sua eficiência nestes casos. Hexágono Interno O desenvolvimento dos implantes com conexão interna se deu a partir da década de 80, como alternativa para utilização de implantes para reabilitações parciais e unitárias. A grande vantagem nesta conexão é a distribuição das forças mastigatórias através do hexágono e das paredes do implante, diminuindo consideravelmente o estresse do parafuso de fixação e micromovimentações, portanto, menos sujeito ao afrouxamento e fratura dos parafusos. Cone Morse Esta conexão foi herdada da engenharia, utilizada para o tratamento de peças pelo íntimo contato. A adaptação consiste em paredes anguladas entre 4 e 16 graus. O cone morse possui as mesmas características do hexágono interno e a vantagem do seu desenho que proporciona um selamento pelo íntimo contato das paredes, impedindo a progressão bacteriana. Outra vantagem consiste no desenho de seus intermediários – que possuem o que chamamos de plataforma switching – onde o tecido gengival se acomoda proporcionando um contorno gengival mais favorável esteticamente. Por desvantagem podemos citar a difícil resolução do posicionamento incorreto do implante, pois dispõe de menor quantidade de soluções protéticas. Cabe aos profissionais envolvidos na reabilitação a discussão das possibilidades e chegar a uma melhor resolução para cada caso. O antirrotacional cone-morse é um sistema seguro e permite um melhor selamento entre o componente protético e o implante. Uma diferença que caracteriza este tipo de implante é que a prótese não apoia na plataforma do implante, e sim dentro do implante, no cone-morse, por isso qualquer componente se adapta em qualquer diâmetro de implante, e a escolha do componente é feita de acordo com o elemento que está sendo reabilitado. Por exemplo, em uma prótese cimentada, se vamos reabilitar um incisivo inferior, utilizaremos um componente de 3,3 mm de diâmetro, e se vamos reabilitar um primeiro molar superior, utilizaremos um componente de 4,5 mm de diâmetro, não importando o diâmetro do implante que foi utilizado. QUAIS AS INFORMAÇÕES ESSENCIAIS QUANDO RECEBEMOS UM PACIENTE JÁ IMPLANTADO PARA CONFECCIONAR A PRÓTESE SOBREIMPLANTE? 1 – Qual a marca comercial do implante 2 – Qual o tipo de conexão – hexágono externo (HE), hexágono interno (HI) ou cone morse (CM) 3 – Qual o tipo de plataforma – wide, regular ou narrow.
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