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ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I 1 ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS DE ENFERMAGEM Graduação 77 ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I U N ID A D E 5 MOTIVAÇÃO NA ENFERMAGEM Nesta unidade estudaremos os fatores motivacionais do trabalhador da área de saúde. Apresentaremos trabalhos questionadores sobre a motivação externa e confrontaremos a motivação interna com a externa. OBJETIVO • Conhecer os fatores que favorecem a motivação nas organizações. PLANO DA UNIDADE: • A EQUAÇÃO DE DUNBAR • A MOTIVAÇÃO E AS TEORIAS DE ADMINISTRAÇÃO • O MODELO TRADICIONAL • O MODELO DAS RELAÇÕES HUMANAS • O MODELO DOS RECURSOS HUMANOS • APRESENTAÇÃO DOS DIFERENTES ASPECTOS QUE ENVOLVEM AS DIFE- RENTES TEORIAS QUE SERÃO ABORDADAS: • AS TEORIAS DE CONTEÚDO • AS TEORIAS DE PROCESSO • A TEORIA DE REFORÇO • PIRÂMIDE DE MASLOW • FATORES HIGIÊNICOS • FATORES MOTIVACIONAIS • QUADRO COMPARATIVO DAS PRINCIPAIS TEORIAS DA MOTIVAÇÃO • O COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES • FATORES DE SATISFAÇÃO • FATORES DE INSATISFAÇÃO • CONCLUSÃO 78 UNIDADE 5 - MOTIVAÇÃO NA ENFERMAGEM A EQUAÇÃO DE DUNBAR Iniciando a unidade sobre motivação devemos citar o autor Robin Dunbar (1998) que estudou o tamanho do córtex dos primatas e descobriu que, quanto maior o neocórtex, maior o tamanho do grupo do qual um indivíduo pode participar. A equação de Dunbar prevê que a rede social da qual humanos podem participar de forma competente é formada por cerca de 150 pessoas. O ser humano consegue se relacionar de forma pessoal com até 150 pessoas. Ao ultrapassar este número, não conseguimos gerenciar nossos relacionamentos nem ajustar os laços sociais que temos que ter com cada um dos nossos amigos. O número 150 surgiu a partir de experiências científicas realizadas pelo antropólogo, que ao pesquisar o cérebro humano, descobriu que ele evoluiu para lidar com a complexidade das relações humanas ao longo dos séculos, chegando à conclusão de que o homem é o animal que mais se socializa em grupos. Esta habilidade, segundo Dunbar (1998), se deve ao fato de que homem é o animal que tem o maior córtex, região do cérebro responsável pelos pensamentos complexos e pela racionalidade , e que o tamanho do córtex dos mamíferos é proporcional à capacidade do animal de se socializar. Uma equação desenvolvida pelo cientista mostra que, com base no tamanho do córtex humano, somos capazes de nos relacionar com exatas 147,8 pessoas, ou cerca de 150 pessoas. Dunbar se aprofundou neste número mágico e descobriu que existe um grupo religioso chamado Hutterites, que vive em pequenas aldeias de no máximo 150 pessoas. Quando este número é alcançado, a aldeia é separada e fundada uma nova, em outro lugar. O hábito surgiu ao longo de centenas de anos de convivência. Os Hutterites descobriram que ao ultrapassar 150 pessoas, a aldeia começava a ter uma série de problemas sociais causados pela ausência de um relacionamento mais próximo entre seus habitantes. De acordo com Dunbar (1998), o desenvolvimento da LINGUAGEM serve para que os humanos saibam o que está acontecendo com os outros na rede, sem ter que observá-los diretamente e isso inclui rumores e boatos, ou seja, a conhecida “ RÁDIO CORREDOR!”. A MOTIVAÇÃO E AS TEORIAS DE ADMINISTRAÇÃO As teorias que primeiro estudaram a motivação tinham objetivos comuns: encontrar um único modelo para todos os tipos de empregados e para qualquer tipo de organização. Apesar desse ponto comum, cada modelo tinha o seu posicionamento em relação aos seres humanos. 79 ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I O MODELO TRADICIONAL Relaciona-se com Frederick Taylor e com a administração científica. Esse tipo de modelo usava o seguinte raciocínio: determinava a maneira mais eficiente de realizar tarefas repetitivas. A partir daí, procurava motivar os empregados em troca de incentivos salariais, relacionados à produtividade de cada um. Quanto maior a produtividade, maiores os ganhos salariais. A visão que se tinha dos empregados nesse modelo, é de que eram preguiçosos, e só o dinheiro poderia motivá-los. De início, o modelo deu certo. Mas, a partir do momento que a curva de experiência aumentava a produtividade, a quantidade de trabalhadores para realizar determinada tarefa era cada vez menor. Nesse estágio, os incentivos salariais começaram a diminuir e as demissões ficaram cada vez mais freqüentes. A partir daí, o modelo não mais se enquadrou naquela realidade. Os trabalhadores conscientizaram-se de que o mais importante, naquele momento, era lutar por estabilidade no emprego, ao invés de contentar-se com aumentos salariais incoerentes com a realidade em que viviam. O MODELO DAS RELAÇÕES HUMANAS Enquanto o modelo tradicional procurava motivar os trabalhadores para tarefas repetitivas, este buscava justamente o contrário: mostrar que esse tipo de atividade desmotivava cada vez mais o empregado e que só através dos contatos sociais a motivação seria fortalecida. O objetivo da motivação, neste caso, era dar prioridade às necessidades sociais do empregado, tornando-o agente de transformação. Neste tipo de modelo, criam-se oportunidades para que os empregados passem a agir pautando-se em grupos informais de trabalho e os administradores tomem consciência do poder dos grupos informais na organização. Este é mais um avanço da classe trabalhadora. Este grau de liberdade dos empregados implicava também que os mesmos aceitassem a autoridade que lhes era imposta pelos administradores. Este modelo representou um avanço em relação ao modelo tradicional, mas foi superado pelo modelo dos recursos humanos. O teórico mais importante desse modelo foi Elton Mayo. O MODELO DOS RECURSOS HUMANOS McGregor, maior representante desse modelo, critica o modelo das relações humanas, acusando-o de ser um meio artificial de ludibriar os empregados. McGregor e seus seguidores também criticaram os modelos anteriores no sentido de que os mesmos consideravam apenas o dinheiro ou os contatos sociais como únicos fatores de motivação dos empregados. A partir daí, McGregor chegou a algumas conclusões sobre o que os administradores pensavam em relação aos seus empregados. A primeira conclusão deu origem ao que ele chamou de Teoria X, significando, pois: antipatia extrema ao trabalho. Dessa forma, o mesmo 80 UNIDADE 5 - MOTIVAÇÃO NA ENFERMAGEM será evitado, sempre que possível. De acordo com esta teoria, a maioria das pessoas é extremamente preguiçosa e está sempre disposta a evitar qualquer tipo de responsabilidade. Essa teoria baseia-se tanto no Modelo Tradicional como no Modelo das Relações Humanas, ou seja, procura motivar os empregados ou com salários ou consegue fazer com que eles se sintam úteis no processo. A segunda conclusão de McGregor desencadeou no que ele chamou de Teoria Y, com significado oposto ao da Teoria X. Nesse sentido, as pessoas estão sempre prontas para desempenharem bem as suas funções, uma vez que o trabalho é encarado como algo que só irá lhes trazer satisfação. Entretanto,de acordo com essa teoria, a indústria não consegue absorver o potencial desses trabalhadores, uma vez que lhes falta um clima que proporcione um desenvolvimento pessoal, podendo ser compensado por uma administração participativa. Esta teoria teve a sua importância para a época, entretanto, visões contemporâneas sobre a motivação vieram substituí-la. Segue breve comentário sobre as visões contemporâneas da motivação. ESSAS TEORIAS APRESENTAM-SE SOB TRÊS ASPECTOS: • AS TEORIAS DE CONTEÚDO • AS TEORIAS DE PROCESSO • A TEORIA DE REFORÇO As teorias de conteúdo preocupam-se com as necessidades internas que dão sentido à vida das pessoas, motivando-as sempre para superar obstáculos eatingirem seus objetivos. Vários estudiosos preocuparam-se com esse tema, sendo, porém, Maslow um dos mais notáveis, ao criar a hierarquia das necessidades, mostrando que cada pessoa tem motivação para satisfazer cinco tipos de necessidades; existindo, porém, sempre uma hierarquia. Essa hierarquia funciona como uma pirâmide, onde na base estão as necessidades fisiológicas, na parte intermediária, encontram-se necessidades de segurança e estabilidade além de participação e de estima, já no topo estão as necessidades de auto-realização. Buscar uma necessidade de auto-realização implica descobrir que necessidades anteriores já foram adequadamente satisfeitas. Para os empregados, essa teoria apresenta o seguinte significado: eles necessitam de um salário digno para seu sustento e de seus familiares, além de segurança no trabalho, tanto física como moral. Somente dessa forma terão a liberdade de desenvolverem todo o potencial que têm dentro de si. 81 ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I PIRÂMIDE DE MASLOW Na Motivação de PESSOAS ou nos NEGÓCIOS encontramos dois motivos distintos. Cada classe tem seus MOTIVOS. FÍSICA: • Criar (por exemplo, por designer, um cientista médico que cria novas técnicas cirúrgicas). JURÍDICA: • Servir (rotary, por exemplo, um hospital filantrópico religioso). As duas classes têm muitos problemas. Nenhum líder, por mais espetacular que seja, consegue criar um time de sucesso sozinho. Times são feitos de MUITA GENTE. Para ser um time, é preciso COESÃO. Esta palavra está intimamente ligada à MOTIVAÇÃO, que esteve presente na história da guerra da Coréia apresentando um fator importante! Foi realizada uma lavagem cerebral necessária para a sobrevivência dos soldados adotando a colaboração em escala, onde os prisioneiros turcos se mantiveram COESOS e evitaram a desmotivação. Oficiais eram a ponte entre os norte-coreanos e a tropa; montaram uma regra (de responsabilidade pelos soldados) e deixaram claro que cada um deles, se morto, seria substituído por outro para cumprir a mesma regra; tal estratégia teve como resultado numa resistência turca em determinado campo: de 110 turcos, ninguém morreu; 400 entre 1500 americanos não resistiram. Verificou-se que a coesão é muito importante no curto e médio prazo, mas pode ser um problema no longo, pois as regras que usamos para criar o problema que estamos vivendo não são as mesmas que usaremos para resolvê-lo, pois entendemos que pensamento criativo envolve quebra de paradigmas. 82 UNIDADE 5 - MOTIVAÇÃO NA ENFERMAGEM A única forma de motivar as pessoas é lhes dar trabalhos DESAFIADORES sobre os quais elas podem assumir responsabilidade. Sabemos que desafio com responsabilidade é igual a FOCO. Dentre as concepções teóricas existentes acerca da Motivação Humana e que surgiram entre as décadas de 40 e 50, a Teoria da Motivação Humana de Maslow, a Teoria dos Dois Fatores de Herzberg(1997) e a Teoria das Três Necessidades Secundárias de McClelland são relevantes e contribuíram para o desenvolvimento dos modelos de motivação e desenvolvimento pessoal propostos por Romero-Garcia, principalmente a abordagem sobre as necessidades sociais de realização, poder e afiliação de David McClelland. O comportamento humano no trabalho, segundo Herzberg(1997), é orientado por dois grupos de fatores, a saber: Fatores Higiênicos (extrínsecos) são aqueles definidos pelo contexto que envolve o empregado e que fogem ao seu controle. São exemplos deles: Salários e Benefícios; Tipo de Chefia e Políticas e Diretrizes Organizacionais. O segundo são os Fatores Motivacionais (intrínsecos), são aqueles relacionados ao cargo e à natureza da tarefa desempenhada, sendo, portanto, controlável pelo indivíduo e que devem levar ao reconhecimento e à valorização profissional, culminando com a auto- realização. Os fatores higiênicos apenas evitam a insatisfação, não elevando a satisfação ou, se a elevam, não a mantêm continuadamente. Por outro lado, quando são péssimos, provocam a insatisfação. Devido a isso, são caracterizados como Fatores Insatisfacientes já os Fatores Satisfacientes são considerados como fatores Motivacionais (profundos e estáveis), quando ótimos, levam à satisfação, mas quando precários, bloqueiam a satisfação. Herzberg, alicerça a sua teoria no ambiente externo e no trabalho do indivíduo (abordagem extra-orientada). Ele verificou e evidenciou através de muitos estudos práticos a presença de que dois fatores distintos devem ser considerados na satisfação do cargo: os Fatores Higiênicos e os Motivacionais. FATORES HIGIÊNICOS Estes fatores são aqueles que se referem às condições que rodeiam o funcionário enquanto trabalha, englobando as condições físicas e ambientais de trabalho, o salário, os benefícios sociais, as políticas da empresa, o tipo de supervisão recebido, o clima de relações entre a direção e os funcionários, os regulamentos internos, as oportunidades existentes etc. Correspondem à perspectiva ambiental. Constituem os fatores tradicionalmente utilizados pelas organizações para se obter motivação dos funcionários. Herzberg considera esses Fatores Higiênicos muitos limitados na sua capacidade de influenciar poderosamente o comportamento dos empregados. A expressão “higiénie” foi exatamente para refletir o seu caráter preventivo e profilático e para mostrar que se destinam simplesmente a evitar fontes de insatisfação do meio ambiente ou ameaças potenciais ao seu equilíbrio. Quando esses fatores são ótimos, simplesmente evitam a insatisfação, uma vez que sua influência sobre o comportamento, não 83 ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I consegue elevar substancial e duradouramente a satisfação. Porém, quando são precários, provocam insatisfação. FATORES MOTIVACIONAIS Estes fatores são aqueles que se referem ao conteúdo do cargo, às tarefas e aos deveres relacionados com o cargo em si. São os Fatores Motivacionais que produzem algum efeito duradouro de satisfação e de aumento de produtividade em níveis de excelência, isto é, acima dos níveis normais. O termo motivação, para Herzberg, envolve sentimentos de realização, de crescimento e de reconhecimento profissional, manifestados por meio do exercício das tarefas e atividades que oferecem um suficiente desafio e significado para o trabalhador. Quando os Fatores Motivacionais são ótimos, elevam substancialmente a satisfação; quando são precários, provocam ausência de satisfação. Em suma, a teoria dos dois fatores sobre a satisfação no cargo afirma que: a satisfação no cargo, é a função do conteúdo ou atividades desafiadoras e estimulantes do cargo: são os chamados Fatores Motivacionais; a insatisfação no cargo é função do ambiente, da supervisão, dos colegas e do contexto geral do cargo: são os chamados Fatores Higiênicos. Sobre este tema relacionado à enfermagem, os autores Antunes & Sant Anna desenvolveram uma pesquisa sobre “Satisfação e motivação no trabalho do enfermeiro” citado na Biblioteca Virtual em Saúde, chegando à conclusão de que a motivação é uma questão que afeta o equilíbrio interno de um sistema como o hospital e o grau de satisfação / insatisfação das pessoas que ali trabalham. Segundo Chiavenato (1997) motivação é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma, ou, pelo menos, que dá origem a uma propensão, a um comportamento específico. A motivação é o fator pelo qual uma determinada pessoa ou organização é incentivada a efetuar algo. Pode ser financeira, sobrevivência, estima, inveja, ou auto - realização. Considerando de forma mais popular: “Todo ser humano é capaz, desde que acredite em seu potencial, desde que ajudado por outro ser humano, desde que compreendido em suas dificuldades. Acreditando noser humano que você é, faço esta reflexão que fala de coisas que são capazes de fazê- lo chegar dentro de si e encontrar sua motivação para conquistar o que já existe em você! “Somos o que procuramos ser”. Se queremos de verdade e acreditamos, encontramos um equilíbrio.” De um modo mais dicionarizado, encontramos “é o ato de motivar; exposição de motivos ou causas ; conjunto de fatores psicológicos, conscientes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que determinam um certo tipo de conduta em alguém”. 84 UNIDADE 6 - COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E INSTITUCIONAL NA ENFERMAGEM Motivação se encontra no ato ou efeito de provocar (dar origem), uma modificação psicológica e fisiológica no ser humano. Esta cria um estado de carência e provoca um comportamento que visa a restabelecer o equilíbrio psicológico e fisiológico pela satisfação da necessidade. O fisiologista W.B. Cannon (1939), versa sobre o IMPULSO e relata a teoria da Homeostase. Este conceito reporta-nos para o sistema de auto- regulação, isto é, surge uma necessidade que introduz desconforto no equilíbrio do organismo, que por sua vez conduz à ação, de modo a recuperar de novo a sua homeostase (equilíbrio) A complexidade existente na motivação individual, encontrada ao nível da realização pessoal do viver com maior intensidade o momento presente, a satisfação das necessidades e os desejos naturais, a adequação ao meio em que se vive, as condições orgânicas, a educação e os fatores psíquicos, determinam a quantidade e a qualidade em empreender qualquer tipo de tarefa pelo ser humano. O nível de motivação grupal é o resultado das motivações individuais no sentido coletivo funcional adaptado ao meio e à cultura organizacional. QUADRO COMPARATIVO DAS PRINCIPAIS TEORIAS DA MOTIVAÇÃO Percebeu-se que uma enfermeira que trabalha num hospital em Aracaju, Batista (2005), considera que a remuneração não é o fator principal para a motivação no trabalho. Existem outros fatores que motivam o enfermeiro a permanecer na profissão, tais como, o gosto pelo que faz, estabilidade adquirida por concurso público, compromisso com a população, valorização do serviço, entre outros. Mostrou com isso que a MOTIVAÇÃO na FONTE: Gallo, 2004 85 ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I enfermagem ainda se mostra de forma filosófica, conceitual, onde o amor à profissão, às atividades profissionais ainda sobrepõe-se às financeiras. Pasti(1999) mostrou em pesquisa num hospital do interior paulista, que, dentre os 184 sujeitos estudados na enfermagem, o perfil motivacional encontrado a partir das três motivações sociais permitiu avaliar que a maioria dos enfermeiros pesquisados caminha para a superação do subdesenvolvimento. PEREIRA (2001) desenvolveu uma pesquisa em um hospital universitário onde identificou o “Trabalho em si” como categoria mais citada como motivadora e a “Organização do Trabalho” como maior desmotivadora, sendo que as sugestões mais citadas referem-se ao “Relacionamento Interpessoal” e a “Organização do Trabalho”. Observamos que nas tarefas diárias da enfermagem, caracterizada por atividades que exigem alta interdependência, a motivação surge como aspecto fundamental na busca de maior eficiência e, conseqüentemente, de maior qualidade na assistência de enfermagem prestada, aliada à satisfação dos trabalhadores. Vários estudos sobre motivação apontam que alguns profissionais trabalham por dinheiro, outros por segurança e outros ainda por prazer. Na enfermagem, o prazer ainda é um forte fator motivacional para a continuidade do trabalho. Percebemos que algumas pessoas que trabalham por dinheiro, em determinado momento, deixam de responder ao sistema de incentivo financeiro. Sobre dinheiro podemos exemplificar o trabalho de Richard Bolstad onde afirma que “Apego à Riqueza Não é Motivação” no texto sobre Motivação de Empregados explicando que “Quanto mais procuramos satisfações em bens materiais, tanto menos as encontramos aí.” Mesmo quando essas pessoas motivadas pelo dinheiro acreditam que podem ter sucesso em ganhá-lo, a obsessão é relacionada com a baixa auto-estima, a depressão e o uso cada vez mais intenso de drogas. Quando elas conseguem, “A satisfação dura muito pouco; é muito fugidia.” Como ainda no seu trabalho coloca que “as pessoas que são mais materialistas tendem a se sentirem infelizes com suas próprias vidas.” De maneira interessante, a pesquisa deles sugere que a depressão que acompanha uma obsessão por dinheiro é reduzida se a pessoa tiver um relacionamento sincero e profundo com outras pessoas. Algumas pessoas indicam motivação como fatores relacionados às suas tarefas ou eventos que indicavam êxito e possibilidade de crescimento profissional. O COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES O trabalho “Comportamento humano nas organizações: o homem rumo ao século XXI” possui os seguintes aspectos, conforme descrito por Kanaane (1999) 86 UNIDADE 5 - MOTIVAÇÃO NA ENFERMAGEM • - TÉCNICO: fundamentalmente, refere-se a questões relativas ao ambiente de trabalho e suas adaptações fisiológicas e sociológicas; • - SOCIAL: relacionando o trabalho em si com os fatores externos (fa- mília, sindicato, partido político, classe social, entre outros); • - FISIOLÓGICO: relacionado ao grau de adaptação do homem-local de trabalho-meio físico e à questão da fadiga; • - MORAL: relacionado com a atividade social humana, considerando as aptidões, motivações, grau de consciência, satisfações e a relação íntima entre atividade de trabalho e personalidade; • - ECONÔMICO: como fator de produção de riqueza. Esta classificação meramente acadêmica nos permite entender as diferentes reações da enfermagem nos diversos tipos de motivações onde o trabalho é visto como uma atividade produzida pelo ser humano, orientado pela inteligência, que ao transformar o mundo externo, também modifica sua própria natureza motivacional. A motivação é considerada o fator desencadeante para a realização do trabalho de enfermagem. Encontra-se satisfação ao realizá-lo. Desta maneira a capacitação é uma forma de motivar o profissional de enfermagem, incluindo os serviços terceirizados. Responde assim às necessidades do funcionário, enquanto ser humano com suas emoções, sentimentos, aspirações e expectativas, atingindo as metas da organização. Como exemplo, pode ser citado o bom atendimento ao paciente, através do qual a qualidade está intimamente ligada à satisfação e à motivação do trabalhador de enfermagem. Pelo fato de existirem características específicas de uma instituição hospitalar, tais como diversidade de tarefas, grande número de setores, serviços e funcionários, é fundamental que cada coordenador, gerente e chefia estejam capacitados para diagnosticar as necessidades e dificuldades pessoais e grupais enfrentadas pela sua equipe, e também para articular junto à administração alternativas de adequação de tais problemas, assim refletindo diretamente na satisfação do profissional. Gallo(2004) observou em seu trabalho que enquanto nos fatores chamados HIGIÊNICOS encontramos como subcategorias o RELACIONAMENTO e a POLÍTICA ORGANIZACIONAL, na segunda categoria fatores MOTIVACIONAIS OU DE SATISFAÇÃO, o TRABALHO em si surge como subcategoria. No RELACIONAMENTO, os aspectos positivos considerados pelos entrevistados foram: o conhecimento do outro, o diálogo, a valorização, o fazer em equipe. Podemos considerar um fator motivacional o conhecimento das pessoas com quem se trabalha. Para que isto aconteça, é importante a aplicação de dinâmicas de grupo, por meio das quais as afiliações e entendimentos entre os componentes da equipe são facilitadas. Ao analisarem-se as respostas sobre o relacionamento com a direção e as diferentes categorias de enfermagem,constataram-se dificuldades no relacionamento. Foi percebida a falta de comunicação como fator principal 87 ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I para esta dificuldade. Os depoimentos retratam o distanciamento existente entre a coordenação de enfermagem e os demais níveis a ela subordinados. Alguns entrevistados mencionaram que a administração era tradicional, burocratizada e impessoal, caracterizada pela não-participação dos subordinados em decisões, onde a comunicação era deficiente, ocorrendo num só sentido, carregada de ordens. A maioria dos entrevistados sentia a necessidade de uma supervisora, visto que teria condições de dar atenção a detalhes que passavam despercebidos, ou não tinham como serem atendidos por falta de pessoal e tempo. Sobre o relacionamento com o cliente, todos os entrevistados consideraram o relacionamento estabelecido entre bom a ótimo. Neste sentido é necessário que exista um canal de comunicação e que se estabeleçam encontros entre os profissionais, para que possam se discutidas e compartilhadas as opiniões, a fim de encaminhar as soluções de forma consensual. Como conclusão a autora vê como fatores fundamentais para a satisfação pessoal, a pesquisa aponta: o trabalho da enfermagem em si mesmo; o acerto no trabalho; o reconhecimento pelo trabalho realizado; a satisfação do cliente; o desenvolvimento de atividades que exigem criatividade; e um grau crescente de responsabilidade. Os trabalhadores / cuidadores que se sentem mais reconhecidos tendem a ter mais confiança em si mesmos, maior disposição para enfrentar desafios, manifestam auto- estima elevada, demonstram tendência a contribuir com novas idéias e evidenciam melhoria na produtividade. O quadro a seguir resume os fatores geradores de satisfação e insatisfação no trabalho de uma equipe de enfermagem 88 UNIDADE 5 - MOTIVAÇÃO NA ENFERMAGEM CONCLUSÃO O que envolve o sentimento motivacional são fatores muito complexos e diversificados, mas o enfermeiro tem a capacidade, conhecimento e a habilidade para que junto a seus colegas de trabalho possa desenvolver diariamente no hospital um ambiente positivo de trabalho, colhendo frutos de um bom atendimento para o paciente e um bom relacionamento com a equipe de saúde. DUNBAR, R. I. M. Evolutionary Anthropology: Issues, News, and Reviews. Wiley-Liss, 1998. HERZBERG, F. Novamente como se faz para motivar funcionários? In: BERGAMINI, C. W.; CODA, R. Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. p. 108-129. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 5ª ed. São Paulo: Makron Books, 1997. CANNON W.B. A law of denervation. Am J Med Sci. v. 198, p. 737-50, 1939. BATISTA A. A. V. et al. Fatores de motivação e insatisfação no trabalho do enfermeiro: Disponível em: http://www.ee.usp.br/REEUSP/ index.php?p=html&id=49 Acesso em: 26 de dez 2007 PASTI, M. J. Perfil motivacional do enfermeiro atuante em um hospital geral do interior paulista. Disponível em: http://www.scielo.br/ s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t t e x t & p i d = S 0 1 0 4 - 11691999000500005&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 26 de dez 2007. PEREIRA M.C.A., FAVERO, N. A. Motivação no trabalho da equipe de enfermagem. Disponível em: http://www.scielo.br/ s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t t e x t & p i d = S 0 1 0 4 - 11692001000400002&lng=es&nrm=iso. Acesso em: 26 de dez 2007 KANAANE, Roberto. Comportamento humano nas organizações: o homem rumo ao século XXI. São Paulo: Atlas, 1999. GALLO, C. M. C. Desvelando fatores que afetam a satisfação e a insatisfação no trabalho de uma equipe de enfermagem. 2004. Dissertação (mestrado em enfermagem) Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande do Sul. SOUZA, M. L. D. Caracterização de um Sistema Operacional de Rede para Integrar Ambientes Heterogêneos. 1990. 112 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Sistemas de Computação). Faculdade de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. LEITURA COMPLEMENTAR 89 ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I BOLSTAD, R. Sobre a motivação de empregados. Disponível em http:// www.golfinho.com.br/artigos/artigodomes200207.htm. Acesso em 30 de dez de 2007 BARBOSA, M.F.N. Introdução ao marketing para empresa de pequeno porte. Edición electrónica. 2006. Disponível em: http://www.eumed.net/libros/ 2006a/mfnb/1t.htm Acesso em 30 12 07 13 – STONER, J. A. F., FREEMAN, R. E. Administração. Editora LTC: Incluir local. 5ª Ed.. 1995. É HORA DE SE AVALIAR! Não se esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo presentes no caderno de exercícios! Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Nesta primeira unidade estudamos os significados da política como conhecimento científico. Na próxima unidade, estudaremos a formação da política no contexto sociopolítico. Espero você na próxima unidade. Teremos muito o que estudar! LEITURA COMPLEMENTAR 89
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