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CONSTRUTIVISMO DE ONUF Onuf baseia seu construtivismo na virada linguística*. Para ele, as regras regulam os discursos, conferindo a eles o valor de uma ação porque as palavras transformam a realidade e o mundo social. São denominados os atos de fala: Falar é agir. Falar é tão importante quanto agir pois é necessário pensar para tal, ou seja, a forma como as pessoas interpretam o mundo é como elas se comunicam. A linguagem é constitutiva e não apenas representa o mundo como ele é. Segundo Onuf, discurso produz regras e políticas, e expressa nossos objetivos e intenções. TRÊS ATOS DE FALA DE ONUF: ● Atos de fala: relacionam linguagem a ação. Significa dizer alguma coisa. Onuf identifica três tipos de atos de fala: assertivos, diretivos e compromissais. Os atos assertivos relacionam conhecimento sobre o mundo (por exemplo, que democracias não entram em guerra com outra democracia). Os atos diretivos fornecem instruções: o que fazer, o que irá acontecer se falharmos em fazer algo. Os atos de compromisso vinculam as promessas (como assinar um tratado, por exemplo). É a partir dos atos de fala que surgem as regras. O construtivismo entende que o ser humano é um ser social, somos definidos através das relações sociais. Para Onuf, o mundo social é composto por regras. ● Regra é uma afirmação que diz o que os agentes devem fazer. Adequa comportamento a padrões. A falha em seguir uma regra acarreta consequências se ela é usualmente seguida. As regras estão no campo das normas, os atores estão cientes das sanções de não fazê-lo. As regras fazem os agentes e os agentes fazem as regras (co-constituição). ● O que são os agentes? São os sujeitos socialmente ativos em cada contexto. Ninguém é agente em todos os contextos, a agencia é uma condição social que se dá pelo papel que o indivíduo exerce em uma instituição, o papel deve estar em conformidade com a instituição. Regras dão aos indivíduos escolhas, a escolha mais básica é seguir a regra, fazer o que ela diz que o agente deve ou não fazer, no entanto as escolhas dos agentes são constrangidas pelas próprias regras. As outras opções de escolha são: reformular a regra ou não seguir a regra. Não seguir a regra leva outros agentes a usar a regra para corrigir meu ato. Regras permitem que os sujeitos se tornem agentes. A maior parte do tempo os agentes escolhem seguir a regra. O padrão das escolhas dos agentes tem uma consequência geral, sendo ou não intencionada por agentes particulares elas tem o efeito de distribuir os benefícios materiais e sociais entre os agentes. Uma categoria extremamente importante destes benefícios é o controle sobre os recursos e sobre outros agentes e suas atividades. Alguns agentes se beneficiam mais que outros. Ao longo do tempo as instituições trabalham para a vantagem de alguns aos custos de outros. Os agentes mais beneficiados encontram mais incentivos para seguir as regras enquanto os menos beneficiados encontram menos, no entanto para eles ainda é melhor segui-la devido ao custo de uma recusa em fazê-lo. Apesar de quebrar uma regra dada, os agentes que não se beneficiam por seguirem uma regra podem escolher usar os recursos necessários para mudar esta regra e então mudar a distribuição de benefícios que resultam da existência da regra. Se alguns agentes tentam mudam a regra outros agentes que se beneficiariam menos devido a estas mudanças podem escolher usar os recursos necessários para manter a regra funcionando. Estes agentes que se beneficiam mais de uma dada regra provavelmente terão de usar menos reservas disponíveis para manter a regra do que os que desejam muda-la. Claramente, regras dize o que dizer e instituições mudam devagar porque os agentes fazem escolhas racionais em circunstâncias que sempre dão vantagem para alguns agentes em detrimento de outros. ● Agência: é uma construção social. Surge quando representamos ou agimos em nome de construções sociais. Os agentes atuam na sociedade fazendo o melhor possível para alcançar objetivos que refletem suas necessidades e desejos a luz das circunstâncias materiais. A ação é sempre pautada em conhecimento prévio, por exemplo com relação a viabilidade ou não de determinada ação devido aos recursos disponíveis. Toda sociedade tem regras dizendo aos agentes quais são os objetivos apropriados para eles. No entanto nem sempre há certeza com relação aos objetivos pelos quais se age, a maior parte do tempo os agentes tem informação limitada ou inconsistente sobre as condições materiais e sociais que afetam a capacidade de obter dados objetivos. Agir para alcançar objetivos é uma conduta racional. ● Prática: Forma como os agentes se relacionam com as regras. A prática abrange todos os modos pelos quais as pessoas lidam com regras, seja quebrando-as o u seguindo-as, produzindo-as ou mudando nas ou ainda abolindo-as. Uma noção sobre do que se tratam as regras pode ser obtida através da observação da prática das pessoas Interesses: relacionam-se a padrões previsíveis de resultados. Nem sempre os Estados estão conscientes de seus objetivos e interesses. ● Instituição: padrões relativamente estáveis de regras e práticas que satisfazem as intenções dos agentes. Institution is something the agents act within. Os agentes estão cientes das instituições que povoam seus ambientes, e não do porquê dessas regras que formam as instituições incidirem diretamente sobre sua conduta. Na medida em que alguns agentes fazem escolhas e outro agentes são afetados por estas, as instituições produzem consequências para outros agentes que não podem ajudar mas podem estar atentos e responder a isso. Num mundo complexo os agentes frequentemente fazem escolhas que tem consequências para eles mesmo e para outros, que eles não anteciparam ou que não se importaram muito a respeito. Uma vez que a definição de agencia envolve objetivos , se há consequências não intencionais é porque existe uma estrutura agindo. Consequências não intencionais frequentemente formam um padrão estável com respeito a seus efeitos nos agentes. Os agentes desejosos de evitarem mudanças nesses padrões podem escolher adotar regras para esta finalidade. ● Estrutura: Conjunto de regras, instituições e um padrão de consequências não pretendidas. É o que os agentes observam. Todo padrão estável de regras, instituições e consequências não intencionais fornece uma estrutura à sociedade reconhecível a qualquer observador. Estrutura é o que o observador vê enquanto instituições são o algo dentro do qual agem os agentes. Observadores externos, agentes de uma sociedade diferente, podem reconhecer uma estrutura mais complexa que os agentes devido ao seu distanciamento. Quando os agentes tornam-se cientes do que os observadores tem a dizer, os observadores tornam-se agentes quaisquer que sejam suas intenções. Quando os agentes em geral levam em conta esta nova informação ao fazer suas escolhas isto resulta numa estrutura de complexidade ainda maior. Pode-se dizer que a diferençaentre estrutura é instituição é que a primeira existe quando constrange os atores sem que eles a percebam. Quando a estrutura é percebida torna-se uma instituição. Uma vez que um observador fale para os agentes sobre a estrutura eles se apropriam da mesma e institucionalizam a estrutura adaptando regras para as situações. Onde há regras, e então instituições, há uma condição de regra na qual alguns agentes usam as regras para exercer controle e obter vantagens sobre outros. A anarquia não é ausência de regra, é uma condição de regra, um mecanismo que torna possível a criação de regras, na qual regras não são diretamente responsáveis pelo modo como os agentes conduzem suas relações. As regras de fundo garantem que as consequências não intencionais das escolhas de muitos agentes, e não legisladores, façam o trabalho de governar. Alguns agentes querem ser governados deste modo indireto porque isto atende seus objetivos mais que qualquer outro arranjo faria. Outros agentes tem pouco ou nenhuma escolha no problema. Embora padrões apenas ocorram os agentes fazem arranjos. Fazer um arranjo para a anarquia é apenas uma possibilidade. A anarquia internacional pode ser entendida como um arranjo social, uma instituição em grande escala. ● Anarquia: é um padrão estável entre os Estados, mas não é simétrica. Uns sentem mais que os outros. A anarquia é um padrão de consequências não pretendidas não tão despretendidas assim na medida agem de acordo com a vontade dos mais poderosos devendo, portanto, ser denominada uma heteronomia. A anarquia é uma construção social fruto de regras, e que pode ser mudada e transformada em processos de interação entre agentes e estrutura. Para Onuf, a sociedade da qual fazem parte os Estados é mais corretamente descrita como uma sociedade heterônoma que uma sociedade anárquica. O exercício da autonomia, ainda que limitada, dos agentes torna a heteronomia uma condição social na qual agentes aceitam como aparente consequência não esperada de suas escolhas autônomas individuais. Os estados exercem sua independência sob o princípio da soberania e sob um número de regras de compromisso garantindo seus direitos e deveres com respeito uns aos outros. A independência de um estado é limitada na dos outros e todos aceitam as consequências não intencionais, que resultam de suas muitas escolhas individuais. Dentro desta condição geral de regra são encontradas um grande número de instituições contribuindo para tal numa variedade de modos. Os agentes constantemente trabalham essas instituições e dentro delas. Apesar de seu número e variedade e da complexidade de suas relações elas são arranjadas como são em proposta, pelas intenções dos agentes para servir aos seus interesses incluindo seu interesse compartilhado em serem governados.
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