Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O que vimos na última aula: Ciclo do nitrogênio Mais de 1011 kg de nitrogênio é fixado anualmente na biosfera! Setas vermelhas: ocorrem em ambientes anaeróbicos. síntese degradação Catabolismo de AAs nos mamíferos: 1 2 3 da dieta O ciclo da uréia e o ciclo de Krebs podem ser conectados Enzimas citosólicas podem levar fumarato à malato, que pode voltar para a mitocôndria, podendo participar do ciclo de Krebs. Apenas Leucina e Lisina não são substratos para a gliconeogênese UENF, CBB, LQFPP Prof. Gustavo Rezende Bioquímica II – Metabolismo 7ª aula: Via das pentoses fosfato e Gliconeogênese Destinos da glicose Glicose Armazenagem Glicogênio, amido, sacarose Polímeros estruturais Matriz extraceluar, parede celular Oxidação pela glicólise PiruvatoRibose-5-fosfato Oxidação pela via das pentoses fosfato Destinos da glicose Glicose Armazenagem Glicogênio, amido, sacarose Polímeros estruturais Matriz extraceluar, parede celular Oxidação pela glicólise PiruvatoRibose-5-fosfato Oxidação pela via das pentoses fosfato Biossíntese de glicose a partir de precursores não glicídicos Via das pentoses fosfato ou via do fosfogliconato A via das pentose fosfato pode apresentar duas séries de reações: 1) Primeira de reações oxidativas; 2) Segunda de reações não oxidativas (fase não oxidativa). Apenas em algumas situações ocorre as reações da fase não oxidativa. Começaremos pelas reações oxidativas... Via das pentoses fosfato, reações oxidativas: Glicose 6-fosfato é oxidada, formando ribose 5-fosfato e produzindo NADPH em 4 passos enzimáticos. Glicose 6-fosfato Ribose 5-fosfato NADPHNADP+ Lembrando: ribose é um tipo de açúcar de 5 carbonos (enquanto glicose é um tipo de açúcar de 6 carbonos). NADPH (assim como NADH) transporta energia química na forma de poder redutor. É usado para vias biossintéticas e proteção de eritrócitos. É empregado como redutor quase universal em vias anabólicas (síntese de lipídios, por exemplo, como veremos em outra aula). Sendo assim, tecidos que ativamente sintetizam ácidos graxos e esteróides, como glândula mamária, córtex adrenal, fígado e tecido adiposo possuem a via das pentoses fosfato extremamente ativa. Eritrócitos também usam NADPH, mas para proteger a célula contra danos causados por oxidações. Via das pentoses fosfato, reações oxidativas: Ribose 5-fosfato será usada na formação de ácidos nucléicos (inclusive DNA). Ribose 5-fosfato 1 5 5 144 Biossíntese de ácidos nucléicos ocorre em altas taxas quando existe proliferação celular (produção de mais DNA) em: tecidos em crescimento, que estão se regenerando e em tumores. Via das pentoses fosfato, reações oxidativas: 1ª etapa das reações oxidativas: Catalisada pela enzima glicose 6-fosfato desidrogenase. Produz um NADPH. 2ª etapa das reações oxidativas: Catalisada pela enzima lactonase. 3ª etapa das reações oxidativas: Descarboxilação oxidativa catalisada pela enzima 6-fosfogliconato desidrogenase. O açúcar de 5 carbonos Ribulose 5-fosfato é formado, bem como outro molécula de NADPH. 4ª etapa das reações oxidativas: Formação de Ribose 5-fosfato pela enzima fosfopentose isomerase. Saldo (até agora): Mas.... Existem tecidos biossintéticos que precisam do poder redutor do NADPH (eritrócitos, tecidos que sintetizam ácidos graxos, etc), mas não da ribose 5- fosfato? Haveria acumulo de ribose 5-fosfato que não seria utilizado? Glicose-6-fosfato + 2 NADP+ + H2O Ribose-5-fosfato + CO2 + 2 NADPH + 2H+ Saldo (até agora): Mas.... Existem tecidos biossintéticos que precisam do poder redutor do NADPH (eritrócitos, tecidos que sintetizam ácidos graxos, etc), mas não da ribose 5- fosfato? Haveria acumulo de ribose 5-fosfato que não seria utilizado? Não! A ribose 5-fosfato, numa série de outras reações, chamadas de fase não oxidativa, é reciclado de volta à glicose 6-fosfato. Daí as duas séries de reações: a primeira de reações oxidativas e a segunda de reações não oxidativas: Glicose-6-fosfato + 2 NADP+ + H2O Ribose-5-fosfato + CO2 + 2 NADPH + 2H+ Reações oxidativas e não oxidativas da via das pentoses fosfato: Reações oxidativas: Reações não oxidativas: glicose 6-fosfato ribose 5-fosfato Produzem ribose 5-fosfato e NADPH. Produzem NADPH mas não ribose 5-fosfato Glicose-6-fosfato + 2 NADP+ + H2O Ribose-5-fosfato + CO2 + 2 NADPH + 2H+ Esquema geral da via das pentoses-fosfato: Precursores Ácidos graxos, esteróis, etc. biossíntese redutora Etapas não oxidativas : epime- rase transcetolase transaldolase transcetolase fosfoexose isomerase As enzimas transcetolase e transaldolase são específicas da via das pentoses fosfato. fosfoexose isomerase Etapas não oxidativas : fosfoexose isomerase 1ª reação da transcetolase: Reação da transaldolase: 2ª reação da transcetolase: Etapas não oxidativas : O que fazer com esses 3 carbonos? fosfoexose isomerase Etapas não oxidativas : Assim, 6 moléculas de 5 carbonos (ribose 5-fosfato) viram 5 moléculas de 6 carbonos (glicose 6-fosfato)... E dessa forma tecidos podem produzir NADPH em grandes quantidades, sem a produção de ribose 5-fosfato em excesso. triose fosfato isomerase aldolase frutose 1,6 bifosfatase 2x triose fosfato isomerase aldolase frutose 1,6 bifosfatase 2x Essas três enzimas também atuarão na Gliconeogênese! triose fosfato isomerase: Diidroxiacetona fosfato Gliceraldeído 3-fosfato aldolase: Diidroxiacetona fosfato Gliceraldeído 3-fosfato Frutose 1,6-bifosfatase: + H2O + Pi Na fase não oxidativa, o processo de oxidação que ocorre na etapa oxidativa é “revertido” com a perda desse Pi. Reações oxidativas e não oxidativas da via das pentoses fosfato: As enzimas transcetolase e transaldolase são específicas da via das pentoses fosfato. As outras enzimas também participam da glicólise e gliconeogênese. Reações oxidativas e não oxidativas da via das pentoses fosfato: As reações não oxidativas são reversíveis. Assim, vegetais usam essas reações no sentido inverso (produção de pentoses fosfato a partir de glicose 6-fosfato), o que é essencial para a fixação fotossintética de CO2 pelos vegetais. Altas concentrações de NADPH regulam a via das pentoses-fosfato... Vocês acham que essa regulação é positiva ou negativa? Altas concentrações de NADPH regulam a via das pentoses-fosfato... Negativa. Altas concentrações de NADPH inibem a via. GLICONEOGÊNESE A glicólise é a via metabólica mais conservada nos sistemas biológicos. A glicose é o combustível preferencial e mais versátil disponível nas células vivas. Cérebro e o resto do sistema nervoso, eritrócitos, testículos, medula renal e tecidos embrionários necessitam de glicose fornecida pelo sangue como principal, ou em alguns casos, única, fonte de energia. O cérebro humano, sozinho, requer mais de 120 g de glicose por dia! Durante o jejum prolongado, ou durante exercícios físicos intensos o corpo deve ter a capacidade de produzir glicose. A importância da manutenção da glicemia: Morte Dano cerebral permanente Letargia Convulsão, coma Falta de atenção, fome Liberação de hormônios Suor, tremores Glicose no sangue (mg / dL) ou (mg/100 mL) } Nível normal (~5mM) Hipoglicemia severa A importância da manutenção da glicemia: Morte Dano cerebral permanente Letargia Convulsão, coma Falta de atenção, fome Liberação de hormôniosSuor, tremores Glicose no sangue (mg / dL) ou (mg/100 mL) Hipoglicemia severa } Nível normal (~5mM) Mesmo durante jejum prolongado os animais necessitam de energia e manter a glicemia. Assim, em situações de jejum prolongado o fígado produz glicose e envia para a corrente sanguínea para suprir os outros tecidos. Em casos extremos, ocorre a degradação de proteínas musculares, para a produção de glicose no fígado. Repare na hierarquia e fase de uso de glicose: Fase Tecidos usando glicose Combustível principal do cérebro Origem da glicose sanguínea GlicoseExterna (alimentação) Todos Glicose Glicogênio, gliconeogênese hepática Todos menos fígado. Músculo e tecido adiposo diminuem consumo Glicose Gliconeogênese hepática, glicogênio Todos menos fígado. Músculo e tecido adiposo diminuem mais Glicose, corpos cetônicos Gliconeogênese hepática e renal Cérebro, eritrócito e medula renal. Muito pouco pelo músculo Corpos cetônicos, glicose. Gliconeogênese hepática e renal Eritrócito e medula renal. Cérebro diminui o consumo I II III IV V Esquema indicando as diferentes origens da glicose presente no sangue: Glicogênio Gliconeogênese Externa Fase I II III IV V g l i c o s e u s a d a ( g / h ) horas dias Glicogênio Gliconeogênese Externa g l i c o s e u s a d a ( g / h ) horas dias No ponto assinalado pela seta inicia-se a gliconeogênese renal e a utilização de corpos cetônicos pelo cérebro Fase I II III IV V A GLICONEOGÊNESE Gliconeogênese: glico (açúcar), neo (novo), gênese (criação). Significa “formação de açúcar novo”. E é definida como a formação de glicose a partir de precursores que não sejam açúcares. É uma via metabólica que converte piruvato e compostos relacionados de 3 ou 4 carbonos em glicose. Ocorre em todos os animais, em plantas, fungos e microorganismos. Reações são essencialmente as mesmas em todos os organismos e tecidos onde ocorre. Porém, o contexto metabólico e a regulação da gliconeogênese difere de uma espécie para outra e de um tecido para o outro. Em mamíferos ocorre principalmente no fígado mas também no córtex renal. Focaremos no fígado. Precursores de gliconeogênese: Compostos de 3 carbonos (lactato, piruvato e glicerol) e a maioria dos aminoácidos (glicogênicos). Compostos que podem ser convertidos em piruvato ou oxalacetato podem servir como material inicial para gliconeogênese. Em animais, proteínas servem como substratos para a gliconeogênese. Ácidos graxos não servem. Mas a oxidação deles gera ATP e NADH necessários para que a gliconeogênese ocorra. Metabólitos do ciclo de krebs e muitos AAs são glicogênicos: Ácidos graxos não são substratos para a gliconeogênese Piruvato leva a glicose 6-fosfato que se transforma em glicose... Isso é o inverso da glicólise... Precursores de gliconeogênese: O organismo pode usar a glicólise no sentido inverso para a gliconeogênese? Não! A gliconeogênese não é o reverso da glicólise!! As 3 reações irreversíveis da glicólise são contornadas por um conjunto separado de enzimas na gliconeogênese. Já as outras sete reações são comuns, mas em direções opostas. glicólise gliconeo gênese 1º contorno 2º contorno 3º contorno Dizemos então que a gliconeogênese utiliza três etapas de “contorno”... glicólise gliconeo gênese Conversão do piruvato em fosfoenolpiruvato (PEP) requer duas reações irreversíveis Fígado: Alanina pode ser transformada em piruvato na mitocôndria por transaminação Conversão do piruvato em fosfoenolpiruvato (PEP) requer duas reações irreversíveis Fígado: 1ª reação (irreversível): piruvato carboxilase Ocorre na mitocôndria É irreversível. Piruvato carboxilase é a primeira enzima regulatória da gliconeogênese (voltaremos a isso mas tarde). É também uma das reações anapleróticas (que repõem intermediários do Ciclo de Krebs gastos em reações de biossíntese). 2ª reação (reversível): malato desidrogenase mitocondrial Ocorre na mitocôndria ΔG próximo de zero (reversível) Malato sai da mitocôndria pelo transportador malato-α-cetoglutarato (o mesmo usado na lançaderia malato-aspartato). 3ª reação (irreversível): malato desidrogenase citosólica Ocorre no citosol O transporte de malato da mitocôndria para o citosol e sua reconversão em oxaloacetato possibilita o transporte de um “NADH” da mitocôndria para o citosol. Isso é importante uma vez que na gliconeogênese será necessário o consumo de um NADH para converter 1,3-bifosfoglicerato em gliceraldeído 3 fosfato: 1º contorno 2º contorno 3º contorno glicólise gliconeo gênese 4ª reação (reversível): PEP carboxiquinase Ocorre no citosol Utiliza GTP como doador de fosfato. É reversível em condições intracelulares: a formação de um composto de fosfato de alta energia (PEP) é balançeado pela hidrólise de outro composto de fosfato de alta energia (GTP). Resumo do 1º contorno: Apesar do ΔG’º ser positivo, o ΔG (calculado em condições celulares) é muito negativo, (cerca de -25 kJ/mol) o que faz com que o processo inteiro que leva da conversão do piruvato ao PEP seja efetivamente irreversível na célula. Alternativa para o 1º contorno: Existe um segundo opção para o 1º contorno que leva de Piruvato a PEP quando lactato é o precursor para glicose formada na gliconeogênse. É utilizado o lactato oriundo da glicólise que ocorre em eritrócitos ou de músculos esqueléticos em condições anaeróbicas (exercício vigoroso): De Piruvato a PEP a partir do lactato: 1º contorno 2º contorno 3º contorno glicólise gliconeo gênese 2o contorno : de frutose 1,6-bifosfato a frutose 6-fosfato Enzima: frutose 1,6-bifosfatase + H2O + Pi 1º contorno glicólise gliconeo gênese 2º contorno 3º contorno 3o contorno : de glicose 6-fosfato a glicose Enzima: glicose 6 fosfatase Enzima encontrada no retículo endoplasmático de hepatócitos e células renais. Músculo e cérebro não possuem esta enzima, portanto não conseguem fazer gliconeogênese. Glicose vinda da dieta, ou produzida pela glicogenogênese no fígado e rim vai para o músculo e cérebro pela corrente sanguínea. Lúmen do retículo endoplasmático Da aula de glicogênio... Resumo da gliconeogênese: * reações de contorno em vermelho. A gliconeogênese tem um custo energético alto mas necessário… Boa parte desse alto custo é para garantir irreversibilidade da gliconeogênese... A gliconeogênese tem um custo energético alto mas necessário… Boa parte desse alto custo é para garantir irreversibilidade da gliconeogênese... … que claramente NÂO é o reverso da glicólise: Tanto a glicólise e parte da gliconeogênese ocorrem no citosol… Ciclos fúteis do metabolismo de carboidratos consumiriam ATP: Por exemplo, ação simultânea da fosfofrutoquinase 1 e frutose 1,6- bifosfatase: Ciclos fúteis poderiam ter alguma função biológica? Ciclos fúteis poderiam ter alguma função biológica? Sim, na homeoestase térmica, como em tecido adiposo marrom de pequenos mamíferos, músculos de vôo de insetos e animais enquanto hibernam. A regulação coordenada da glicólise e da gliconeogênese Estas vias opostas devem ser reguladas de forma coordenada e recíproca. Quais seríam os pontos de regulação?? As etapas irreversíveis,onde operam as enzimas regulatórias! • Quando a glicólise é ativada, gliconeogênese deve ser desligada e vice- versa. • Quando o estado energético da célula está alto (muito ATP), a glicólise deve ser desligada e a glicose deve ser direcionada para vias de biossíntese/estoque. • Quando o estado energético da célula está baixo (pouco ATP), glicólise deve ser rapidamente ativada para fornecer energia. Regulação da Hexoquinase A hexoquinase no fígado é regulada por uma proteína regulatória específica, presente apenas no fígado. Hexoquinase e glicose 6-fosfatase estão em compartimentos distintos no hepatócito. Além disso, a etapa que é específica da glicólise é a catalizada pela 2ª enzima regulatória, a fosfofrutoquinase-1 (PFK1)... Regulação recíproca PFK1 e Frutose 1,6-Bifosfatase: Regulação recíproca da Fosfofrutoquinase 1 e Frutose 1,6- Bifosfatase por Frutose 2,6-Bifosfato (potente regulador alostérico) O importante papel do fígado na manutenção da glicemia requer mecanismos finos para coordenar síntese e degradação de glicose. A regulação rápida da glicólise e da gliconeogênese por hormônios é mediada pela frutose 2,6-bifosfato que é modulador alostérico da PFK1 e da FBPase1) Regulação recíproca da Fosfofrutoquinase 1 e Frutose 1,6- Bifosfatase por Frutose 2,6-Bifosfato (potente regulador alostérico) afinidade por substrato afinidade pelos inibidores alostéricos ATP e citrato afinidade por substrato Fosfofrutoquinase 1 Frutose 1,6-Bifosfatase Mas quem produz e degrada Frutose 2,6-Bifosfato? PFK-2 FBPase-2 As enzimas fosfofrutoquinase-2 (PFK-2) e frutose 2,6-bifosfatase (FBPase-2). Ambas as atividade enzimáticas pertencem a uma única proteína, que é bifuncional. Mas quem regula esses reguladores? O hormônio glucagon regula a proteína PFK-2/FBPase-2 O hormônio glucagon atua aumentando a glicemia (glicose no sangue), enquanto o hormônio insulina atua diminuindo a glicemia. O destino do piruvato é o primeiro ponto de regulação da gliconeogênese: Piruvato Carboxilase Regulação do destino do piruvato Piruvato pode ser convertido a glicose e glicogênio via gliconeogênese ou... ... ser oxidado à acetil-CoA para a produção de energia no ciclo de Krebs. A primeira enzima de cada passo é regulada alostericamente, de maneira inversa, por altas concentrações de acetil-CoA. Regulação do destino do piruvato Tabela: Níveis de substratos e hormônios no sangue de indivíduos bem alimentados, em jejum curto e longo Hormônio ou substrato (unidades) Bem alimentado Jejum 3 dias Jejum 5 semanas 12 horas após alimentação
Compartilhar