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Direito Civil - Transcrição (1ºBimestre)

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DIREITO CIVIL II 
 
CIRCULAÇÃO DO CRÉDITO (23/02/2015) 
I – DISPOSIÇÕES GERAIS 
 A circulação do crédito se opera por meio de um negócio jurídico chamado Cessão de 
Crédito. 
 Na cessão de crédito nos temos que aquele que é titular do crédito, proprietário do 
crédito, cede aquele direito para uma terceira pessoa – estranha a relação obrigacional 
original. Essa pessoa, que é dona do crédito, passa a ser chamada de cedente quando cede e 
àquele que recebe o crédito e tem o direito de demandar, cobrar o devedor, passa a ser 
chamado de cessionário. 
 
 A Cessão pode acontecer de forma Onerosa ou Gratuita: 
 
 Na forma Onerosa, ela se aproxima muita de uma “compra e venda” embora a 
terminologia utilizada seja Cessão. Na forma Gratuita, ela se aproxima muito da “doação” pois 
aquele que cede não recebe nada em troca, ele apenas confere um bem seu – que é um 
crédito – a um terceiro sem que haja qualquer contrapartida, por isso equivale, ou se 
aproxima, de uma doação. 
 O Cedente responde pela existência do crédito. Em outras palavras, se aquilo que ele 
está cedendo não existe e “amanhã” vem à tona este fato, ele será responsável sempre que a 
cessão for Onerosa. Porque na cessão Onerosa o Cessionário comprou o crédito, de modo que 
se ele comprou alguma coisa ele comprou “alguma coisa” e não algo que pode ser constatado 
no futuro por ser inexistente. *Isso não significa que o cedente seja responsável pela solvência 
do devedor – que também é chamado de cedido. Então a responsabilidade do Cedente é pela 
existência do crédito nas cessões onerosas. 
 Se a mesma situação ocorrer na Cessão Gratuita, o cedente não se responsabiliza até 
porque o seu gesto é para beneficiar aquele que recebe a doação. Contudo, poderá responder 
caso tenha feito essa doação de má fé, para gerar prejuízo. 
 
CESSÃO DE DÉBITO – Assunção de Débito/Dívida 
 É uma figura muito parecida com a Cessão de Crédito. Nesta situação, o que se cede 
não é a posição de Credor, daquele que tem direito à alguma coisa, mas ao contrário, o que se 
cede é a posição do Devedor. 
 Aquele que não é devedor original assume a dívida de alguém e passa, este assuntor, a 
responder perante o credor. O assuntor torna-se o novo devedor daquela relação obrigacional 
originária. 
 
Artigos: 299 à 303 
Casos: 
-Insolvência do Assuntor: O credor poderá exigir o cumprimento da dívida do primitivo 
devedor, não o exonerando, se, e somente se, o novo devedor já era insolvente no momento 
da assunção da dívida e se o credor desse fato (situação de insolvência do novo devedor) dele 
não teve conhecimento. 
 
Modalidades: 
 
1) Assunção Cumulativa: Dá-se a ocasião para que o antigo devedor (devedor primitivo) se 
junte outro sujeito que com ele passa a responder pela satisfação do credor. Como o 
consentimento do credor é necessário para a liberação do primitivo devedor, ainda que 
relativamente à parte da dívida, é nesse caso que se pode imaginar a hipótese de conviverem, 
no mesmo polo passivo, da mesma dívida, dois devedores, após ter havido parcial transmissão 
de obrigação a outrem. 
 
2) Assunção Liberatória: No momento em que o assuntor se vincula perante o credor, o 
devedor primeiro (primitivo) fica exonerado da obrigação primitivamente contraída e esse 
(assuntor) passa a ter para com o credor o mesmo vínculo obrigacional outrora mantido com o 
sujeito passivo da obrigação, desde então excluído do vínculo obrigacional. 
Comentários do professor aos artigos: 
 
299 caput – Primeiro aspecto: Ninguém assume a dívida de outra pessoa se não quiser. É 
facultado a um terceiro assumir a dívida. No entanto, só poderá aceitar caso o credor o aceite 
como novo devedor. O credor tem um interesse legítimo de proteger seu crédito! 
Se ficar demonstrado que foi uma cilada para o credor, ou seja, que aquele que assumiu a 
dívida for insolvente o credor não será prejudicado caso não tenha conhecimento da situação 
desfavorável do terceiro. 
O silencia é equiparado a recusa! O consentimento deve ser expresso 
 
303 – A dívida fica na matricula do imóvel (sem placas reais de que o imóvel está hipotecado). 
O proprietário pode vender este imóvel. Aqui sim: “O silêncio servirá como uma anuência”. 
O credor pode impugnar a assunção da dívida. 
 
Assunção por Expromissão: Assunção feita entre o credor e o terceiro 
(assuntor/expromitente), ou seja, o devedor primitivo não participa dessa situação. O devedor 
primitivo não foi onerado em nada até porque tem alguém que irá pagar sua dívida. Neste 
caso, não é necessária, obviamente, a anuência do credor até porque ele participa (é parte) do 
negócio. 
 
Assunção por Delegação: É a relação convencional onde o devedor cede o seu débito para 
terceiro. Neste caso, é necessária a anuência do credor. 
 
Consequência disso tudo: O principal efeito da assunção de dívida é a SUBSTITUIÇÃO DO 
DEVEDOR. 
 
 
302 - O novo devedor pode opor as suas próprias exceções pessoais mas não a do devedor 
primitivo. 
 
 
 
CESSÃO DO CONTRATO 
 
 Sempre será necessária a anuência da outra parte. 
 
 
ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES (09/03/2015) 
Arts. 304 e seguintes 
 
 Sempre que pressupomos a existência de uma relação de natureza obrigacional, temos 
que ter em mente que as obrigações são relações jurídicas transitórias. Ninguém fica 
eternamente obrigado a uma determinada pessoa. A obrigação, diferentemente de alguns 
direitos reais, não tem uma característica de perpetuidade. 
 No âmbito de uma sociedade saudável, a obrigação se extingue diante do pagamento. 
A obrigação “morre” com o pagamento da dívida. 
 Outras formas de extinção da obrigação: Perecimento do objeto sem culpa do devedor 
(Ex. Raio cai na cabeça do cavalo que era devido). Essa forma é não convencional, anormal. A 
forma normal é o pagamento, adimplemento. 
 
Característica: 
 - A obrigação, assim como a vida, tem a característica de ciclo vital: “Nasce, vive e morre”. O 
direito obrigacional também tem esse papel estrutural: A obrigação surge até mesmo de um 
ato ilícito; não querida pelo devedor. Ninguém é obrigado a contratar, no entanto, uma vez 
que contrata – desejo das partes - sujeita-se a cumprir o contrato. 
Conceito de pagamento: 
- A Obrigação pode ser de dar, fazer ou não fazer. Diante da situação de pagamento, nós 
temos o adimplemento da obrigação, ou seja, o cumprimento da obrigação em qualquer das 
suas modalidades. 
 
Pagamento por erro: 
- Adriano paga por erro a alguém achando ser devedor desta pessoa. Por isso tem o direito de 
pedir de volta aquilo que pagou. Ação de Repetição de indébito (Pedir de Volta aquilo que era 
Indevido). 
 
Princípios: 
 
1)Princípio da Boa-Fé: As partes devem se comportar de forma correta, ética, com 
comedimento, com correção, com justeza, com probidade. Isso não acontece só no momento 
do ajuste contratual, isso deve acontecer em todos os momentos. (Ex. Usar carros em estradas 
esburacas pouco antes de vendê-lo). Este princípio deve reger o pagamento. 
 
Artigo 422 comentado – O sistema jurídico de direito privado impõe às partes que resguardem, 
tanto na conclusão quanto na execução do contrato, os princípios da probidade e da boa-fé. 
 
2) Princípio da Pontualidade: Segundo esse princípio, o devedor deve cumprir a obrigação no 
prazo ajustado e da forma combinada. Sendo que o pagamento deve ser feito de forma 
integral (o credor não é obrigado a receber por partes, exceto se tiver contratado). 
 
Pagamento de Forma Direita x Pagamento de Forma Indireta 
Art. 313 – Credor de coisa certa não pode ser repelida a receber outra em seu lugar. No 
entanto, se o credorconcordar em receber isso poderá ser feito (ele possui liberdade sobre 
seu patrimônio). 
 
Ex: Adriano deve um Ipad, mas entrega outra coisa em seu lugar ao Bruno. O cumprimento da 
obrigação ocorre de forma diversa da combinada, contudo, Adriano cumpre sua obrigação 
tendo em vista que Bruno tenha concordado com isso. PAGAMENTO INDIRETO 
 
Pagamento De Forma Espontânea x De Forma Forçada 
 Se o credor não recebe espontaneamente aquilo que lhe é de direito, o credor poderá se 
socorrer dos instrumentos (meios jurídicos) para impelir o devedor a cumprir a obrigação. 
 
 
Natureza Jurídica do Pagamento 
Questiona-se se o Pagamento teria uma natureza de fato, ato ou de negócio jurídico 
(manifestação de vontade). Os doutrinadores não possuem uma posição pacifica sobre isso, 
pois para cada situação a natureza é alterada. 
 
REQUISITOS para o pagamento extinguir a obrigação: 
1) É que haja a existência de um Vínculo Obrigacional 
2) Deve haver a Intenção de Solver a Dívida, de quitar a dívida: “Animus Solvendi” 
3) Cumprimento da Prestação: é amplo! 
 
DE QUEM DEVE PAGAR 
 O devedor deve pagar a obrigação > situação normal. Contudo, prescreve o artigo 304: 
caput “Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se 
opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor”. 
§único “Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conto do 
devedor, salvo oposição deste”. (no campo prático, essa parte final perde um pouco o sentido 
“salvo oposição deste – referente ao devedor original – até porque o credor quer receber 
independente de qual mão venha o pagamento). 
 
O interesse que se considera nesta situação é o interesse jurídico! O terceiro interessado é 
aquele que pode ser juridicamente prejudicado pelo inadimplemento do devedor (Ex: fiador; 
garantidores; co-devedor solidário). Significa, sofrer algum tipo de risco ou abalo na sua 
posição jurídica. O pai, a mãe, o irmão e a namorada podem, tecnicamente, até ter interessa 
na extinção da dívida do filho, do namorado etc, mas esse interesse é um interesse afetivo e 
não jurídico. Já que não ocorrerá um prejuízo no patrimônio pessoal dessas pessoas. 
 
Ex: O garantidor – exemplo clássico. 
 
Locação e sublocação – Exemplo ilustrativo. 
 
Locado e locatário – o locatário paga aluguel. Existe uma sublocação e um sublocatário. 
Se o locatário não paga aluguel para o locador, o locador pode despejar o locatário. E se isso 
acontecer, como em um efeito “cascata” o sublocatário também será prejudicado. Então, 
neste caso, o sublocatário – que deve aluguel somente para o locatário (funciona como uma 
espécie de Sublocador). Aqui o sublocatário é um Terceiro Interessado pois a consequência 
dessa situação jurídica pode levar ele a desocupar o imóvel. Se existir um fiador, ele também 
será um terceiro interessado. 
 
Se o devedor paga a dívida > extingue-se a obrigação. E se um terceiro interessado pagar a 
dívida, a consequência é a mesma? 
R. O terceiro interessado que paga se sub-roga nos direitos do credor. O terceiro passa a 
ocupar a posição do credor originário. Passando a ter o direito de ser reembolsado daquilo que 
ele pagou. 
 
Artigo 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: 
I- do credor que paga a dívida do devedor comum; 
II- do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro 
que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; 
III- do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo 
ou em parte. 
 
 Sub-rogar-se não é a mesma coisa que ter direito ao reembolso. Sub-rogar-se é mais 
que isso, aquele que se sub-roga passa a ocupar a posição do credor originário. 
 
 
O TERCEIRO NÃO INTERESSADO 
 É aquele que pretende por alguma razão, por algum interesse que NÃO jurídico, pagar 
a dívida (Ex: namorado, amigo). É um interesse moral, de manter a amizade. 
 Este terceiro NÃO interessado tem sua situação disciplinada no § único do artigo 304: 
“Igual direito cabe ao TERCEIRO NÃO INTERESSADO, se o fizer em nome e à conta do devedor, 
salvo oposição deste”. (Ex: O pai do Prof. Adriano paga ao Amadeo. Se o Amadeo recusar o 
pagamento, o pai do Prof. Adriano poderá fazer o pagamento em consignação). 
 
 
Consequências do adimplemento da obrigação: 
1) Se o devedor paga > extingue-se a obrigação; 
2) Se o TERCEIRO INTERESSADO paga > extingue-se a dívida e ele passa ocupar a posição (se 
sub-roga) do credor originário; 
3) Se o TERCEIRO NÃO INTERESSADO paga em NOME DO OUTRO > Então se o pai do Prof. 
Adriano paga uma dívida do Adriano com o Amadeo ele pode chegar e fazer esse pagamento, 
inclusive por meio de consignação se o Amadeo se recusar, EM NOME DO prof. Adriano. E se 
ele está fazendo o pagamento em nome do prof. Adriano: A conduta do seu pai está sendo a 
de agradar ao filho; 
4) O TERCEIRO NÃO INTERESSADO que paga a dívida em seu PRÓPRIO NOME > tem direito a 
reembolsar-se do que pagar, mas não se sub-roga nos direitos do Credor. 
 
Explanação do professor: 
Artigo 305 “Quando estamos falando do Terceiro NÃO Interessado existem duas situações: A) 
ou o Terceiro não interessado paga em nome do outro (Pai do Adriano paga no nome do filho) 
B) ou o Terceiro não interessado paga em seu próprio nome (Pai de Ariano paga em nome de 
seu próprio nome) uma dívida que pertence ao seu filho. 
 
A) Se ele paga em nome do filho; ele tem direito, inclusive de consignar, de valer-se dos meios 
exoneratórios. 
 
B) Se ele paga em seu próprio nome; ele extingue uma obrigação do filho, mas conserva o 
direito de ser reembolsado daquilo que ele pagou mesmo sendo um NÃO Interessado, ou seja, 
se Adriano devia 50 mil reais pro Amadeo e o pai do Adriano foi até lá e pagou no próprio 
nome (B) ao Amadeo os 50 mil reais; amanhã o pai do Adriano terá o direito de ser 
reembolsado, podendo ajuizar uma ação contra o filho para pleitear os 50 mil reais. Isso 
porque ele pagou em seu próprio nome uma dívida que era do seu filho. Ele só tem o direito 
de REEMBOLSO e não se sub-roga. 
 
Diferença prática: Na sub-rogação aquele que se sub-roga é o Terceiro Interessado, passando a 
ocupar a posição do credor original. O Terceiro NÃO interessado nunca se sub-roga, o que o 
terceiro não interessado por ter direito é a um reembolso quando paga a dívida em seu 
próprio nome. 
 
Art.306 “O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não 
obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação”. Se o pai do 
prof. Adriano paga o Amadeo em seu próprio nome contra a vontade do seu filho, ele perderá o 
direito ao reembolso”. 
 
Art. 307 “Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito 
por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu” Óbvio. Se eu tenho que entregar uma 
casa eu só poderei entregar ela ao credor se eu puder aliena-la, se eu não for o dono da casa 
isso não terá efeito. 
 
§único: Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de 
boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la”. Ex: 
Adriano deve sacas de laranja ao Bruno – laranja é fungível/ consumível. Adriano ingressou na 
fazenda do Amadeo e rouba as laranjas e pagou a dívida para com o Bruno utilizando-se de 
laranjas que não pertenciam ao Adriano. 
 
Bruno, não sabendo da origem ilícita da laranja, as recebem de boa-fé. Neste caso, porque o 
bem é fungível e consumível – e o Bruno até já vendeu as laranjas (já passou para frente). 
Amanhã, o Amadeo que era o verdadeiro dono da laranja nãovai poder reclamar do Bruno por 
elas, pois o Bruno era um credor de boa-fé (recebeu bem apesar de ter recebido algo ilícito). O 
que resta para Amadeo? R. Instruir uma ação contra o Adriano. 
 
DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR 
 A complexidade aqui é menor. O art. 308 prescreve que “O pagamento deverá ser feito 
ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado 
(confirmado), ou tanto quanto reverter em seu proveito”. 
 
“Quem deve a Pedro e paga a Gaspar que torne a pagar” – quem paga errado paga 2 vezes! 
 
Art.309 prescreve que: “O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo (credor aparente) é 
válido, ainda provado depois que não era credor”. AS vezes, um devedor paga a uma pessoa 
que ostentava a uma condição de credora mas que na verdade não era a credora. Ex: Fulano 
morreu, Eu devia para o Fulano. E terei que pagar agora para seus sucessores. Aparece um 
sujeito que se identifica como sendo filho do Fulano (único filho) e, portanto, credor. Eu faço o 
pagamento de boa –fé. No entanto, descobre-se depois que ele não era filho de Fulano; “era 
um filho de criação, mas nunca deve sua situação regularizada etc”. Ou seja, este pagamento é 
válido pois foi feito de boa-fé ao credor putativo (ele ostentava a condição aparente de 
credor). E qual a consequência para o verdadeiro credor? R. Ele terá que ir atrás daquele que 
fez papel de credor (credor putativo). 
 
 
DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO (16/03/2015) 
Arts. 334 e seguintes 
 
 
 É um instituto do Direito Material e Processual. Ele funciona no interesse do devedor. 
 Consignação: Depósito da coisa devida pelo devedor - ou por terceiro - com o objetivo 
de ver sua obrigação extinta. Em suma, a consignação libera o devedor do vínculo obrigacional. 
Este instituto pode se dar na esfera judicial ou na esfera extrajudicial. 
 
EX1: Se um credor que tem direito de receber uma prestação se recusa a recebê-la. O devedor 
discorda e quer pagar mesmo com a recusa do credor que diz que não quer aceitar o objeto 
dado como pagamento já que ele é diferente do pactuado. O devedor discorda e diz que o 
objeto é o mesmo. Se o devedor estiver coberto pela razão, a recusa da parte do credor é 
ilegítima. Como o devedor faz para paga-lo? Qual instrumento jurídico ele deve utilizar? R. O 
devedor pode se valer do Instituto da Consignação em pagamento. Na esfera judicial, o que o 
devedor quer obter do juiz uma sentença que afirme que ele possui razão e sua dívida perante 
o credor está quitada. 
 
Objeto da Consignação: 
Art.334 “Considera-se pagamento, e extingue-se a obrigação, o depósito judicial ou em 
estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e formas legais”. Este artigo equipara o 
depósito judicial da coisa (bem corpóreo: dinheiro, bens móveis e imóveis) devida ao 
pagamento. 
Ex. Locador não quer aceitar o imóvel. Após examinar o imóvel constatou que o locatário não 
fez a pintura da casa, não cumprindo o contrato. Contudo, o locatário tem o direito de 
entregar o imóvel. O locatário ingressa com uma ação de pagamento em consignação para 
depositar as chaves em juízo. Quanto aos argumentos levantados pelo locador sobre a 
situação do imóvel o locatário diz que ele deverá fazer tais acusações em uma ação própria. 
 
Em relação as obrigações de dar, o artigo 341 prescreve: “Se a coisa devida for imóvel ou corpo 
certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para 
vir ou mandar recebe-la, sob pena de ser depositada”. 
 
A consignação, na maioria das vezes, situa-se nas obrigações de “dar, entregar, restituir”. 
 
E se a coisa devida for dinheiro? O devedor mandar o credor buscar? Ou o devedor tem que 
depositar no domínio do credor? R. Depende do tipo de obrigação. 
 
Por exemplo, se a obrigação é: 
 
 “Querable”: quesível 
 ou 
“Portable”: portável 
 
Dívida no Direito Brasileiro é feito no domicilio do devedor. Nada impede que seja contratada 
de forma diferente (como prescreve o artigo 327) “Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do 
devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da 
natureza da obrigação ou das circunstâncias”. Norma supletiva, dispositiva e não cogente! 
 
 
Fatos Autorizadores da Consignação: ART 335 – A Consignação tem lugar 
 O professor não enxerga este artigo como taxativo. Para ele o art. É um mero 
dispositivo exemplificativo... 
 
 Existem dois fundamentos para a consignação: 
 
A) A mora do credor: A mora se aplica ao credor (quando se recusar de forma ilegítima o 
pagamento que o devedor quer fazer) e ao devedor. Se o credor recusa e essa recusa é 
injustificada, este credor está em mora. 
 
B) São as Circunstâncias inerentes a pessoa do credor que impedem o devedor de fazer um 
pagamento com segurança: Inciso III (Credor incapaz de receber; exemplo: aquele que foi 
diagnosticado com Alzheimer) 
 
Art. 336 – Requisitos de Validade. “Para que a consignação tenha força de pagamento, será 
mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os 
quais não é válido o pagamento”. 
 É um artigo genérico. Ele remete a todas as situações estudadas quanto à validade. 
Objeto – Relacionado aos requisitos de validades: O objeto tem que ser a integralidade 
daquilo que lhe é devido. 
 
Art. 337 – “O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, 
para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente”. 
 
Consequências – Efeitos Jurídicos 
A) Quando estamos diante de uma situação em que há recusa do credor, o que se busca com a 
consignação é o efeito liberatório. A consignação pode ter um desfecho favorável ou 
desfavorável ao devedor. Se o devedor não tinha razão o desfecho será, obviamente, 
desfavorável! Então todas as consequências da mora serão carreadas a ele. 
 
LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO 
 Normalmente o levantamento por parte do devedor só acontece quando seu pedido é 
julgado improcedente. E quando o devedor perde a ação consignatória é porque a dívida não 
está extinta. 
 Já quando o levantamento se dá por parte do credor: Acontece da seguinte forma, o 
credor pode simplesmente aceitar ou ainda quando o pedido é julgado procedente e o credor 
TEM que receber, obviamente, aquilo que foi depositado. 
 
 Aceitação parcial: “Determina que o credor levante aquilo que e incontroverso e continua 
depositado aquilo que ainda é objeto da controvérsia” 
 
Artigo 340 – “O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no 
levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa 
consignada, ficando para logo desobrigados os codevedores e fiadores que não tenham 
anuído” - Uma vez que o credor contesta é porque ele entendia que não tinha cabimento a 
consignação e, por outro lado, se ele aceita é porque ele está liberando, voluntariamente, o 
devedor da obrigação. 
 
Se o devedor foi lá e consignou isso é bom para o credor como também para os fiadores e 
codevedores. Pois se o credor aceitar, todos serão liberados. 
 
Estes institutos devem ser estudados em conjuntos com o código de processo civil. 
 
 
 
PAGAMENTO SUB-ROGAÇÃO (23/03/2015) 
Arts. 346 a 351 
 
Conceito: Sub-rogação é a mesma coisa que substituição.

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