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Educação Profissional e Educação em Ambientes Não Escolares Tema 3: Educação Não Formal – Pesquisa, Emancipação Sociopolítica e o Educador Social Introdução • O campo da educação não formal deve articular a prática com o conhecimento teórico, consultando e produzindo pesquisas científicas nessa área. Introdução • Nesta aula, você aprenderá sobre: Pesquisas na área da educação não formal. O papel da educação não formal na emancipação sociopolítica de minorias sociais. O trabalho do educador social na educação não formal. Produções Científicas na Área da Educação Não Formal • Escassez em fundamentação teórica. • Predomínio de levantamento de dados para projetos e relatórios, feitos por ONGs, para acesso a fundos públicos propiciados pela parceria governo-sociedade civil. • Poucas pesquisas com análise crítica reflexiva. • Programas apoiados por empresas (Responsabilidade Social) (GOHN, 2010, p. 48). Produções Científicas na Área da Educação Não Formal • Crescimento e diversidade de abordagens para popularização do conhecimento (criação de novos museus e centro de ciências). • São encontradas muitas pesquisas sobre representações de sujeitos insiders de grupos invisibilizados (vozes que sempre foram silenciadas). Produções Científicas na Área da Educação Não Formal • Gohn (2010, p. 50) faz uma crítica às pesquisas sobre representações que não resultam em uma interpretação crítico- analítica, dizendo que “[…] o senso comum das representações transforma-se no resultado da pesquisa.” Emancipação Sociopolítica dos Excluídos via Educação Não Formal “Emancipação social como um processo de superação de uma ordem social, de um sistema consolidado. Seria sair do estado de tutela, libertar-se. […] Ninguém alcança este objetivo na individualidade, pois é um processo coletivo e, portanto, social e difícil de ser alcançado” (GOMES, 2013, p. 34). Emancipação como processo individual Emancipação como processo social Emancipação Sociopolítica dos Excluídos via Educação Não Formal • Ultrapassa o âmbito social e/ou as medidas assistencialistas. Emancipação Campo Social Campo Cultural Campo sociopolítico Campo Econômico Emancipação Envolve o Quê? Repensar o contexto no qual o sujeito está inserido (sua cultura e seus valores impostos pela sociedade economicamente dominante). Repensar as intituições que sustentam o sistema, buscando torná-lo menos opressor. Superar a alienação de conceitos de individualidade e romper com o modelo hegemônico. Processos de formação permanente. Emancipação como Instrumento de Resistência (GOHN, 2010, p. 58) “A educação [...], pelo seu papel formador, é o campo prioritário para o desenvolvimento de valores. E um dos valores importantes que a emancipação necessita é o da resistência, visto como capacidade de força de resistir e enfrentar adversidades, mas também como capacidade de recriar, refazer, retraduzir, ressignificar as condições concretas de vivência cotidiana a partir de outras bases, buscando saídas e perspectivas novas”. Emancipação Gera Autonomia e Permite aos Sujeitos (GOHN, 2010): Participar politicamente na globalização. Processar e selecionar informações. Obter domínio do conhecimento. Tomar decisões. Posicionar-se diante das incertezas globais. Tema 3: Educação Não Formal – Pesquisa, Emancipação Sociopolítica e o Educador Social Parte 2 O Educador Social: Algumas questões (GOHN, 2010) Quem é o profissional que atua no campo da educação não formal? O que é ser um educador que atua na educação não formal? Como pensar a formação de educadores, incluindo valores das comunidades onde atuam, como compromisso social básico? Quem é o Educador Social? Trabalha nas comunidades organizadas. Seu trabalho envolve ensinar e aprender. Utiliza diálogo como canal de comunicação. Ajuda a construir espaços de cidadania onde atua. Espaços de Cidadania Alternativa aos meios tradicionais de comunicação (manipulados como a TV e o rádio). Novas figuras podem emergir, como os tradutores sociais e culturais. Tradutores Sociais e Culturais “[…] educadores que se dedicam a buscar mecanismos de diálogo entre setores sociais usualmente isolados, invisíveis, incomunicáveis, ou simplesmente excluídos de uma vida cidadã, excluídos da vivência com dignidade”. (GOHN, 2010, p. 52-53). O Trabalho do Educador Social (cf. Paulo Freire, 1983) 1 • Elaboração do diagnóstico do problema e suas necessidades. 2 • Elaboração preliminar da proposta de trabalho. 3 • Desenvolvimento e complementação do processo de participação do grupo/comunidade na implementação da proposta. O Trabalho do Educador Social (cf. Graciani, 2010) 1) Diagnosticar a situação local e (inter)nacional. 2) Caracterizar problemas e necessidades. 3) Identificar condições básicas para ação (custos, recursos, infraestrutura). 4) Estabelecer prioridades. 5) Executar ação educativa. 6) Controlar resultados e impactos da ação. 7) Potencializar suas ações educativas. Condições do Perfil do Educador Social (cf. Graciani, 2010) 1. Possuir visão crítica e consciente das causas geradoras do processo de exclusão (pobreza, marginalização etc.). 2. Propiciar a participação de todos os envolvidos, rompendo com modelo hierárquico entre educador e educando. 3. Ação entre poder governamental e ONGs; apoio das forças comunitárias populares. 4. Valorizar e democratizar o saber popular. Condições do Perfil do Educador Social (cf. Graciani, 2010) 5. Acreditar que a construção do conhecimento gestado atinge a sociedade. 6. Manter um processo de formação contínua de ação/reflexão/ação crítica. Tema 3: Educação Não Formal – Pesquisa, Emancipação Sociopolítica e o Educador Social Agora é sua vez Sobre o Campo de Produção Científica na Área de Educação Não Formal, É Correto Dizer: a) É um campo de pesquisa científica com vasta fundamentação, que explica a realidade social da educação não formal. b) Por ser uma área que está atuando em sólida fundamentação, a pesquisa científica é apresentada de forma abundante. c) Predominam levantamentos sistemáticos de dados para subsidiar projetos e relatórios, feitos por ONGs, visando ao acesso aos fundos públicos que as políticas de parcerias governo-sociedade civil propiciam. d) A reflexão sobre esta realidade, de um ponto de vista crítico, reflexivo, já está consolidada. a) A emancipação não deve promover possibilidades de escolhas para alguns indivíduos no âmbito social, ou permitir a outros o acesso a medidas assistencialistas. ( ) b) Pensar em emancipação é repensar todo o contexto em que os indivíduos se inserem, sua cultura, seja ela fruto natural de suas necessidades e costumes, ou valores impostos pela sociedade economicamente dominante. ( ) c) A emancipação compreende o campo social, cultural, sociopolítico e econômico. ( ) d) Um dos valores importantes na emancipação é o de resistência para enfrentar adversidades. ( ) e) A emancipação incentiva o conceito de individualidade e apregoa o modelo hegemônico.( ) Marque Verdadeiro (V) ou Falso (F): Reflita sobre Grupos que Precisam se Libertar da Sociedade Opressora - Pessoas com surdez que lutam por escolas bilíngues em língua de sinais (LIBRAS) e Língua Portuguesa (o papel de associações). - Ilha das Flores (Porto Alegre/RS): resolução de problemas do cotidiano da comunidade local. a) O educador deve ser agente de transformação social por si só e não depende do trabalho coletivo. ( ) b) O educador social deve valorizar e democratizar a cultura e socializar o saber popular. ( ) c) Um grande número de pesquisas na área da educação não formal tem se empenhado em ouvir as vozes, por muitotempo silenciadas, de grupos minoritários. ( ) d) O educador social desenvolve seu trabalho somente em ambientes de educação formal. ( ) e) O educador social utiliza o diálogo como canal de comunicação. ( ) Marque Verdadeiro (V) ou Falso (F): Quais as Fases do Trabalho do Educador Social, segundo P. Freire? 1. Diagnóstico. 2. Proposta. 3. Implementação da proposta. Paulo Freire Tema 3: Educação Não Formal – Pesquisa, Emancipação Sociopolítica e o Educador Social Finalizando Nesta Aula Você Aprendeu Sobre… Pesquisas na área da educação não formal. Pouca discussão teórica reflexiva. Análise de representações restritas ao senso comum. Predominam dados de relatórios e projetos de ONGs. Aprendeu Também Sobre… A importância da educação não formal para promover a emancipação sociopolítica de grupos oriundos de minorias sociais. Processo social. Gera autonomia. Processo de superação. Ruptura com modelo hegemônico. Instrumento de resistência. Conheceu o Trabalho do Educador Social Com Base: No diálogo. No ensinar e no aprender. Na criação de espaços de cidadania. No diagnóstico de problemas e necessidades. Na proposta de projetos socioeducativos, etc. Concluindo • Apesar dos poucos estudos teóricos sobre educação não formal, é possível perceber a relevância do seu papel na sociedade atual, especialmente no que tange à emancipação de grupos minoritários com relação à sociedade dominante. Nesse processo de emancipação sociopolítica, a figura do educador social é fulcral. E isso justifica a formação diferenciada exigida para tal profissional. Para Gohn (2010, p. 58): “A educação para a emancipação deve ser vista não apenas como uma meta futura, um desenho, mas também como uma prática social que deve ser iniciada hoje, aqui e agora. A educação (formal, não formal e informal), pelo seu papel formador, é o campo prioritário para o desenvolvimento de valores. E um dos valores importantes de que a emancipação necessita é o da resistência, visto como capacidade de força de resistir e enfrentar adversidades, mas também como capacidade de recriar, refazer, retraduzir, ressignificar as condições concretas de vivência cotidiana a partir de outras bases, buscando saídas e perspectivas novas.”