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Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

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Resumo: Este trabalho possui como objeto de estudo os métodos alternativos de resolução de conflitos, dando ênfase à mediação, à conciliação e à arbitragem, salientando que existem outros métodos de resolução de conflitos, muitos dos quais pouco conhecidos no Brasil. Nesse estudo, buscou-se também compreender a evolução histórica dos referidos métodos, desde os primórdios da civilização humana até os tempos atuais, sem olvidar que o conflito é inerente ao ser humano e à medida que a sociedade evolui, novas formas de solução de litígios são criadas e as antigas melhoradas. Para realização do presente trabalho, foi utilizada ampla pesquisa doutrinária, inclusive no que se refere ao direito comparado. Por fim, constatou-se que as formas alternativas de resolução de conflitos são uma constante no mundo e, atualmente, estão cada vez mais presentes no Brasil, favorecendo assim a própria prestação jurisdicional, que passa a se ocupar de causas que verdadeiramente não podem ser transacionadas.
INTRODUÇÃO
Dentre os meios extrajudiciais de solução de conflitos (Mesc), os mais conhecidos e usuais são a arbitragem, a conciliação, a negociação e a mediação, cada um oferecendo inúmeras vantagens sobre o método judicial tradicional, funcionando como métodos alternativos ou não convencionais de resolução de conflitos, garantindo maior possibilidade de acesso e promoção de Justiça para os cidadãos.
A arbitragem é geralmente entendida como um instrumento ou meio alternativo para a solução de conflitos relativos aos direitos patrimoniais e disponíveis, o que ocorre através de um árbitro escolhido em comum acordo pelas partes – via de regra um especialista no tema do conflito ou matéria controvertida – o qual facilitará o processo de mediação e conciliação, emitindo ao fim uma sentença arbitral.
O método da arbitragem é, tal como no método judicial tradicional, considerado um instrumento de heterocomposição, uma vez que “aparece a figura de um terceiro, ou colegiado, com a atribuição de decidir o litígio que a ele foi submetido pela vontade das partes”, na qual a vontade do árbitro irá se impor às partes envolvidas na controvérsia.
Já os métodos da negociação, conciliação e mediação são considerados instrumentos de auto composição, uma vez que embora pressuponha a intervenção de um terceiro, imparcial, este apenas comparece para ajudar as partes a encontrar a melhor solução ao conflito, de modo que a solução é encontrada pelas partes.
Na conciliação, diferente da jurisdição estatal e da arbitragem, o método traz a figura do conciliador, que embora sugira uma solução às partes, não pode impor sua sugestão ou vontade, como se lhe permite ao juiz togado e ao árbitro. Naturalmente que o conciliador, em sua tentativa de pacificar o conflito, busca que as partes aceitem suas ponderações e alternativas; cabendo a estas exclusivamente e de modo espontâneo a decisão ou não de aceitação das medidas apontadas.
A mediação, por sua vez, através da figura do mediador – figura neutra e imparcial – apenas auxilia as partes a solucionar entre si o conflito, sem sugerir ou impor uma solução ou mesmo interferir nos termos do acordo.
Ao comentar os métodos extrajudiciais de auto composição, CAHALI (Idem, 38) explica:[1: CAHALI, Franscisco José. Curso de Arbitragem. 2ª ed. São Paulo: RT, 2012.]
A solução da divergência é buscada pelos próprios envolvidos, de forma consensual, não imposta. Caminha-se pela trilha da auto composição, no espaço da liberdade de escolha e decisão quanto á solução a ser dada ao conflito. O terceiro, quando aqui comparece, funciona como um intermediário ou facilitador da aproximação e comunicação entre as partes, instigando a reflexão de cada qual sobre o conflito, sua origem e repercussões, para que estas, voluntariamente, cheguem a um consenso ou reequilíbrio da relação.
1.1 OBJETIVO
O objetivo do presente artigo é introduzir os métodos da arbitragem, conciliação e mediação como meios extrajudiciais eficazes e eficientes de solução de conflitos, expor suas características principais e vantagens em relação aos meios judicializados tradicionais, buscando referenciá-los no contexto de sua inclusão no âmbito de uma política nacional mais ampla que vise não só a prevenção, mas a promoção de soluções e tratamento adequado dos conflitos, utilizando-se de métodos consensuais.
DESENVOLVIMENTO 
Ainda que a Constituição Federal, conforme artigo 5º, inciso LXXVIII, assegure a todos uma razoável duração para o processo judicial, este ideal é ainda uma visão distante da realidade brasileira, em especial num tempo marcado por uma cultura exacerbada de litigância, onde o elevado número de processos judiciais, aliado à morosidade do Sistema, tem abarrotado os tribunais. 
De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ano de 2012 encerrou-se com um acumulo de 92,2 milhões de processos em tramitação; ou seja, praticamente um processo judicial para cada dois brasileiros; número esse que tem aumentado ano após ano, sobrecarregando de modo embaraçoso tanto juízes, desembargadores, quanto ministro da Suprema Corte, num reflexo gritante da vigente cultura de conflito e litigância. Estima-se que diariamente chegam à Corte Suprema uma média de 1.200 processos. O relatório “Justiça em Números 2013” apontou que apenas 30% dos processos em trâmite foram solucionados no ano de 2012, o que significa que há um congestionamento de 70% do sistema.[2: CNJ. Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010 - Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses. Encontrado em: http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-presidencia/323-resolucoes/12243-resolucao-no-125.... Acesso em: 17.10.2013.]
Portanto, o estimulo ao uso de medidas alternativas de solução de conflitos, seja via arbitragem, conciliação ou mediação torna-se urgente, o que deveria ocorrer concomitante com o desenvolvimento de uma cultura de paz, que deve fincar suas raízes desde a mais tenra idade, com reflexos transformadores, inclusive, nos currículos dos cursos de direito, onde atualmente viceja e se promove a litigância e beligerância, em vez da conciliação, mediação e arbitragem.
2.1 A arbitragem
A arbitragem como meio privado e alternativo de solução judicial de conflitos, aplica-se a casos decorrentes de direitos patrimoniais e disponíveis, tornando obrigatória ou coercitiva sua decisão, conforme prevê a Lei 9.307/1996. Assim, segundo a Lei da Arbitragem (BRASIL, 1996), nem todo conflito ou litígio pode ser resolvido pelo método da arbitragem, mas apenas os direitos patrimoniais (que podem ser avaliados monetariamente) e os direitos disponíveis, isto é, aqueles dos quais as partes podem dispor livremente e que podem ser objeto de transação, renúncia ou cessão. Matérias envolvendo direitos indisponíveis, tal como questões de direito penal, direito tributário e pessoal de família, não são tratados no âmbito da arbitragem. [3: BRASIL. Lei da arbitragem. Lei nº 9.307, de 23.09.1996. Encontrado em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm. Acesso: 27.10.2013.]
As vantagens do processo de arbitragem são muitíssimas maiores que num processo judicial, ao permitir se alcançar uma decisão com maior velocidade, gerando o mesmo efeito da sentença judicial. SCAVONE JR, apud Joyce Markovits e Silvia Rawet (2010, 17) , destaca que: “Enquanto na Justiça uma sentença definitiva pode demorar mais de dez anos para ser proferida, causando com isso vultosos prejuízos para as empresas, na arbitragem um litígio costuma ser decidido, em média, em até seis meses”. Outra vantagem são os procedimentos mais simples e flexíveis e adaptados à cada caso, enquanto os tribunais são obrigados a seguir a intrincada e rigorosa sistemática de prazos e ritos do Código de Processo Civil. Outra vantagem adicional está no fato de que na arbitragem, os árbitros indicados pelas partes, o que gera maior autonomia da vontade das partes. Os árbitros “não precisam ter formação jurídica, sendo, na maioria das vezes, escolhidos emrazão de sua experiência profissional, de sua reputação no mercado e da confiança de que gozam entre os litigantes”[4: SCAVONE JÚNIOR. Manual de arbitragem. 3ª ed., São Paulo: RT, 2010.]
Uma vantagem adicional é acrescentada por MUNIZ (2004), ao falar da informalidade, já que “o procedimento arbitral não é formal como o judicial e pode ser, nos limites da Lei 9.307/1996, estabelecido pelas partes no que se refere à escolha dos árbitros e do direito material e processual que serão utilizados no conflito. ”[5: MUNIZ, Joaquim de Paiva. A arbitragem ao alcance de todos – Cartilha de arbitragem. Rio de Janeiro, OAB-RJ, 2004.]
Destaque ainda para o aspecto da confidencialidade: o procedimento arbitral é, em geral, sigiloso, ao contrário do processo judicial, que costuma ser público. Assim, na arbitragem as partes têm a opção de evitar a publicidade negativa que geralmente advém de disputas ou litígios. SCAVONE JR. (Idem, 18) nos faz recordar que a arbitragem é sigilosa em razão do dever de descrição do árbitro, conforme § 6º do art. 13 da Lei. 9.307;1996, enquanto nos processos judiciais, via de regra, os processos são públicos.
Às partes é permitida a livre escolha da lei ou costumes aplicáveis à controvérsia, se a nacional ou estrangeira, desde que esta última não afronte os bons costumes ou à ordem pública nacional, conforme a “Convenção Internacional de Nova Iorque sobre o Reconhecimento e a Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras” (Convenção de Nova Iorque sobre Arbitragem – Lei 4.311/02), ratificada pelo Brasil em 2002.[6: BRASIL. Convenção de NovaIorque sobre Arbitragem.Decreto nº 4.311, 23.07.2002. Encontrado em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4311.htm. Acesso em 27.10.2013.]
Nas relações de consumo, ainda que pese a existência do Código de Defesa do Consumidor, “nada obsta que o consumidor, depois do conflito instaurado, com o Judiciário à sua disposição, resolva firmar um compromisso arbitral manifestando livremente sua vontade e, nessa medida, resolva submeter esse conflito a um árbitro.” O referido autor manifesta-se ainda favorável à arbitragem em contratos de adesão e mesmo no âmbito do direito trabalhista, nos casos de conflito individual – para os quais há manifesta ‘irrenunciabilidade ou indisponibilidade’, segundo a Consolidação das Leis do Trabalho. O autor se filia à corrente, segundo a qual, finda a relação jurídica trabalhista, “os direitos seriam patrimoniais e disponíveis” e, portanto, “de natureza indenizatória. ”. Há que se destacar ainda a arbitragem no campo do chamado direito eletrônico, pois, como ressaltado por BLUM In: Revista do Advogado (2013,127), com o crescente volume de comercio eletrônico, ”se há mais gente transitando pelo comércio virtual, haverá mais controvérsias a serem solucionadas.”[7: BLUM, Renato Opice. Arbitragem no direito eletrônico. In: Revista do Advogado. Ano XXXIII. Nº 119, Abril de 2013. São Paulo: AASP, 2013.]
2.2 A Conciliação
Por este método, busca-se uma solução por acordo entre as partes, tendo o conciliador o papel de propor ou sugerir soluções, embora sua função não permita nenhuma imposição compulsória de medidas ou decisão, ficando esta última inteiramente à critério das partes envolvidas na controvérsia.
Aqui, um destaque especial vai para a criação da Lei nº 9.099/1995, que criou os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, dando a eles a “competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade”, isto é: I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil; III - a ação de despejo para uso próprio; IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo.
Embasados nos princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade – livres do excesso de rigor formal da justiça comum, estes Juizados Especiais acata e integra os serviços de voluntários, estagiários, mediadores e conciliadores, sejam eles bacharelandos ou bacharelados, auxiliando de forma efetiva nas demandas sociais, o que representa um avanço para o inteiro sistema judicial do país. O processo, entretanto, segue o rito dos atos processuais – embora revestido dos princípios acima citados, o que dá maior velocidade na conclusão do mesmo.
Intimadas às partes e aberta a sessão, conforme art. 21 da referida Lei nº 9.099/1995, “o Juiz togado ou leigo esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação, mostrando-lhes os riscos e as consequências do litígio”, buscando-se de início a conciliação, a qual, quando obtida, é feita de modo escrito e logo homologada pelo Juiz togado, mediante sentença com eficácia de título executivo, conforme art. 22. Não obtida a conciliação, conforme art. 24, “as partes poderão optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral”, escolhido dentre os juízes leigos, o qual conduzirá o processo, podendo decidir por equidade, sendo sua decisão, então, homologada por Juiz togado, sendo a mesma irrecorrível. Ainda que no processo de conciliação haja referencias e uma passagem obrigatória pela análise dos fatos conflituosos entre as partes, o seu foco principal está na solução do problema e sua meta clara é a de alcançar um acordo satisfatório entre as partes do litígio. Conforme explicado por CAHALI, apud Aldemir Buttoni (Idem, 39):[8: CAHALI, Franscisco José. Curso de Arbitragem. 2ª ed. São Paulo: RT, 2012.]
O conciliador, seja Juiz ou não, fica na superfície do conflito, sem adentrar nas relações intersubjetivas, nos fatores que desencadearam o litígio, focando mais as vantagens de um acordo onde cada um cede um pouco, para sair do problema. Não há preocupação de ir com maior profundidade nas questões subjetivas, emocionais, nos fatores que desencadearam o conflito, pois isso demandaria sair da esfera dogmática jurídica, dos limites objetivos da controvérsia.
Notadamente a conciliação é um método que guarda íntima relação com o Judiciário, uma vez que as partes iniciaram um processo judicial, intervindo, então, o próprio magistrado, numa tentativa de minimizar os efeitos e consequências de um longo processo judicial, buscando, então, a conciliação das partes, como meio alternativo de solução extrajudicial das controvérsias. Em sua intervenção, o conciliador busca, de modo imparcial e criando um ambiente apropriado à superação das animosidades, mostrar às partes as vantagens de uma composição e acordo equilibrado. Dentre os exemplos mais comuns de aplicação do instrumento da conciliação estão os acidentes de trânsito, controvérsias nas relações de consumo, etc.
2.3 A mediação
O instrumento da mediação geralmente aplica-se aos conflitos de longa duração, frutos de relações mais estreitas, intensas e prolongadas. Em sua solução, busca-se a restauração da convivência, da harmonia, devendo o mediador, para tal, aprofundar-se no conhecimento das causas e origens do conflito entre as partes, analisando cuidadosamente as questões, os sentimentos, o contexto e buscando-se obter o reestabelecimento de uma convivência harmoniosa entre as partes. Seu foco não é, por fim, o conflito em si mesmo, mas a solução baseada nos princípios da compreensão, do perdão, do amor e da ternura entre as partes. Conforme LEVY (2008, 122-123), “Enquanto a conciliação possui uma linguagem binária ‘procedente ou improcedente’, “culpado ou inocente”, “ganhador ou perdedor”, “isto ou aquilo”, “fazer o acordo ou perder ainda mais”, a mediação tem linguagem ternária, busca a terceira dimensão, a vitória de todos, acrescenta e não alterna, representa a conjunção ‘e’ ao invés de ‘ou’.”[9: LEVY, Fernanda R. Lourenço. Guarda de filhos: os conflitos no exercício do poder familiar. São Paulo: Atlas, 2008.]
Numa sociedade marcada exageradamente pela competição, fruto dos falsos deuses do materialismo e seu agente promotor, o consumismo, os quais promovem a lógica de que para ser ‘um vencedor’, o outro precisa ser ‘um perdedor’. Assim, cria-seuma dinâmica do ‘é tudo ou nada’, ‘ou eu ou ele’, gerando-se desconfiança mútua nas relações interpessoais, com suas implicações no âmbito do trabalho e mesmo das famílias. Tal lógica e dinâmica precisa ser postas de lado, dando lugar a relações sociais que tenham como roupagem o compromisso, a reciprocidade, a cooperação e ajuda mútua, numa lógica distinta da atual, onde exista um espírito de simbiose entre os diferentes atores sociais. Quando o princípio orientador das relações sociais são a cooperação e colaboração, então, não há mais ‘perdedores’ e ‘ganhadores’, mas a compreensão de verdadeira cidadania e sentido de pertencimento ao todo. É este tipo de postura, onde todos ganham a lógica necessária da mediação de conflitos.
Para tanto, o mediador atua mais como um amigo, um terapeuta, que escuta as partes, que busca entender os motivos sem fazer julgamento, buscando não intervir diretamente nas decisões, mas criando o ambiente favorável à reflexão, à expressão desapaixonada dos fatos e sentimentos, dentro dos limites da confiança, da moderação e cortesia, buscando-se harmonizar as partes no âmbito do coração e da razão. O mediador, portanto, tem seu olhar e atuação para além da busca do exercício formal do direito, lamentavelmente regido pela adjudicação dos casos, pela pressão e domínio da lei; mas na busca do empoeiramento das partes para que possam entender o conflito, decidirem-se pela mudança de posturas ou pelo encaminhamento de ações restauradoras da confiança mútua e solução eficiente dos conflitos. MUSZKAT (2005, 93), nesta mesma direção, destaca que “Quando alguém nos escuta com atenção, abstendo-se de julgamentos, críticas e opiniões, pode despertar em nós algo surpreendentemente novo, capaz de transformar uma situação aparentemente impossível numa nova possibilidade, despertando nossa disposição e coragem de negociar possíveis interesses e necessidades”.[10: MUSZKAT, Malvina Ester. Guia prático de mediação de conflitos: em famílias e organizações. São Paulo: Summus, 2005.]
Entre os princípios norteadores da mediação destacados por CAHALI (Idem, 60-62), destacam-se a autonomia da vontade das partes, pela qual os mediados escolhem o mediador em comum acordo; pela imparcialidade do mediador, apenas como facilitador do processo, mantendo conduta isenta e preservando o equilíbrio de poder entre os mediados; a independência de vínculos, de parte do mediador, que possam colocar em dúvida tal independência e credibilidade nele depositada como facilitador ou mediador da autocomposição; sua capacidade reconhecida, confidencialidade, salvo autorização das partes, conforme igualmente determina o art. 229, I, do Código Civil/2002 e do art. 406, II, do Código do Processo Civil e ainda do art. 154 do Código Penal, que tratam sobre o segredo profissional e sobre a violação deste segredo. Agregam-se ainda os princípios da diligência do mediador e sua capacidade de acolhimento das emoções dos mediados.[11: CAHALI, Franscisco José. Curso de Arbitragem. 2ª ed. São Paulo: RT, 2012]
Com relação à confidencialidade no processo, a juíza Ellen Gracie NORTHFLEET (1994, 235), do Supremo Tribunal Federal, afirma que: “O clima de informalidade e confidencialidade das sessões favorecem o esclarecimento de situações que talvez não aflorassem na sala das audiências. O diálogo que se estabelece entre as partes é mais verdadeiro porque envolve a inteireza de suas razões e não apenas aquelas que poderiam ser deduzidas com forma e figura de juízo”. [12: NORTHFLEET, Ellen G. Novas fórmulas para resolução de conflitos. In: TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo. O judiciário e a constituição. Brasília: Saraiva, 1994]
A distinção entre os métodos da conciliação e mediação são evidentes, e nas palavras de WARAT (2001, 80), embora possam parecer similares, as diferenças são gritantes. Ele escreveu:[13: WARAT, Luis Alberto. O ofício do mediador. Florianópolis: Habitus, 2001.]
A conciliação e a transação não trabalham o conflito, ignorando-o, e, portanto, não o transformam como faz a mediação. O conciliador exerce a função de ‘negociador do litígio’, reduzindo a relação conflituosa a uma mercadoria. O termo de conciliação é um termo de cedência de um litigante ao outro, encerrando-o. Mas o conflito no relacionamento, na melhor das hipóteses, permanece inalterado, já que a tendência é a de agravar-se devido a uma conciliação que não expressa o encontro das partes com elas mesmas.
	Comentário: Numa conjuntura social na qual predomina a violência e o conflito, onde o exercício e prática do direito e de sua defesa, via operadores do direito, é essencialmente lastreado por princípios da controvérsia, do litígio e da beligerância, e no qual qualquer conflito – por menor que seja logo é adjudicado – tem resultado num aumento vertiginoso do número de processos pendentes nos tribunais em todos os níveis – marcados, sobretudo, pela morosidade e de duração prolongada e imprevisível no tempo -, tornando o Judiciário, instrumento de solução, num instrumento de caos e derrocada social, por não responder efetivamente às demandas e expectativas da população. Igualmente numa conjuntura onde a incidência de processos de conciliação e mediação extrajudicial são praticamente inexistente, na qual a auto composição voluntária, isto é, onde uma das partes do conflito ou ambas provocam, com o auxílio de um profissional ou instituição de sua confiança, a busca de uma solução para o litígio; urgente se faz a promoção, o reconhecimento e encorajamento de soluções não judicia lizadas para grande parte dos conflitos, incorporando, então, os meios alternativos de resolução de conflitos, também conhecidos como meios extrajudiciais de solução de conflitos, como alternativas viáveis e efetivas para a harmonização social. Nesta direção, indica que:
E não se quer, com isso, diminuir a importância do Poder Judiciário, dos magistrados e de suas sentenças. Pelo contrário, o que se deseja é contribuir para a melhoria da prestação jurisdicional, reservando-se aos juízes e à solução adjudicada as causas mais complexas, as que versam sobre direitos indisponíveis, ou aquelas nas quais as partes, apesar de poder, não querem se submeter a outro tipo de solução que não a sentença. Em outras palavras, os métodos alternativos de solução de conflitos não podem ser vistos apenas como meios ou métodos praticados fora do Poder Judiciário, como sugere o adjetivo ‘alternativo’, utilizado para qualifica-los, mas devem ser vistos também como importantes instrumentos, à disposição do próprio Poder Judiciário, para a realização do princípio constitucional de acesso à Justiça, havendo uma complementariedade entre a solução adjudicada, típica do Poder Judiciário, e as soluções não adjudicadas.
Aplaude-se, portanto, e dá-se as boas-vindas à Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça, que considerando “que a conciliação e a” mediação são instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, e que a sua apropriada disciplina em programas já implementados nos país tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças; veio a institucionalizar uma Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, criando uma rede integrada de todos os órgãos do Poder Judiciário, por entidades públicas e privadas parceiras, por universidades e por instituições de ensino, comprometidas com a promoção de uma busca de solução e tratamento adequado dos conflitos, utilizando-se de métodos consensuais. Prevê-se ainda a implantação de Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania e de Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos em cada Tribunal, de observância obrigatória, compostos por magistrados da ativa ou aposentados e servidores.
Ainda que os mediadores não sejam ou atuem nesta delicada função como juiz nem árbitro, advogado, psicólogo, conselheiro, professor, médico, assistente social, psicanalista, administrador ou outro; tal iniciativabem poderia ser ampliada em sua atuação e benefícios estendidos à população, se fossem incorporados a ela lideranças religiosas e profissionais de outras áreas, tais como os acima citados, além, é claro, de pessoas comuns possuidoras das capacidades e habilidades necessárias para servirem de interlocutores das partes na busca de solução para o conflito que estão enfrentando, de modo cooperativo e pacífico. 
Nos casos de comediação, isto é, quando mais de um mediador atua no processo, seria vantajoso haver interdisciplinaridade, ampliando-se a visão das partes. Interessante ressaltar que na Espanha, para os casos de mediação familiar, há leis especifica, inclusive tornando obrigatória no caso de menores, a participação de psiquiatra, psicólogo ou assistente social como comediador, caso o mediador não tenha tal formação. 
Um mundo em contração e que aspira avançar em seu processo de integração coletiva, precisa deixar de lado modelos e padrões baseados na luta, no conflito, litigio e beligerância, para adentrar um novo paradigma de relações, baseado na cooperação e na solução pacífica de conflitos, com o uso de metodologias que favoreçam uma justiça restauradora, que não deixe as sequelas e mágoas tão comuns nos processos judiciais de nosso tempo.
Definição e Características
A Mediação é um método de resolução de conflitos em que duas ou mais interessados recorrem a uma terceira pessoa imparcial, o mediador, com o objetivo de se trabalhar o conflito de forma a atingir um acordo satisfatório para todos os envolvidos. Segundo Bolzan de Morais e Fabiana Spengler: “A mediação é um método alternativo que não há adversários, apenas consiste na intermediação de uma pessoa distinta das partes, que atuará na condição de mediador, favorecendo o diálogo direto e pessoal. O mediador facilita a comunicação sem induzir as partes ao acordo, e quando este existe, apresenta-se total satisfação dos mediados.”[14: BOLZAN DE MORAIS, José Luis; SPENGLER, Fabiana Marion. Mediação e arbitragem: alternativas à jurisdição. 2ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.]
A Mediação assume-se como um meio de resolução de conflitos diferente dos tradicionais, na medida em que nela as partes têm controle sobre o processo, sobre o seu andamento e sobre o seu resultado. Tal atividade possui uma duração variável dependendo do tipo e persistência dos conflitos, da complexidade dos temas e do relacionamento e abertura das partes nele envolvidas. O processo inicia-se com a pré-mediação, na qual o mediador informa os mediados sobre o que é a mediação, quais as suas etapas, avalia se as questões que são por elas trazidas são adequadas ao emprego da mediação e qual a vontade das partes em participarem. Caso seja esse o desejo das partes envolvidas na mediação, a solução conseguida no final de um processo de mediação pode ter força executiva (sentença) se for homologada por um juiz ou pode ter simplesmente o valor legal de um contrato jurídico.
A mediação pode ser revogada por vontade das partes, ou ser anulada, se houver qualquer vício no negócio jurídico. A mediação pode ainda ser homologada judicialmente, todavia, neste caso não pode ser revogada por vontade das partes, uma vez que, sentença homologatória produz efeito de coisa julgada. A previsão legal para a homologação está no artigo 57 da lei dos Juizados Especiais Civeis e Criminais (Lei nº 9.099/95), bem como no inciso III do artigo 584 do Código de Processo Civil. Essa legislação permite que o juiz homologue acordo celebrado pelas partes, sem necessidade de qualquer processo contencioso anterior. Todavia, por ter natureza jurídica, a mediação deve preencher os requisitos de eficácia do negócio jurídico, quais sejam: objeto lícito, forma prevista ou não defesa em lei, capacidade dos agentes e a livre manifestação da vontade.
Mediadores
O sucesso da mediação de certo modo também depende dos mediadores, pessoas neutras, responsáveis por conduzir a sessão de mediação da melhor forma possível encontrada. Devem principalmente buscar o diálogo entre as partes, sendo uma sessão de mediação considerada satisfatória assim que se inicia o diálogo e o entendimento entre os demandantes. O mediador, conforme afirma Buitoni:[15: BUITONI, Ademir. Mediar e conciliar: as diferenças básicas. Disponível em:. Acesso em: 22 mar. 2015.]
“Não se envolve no conflito como se fosse ela uma das partes, mas sim sente o conflito em todas as suas dimensões, percorre o conflito, com os mediados nas suas sutilezas, para que sejam criados os novos caminhos que transcendam o conflito” 
Os mediadores presidirão a sessão sem permitir qualquer tipo de ofensa nem mesmo influências externas ao objeto da causa, tampouco permitirá acordo contrário ao direito, aos bons costumes, à ética e ao interesse público. Devem, os mediadores, atuar de modo imparcial, saber ouvir os problemas dos outros, ter capacidade de se ajustar a situações inesperadas, de ser flexível dinâmico e paciente. De acordo com Bacellar: ”Saber escutar com atenção é muito importante. O mediador deve ter cautela para não intervir sem necessidade. Quando a comunicação for restabelecida, a participação do mediador deve apenas orientar o espaço dialógico, ressaltando os pontos convergentes que resultarem da conversa”[16: BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e Arbitragem. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012.]
Há de se lembrar de que os mediadores não são juízes, ou seja, não impõe uma decisão; não são árbitros, pois não existe prévia convenção entre as partes e não arbitram decisão; eles apenas auxiliam as partes a chegarem, por si mesmas, a uma solução da controvérsia. É necessário que os mediadores além de terem conhecimento acerca do direito material que se aplicará ao caso concreto, possuam determinados conhecimentos específicos, ou seja, habilidades pessoais ligadas a cada caso analisado. Não pode um mediador atuar para solucionar o litígio como se fosse um advogado ou juiz, embora, nada impeça que o profissional habilitado a exercer o papel de mediador exerça algumas dessas profissões, porém em todo caso não pode ele exercer sua função enquanto pendente a sessão de mediação. Obviamente, pode ele usar de seus conhecimentos especializados para auxiliar as partes a chegarem ao acordo mais benéfico.
De acordo com a Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça, os mediadores aptos a exercerem suas funções perante o Judiciário, deverão estar capacitados e devidamente cadastrados pelos tribunais, que ficarão encarregados de regulamentar a inclusão e exclusão de mediadores do respectivo controle. Cabe ao mediador em questão se capacitar a partir de cursos específicos detalhados por esta resolução, sujeitando o mesmo ao Código de Ética estabelecido pelo CNJ.
4.1 Objetivos e Benefícios
O principal objetivo da mediação é promover a resolução adequada de conflitos entre as partes e estimular a obtenção de um acordo em que todos os interesses sejam satisfeitos. É um método informal de solução de litígios, realizado de forma rápida e justa, colaborando com economia tanto de dinheiro como de tempo das partes. Segundo a Professora Lília Maia de Morais Sales: “A mediação apresenta-se, pois, com o objetivo de oferecer aos cidadãos participação ativa na resolução de conflitos, resultando no crescimento do sentimento de responsabilidade civil, cidadania e de controle sobre os problemas vivenciados. Dessa maneira, apresenta forte impacto direto na melhoria das condições de vida da população – na perspectiva do acesso à justiça, na conscientização de direitos, enfim, no exercício da cidadania”.[17: SALES, Lilia Maia de Morais. Mediare: um guia prático para mediadores. 2. Ed. Fortaleza: Universidade de Fortaleza, 2004, p.26]
Dessa forma, a mediação traduz-se na administração do conflito, de maneira a tentar extrair da situação estressante a melhor alternativa. A solução a que se procura chegar deve restabelecer o diálogo e resolver o problema de forma amigável e espontânea, pois necessário se faz que o resultado permaneça. Não há que se falarem acordo que, concluída a mediação, não possa ser concretizado pelas partes ou por uma delas, pois isso acarretaria na não solução do impasse e sim na sua perpetuação por um tempo difícil de determinar. Além disso, refere-se José Luís Bolzan de Morais: “Em contrapartida aos processos judiciais que, lentos, mostram-se custosos, os litígios levados à discussão através do Instituto da Mediação tendem a ser resolvidos em tempo muito inferior ao que levariam se fossem debatidos em Corte tradicional, o que acaba por acarretar uma diminuição do custo indireto, eis que, quanto mais de alongar a pendência, maiores serão os gastos com a sua resolução”[18: MORAIS, José Luís Bolzan de. Op. Cit. 1999, p. 147.]
Assim, a mediação poderá proporcionar rápida e efetiva solução aos conflitos, de maneira a atenuar o número de processos que abarrotam o Poder Judiciário, ampliando consequentemente o acesso à justiça, o auxílio no desenvolvimento da sociedade, como um verdadeiro mecanismo de pacificação social.
4.2 Legislação
No Brasil, até o presente momento, a mediação, enquanto instrumento alternativo de solução de controvérsias, ainda não é fruto de uma lei, porém é preciso ressaltar que tal atividade está sendo difundida no Brasil e já é exercida inclusive dentro dos órgãos do Poder Judiciário, na medida em que se funda na livre manifestação de vontade das partes, e conta com o expresso apoio do Supremo Tribunal Federal, do Conselho Nacional de Justiça e, ainda, do Ministério da Justiça, por intermédio da Secretaria de Reforma do Poder Judiciário.
Existem também, estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça, regras que regem o procedimento de mediação tais como: a informação, entendida com o dever de esclarecer as partes sobre o método empregado; a autonomia das partes, sendo esta o dever do mediador de respeitar os diferentes pontos de vista envolvidos; a ausência de obrigação de resultado que atribui o dever de não forçar um acordo e de não tomar decisões pelos envolvidos; e o teste da realidade, que se caracteriza como o dever de assegurar aos envolvidos, ao chegarem a um acordo, o perfeito entendimento de suas disposições. Os procedimentos de mediação, na prática, normalmente têm sido feitos pelas Câmaras de Mediação, instituições estas que fazem o papel de cartório, enviando as documentações das partes aos mediadores, fazendo a administração da causa. Elas possuem seus próprios regimentos e normas. 
O Mediador pode também atuar sozinho, independentemente de estar vinculado a uma entidade. O Novo Código de Processo Civil que entrará em vigor em 2016 dá um destaque especial não só para a mediação como para a conciliação dispondo sobre a oportunidade de aplicação de tais institutos durante o processo e a importância do magistrado em promover a auto composição dos conflitos existentes.
Atualmente tramita em caráter conclusivo o Projeto de Lei n.º 7169/14, proposta aprovada no Senado no fim de 2013 e preserva o sigilo e a natureza voluntária do instituto da mediação, caracterizada pela espontaneidade e extrajudicialidade. De acordo com o Projeto o juiz, ao receber a petição inicial, verificando que a controvérsia é passível de solução pela via da mediação, encaminhará o processo ao mediador judicial, designado por distribuição, salvo se a petição estiver acompanhada de declaração em que o autor expresse recusa ao procedimento.[19: BRASIL. Projeto de Lei n.º 7169 de 2014. Disponível em:. Acesso em: 30 abr. 2015.]
O PL 7169/14 estabelece que o mediador extrajudicial possa ser "qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes e seja habilitada para fazer a mediação"; já o mediador judicial, precisa ser graduado em curso superior há pelo menos dois anos, além de ter capacitação em instituição reconhecida pela Escola Nacional de Formação de Magistrados ou pelos próprios tribunais. Pretende-se ainda com a legislação designar o prazo máximo de duração de uma mediação judicial que será de até 60 dias, de acordo com o texto do projeto, podendo haver prorrogação pelo mesmo período quando as partes, em comum acordo, assim decidirem. Já no procedimento extrajudicial não haverá prazo, segundo a proposta e o processo será considerado encerrado quando se alcançar o acordo ou quando o mediador ou umas das partes entender que a busca pelo consenso é inútil.
Comentário: É válido ressaltar a importância da mediação em vários ramos do Direito. Através deste estudo foi possível verificar que, ao lado do Poder Judiciário, e nunca o confrontando, existe a mediação, um mecanismo capaz de proporcionar às partes uma melhor visão de seus problemas e assim chegar a um consenso. Os meios alternativos surgem também como uma forma de enfrentar o problema da dificuldade do acesso ao Judiciário, mas principalmente como meios que vem a ser uma escolha frente ao que antes quase poderíamos afirmar ser um monopólio da prestação da jurisdição. A mediação, porém, não deve ser vista como a solução para os problemas da morosidade da justiça, não sendo esta justificativa para sua adoção, senão estaríamos transferindo para as partes envolvidas em um conflito um problema que não é delas: o da lentidão do poder competente. Deve-se buscar a mediação, não porque o processo demora, mas porque os litigantes identificam como vantajoso para o seu litígio. A ampliação através deste meio adequado e alternativo vem contribuir acima de tudo com uma visão menos litigiosa do conflito, fazendo com que as pessoas busquem o Judiciário quando realmente apenas ele possa resolver seu problema. Mas para que a mediação se consolide de maneira séria e legítima é necessária a percepção de todas suas reais funções, para que assim possa sempre ser utilizada de maneira correta e justa entre as partes em conflito, pois só assim se construirá culturalmente o ambiente necessário para seu maior alcance. Cumpre salientar a importância do Projeto de Lei 7169/14 que institucionaliza a mediação, sendo que regulariza as devidas regras padronizando tal instituto. A partir do momento em que tal atividade passar a ser regulamentada, as pessoas passarão a tomar maior conhecimento sobre tal instituto, buscando-a com mais frequência, sentindo a diferença entre o litígio e a forma adequada de resolução de seus conflitos
Métodos Extrajudiciais de Solução de Controvérsias
 Uma alternativa aos problemas apresentados são os chamados MESCs Métodos Extrajudiciais de Solução de Controvérsias, cujos principais atores são a Mediação, a Conciliação e a Arbitragem. Longe de serem ferramentas contemporâneas, encontramos previsões de suas utilizações no Brasil já no Código Comercial brasileiro de 1850, além do Código Civil de 1817. Mais recentemente o instrumento legal existente que norteia os procedimentos e regras para os meios alternativos de solução de conflitos é a Lei 9.307/1996.
Com o presente estudo visamos abordar três métodos de solução de controvérsias existentes: a mediação, a conciliação e a arbitragem, obviamente sem a pretensão de esgotar o assunto, mas sim de apresentar os critérios mencionados, de modo a disseminar tais possibilidades de solução de conflitos.
5.1 Conceitos (Mediação)
Melhor do que adotarmos conceituação própria do que seja a Mediação, propomos mencionar algumas que pensamos ser as mais ideais dentre as existentes:
A mediação é uma forma de auto composição dos conflitos, com o auxílio de um terceiro imparcial, que nada decide, mas apenas auxilia as partes na busca de uma solução. (Buitoni, 2006.) um método de condução de conflitos, aplicado por um terceiro neutro e especialmente treinado, cujo objetivo é restabelecer a comunicação produtiva e colaborativa entre as pessoas que se encontram em um impasse, ajudando-as a chegar a um acordo (Nazareth, 1998.).[20: Buitoni, Ademir. A ilusão do normativismo e a mediação. Revista do Advogado, São Paulo, n. 87, p.109 114, 2006][21: Nazareth, E.R. Mediação, um novo tratamento do conflito, in Nova realidade do direito de família, tomo I, COAD, Rio de Janeiro, 1998.]
Desta forma, a Mediação se utiliza de umterceiro para auxiliar as partes na busca de uma solução satisfatória para ambas, sem contudo opinar diretamente sobre a lide em questão, utilizando-se de técnicas que propiciem oportunidades para que as mesmas possam tomar decisões, auxiliando de forma construtiva o restabelecimento da comunicação entre elas, aproximando-as de tal modo que a decisão tomada seja do agrado de todos, preservando assim as relações que existiam antes do conflito.
5.2 Forma e vantagens
A Mediação deve ser conduzida de forma confidencial, onde as próprias partes decidirão pacificamente a melhor solução, oriunda da vontade das partes de forma colaborativa e não conflitiva.
A grande vantagem do método é a preservação das relações, pois normalmente as partes possuem interesses na continuidade do relacionamento, por se traduzir em benefícios mútuos que momentaneamente foi abalado por questões diversas, além da enorme rapidez e agilidade na conclusão do processo (em média de dois a três meses), que tem com custo reduzido em comparação à forma judicial.
Tendo em vista que o acordo firmado advém da vontade das partes, e não pela decisão impositiva de um terceiro, ele se traduz de forma mais justa, sem prejuízos para um lado, não prevalecendo a máxima de que para um ganhar outro tem de perder.
Segundo Mendonça (2003, p. 34): “Dentre os principais benefícios deste recurso, destaca-se a rapidez e  efetividade de seus resultados, a redução do desgaste emocional e do custo financeiro, a garantia de privacidade e de sigilo, a facilitação da comunicação e promoção de ambientes cooperativos, a transformação das relações e a melhoria dos relacionamentos.”[22: Mendonça, Ângela Hara Buonomo. Introdução aos Métodos Extrajudiciais de Solução de Controvérsias MESC s. 2. ed. Brasília: CACB/SEBRAE/BID, 2004.]
5.3 Indicações
A Mediação tem indicação quando existe a necessidade de se manter sigilo sobre a questão controversa, o que não é possível no judiciário, quando existem problemas de comunicação entre as partes, quando há um relacionamento tenso, mas que precisa ter continuidade e, sobretudo, quando as partes estão dispostas a buscar uma solução para a questão.
Conceito (Conciliação)
A conciliação tem conceito bem similar ao da Mediação, onde podemos colocar que se trata de um esforço da partes para a resolução de controvérsias, utilizando-se do auxilio de um terceiro conciliador de forma imparcial na condução de uma solução ao conflito, opinando soluções quando as partes não conseguirem um entendimento.
A diferença básica é a intervenção do conciliador na proposição da solução, o que não temos na mediação, onde as partes são responsáveis na determinação das soluções. Neste método, contudo, as partes continuam com sua autonomia no que diz respeito à solução proposta, ou seja, aceitam se quiserem, pois o conciliador apenas propõe saído, quem decide são as partes de acordo com a conveniência para as mesmas.
6.1 Indicação
Segundo Nazareth (2006, p. 130), A Conciliação é mais eficaz em conflitos que chamamos de pontuais e novos, isto é, de pouca idade. A relação entre as partes é transitória e sem maiores que as unam. Acidentes de trânsito e algumas relações de consumo seriam alguns exemplos.[23: Nazareth, E.R.. Mediação: algumas considerações. Revista do Advogado, São Paulo, n. 87, p. 129 133, 2006. ]
6.2 Vantagens
As vantagens da Conciliação são todas aquelas descritas pela Mediação, ou seja, redução do custo financeiro e emocional, sigilo, agilidade e rapidez na lide, etc..
Conceito (Arbitragem)
A arbitragem é o processo onde as partes em conflito atribuem poderes a outra pessoa, ou pessoas, para decidirem por elas o objeto do conflito existente, desde que estas sejam imparciais e normalmente especialistas na matéria a ser disputada. Vejamos também, qual o conceito colocado por Moore (1998, p. 23):[24: Moore, Cristopher W. O processo de mediação: estratégias práticas para a resolução de conflitos. 2. ed. Porto Alegra: Artmed, 1998.]
Processo voluntário em que as pessoas em conflito delegam poderes a uma terceira pessoa, de preferência especialista na matéria, imparcial e neutra, para decidir por elas o litígio.
Desta forma, fica claro que as partes escolhem quem decidirá por elas à lide, assim, a nomeação decorre da vontade dos envolvidos no processo, minimizando o impacto negativo da solução que vier a ser adotada pelo arbitro nomeado.
7.1 Autonomias da vontade das partes
A Lei 9.307/1996 deixa claro que prevalecerá a vontade das partes litigantes quanto a escolha do método para resolução de seus conflitos, já no Art. 2º, abaixo transcrito:
Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes.
Parágrafo 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.
Parágrafo 2º Poderá, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais do direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.
Assim, a vontade das partes prevalece em todos os aspectos do processo, na medida em que os litigantes tem o poder de decidirem a forma e maneira como será decidido a lide, devendo sempre prevalecer durante o processo, podendo inclusive decidirem pelo regulamento de determinada instituição arbitral ou delegarem ao árbitro para regularem o procedimento. (Bosco Lee et al., 2004, p. 22).[25: Bosco Lee, João; Valença Filho, Clóvis de Melo. A Arbitragem no Brasil. Brasília: Editora MSD, 2004.]
7.2 Vantagens da arbitragem
Pelo fato das partes escolherem o árbitro, ou árbitros, este normalmente é um especialista no assunto discutido, assim, tem maior propriedade para entender e decidir a cerca do litígio, podendo ser mais justo em sua decisão.
As partes decidem as regras de procedimentos, assim, se torna vantajosa na medida em que podem decidir onde e como se dará todo o processo, de acordo com a melhor comodidade para ambas.
Dentre as regras escolhidas pela parte, pode conter delimitação do prazo para se decidir sobre a lide, ocasionando assim maior rapidez na conclusão do processo, o que leva à economia de recursos na medida em que as partes já sabem antecipadamente a duração do processo.
Todo o procedimento corre em sigilo absoluto, trazendo vantagem para as partes quando a matéria em discussão não pode ser divulgada, como por exemplo, se tratam de componentes sigilosos no processo industrial, fórmulas medicinais, etc..
A decisão do árbitro, denominada de sentença arbitral, tem efeitos de sentença judicial, revestindo-se como coisa julgada.
Comentário: Diante dos problemas apresentados na busca por soluções de controvérsias utilizando-se o poder estatal, e frente aos benefícios aqui apresentados pelos Meios Extrajudiciais de Soluções de Controvérsias, os chamados MESC s, quais sejam a redução de tempo do litígio, a economia processual, o sigilo e a preservação das relações entre as partes, concluímos pela vantagem para as partes a adoção de tais métodos, pois diante da dinamicidade, da globalização e da enorme concorrência existentes no mundo dos negócios, é imperativo que as soluções de conflitos tenham um caráter mais dinâmico, eficaz e rápido, com menor burocracia nos processos.
Sabemos perfeitamente que o assunto está longe de se esgotar, pois muito ainda temos que discutir sobre o tema, no sentido de aprimora-lo, aperfeiçoa-lo e, porque não, dissemina-lo enquanto cultura organizacional e de opções eficientes para a resolução das controvérsias existentes.
BENEFÍCIOS DA MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO
O Novo Código de Processo Civil, de maneira inovadora enfrentando a atual situação do judiciário brasileiro, vem estimular o uso de mecanismos alternativos, regulamentando a Conciliação e Mediação judicial (MENEZES, 2015, p.07) . Porém esses meios alternativos por mais que sejam incentivados pelo legislador ainda encontram certo preconceito para prosperar, esses meios ainda não inspiram tamanha confiança aos cidadãos, por mais que existamno mundo jurídico são pouco usados. Diante disso é de fundamental importância que os operadores do direito demonstrem aos que procuram a justiça, essas formas diferenciadas de solução pacificam de conflitos, incentivando a pratica da conciliação e/ou mediação, nos casos em que não caiba a arbitragem. Advogados e defensores públicos tem o importante papel ético de auxiliar as partes na compreensão adequada dos limites e possibilidades de suas pretensões, cumprindo a fundamental exigência deontológica da prevenção à formulação de demandas temerárias ou abusivas, dissociadas do postulado ético-jurídico da boa-fé e seus consectários lógico necessários, (FIGUEIREDO, 2015, p.07).[26: MENEZES, Paula Bezerra de. Técnicas e Procedimento do Novo Código de Processo Civil. Forense, RJ, 2015.][27: FIGUEIREDO, Marcela Rodrigues Souza.Considerações Prático-Teoricas da Atuação dos Assessores Jurídicos da Mediação. Forense, RJ, 2015.]
Trata-se de uma ação conjunta dos operadores do Direito, em busca de um bem comum, visto que quanto mais demandas simples, sejam resolvidas por esses meios, aquelas demandas complexas poderão ser mais bem estudadas pelo julgador, que não estará tão sobrecarregado. E com essas práticas todos tendem a ganhar, os clientes encontraram a solução rápida para a sua demanda e cessará todo o transtorno que uma lide gera; o advogado recebera os honorários também de forma rápida quando lhes forem devidos, e o judiciário diminuirá o número de demandas no aguardo de decisões. Procuramos, igualmente, estimular fontes alternativas de solução de conflitos, compartilhando, na medida do possível, com a própria sociedade, a responsabilidade pela recomposição da ordem jurídica rompida, que, afinal, é de todos os seus integrantes. Referimo-nos a intensificação do uso da conciliação, da mediação e da arbitragem, procedimentos que se mostram particularmente apropriados para a resolução de litígios, que envolvam direitos disponíveis, empregáveis, com vantagens, no âmbito extrajudicial, (SOUZA e PIMENTEL, 2015, p.03) .Assim o fomento à cultura do consenso contribui para a harmonia social e o respeito ao direito do próximo, desmistificando a imagem negativa dos operadores do Direito especialmente advogados, que incentivariam o litígio com o fito de obter vantagem financeira. Tanto que em seu artigo 515 §2º dispõe que na auto composição judicial, o consenso obtido pode envolver pessoas estranhas ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo (FIGUEIREDO, 2015, p.03). A principal finalidade da Mediação, por exemplo, é buscar uma comunicação menos ruidosa entre as partes, não incomum se alcança durante o processo acordos com benefícios mútuos. Neste diapasão, chegar em um acordo durante um processo não é tarefa fácil, exige tempo e preparação adequada do mediador, visto cada caso ser único devendo ser estudado com dedicação, adentrando na esfera emocional dos envolvidos e depois de uma compreensão satisfatória da demanda zelar, por um acordo satisfativo para ambas as partes.[28: SOUZA, Mariana Freitas de; PIMENTEL, Wilson. Técnicas e Procedimento do Novo Código de Processo Civil. Forense, RJ, 2015.]
Conclusão
A Constituição brasileira de 1988, já no seu preâmbulo, destacou a Justiça como um dos valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada no comprometimento com a solução pacífica dos conflitos, salvaguardando o exercício dos direitos individuais e coletivos e suas garantias. 
A República Federativa brasileira, constituída em Estado Democrático de direito, erigiu, dentre seus pilares fundamentais, a cidadania e a dignidade da pessoa humana. Verificamos que o aludido Diploma Constitucional deu um passo marcante na história do Judiciário, ao traçar e imprimir as balizas de instrumentos eficientes e eficazes para o exercício democrático da cidadania – os meios alternativos de solução de litígios. 
É preciso que um número cada vez maior de pessoas tenha a oportunidade de chegar aos umbrais da Justiça, como um fato natural e inerente à condição da própria pessoa humana, como parte indispensável do complexo de direitos e deveres que caracteriza o viver em sociedade. Só assim se conseguirá estabelecer o acesso à ordem jurídica justa.·.[29: MORAES, Silvana Campos. Juizados de Pequenas Causas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1991. p. 33. ]
O acesso à Justiça sempre foi um dilema a ser solucionado pela humanidade. Ao longo da história, observa-se que as estruturas dos Tribunais passaram a ter uma administração cada vez mais lenta e congestionada, seja por um lado, pelo reconhecimento de um maior número de direitos, seja, de outro, pelo excesso de rigor, de formalismo e de recursos processuais gerando insatisfação e falta de confiança dos cidadãos quanto ao Poder Judiciário como instituição. 
As sistemáticas processuais formalistas que antes representavam etapas de garantias de direitos individuais e coletivos, para um devido processo legal, hoje, em excesso, caracterizam uma justiça tardia e inconcebível deformação de valores, conceitos e atitudes, os quais devem ser repensados e modificados para atender aos reclamos da sociedade moderna.
Nesse processo contemporâneo de crescente litigiosidade, a qual precisa ser necessariamente solucionada a fim de evitar uma verdadeira ebulição social, inflamada pelas frustrações e pelo descrédito nas instituições, os meios alternativos de solução de conflitos passam a ser uma das respostas às contínuas demandas da sociedade civil. Acrescentamos, ainda, que tais instrumentos facilitam o exercício democrático da cidadania..[30: VIANNA, Luis Werneck et. al. A judicialização da política e das relações sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1999.]
O Poder Judiciário caminha, atualmente, ao encontro de formas alternativas de resolução das demandas. E, dentro desse raciocínio, insere-se, em última ratio, toda a filosofia e o próprio idealismo daqueles que estão empenhados em mudanças razoáveis e factíveis para que outras perspectivas e outros horizontes se abram, para a efetividade da Justiça, com a utilização de meios e instrumentos alternativos.
O interesse pela conciliação e a importância de que as vias conciliativas se revestem na sociedade contemporânea foram considerados pelo legislador no sentido de que a conciliação, é mais uma dessas relevantes alternativas. Portanto, é fundamental que o juiz seja, antes de tudo, um conciliador e um pacificador social. Nesta tarefa, o juiz deve recorrer a interdisciplinariedade, melhor dizendo – a transdiciplinariedade –, em busca das decisões mais justas, efetivas e eficientes, vez que os fenômenos humanos devem ser compreendidos numa perspectiva única, globalizada. Na promoção da cultura de paz surge novas paradigmas – os chamados métodos alternativos de resolução de conflito (conciliação, mediação e arbitragem) – como formas de desafogar o Poder Judiciário. 
A conciliação, a mediação e a arbitragem possuem características próprias e são, especialmente, diferenciadas pela abordagem do conflito. O papel desempenhado pela conciliação, pela mediação e pela arbitragem dentro do sistema processual tradicional sempre foi muito tímido, talvez pela grande influência da cultura do litígio. Na conciliação, as partes têm uma posição mais proeminente, devido a participarem da solução do conflito. Trata-se de um método não adversarial, na medida em que as partes atuam juntas e de forma cooperativa. 
A conciliação é um procedimento mais rápido. Na maioria dos casos se limita a uma reunião entre as partes e o conciliador. É muito eficaz nos conflitos onde, não há, necesariamente, relacionamiento significativo entre as partes no pasado o continuo entre as mismas no futuro, que prefieren buscar un acordó de manera inmediata para terminar a controversia o por fim ao processo judicial. São exemplos: conciliações envolvendo relação de consumo, reparação de danos materiais, etc. A mediação difere da conciliação em vários aspectos. Nela o que estáem jogo são meses ou anos de relacionamento. Assinala Weingärtner, no tocante a mediação, “demanda um conhecimento mais aprofundado do terceiro com referência a inter-relação existente entre as partes.” [31: WEINGÄRTNER, Lis. Mediação é escolha alternativa para resolução de conflitos. Publicado na Revista Justilex, ano VII, nº 76, abr. 2009, p. 13.]
A mediação não tem como objetivo primordial o acordo, e sim a satisfação dos interesses e dos valores e necessidades das pessoas envolvidas na controvérsia. Na mediação as pessoas passam, de forma emancipada e criativa, a resolver um conflito pelo diálogo cooperativo, na construção da solução. Ex: mediação na àrea de família, etc.
A arbitragem é o meio utilizado para conflitos que versem sobre direitos patrimoniais disponíveis. Pode ser de grande eficácia quando se tratar de questões muito específicas, pois um especialista melhor decidirá a controvérsia. As negociações entre parceiros comerciais internacionais apontam pela necessidade de maior utilização deste instrumento tão eficaz, econômico e célere – a arbitragem comercial – na resolução de conflitos de grande complexidade. Ex: controvérsias entre países envolvendo a construção de hidroelétricas e termoelétricas, etc. Instala-se a conscientização, na sociedade atual, de que a conciliação, a mediação e a arbitragem são técnicas eficazes de solução de conflitos. Isto fortalece a confiança, não só pela celeridade com que resolve a demanda, mas também, pelo estado psicológico de paz que envolve os litigantes. Tal panorama instiga a percepção de que estamos passando por uma revolução na forma de fazer Justiça, caminhando, com a reengenharia do processo, para uma modificação estrutural e funcional do Judiciário. 
De outra face, como bem assevera Luiz Flávio Gomes, “ Não existem recursos materiais, humanos e financeiros disponíveis, em parte nenhuma do mundo, que suportem os gastos do modelo clássico de Judiciário.”. Nesse trilhar, acreditamos que os meios alternativos de solução de conflitos – a conciliação, a mediação e a arbitragem – são instrumentos de pacificação social e afirmação da cidadania, consubstanciando-se, dessa forma, como poderosos instrumentos a serviço da população e para desburocratizar o Judiciário num efetivo pluralismo jurídico, no universo de uma nova gestão democrática do Poder Judiciário, no sentido da plena concretização dos Direitos de cidadania e do fortalecimento da cultura de Direitos humanos.[32: GOMES, Luís Flávio. A dimensão da magistratura no Estado Constitucional e Democrático de Direito: independência judicial, controle judiciário, legitimação da jurisdição, politização e responsabilidade do juiz. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997. p. 177.]

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