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ANÁLISE COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E NOÇÕES DE ESTATÍSTICA - LAULA RIFO

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Universidade Estadual de Campinas
Mo´dulo III - D6
Ana´lise Combinato´ria, Probabilidade
Noc¸o˜es de Estat´ıstica
Tema 1 - Elementos da Teoria de Conjuntos
Prof. Laura L. R. Rifo
- Novembro, 2010 -
Suma´rio
1 Elementos da teoria de conjuntos 1
1.1 Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Relac¸o˜es entre conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Colec¸o˜es de conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Produto cartesiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 Medida de contagem 5
2.1 Regra da soma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Algumas desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Desigualdade de Boole . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Desigualdade de Bonferroni . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 Fo´rmula de inclusa˜o-exclusa˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.4 Regra do produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3 Estruturas de contagem 9
3.1 Permutac¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2 Combinac¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.3 Amostras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Amostra ordenada com reposic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Amostra ordenada sem reposic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Amostra na˜o ordenada sem reposic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Amostra na˜o ordenada com reposic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
ii Suma´rio
3.4 Coeficientes multinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Exemplo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Exemplo 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
A Exerc´ıcios 17
A.1 Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
A.2 Medida de Contagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
A.3 Estruturas de contagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Amostras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Coeficientes multinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
B Demonstrac¸o˜es 23
B.1 Desigualdade de Boole . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
B.2 Desigualdade de Bonferroni . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
B.3 Fo´rmula de inclusa˜o-exclusa˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
B.4 Amostragem na˜o-ordenada sem reposic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
B.5 Coeficientes multinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
B.6 Coeficientes multinomiais - Exemplo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Cap´ıtulo 1
Elementos da teoria de conjuntos
1.1 Conjuntos
A teoria de conjuntos e´ a base para toda a probabilidade e estat´ıstica, assim como de
outras a´reas da matema´tica. Nesta sec¸a˜o, faremos uma pequena revisa˜o do material
necessa´rio para este mo´dulo.
Lembremos que um conjunto e´ uma colec¸a˜o de objetos, chamados os elementos do con-
junto. A afirmac¸a˜o de que s e´ um elemento do conjunto A e´ escrita como s ∈ A.
Por definic¸a˜o, um conjunto fica completamente determinado por seus elementos; em
particular dois conjuntos A e B sa˜o iguais se eles tiverem os mesmos elementos:
A = B se e somente se (s ∈ A ⇐⇒ s ∈ B) .
Se a A e B sa˜o conjuntos, enta˜o A e´ um subconjunto de B se todo elemento de A for
tambe´m elemento de B:
A ⊂ B se e somente se (s ∈ A⇒ s ∈ B) .
Figura 1.1: Diagrama de Euler-Venn para dois conjuntos, A ⊂ B.
Podemos representar conjuntos e relac¸o˜es entre eles com desenhos esquema´ticos chama-
dos diagramas de Euler - Venn. O diagrama da Figura 1.1 por exemplo representa a
relac¸a˜o de subconjunto.
2 Elementos da teoria de conjuntos
Trabalharemos usualmente com conjuntos que sera˜o todos subconjuntos de um conjunto
espec´ıfico Ω, chamado conjunto universo. Definimos tambe´m o conjunto vazio, denotado
por ∅, como o conjunto sem elementos.
Consideremos um predicado q(s), ou seja, uma afirmac¸a˜o matema´tica que ou e´ ver-
dadeira ou e´ falsa para cada elemento s ∈ Ω. Enta˜o {s ∈ Ω : q(s) e´ verdadeira} define
completamente um subconjunto de Ω: o conjunto de todos os elementos de Ω que satis-
fazem q(s).
1.2 Relac¸o˜es entre conjuntos
Lembremos que as operac¸a˜o ba´sicas em teoria de conjuntos permitem definir novos con-
juntos. Mais precisamente, sejam A e B subconjuntos de um mesmo conjunto universo,
Ω. Enta˜o definimos a unia˜o entre A e B, como o conjunto que combina os elementos de
A e B,
A ∪B = {s ∈ Ω : s ∈ A ou s ∈ B}.
A intersec¸a˜o de A e B e´ o conjunto dos elementos em comum entre A e B,
A ∩B = {s ∈ Ω : s ∈ A e s ∈ B}.
A diferenc¸a de conjuntos de B e A e´ o conjunto dos elementos que esta˜o em B mas na˜o
em A,
B \A = {s ∈ Ω : s ∈ B e s /∈ A}.
O complementar de A e´ o conjunto de elementos que na˜o esta˜o em A,
AC = {s ∈ Ω : s /∈ A}.
Dizemos que os conjuntos A e B sa˜o disjuntos se sua intersec¸a˜o for o conjunto vazio,
A ∩B = ∅.
Uma discussa˜o mais aprofundada de teoria de conjuntos pode ser encontrada no livro
cla´ssico de Halmos [4]. O projeto Laborato´rio de Probabilidade e Estat´ıstica da Univer-
sidade do Alabama [12] disponibiliza um applet sobre o diagrama de Euler-Venn para
visualizar as poss´ıveis relac¸o˜es entre dois conjuntos (deve ser usado o navegador Mozilla).
Colec¸o˜es de conjuntos 3
1.3 Colec¸o˜es de conjuntos
Podemos estender as relac¸o˜es anteriores para colec¸o˜es finitas ou infinitas de conjuntos.
Seja A uma colec¸a˜o de subconjuntos de Ω. Podemos indexar os subconjuntos em A por
um conjunto de ı´ndices I, escrevendo assim A = {Ai ⊂ Ω : i ∈ I}.
A unia˜o da colec¸a˜o A e´ o conjunto que combina os elementos dos conjuntos em A,⋃
A = {s ∈ Ω : s ∈ A para algum A ∈ A},
ou, escrito de outra maneira,⋃
i∈I
Ai = {s ∈ Ω : s ∈ Ai para algum i ∈ I}.
A intersec¸a˜o da colec¸a˜o A e´ o conjunto dos elementos em comum a todos os conjuntos
em A, ⋂
A =
⋂
i∈I
Ai = {s ∈ Ω : s ∈ Ai para todo i ∈ I}.
A Figura 1.2 mostra estes novos conjuntos a partir de uma colec¸a˜o.
Figura 1.2: Diagrama de Euler-Venn para a unia˜o e a intersec¸a˜o de uma colec¸a˜o de
conjuntos.
A colec¸a˜o A e´ disjunta dois a dois se a intersec¸a˜o de quaisquer dois conjuntos da colec¸a˜o
for vazia,
A ∩B = ∅ para quaisquer A ∈ A e B ∈ A , com A 6= B.
Dizemos que a colec¸a˜o A forma uma partic¸a˜o de um conjunto B se A for disjunta dois
a dois e
⋃A = B.
Dado um conjunto Ω, uma colec¸a˜o importante e´ a colec¸a˜o de todos os subconjuntos de
Ω, chamado o conjunto das partes de Ω, que denotaremos por P(Ω) ou 2Ω.
4 Elementos da teoria de conjuntos
1.4 Produto cartesiano
Consideremos os conjuntos Ω1,Ω2, . . . ,Ωn. Definimos o produto cartesiano como o con-
junto
Ω1 × Ω2 × · · · × Ωn = {(s1, s2, . . . , sn) : si ∈ Ωi para todo i ∈ {1, 2, . . . , n}}.
Se todos os conjuntos forem iguais, Ωi = Ω, denotamos o produto cartesiano como Ω
n.
Podemos estender esta definic¸a˜o para uma sequ¨eˆncia infinita de conjuntos (Ω1,Ω2, . . . )
como
Ω1 × Ω2 × · · · = {(s1, s2, . . . ) : si ∈ Ωi para todo i ∈ {1, 2, . . . }}.
Denotaremos os elementos de um produto cartesiano com a notac¸a˜o vetorial
(s1, s2, . . . , sn)
ou simplesmente como letras de uma palavra s1s2 . . . sn.
O experimento A matema´tica dos calenda´rios, dispon´ıveis no site do projeto Matema´tica
Multimı´dia [10] tratam de conjuntos em geral e de conjuntos nume´ricos, emparticular,
podendo ser utilizados como material auxiliar com os alunos.
Ma˜os a` obra. Exerc´ıcios A.1.
Cap´ıtulo 2
Medida de contagem
Suponhamos que Ω e´ um conjunto finito.
Se A ⊂ Ω enta˜o a cardinalidade de A e´ o nu´mero de elementos de A, e sera´ denotado por
#(A) ou simplesmente #A. A func¸a˜o # e´ chamada medida de contagem e e´ fundamental
na teoria de probabilidades discretas.
Em particular, quando trabalhamos com problemas envolvendo amostragens de um con-
junto finito, o conjunto Ω e´ tipicamente um conjunto grande, o que nos leva a` necessidade
de construir formas eficientes de contagem.
Uma das regras ba´sicas da contagem e´ o axioma de aditividade da medida de contagem,
mais conhecido como regra da soma.
2.1 Regra da soma
Seja A1, A2, . . . , An uma colec¸a˜o finita de subconjuntos disjuntos de Ω. Enta˜o
#
(⋃
i
Ai
)
=
∑
i
#(Ai).
Uma consequ¨eˆncia imediata desta propriedade e´ que dados dois conjuntos A e B tais
que A ⊂ B enta˜o #A ≤ #B. Desta forma, # e´ uma func¸a˜o crescente relativa a` ordem
parcial dos subconjuntos de Ω e a` ordem usual em R.
2.2 Algumas desigualdades
As seguintes desigualdades nos permitem obter limitantes para o nu´mero de elementos
de um conjunto.
6 Medida de contagem
Desigualdade de Boole
Seja A1, A2, . . . , An uma colec¸a˜o finita de subconjuntos disjuntos de Ω. Enta˜o
#
(⋃
i
Ai
)
≤
∑
i
#(Ai).
Veja a prova B.1.
Em palavras, se n = 2, o total de elementos da unia˜o de dois conjuntos e´ menor ou
igual que a soma dos totais de elementos de cada conjunto, ja´ que se houver intersec¸a˜o
na˜o-vazia, contaremos os elementos da intersec¸a˜o duas vezes.
Desigualdade de Bonferroni
Seja A1, A2, . . . , An uma colec¸a˜o finita de subconjuntos disjuntos de Ω. Enta˜o
#
(⋂
i
Ai
)
≥ #Ω−
∑
i
(#Ω−#Ai) .
Veja a prova B.2, que e´ uma consequ¨eˆncia da Desigualdade de Boole e da lei de De
Morgan.
2.3 Fo´rmula de inclusa˜o-exclusa˜o
Dados A,B ⊂ Ω,
#(A ∪B) = #A+ #B −#(A ∩B).
Veja a prova B.3.
Esta fo´rmula nos da´ o total exato de elementos de uma unia˜o, indicando que devemos so-
mar os totais de elementos de cada conjunto e subtrair o total de elementos da intersec¸a˜o
(que foram contados duas vezes).
Este resultado pode ser estendido para mais de dois elementos, de forma natural. Por
exemplo, para n = 3 conjuntos, temos que
#(A ∪B ∪ C) = #A+ #B −#(A ∩B)−#(A ∩ C)−#(B ∩ C) + #(A ∩B ∩ C),
que pode ser visualizado no diagrama da Figura 2.1.
Regra do produto 7
Figura 2.1: Diagrama de Euler-Venn para 3 conjuntos.
2.4 Regra do produto
A regra do produto em contagem se baseia na formulac¸a˜o de um procedimento ou algo-
ritmo que permita gerar os objetos que devem ser contados. Suponha que o procedimento
consiste em k passos, a serem realizados sucessivamente, e que cada passo j pode ser
realizado de nj formas diferentes, independentemente das escolhas feitas previamente.
Enta˜o o nu´mero total de formas de realizar o procedimento e´ igual a n1 n2 . . . nk, que e´
tambe´m o nu´mero total de poss´ıveis objetos.
Podemos visualizar este algoritmo em uma a´rvore de contagem. Consideremos uma
a´rvore com k n´ıveis de galhos, de modo que cada galho do n´ıvel i − 1 se divida em ni
novos galhos, para i = 1, . . . , k, como mostrado na Figura 2.2.
O total de nodos no extremo da a´rvore e´ igual a n1 n2 . . . nk.
Em particular, se em cada passo do algoritmo tivermos o mesmo nu´mero de possibili-
dades, n, enta˜o o procedimento completo pode ser realizado de nk maneiras poss´ıveis.
Exemplo. A placa de um carro consiste em 3 letras e 4 d´ıgitos. Quantas placas diferentes
podem ser licenciadas?
O fundamental para a correta aplicac¸a˜o desta regra em um problema de contagem e´
fazer uma formulac¸a˜o clara do algoritmo que gera os diversos poss´ıveis objetos, de modo
que cada objeto seja contado e que seja contado uma u´nica vez.
Os exerc´ıcios ao fim desta sec¸a˜o sa˜o importantes para perceber diferentes abordagens
desta regra.
O v´ıdeo Desejos e o software Geometria do Ta´xi, dispon´ıveis no site do projeto Mate-
ma´tica Multimı´dia [10] tratam de algumas regras de contagem, podendo ser utilizados
como material auxiliar com os alunos.
8 Medida de contagem
Figura 2.2: Diagrama de a´rvore de contagem.
Uma refereˆncia bibliogra´fica cla´ssica e´ o livro de Feller [2], que aborda este to´pico nos
primeiros cap´ıtulos, com problemas que sa˜o verdadeiros desafios.
Ma˜os a` obra. Exerc´ıcios A.2.
Cap´ıtulo 3
Estruturas de contagem
A definic¸a˜o de um algoritmo para gerar os elementos de um conjunto permite determinar
uma estrutura de contagem. Veremos aqui duas estruturas ba´sicas: permutac¸o˜es e
combinac¸o˜es.
3.1 Permutac¸o˜es
Consideremos um conjunto D = {d1, d2, . . . , dn} com n elementos. Uma permutac¸a˜o de
k elementos de D e´ uma sequ¨eˆncia ordenada de k elementos diferentes de D:
(x1, x2, . . . , xk) ∈ Dk , onde xi ∈ D e xi 6= xj se i 6= j , para todos i, j.
Claramente, k na˜o pode ser maior que n. Uma permutac¸a˜o de n elementos de D, ou seja,
uma ordenac¸a˜o de todos os elementos de D, e´ chamada simplesmente uma permutac¸a˜o
de D.
Podemos interpretar uma permutac¸a˜o de k elementos de D como um resultado de um
mecanismo f´ısico que extrai k elementos da populac¸a˜o D sem reposic¸a˜o.
Com esta interpretac¸a˜o, observemos que na primeira extrac¸a˜o, temos todos os n elemen-
tos de D como poss´ıveis resultados. Para a segunda extrac¸a˜o, como o primeiro elemento
extra´ıdo na˜o e´ reposto, temos n−1 poss´ıveis resultados. Para a terceira extrac¸a˜o, temos
n − 2 poss´ıveis resultados. Assim por diante, ate´ a k-e´sima extrac¸a˜o, em que temos
n− k + 1 poss´ıveis resultados, como mostra a Figura 3.1.
Assim, pela regra do produto, temos que o total de permutac¸o˜es de k elementos em n,
que denotaremos n(k), e´ igual a
n(k) = n(n− 1) . . . (n− k + 1) = n!
(n− k)! ,
10 Estruturas de contagem
Figura 3.1: A´rvore de contagem para uma permutac¸a˜o de k elementos em n.
onde n! = n(n− 1) . . . 1 e´ o fatorial de n.
Usaremos a regra do produto e o mecanismo de extrac¸a˜o como um algoritmo de con-
struc¸a˜o de permutac¸o˜es de k elementos de D para contar o total de poss´ıveis per-
mutac¸o˜es.
3.2 Combinac¸o˜es
Consideremos um conjunto D = {d1, d2, . . . , dn} com n elementos. Uma combinac¸a˜o de
k elementos de D e´ um subconjunto (na˜o-ordenado) de k elementos diferentes de D:
{x1, x2, . . . , xk} , onde xi ∈ D e xi 6= xj se i 6= j , para todos i, j.
Novamente, k na˜o pode ser maior que n.
Podemos interpretar uma combinac¸a˜o como o resultado do mecanismo f´ısico que extrai
uma amostra na˜o-ordenada de uma populac¸a˜o D sem reposic¸a˜o.
Denotemos por C(n, k) o total de combinac¸o˜es de k elementos de um grupo de n.
Observemos que cada combinac¸a˜o permite construir k! ordenac¸o˜es diferentes, ou seja,
k! permutac¸o˜es de comprimento k.
Amostras 11
Figura 3.2: Uma combinac¸a˜o de k elementos gera k! permutac¸o˜es desses elementos.
Isto nos permite obter o total de combinac¸o˜es poss´ıveis de k elementos a partir do total
de permutac¸o˜es de k elementos, ja´ que
n(k) = k!C(n, k) =⇒ C(n, k) = n
(n− k)!k! =
(
n
k
)
.
O nu´mero
(
n
k
)
e´ chamado coeficiente binomial.
Note que se n e k sa˜o inteiros na˜o negativos e k > n, enta˜o
(
n
k
)
= 0. Por convenc¸a˜o,
definimos
(
n
k
)
= 0, se k < 0.
O racioc´ınio anterior nos leva a um novo algoritmo (com dois passos) para construir per-
mutac¸o˜es: primeiro selecionamos uma combinac¸a˜o de k elementos e depois selecionamos
uma ordem para estes elementos.
Os exerc´ıcios desta sec¸a˜o mostram algumas propriedades ba´sicas dos conceitos definidos.
Ma˜os a` obra. Exerc´ıcios A.3.
3.3 AmostrasUm dos experimentos ba´sicos e importantes em probabilidade e´ o de obter uma amostra
de uma populac¸a˜o finita.
Neste tipo de experimento, duas propriedades da amostragem sa˜o essenciais:
• se a ordem e´ ou na˜o importante, e
• se um objeto amostrado e´ ou na˜o reposto na populac¸a˜o antes da pro´xima extrac¸a˜o.
12 Estruturas de contagem
Figura 3.3: Amostra de tamanho k de uma populac¸a˜o D com n elementos.
Consideremos uma populac¸a˜o D = {d1, d2, . . . , dn} com n objetos, da qual queremos
obter uma amostra de k objetos, chamados unidades amostrais.
Cada uma das quatro formas poss´ıveis de amostragens sera´ descrita com mais detalhe
a seguir.
Amostra ordenada com reposic¸a˜o
Se a ordem for importante e as extrac¸o˜es forem feitas com reposic¸a˜o, enta˜o uma amostra e´
um elemento do produto cartesiano Dk, ou seja, uma amostra e´ um vetor (a1, a2, . . . , ak),
onde ai representa o i-e´simo elemento extra´ıdo de D.
Observemos que podemos ter coordenadas repetidas, indicando que um mesmo elemento
foi extra´ıdo mais de uma vez.
Neste caso, pela regra do produto, o total de amostras poss´ıveis de k elementos e´ igual
ao total de vetores poss´ıveis em Dk, igual a nk.
Amostra ordenada sem reposic¸a˜o
Se a ordem for importante e as extrac¸o˜es forem feitas sem reposic¸a˜o, enta˜o uma amostra
de k elementos e´ simplesmente uma permutac¸a˜o de tamanho k escolhida de D. Nova-
mente, pela regra do produto, o total de amostras poss´ıveis e´ igual a n(k).
Amostra na˜o ordenada sem reposic¸a˜o
Se a ordem na˜o for importante e as extrac¸o˜es forem feitas sem reposic¸a˜o, enta˜o uma
amostra e´ uma combinac¸a˜o de k elementos de D; neste caso, o total de amostras poss´ıveis
Coeficientes multinomiais 13
e´ C(n, k).
Amostra na˜o ordenada com reposic¸a˜o
Finalmente, consideremos o caso em que a ordem na˜o e´ importante e as extrac¸o˜es sa˜o
feitas com reposic¸a˜o. As poss´ıveis amostras podem ter apenas um elemento repetido
k vezes, ou apenas dois elementos diferentes no total de k extrac¸o˜es, ou apenas treˆs
diferentes, ou assim por diante, ate´ k elementos diferentes, na˜o-ordenados. O total de
amostras poss´ıveis, neste caso, e´ igual a(
k + n− 1
k
)
.
Veja a prova B.4.
O software Probabilidade com urnas, dispon´ıveis no site do projeto Matema´tica Mul-
timı´dia [10] trata de diversos tipos de amostragens, podendo ser utilizados como material
auxiliar com os alunos.
Para pensar: em um jogo de bingo, qual tipo de amostragem estamos realizando? e em
uma loteria?
Ma˜os a` obra. Exerc´ıcios A.3.
3.4 Coeficientes multinomiais
Consideremos o conjunto D = {d1, d2, . . . , dn} com n elementos.
Observemos que uma combinac¸a˜o de j elementos de D define uma partic¸a˜o de D, for-
mada por um conjunto A, contendo os j elementos da combinac¸a˜o, e AC , contendo os
n− j elementos restantes.
Figura 3.4: Partic¸a˜o de um conjunto em dois subconjuntos, com cardinalidades j e n−j.
14 Estruturas de contagem
Uma generalizac¸a˜o natural deste conceito e´ o de partic¸a˜o de D em ate´ k subconjuntos
diferentes e disjuntos dois-a-dois, (A1, A2, . . . , Ak), com #Ai = ni ≥ 0, para todo i =
1, 2, . . . , k, tais que n1 + n2 + · · ·+ nk = n.
Figura 3.5: Partic¸a˜o de um conjunto em k subconjuntos, cada um com cardinalidade
nk.
O total de partic¸o˜es poss´ıveis de D em ate´ k subconjuntos, C(n;n1, n2, . . . , nk), e´ igual
a
C(n;n1, n2, . . . , nk) =
n!
n1!n2! . . . nk!
.
Veja a prova B.5.
Este nu´mero e´ chamado coeficiente multinomial e e´ denotado tambe´m por(
n
n1, n2, . . . , nk
)
.
Exemplo 1
Consideremos o conjunto T = {1, 2, . . . , k}n. Os elementos de T sa˜o vetores de compri-
mento n em que cada coordenada e´ um valor natural entre 1 e k, como por exemplo os
vetores
t = (1, 1, 2, 1, . . . , 1) t = (k, k, . . . , k) t = (k, 4, 5, k, 4, 5, . . . , 5), etc.
Para cada valor i ∈ {1, 2, . . . , k}, denotemos por ni o total de vezes em que o valor i
aparece no vetor t.
Por exemplo, se n = 3 e k = 5, T e´ o conjunto de todos os vetores com treˆs coordenadas,
onde cada coordenada e´ um valor inteiro entre 1 e 5. Para o vetor t = (3, 3, 2), temos
que n1 = 0 = n4 = n5, ja´ que os valores 1, 4 e 5 na˜o aparecem no vetor, e n2 = 1 e
n3 = 2, ja´ que o valor 2 aparece uma vez e o valor 3 aparece duas vezes.
Com esta definic¸a˜o, podemos perceber que a soma n1 +n2 + · · ·+nk deve ser igual a n,
que e´ o total de coordenadas do vetor t.
Coeficientes multinomiais 15
Enta˜o, o total de sequ¨eˆncias em T tais que o valor i ocorre ni vezes, para i = 1, 2, . . . , k,
e´ igual a C(n;n1, n2, . . . , nk).
Veja a prova B.6.
Com este resultado, no exemplo anterior temos que o total de sequ¨eˆncias de 3 elementos
com um 2 e dois 3’s (e nenhum 1, 4 ou 5) e´ igual a
C(3; 0, 1, 2, 0, 0) =
(
3
0, 1, 2, 0, 0
)
=
3!
0! 1! 2! 0! 0!
=
3 · 2 · 1
2
= 3,
que sa˜o (3, 3, 2), (3, 2, 3), (2, 3, 3).
Exemplo 2
Consideremos n objetos de k tipos diferentes, k ≤ n, com ni elementos do tipo i, para
cada i = 1, 2, . . . , n.
Por exemplo, Joa˜o tem 5 cadeiras, 2 azuis, 1 branca, 1 preta e 1 verde.
Admitindo que objetos de um mesmo tipo sa˜o indistingu´ıveis entre si, enta˜o o total de
permutac¸o˜es distingu´ıveis dos n objetos e´ igual a C(n;n1, n2, . . . , nk).
Observemos que cada permutac¸a˜o distingu´ıvel destes objetos corresponde a um u´nico el-
emento T do Exemplo 1, e cada elemento de T define uma u´nica permutac¸a˜o distingu´ıvel,
provando assim o resultado.
No exemplo das cadeiras, o Joa˜o tem portanto C(5; 2, 1, 1, 1) = 120 formas diferentes de
colocar as cadeiras em linha.
Podemos verificar isto, contando da seguinte maneira: chamemos por 1, 2, 3, 4, 5 as
poss´ıveis posic¸o˜es de cada cadeira.
As cadeiras azuis podem ser vizinhas nas posic¸o˜es 1-2, 2-3, 3-4, 4-5. Para cada uma
destas as outras 3 cadeiras podem se ordenar de 3!=6 formas diferentes.
Do mesmo modo, as cadeiras azuis podem estar a uma cadeira de distaˆncia nas posic¸o˜es
1-3, 2-4, 3-5; a duas cadeiras de distaˆncia, nas posic¸o˜es 1-4, 2-5; e totalmente afastadas
na posic¸a˜o 1-5. Para cada uma destas possibilidade, temos 3! formas de ordenar as
restantes.
Finalmente, as cadeiras azuis podem ocupar cada uma dessas posic¸o˜es de duas maneiras
poss´ıveis, trocando-as de lugar entre si.
Assim, temos 3!(4 + 3 + 2 + 1)2 = 120 possibilidades.
Ma˜os a` obra. Exerc´ıcios A.3.
16 Estruturas de contagem
Apeˆndice A
Exerc´ıcios
A.1 Conjuntos
1. Mostre que ∅ ⊂ A, para qualquer conjunto A.
2. Dados conjuntos A e B, mostre que A ∩B ⊂ A ⊂ A ∪B.
3. Dado um subconjunto A de um conjunto universo Ω, mostre que A ∪ AC = Ω e
que A ∩AC = ∅.
4. (Leis de De Morgan) Dados dois conjuntos A e B, mostre que
(a) (A ∪B)C = AC ∩BC
(b) (A ∩B)C = AC ∪BC
5. Seja Ω = {1, 2, 3, 4}× {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Este conjunto pode ser interpretado como o
conjunto de resultados do lanc¸amento de uma dado de 4 faces e um dado de 6 faces.
Considere os conjuntos A = {(x, y) ∈ Ω : x e´ par } e B = {(x, y) ∈ Ω : x+ y = 5}.
Liste os elementos de cada um dos conjuntos a seguir: A, B, A∪B, A∩B, A \B,
B \A.
6. Seja Ω = {0, 1}3. Este conjunto pode ser visto como o conjunto de resultados
de treˆs lanc¸amentos de uma moeda (0 denota coroa e 1 denota cara). Defina os
conjuntos A = {(s1, s2, s3) ∈ Ω : s2 = 1} e B = {(s1, s2, s3) ∈ Ω : s1 +s2 +s3 = 2}.
Liste os elementos de cada um dos conjuntos a seguir: Ω, A, B, AC , BC , A ∪ B,
A ∩B, A \B, B \A.
7. Seja Ω = {0, 1}2, o conjunto de resultados em dois lanc¸amentos de uma moeda.
Determine P(Ω).
18 Exerc´ıcios
8. Podemos denotar um conjunto de cartas de baralho como o conjunto produto
Ω = {As, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, J,Q,K} × {♣,♥,♦,♠},
onde o primeiro elemento do par ordenado indicao valor da carta e o segundo
indica o naipe. Denotemos por A o conjunto de corac¸o˜es, e por B o conjunto de
cartas com personagens. Determine os conjuntos A ∪B, A ∩B, A \B, B \A.
9. * Considere a sequ¨eˆncia de conjuntos An = [0, 1 − 1/n], para n ∈ {1, 2, . . . }.
Determine
⋂
An,
⋃
An,
⋂
ACn ,
⋃
ACn .
Voltar 1.4.
A.2 Medida de Contagem
Considere os subconjuntos A,B,C,A1, A2, . . . , An ⊂ Ω, com Ω finito, para os seguintes
exerc´ıcios.
Dica: antes de fazer as demonstrac¸o˜es, construa pelo menos um exemplo, atribuindo
valores para as quantidades e conjuntos envolvidos.
1. Mostre que #AC = #Ω−#A.
2. Mostre que #(B \A) = #B −#(B ∩A).
3. Mostre que se A ⊂ B enta˜o #(B \A) = #B −#A.
4. Suponha que Ω e´ um conjunto de sequ¨eˆncias de comprimento k, com elementos da
forma (x1, x2, . . . , xk). Mostre que se cada coordenada j tiver nj poss´ıveis valores,
independente das demais coordenadas, enta˜o
#Ω = n1 n2 . . . nk.
5. Mostre que se Ω tem n elementos, enta˜o Sk tem nk elementos.
6. Mostre que o nu´mero de amostras ordenadas de k elementos que pode ser sele-
cionada com reposic¸a˜o de uma populac¸a˜o de n objetos e´ igual a nk.
7. Mostre que o nu´mero total de func¸o˜es de um conjunto A com n elementos em um
conjunto B com m elementos e´ mn. Este resultado e´ uma motivac¸a˜o para usar a
notac¸a˜o BA para o conjunto de todas as func¸o˜es de A em B.
Estruturas de contagem 19
8. Suponha que Ω tem n elementos. Mostre que o conjunto das partes de Ω tem 2n
elementos.
9. Um experimento consiste em lanc¸ar um dado comum de 6 faces, escolher uma
carta de um baralho e lanc¸ar uma moeda honesta. Quantos poss´ıveis resultados
tem este experimento?
10. Uma moeda honesta e´ lanc¸ada 10 vezes, observando a sequ¨eˆncia de resultados.
Quantas sequ¨eˆncias poss´ıveis ha´? Quantas sequ¨eˆncias teˆm exatamente 3 caras?
11. Um experimento com dados e moedas consiste em lanc¸ar um dado e depois lanc¸ar a
moeda o nu´mero de vezes mostrado no dado, observando a sequ¨eˆncia de resultados
da moeda. Quantos resultados poss´ıveis existem? Quantos deles tem exatamente
duas caras?
Voltar 2.4.
A.3 Estruturas de contagem
Nos exerc´ıcios abaixo, considere n,m, k inteiros na˜o negativos.
Dica: antes de fazer as demonstrac¸o˜es, construa pelo menos um exemplo, atribuindo
valores para as quantidades envolvidas.
1. Mostre que
(
n
0
)
=
(
n
n
)
= 1.
2. Mostre que se n < k enta˜o
(
n
k
)
= 0.
3. Utilizando argumento combinato´rio, mostre que(
n
k
)
=
(
n
n− k
)
,
ou seja, mostre que cada lado da igualdade representa uma forma diferente de
contar a mesma colec¸a˜o. Dica: observe que ao selecionar um subconjunto de k
elementos de um conjunto de tamanho n, deixamos n−k elementos na˜o seleciona-
dos.
4. Utilizando um argumento combinato´rio, mostre que(
n
k
)
=
(
n− 1
k − 1
)
+
(
n− 1
k
)
.
Dica: fixe um elemento do conjunto, e conte o total de subconjuntos de tamanho k
que conte´m o elemento e o total de subconjuntos de tamanho k que na˜o o conte´m.
20 Exerc´ıcios
5. Utilizando um argumento combinato´rio, mostre que
k
(
n
k
)
= n
(
n− 1
k − 1
)
.
Dica: considere duas formas de escolher um comiteˆ de tamanho k de um grupo
de tamanho n; na primeira, o comiteˆ e´ escolhido e depois um chefe dentre os
escolhidos, e na segunda, um chefe e´ escolhido da populac¸a˜o e enta˜o k−1 membros
sa˜o escolhidos do restante n− 1 membros da populac¸a˜o.
6. Utilizando um argumento combinato´rio, mostre que
k∑
j=0
(
n
j
)(
m
k − j
)
=
(
n+m
k
)
.
Dica: considere duas formas de escolher um comiteˆ de tamanho k de um grupo de
tamanho n + m com n homens e m mulheres; conte o nu´mero de comiteˆs com j
homens e k − j mulheres.
Voltar 3.2.
Amostras
1. Um lote conte´m 12 itens bons e 8 itens defeituosos. Uma amostra de 5 itens e´
extra´ıda. Determine o total de amostras contendo exatamente 3 itens bons.
Voltar 3.3
Coeficientes multinomiais
1. Em uma corrida com 10 cavalos, os treˆs primeiros lugares sa˜o anotados. Quantos
resultados poss´ıveis existem?
2. Uma placa de carro tem 3 letras e 4 d´ıgitos. Determine o total de placas com
letras e d´ıgitos todos diferentes.
3. Quatro casais esta˜o sentados em uma fileira com 8 cadeiras. Determine o total de
arranjos em que eles podem estar sentados. Determine o total de arranjos em que
eles podem estar sentados de modo que:
(a) os homens fiquem juntos e as mulheres fiquem juntas;
(b) os homens fiquem juntos;
Estruturas de contagem 21
(c) os casais fiquem juntos.
4. Refac¸a o exerc´ıcio anterior, assumindo agora que os casais esta˜o sentados em uma
mesa redonda.
5. Em uma estante ha´ 12 livros, dos quais 3 sa˜o de f´ısica, 5 sa˜o de matema´tica e 4
sa˜o de histo´ria. Determine o total de arranjos de modo que:
(a) na˜o ha´ restric¸a˜o;
(b) os livros de mesmo tipo devem ficar juntos;
(c) os livros de matema´tica devem ficar juntos.
6. Determine o total de arranjos diferentes das letras de: probabilidade, arranjo.
7. Um clube tem 20 membros: 12 homens e 8 mulheres, com os quais e´ necessa´rio
criar um comiteˆ de 6 pessoas. De quantas formas pode ser composto o comiteˆ se:
(a) na˜o ha´ restric¸a˜o;
(b) o comiteˆ deve ter 4 mulheres e 2 homens;
(c) o comiteˆ deve ter pelo menos 2 mulheres e pelo menos 2 homens.
8. Em um grupo de 10 pessoas, todas elas se apertam as ma˜os. Quantos apertos de
ma˜o sa˜o dados?
9. Suponha que 5 dados distingu´ıveis de 6 faces sa˜o lanc¸ados e que a sequ¨eˆncia obtida
e´ observada. Determine o total de sequ¨eˆncias. Determine o total de sequ¨eˆncias
com todos os resultados diferentes.
10. Refac¸a o exerc´ıcio anterior, assumindo que os dados sa˜o ideˆnticos.
Voltar 3.4.
22 Exerc´ıcios
Apeˆndice B
Demonstrac¸o˜es
B.1 Desigualdade de Boole
Definamos os conjuntos B1 = A1 e Bi = Ai \ (A1 ∪ · · · ∪Ai−1) para i ∈ {1, 2, . . . , n}.
Observe que os elementos de B2 sa˜o os elementos de A2 que na˜o esta˜o em A1. Do mesmo
modo, os elementos de B3 sa˜o os elementos de A3 que na˜o esta˜o nem em A1 nem em
A2, e assim por diante. A Figura B.1 mostra o caso para 3 conjuntos.
 
 
 
Figura B.1: Construc¸a˜o da prova da desigualdade de Boole.
24 Demonstrac¸o˜es
Portanto, os conjuntos B1, B2, . . . , Bn sa˜o disjuntos dois a dois e tem a mesma unia˜o
que A. (Prove estas afirmac¸o˜es formalmente dentro da teoria de conjuntos) Desta forma
#(∪Ai) = #(∪Bi).
Pela regra da adic¸a˜o, #(∪Bi) =
∑
#Bi.
Finalmente, como Bi ⊂ Ai, temos que
# (∪iAi) = # (∪iBi) =
∑
#Bi ≤
∑
#Ai,
como queriamos provar.
Voltar 2.2.
B.2 Desigualdade de Bonferroni
Aplique a desigualdade de Boole aos conjuntos AC1 , A
C
2 , . . . , A
C
n e use as leis de De
Morgan.
Voltar 2.2.
B.3 Fo´rmula de inclusa˜o-exclusa˜o
Observemos que podemos escrever A ∪ B como a unia˜o dos conjuntos disjuntos A e
B \A. Pela regra da adic¸a˜o, chegamos ao resultado.
A generalizac¸a˜o para n conjuntos segue o mesmo racioc´ınio.
Voltar 2.3.
B.4 Amostragem na˜o-ordenada sem reposic¸a˜o
Para sistematizar a contagem, denotemos por xj o total de vezes em que o j-e´simo
elemento da populac¸a˜o foi observado na amostra, para j = 1, . . . , n. Como observamos
uma amostra de tamanho k, temos que x1 + x2 + · · ·+ xn = k.
O total de amostras poss´ıveis, corresponde portanto ao total de soluc¸o˜es inteiras na˜o
negativas da equac¸a˜o anterior.
Uma forma bonita de resolver este problema e´ via modelo de urnas e bolinhas. Consid-
eremos n urnas e k bolinhas, k < n, que sera˜o dispostas aleatoriamente nas urnas. A
Coeficientes multinomiais 25
equac¸a˜o anterior representa este problema, e uma soluc¸a˜o poss´ıvel corresponde a umaforma poss´ıvel de preencher as urnas.
Denotemos as urnas por n+ 1 barras verticais |, indicando os limitantes das urnas. Os
espac¸os entre as barras indicam cada uma das n urnas. Denotemos as k bolinhas por k
s´ımbolos ◦.
Por exemplo, a configurac¸a˜o
| | ◦ ◦ ◦ | ◦ |
representa 3 urnas: a primeira esta´ vazia, a segunda tem 3 bolinha e a terceira tem uma
bolinha.
Queremos contar o nu´mero de maneiras de dispor k s´ımbolos ◦ entre n+1 barras |. Como
a primeira e a u´ltima barras devem permanecer nos extremos (ja´ que as bolinhas na˜o
podem ficar fora das urnas), devemos considerar todas as combinac¸o˜es entre k s´ımbolos
◦ entre n− 1 barras |.
Com isto, o total de amostras poss´ıveis de k elementos de uma populac¸a˜o com n ele-
mentos diferentes, sem ordem e com reposic¸a˜o, e´ igual a(
k + n− 1
k
)
.
Voltar 3.3.
B.5 Coeficientes multinomiais
Dado o conjunto D = {d1, d2, . . . , dn} com n elementos, consideremos uma permutac¸a˜o
de todos os elementos
pi(d1, d2, . . . , dn) = (dpi1 , dpi2 , . . . , dpin).
Dados n1, n2, . . . , nk inteiros na˜o-negativos tais que n1 + n2 + · · · + nk = n, definamos
o conjunto A1 como o conjunto formado pelo primeiros n1 elementos da permutac¸a˜o
anterior. Definamos A2 como o conjunto formado pelo seguintes n2 elementos da per-
mutac¸a˜o, e assim por diante, ate´ obter Ak definido como o conjunto formado pelo u´ltimos
nk elementos da permutac¸a˜o. Se para algum i, ni = 0, definimos o conjunto Ai como o
conjunto vazio.
Desta forma, para cada uma das n! poss´ıveis permutac¸o˜es, constru´ımos os conjuntos
A1, A2, . . . , Ak da mesma maneira.
26 Demonstrac¸o˜es
Observemos que estes conjuntos sa˜o disjuntos entre si e sua unia˜o corresponde ao con-
junto D, ja´ que todos os elementos aparecem na permutac¸a˜o, e aparecem uma u´nica
vez. Em outras palavras, os conjuntos A1, A2, . . . , Ak definem uma partic¸a˜o de D.
Observemos tambe´m que qualquer permutac¸a˜o envolvendo apenas os n1 primeiros ele-
mentos, define o mesmo conjunto A1; do mesmo modo, qualquer permutac¸a˜o envolvendo
apenas os n2 elementos seguintes, define o mesmo conjunto A2, e assim por diante.
Sendo assim, dada uma pemutac¸a˜o definindo os conjuntos A1, A2, . . . , Ak, temos
n1!n2! . . . nk!
permutac¸o˜es diferentes definindo os mesmos conjuntos A1, A2, . . . , Ak, que sa˜o aquelas
que permutam apenas os elementos de cada conjunto entre si.
Portanto, o total de partic¸o˜es diferentes de D e´ igual a n!/(n1!n2! . . . nk!), como que-
r´ıamos provar.
Voltar 3.4.
B.6 Coeficientes multinomiais - Exemplo 1
Para provar o resultado, consideremos um conjunto D = {d1, d2, . . . , dn} com n elemen-
tos.
Observemos que cada t ∈ T = {1, 2, . . . , k}n define uma partic¸a˜o de D.
De fato, para cada vetor t = (t1, t2, . . . , tn) ∈ T , definamos os conjuntos A1, A2, . . . , Ak
de modo que o elemento di ∈ D pertenc¸a ao conjunto Ati , dado pela coordenada i-e´sima
de t. Se o vetor t na˜o tiver nenhuma coordenada com valor igual a j ∈ {1, 2, . . . , k},
enta˜o Aj = ∅.
Esta relac¸a˜o define biunivocamente cada partic¸a˜o de D a partir de t ∈ T . Portanto, o
total de elementos em T e´ igual ao total de partic¸o˜es de D em ate´ k conjuntos.
Voltar 3.4.
Refereˆncias Bibliogra´ficas
[1] Carvalho, P.C.P., de Carvalho, J.B.P., Fernandez, P., Morgado, A.C.O. (2004)
Ana´lise Combinato´ria e Probabilidade. Editora SBM.
[2] Feller, P. (1976) Introduc¸a˜o a` Teoria de Probabilidades e suas Aplicac¸o˜es. Editora
Edgard Blu¨cher.
[3] Gnedenko, B. (2008) A Teoria da Probabilidade. Editora Cieˆncia Moderna.
[4] Halmos, P. (2001) Teoria Ingeˆnua dos Conjuntos. Editora Cieˆncia Moderna.
[5] James, B. (1996) Probabilidade: um curso em n´ıvel intermedia´rio. Colec¸a˜o Projeto
Euclides.
[6] Meyer, P. (2000) Probabilidade: aplicac¸o˜es a` estat´ıstica. Editora LTC.
[7] Ross, S. (2010) Probabilidade: um curso moderno com aplicac¸o˜es. Editora Bookman
Co.
Pa´ginas da internet
Em portugueˆs
[8] ALEA, Acc¸a˜o Local de Estat´ıstica Aplicada, Portugal.
[9] Mais - Recursos Educacionais em Matema´tica, Brasil.
[10] Matema´tica Multimı´dia, Unicamp.
Em ingleˆs
[11] Histo´ria da Matema´tica, Universidade de St. Andrews, Esco´cia.
[12] Laborato´rio de Probabilidade e Estat´ıstica, Universidade do Alabama, EUA.
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