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1 Circuito RC em Série e Associação de Capacitores Jhionathan de Lima João Vitor Parada Poletto Marcelo Prado Cionek Universidade Federal do Paraná – UFPR, Curitiba – PR, Brasil Disciplina: Laboratório de Física Básica III – Professor: Guilherme Abreu 6 de Maio de 2019 Análise da diferença de potencial em um circuito RC Montamos o circuito RC conforme a Figura 1 e configuramos o gerador de função para onda quadrada de frequência 100 Hz. Em seguida, analisamos os dados registrados pelo osciloscópio para o capacitor de e três resistores diferentes, trocando-os de posição para as respectivas medidas de tempo e diferença de potencial. Figura 1: Montagem experimental para o circuito RC com osciloscópio e gerador de função. Esperávamos observar um comportamento exponencial para a voltagem no capacitor de capacitância e a voltagem no resistor de resistência , visto que as equações teóricas para os dois casos são: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Em que é a máxima força eletromotriz fornecida pela fonte. Como a constante de tempo deve fazer com que ( ) e ( ) para quaisquer valores de e , ajustamos os cursores do osciloscópio para encontrar esses valores de diferença de potencial e os respectivos intervalos desde o início da carga do capacitor até o momento em que esses valores eram atingidos, para três resistores diferentes e o mesmo capacitor de de capacitância, e comparamos com o valor teórico de calculado a partir dos valores nominais, como mostra a Tabela 1. Resistência ( ) ( ) (Capacitor) ( ) (Resistor) RC teórico ( ) Tabela 1: Constante de tempo para cada resistor e valores teóricos. Observamos que os valores encontrados para a constante do tempo são praticamente os mesmos para a medida feita no resistor e no capacitor, e ambos são quase idênticos aos valores previstos teoricamente. Em seguida, mantivemos o resistor de no circuito e adicionamos um capacitor de , primeiro em série e depois em paralelo com o outro capacitor de . A capacitância equivalente é dada pelas seguintes equações: Então os valores esperados para a capacitância equivalente nos dois casos deveriam ser: Repetimos o método para encontrar a constante de tempo nos dois casos e comparamos os valores com a previsão teórica, conforme mostra a Tabela 2. 2 Associação Resistência ( ) teórico ( ) teórico ( ) medido ( ) Desvio ( ) Série Paralelo Tabela 2: Valores teóricos e experimentais para capacitância equivalente e constante de tempo em diferentes associações de capacitores. Novamente, não encontramos desvios notáveis entre os valores experimentais e teóricos dentro da precisão do osciloscópio, então pudemos concluir que . Tendo concluído essa parte do experimento, refizemos o circuito RC conforme a Figura 2, desta vez com uma fonte de corrente contínua de , capacitor de e resistor de , com o terminal s conectado ao terminal a. Adicionamos um multímetro para o resistor e outro para o capacitor e medimos os respectivos valores da diferença de potencial conforme o capacitor era carregado. Figura 2: Montagem experimental para o circuito RC com corrente contínua. Quando a voltagem no capacitor se aproximou de , desconectamos rapidamente a fonte de energia e conectamos o terminal s ao terminal b, fechando novamente o circuito e repetindo as medidas até que a carga no capacitor estivesse quase esgotada. Também somamos as duas voltagens do resistor e do capacitor para cada valor de tempo e anotamos todos os valores na Tabela 3. Podemos observar que, em módulo, a soma das leituras de voltagem dos multímetros forneceu um valor próximo de durante todo o processo de carga, conforme prevê a Lei das Malhas. Quando a fonte de energia é desligada, a força eletromotriz vale 0, então deveríamos ter . Esse resultado também foi verificado durante a descarga do capacitor. Tempo (s) ( ) ( ) ( ) 0 -1,53 -1,49 -3,02 20 -1,17 -1,85 -3,02 40 -0,90 -2,11 -3,01 60 -0,69 -2,32 -3,01 80 -0,53 -2,48 -3,01 100 -0,41 -2,6 -3,01 120 -0,31 -2,7 -3,01 140 -0,24 -2,77 -3,01 152* -0,21 -2,81 -3,02 160 2,65 -2,59 0,06 170 2,30 -2,28 0,02 180 1,99 -1,98 0,01 190 1,75 -1,73 0,02 200 1,54 -1,53 0,01 220 1,19 -1,18 0,01 240 0,9 -0,89 0,01 260 0,7 -0,69 0,01 280 0,53 -0,53 0,00 300 0,41 -0,41 0,00 320 0,31 -0,31 0,00 340 0,24 -0,24 0,00 360 0,18 -0,18 0,00 *instante antes da fonte de energia ser desconectada Tabela 3: Diferença de potencial no resistor e capacitor em um circuito RC. 3 Em seguida, plotamos os gráficos para a diferença de potencial no resistor e no capacitor durante a carga e descarga, como mostrado nas Figura 3 e 4, respectivamente. Figura 3: Diferença de potencial no resistor e no capacitor durante a carga do capacitor. Figura 4: Diferença de potencial no resistor e capacitor durante a descarga do capacitor. O eixo do tempo foi deslocado de maneira que a primeira medida após a fonte ser desligada esteja em . Como o comportamento de ambas as voltagens é regido por uma função exponencial, usamos uma ferramenta de fitting de gráficos impondo funções do tipo ( ) e ( ) ( ) e fazendo os devidos ajustes nos eixos, com a expectativa de obter os coeficientes teóricos e . Os valores obtidos estão na Tabela 4. Fitting ( ) | | ( ) ( ) carga -3,01694 0,01322 0,01333 ( ) carga -3,0072 0,01327 descarga 2,6303 0,01337 descarga -2,5908 0,01325 Tabela 4: Coeficientes encontrados a partir do fitting exponencial da diferença de potencial no resistor e capacitor durante o processo de carga do capacitor. Conforme o esperado, o valor do coeficiente B se aproximou de para todos os casos, e se aproximou do valor da força eletromotriz durante a carga. No processo de descarga, os valores de não coincidiram com , no entanto, podemos observar que a média entre os módulos das primeiras ddps medidas é ̅ e a média entre os módulos dos dois coeficientes na descarga é ̅ . Se tivéssemos conseguido registrar as ddps imediatamente após a fonte ser desconectada, é de se esperar que encontraríamos ̅ . Conclusões Com este experimento pudemos analisar o que acontece com a diferença de potencial num capacitor e num resistor associados em série, durante o processo de carga e descarga do capacitor. Através da análise dos dados no osciloscópio pudemos confirmar as equações teóricas para o cálculo de uma associação de capacitores em série e em paralelo, confirmando que o capacitor tem um “comportamento inverso do resistor”, pois enquanto o resistor dissipa energia por efeito Joule, o capacitor armazena energia no campo elétrico entre suas placas. A interpretação da constante de tempo mostrou que a carga/descarga é mais lentacom uma grande resistência ou capacitância. Isto faz sentido, pois uma grande resistência retarda o fluxo da corrente, ou seja, atrasa a carga/descarga, e uma grande capacitância indica um armazenamento de carga maior, necessitando de um tempo maior para carregar totalmente o capacitor. Portanto, se o valor de é pequeno o capacitor se carrega rapidamente; quando é grande, o tempo para carregá-lo é mais longo. Ademais, os processos de carga e descarga no 4 capacitor obedeceram as equações teóricas, previstas pela forma exponencial. Notamos que a carga máxima no capacitor é dada por , uma vez que e, substituindo pela expressão ( ), temos que: ( ) ( ) À medida que o tempo aumenta, o termo tende a zero, e portanto a carga máxima vale . Sabendo que a voltagem máxima é o valor , chegamos na expressão desejada. Deve-se observar que a voltagem no resistor é dada por , então seu sinal é invertido quando a fonte de corrente é desligada, pois a energia armazenada no capacitor se torna a nova fonte de corrente, com sentido contrário ao original. No capacitor, o sinal da voltagem é o mesmo, visto que e a carga armazenada continua sendo negativa, o que muda é apenas o sentido do fluxo da carga. Referências [1] Ivo A. Hümmelgen Apostila de Física Experimental III-UFPR - 2019