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ANAMNESE PEDIÁTRICA

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ANAMNESE PEDIÁTRICA
1a Parte: CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A ENTREVISTA
A entrevista é muito importante em pediatria, tanto ou mais do que no atendimento de adultos, uma vez que a grande relação de dependência da criança com o microambiente que a envolve cria um complexo de dados que precisam ser adequadamente compreendidos.
Além dos dados objetivos de anamnese, uma boa entrevista poderá dar ao médico uma noção global do seu paciente, dos familiares, do ambiente em que vive e seu relacionamento com pais, irmãos, amigos,professores e demais pessoas. Através da entrevista o médico pode perceber sentimentos e ter sensações acerca do paciente, que permitirão analisá-lo e entendê-lo melhor sob o ponto de vista biopsicossocial. A atenção aos seguintes elementos básicos certamente facilitarão o bom entendimento médico-paciente e proporcionarão uma avaliação mais abrangente da criança:
1. AMBIENTE
A sala ou local onde será realizada a entrevista deverá ser tranqüila, com privacidade e com iluminação adequada. As cadeiras devem colocar pais e médico no mesmo nível de altura, permitindo visualização direta dos rostos dos interlocutores. Alguns brinquedos no consultório podem deixar a criança mais à vontade e permitir ao médico observar como ela brinca, se é criativa, se é agressiva e se reproduz situações vividas em casa.
O tempo mínimo necessário para uma boa entrevista varia em torno de trinta a quarenta minutos. Quando não se dispõe de tanto tempo, deve-se estabelecer prioridades para o paciente e para o médico, ressaltando que outros aspectos não menos importantes ficarão para serem abordados numa entrevista subseqüente.
Quando se trata de escolares ou adolescentes, certas regras podem ser quebradas. Por exemplo, a distância entre médico e paciente, que em geral é mantida de forma a tornar a entrevista impessoal, poderá ser diminuída. À vezes, uma escrivaninha pode inibir o paciente fazendo-o sentir-se distante do seu médico.
2. APRESENTAÇÃO
Antes de iniciar a anamnese o médico deverá apresentar-se, dizendo o seu nome. Deverá ficar claro o seu papel: se é médico, estudante, se faz parte de uma equipe ou não. Para um estudante é sempre melhor que fique esclarecida sua condição, pois isto lhe poupará situações constrangedoras no futuro. No primeiro contato deve-se perguntar o nome da criança e dos pais. Evitar sempre dirigir-se aos pais com expressões impessoais, tais como: “mãe/mãezinha” ou “pai/paizinho”. Isto tende a despersonalizá-los e colocá-los em situação de inferioridade. Com crianças maiores, perguntar como gostam de ser chamadas ou se têm um apelido, tratando-as da forma à qual estejam habituadas. Dar especial atenção a estes aspectos quando se tratar de adolescentes poderá facilitar muito a relação médico-paciente.
3. ATITUDE E COMPORTAMENTO DO MÉDICO
Durante a consulta o médico estará sendo analisado pela criança e pelos pais. Seu modo de vestir-se pode influenciar o relacionamento médicopaciente, sendo recomendável mostrar asseio, certo esmero e usar indumentária que se aproxime da neutralidade. Às vezes, uma roupa menos formal (não estar todo de branco) pode ajudar na aproximação com crianças.
A gentileza no falar, o uso de voz tranqüila e palavras suaves são percebidos pelo paciente. Até mesmo um recém-nascido nota quando lhe falam num tom de voz tranqüilo ou agressivo. Sorrir, procurar ver se todos estão confortáveis, apertar a mão e lembrar o nome das pessoas são condutas que dizem ao paciente o quanto o médico se preocupa com ele.
Este tipo de atitude influenciará muito no auto-conceito reflexivo do paciente, ou seja , o que ele pensa que o médico pensa dele. O cuidado com os detalhes demonstra ao paciente, numa linguagem não verbal, que o médico o considera importante.
A comunicação com a criança e a família pode ser substancialmente alterada pelo conjunto específico de palavras ou frases usadas pelo médico ao transmitir uma mensagem, seja ela interrogativa ou de aconselhamento.
Há expressões que, de acordo com sua conotação habitual, tendem a inibir a comunicação, enquanto outras, transmitindo essencialmente a mesma mensagem, tendem a facilitar e evocar respostas significativas. É importante que o médico constantemente identifique e avalie seu arsenal próprio de frases padronizadas, tentando usar as que promovem a comunicação. Por exemplo, ao invés de perguntar: “Por que você pensa assim?”, seria mais neutro dizer: “Eu gostaria de entender suas razões para tal idéia (sentimento/comportamento). Você pode explicá-las?”.
É importante ressaltar que, se por um lado o médico precisa ter muito tato e consideração ao transmitir suas mensagens, nada há de errado em assumir posições firmes em certas recomendações, desde que se evitem expressões pejorativas, humilhantes ou tom de censura.
Por fim, cabe lembrar que a postura de calma pacienciosa do médico não deve ser perturbada por exigências de soluções rápidas ou conselhos precoces, que geralmente só refletem sua ansiedade. Os pais certamente perderão a confiança em um médico que salta a conclusões baseadas em fatos insuficientes, mas respeitam-no ao admitir que ainda não sabe bem o que está errado com a criança e que precisa mais investigação.
4. ATENÇÃO
O médico precisa saber ouvir o paciente e seus familiares. Mesmo quando não se está falando diretamente do motivo da consulta, é importante saber escutar e perceber nas entrelinhas problemas que às vezes são difíceis de verbalizar, observar posturas, atitudes das mãos, olhares trocados entre a criança e os pais. Há algumas situações que devem ser abordadas e trabalhadas quando surgem na entrevista. Por exemplo, quando a mãe informa já ter levado a criança a vários médicos sem ter tido sucesso com os tratamentos anteriores. É preciso esclarecer a causa de tantas trocas de médicos: será porque a criança apresenta uma doença crônica e os pais na tentativa de encontrar a cura buscam sempre a opinião de outro profissional ou será porque a criança é sadia e os pais estão convencidos de que ela é portadora de alguma patologia? Em suma, é preciso identificar claramente o que os pais estão esperando do médico, por que vieram procurá-lo e quais são as suas expectativas em relação ao problema da criança.
5. ABORDAGEM DE TODOS OS ASSUNTOS
Quando um determinado assunto é tabu para uma família, em geral não é trazido espontaneamente à consulta. Nestes casos, o médico deverá ser esclarecido e desprovido de preconceitos para poder ajudar a família a encarar o problema. Tratar de sexualidade, drogas, alcoolismo, depressão, doenças graves (câncer, retardo mental ) e dificuldades financeiras requer maior habilidade. As famílias costumam esperar que o médico esteja tranqüilo o suficiente para abordar tais assuntos e saber lhes dar orientação.
6. SABER CONDUZIR CORRETAMENTE A ENTREVISTA
A entrevista poderá ser feita com perguntas mais objetivas ou de maneira mais solta. De qualquer forma, será necessária habilidade para colocar pais e paciente à vontade, deixando-os falar livremente de seus medos e fantasias acerca da doença ou motivo da consulta. Mesmo quando uma anamnese precisa ser mais objetiva pelo fator tempo, devem ser feitas perguntas diretas, mas abertas, sem dirigir as respostas. Procurar não fazer perguntas que induzam respostas tipo “sim ou não”. Ao perguntar para a mãe a respeito da alimentação do bebê, não dizer: “Ele se alimenta bem?”.Preferir: “Como ele está se alimentando?”. Do mesmo modo, várias questões juntas tendem a confundir as pessoas. Fazer uma pergunta de cada vez e ter tranqüilidade para ouvir a resposta. Existem alguns métodos que facilitam o relato dos pais ou do paciente e ajudam a mantê-los na mesma linha de pensamento sem interferir na história. São eles: facilitação, reflexão, esclarecimento, respostas empáticas, confrontação e interpretação.
a. Facilitação: Quando o paciente relata algo, pode-se facilitar seu relato sendo atento, fazendo silêncio para ouvi-lo, inclinando-se para frente ou usando expressões como “hum-hum”ou “continue”.
b.Reflexão: Usar a última palavra de cada frase do paciente para encorajá-lo a prosseguir de modo que ele faça determinadas associações que não faria com perguntas diretas. Por exemplo: Mãe: “A tosse do meu filho era tão forte que eu pensei que ele fosse morrer.” Médico: “Pensou que ele fosse morrer...” Mãe: “Sim, minha mãe também teve tosses fortes antes de morrer.” Desta maneira descobre-se qual o significado da doença para o paciente e suas fantasias acerca disso.
c. Esclarecimento: Não é errado o médico perguntar ao paciente o que significa determinado termo para ele. Pedir-lhe para esclarecer o significado de expressões tais como “razoável”, “regular”, “muito” ou “pouco”ajudam a entender melhor o seu problema.
d. Respostas empáticas: Nem sempre é necessário ter vivido determinada situação para entender o que o paciente está sentindo. Dizer frases simples como “Eu compreendo.” ou “Eu imagino como isto deve ser difícil para ti.” poderá aproximar muito o médico do paciente. Às vezes, de maneira não verbal, pode-se ser empático: fazer silêncio e dar um tempo para que o paciente se recomponha se por acaso chorar.
e. Confrontação: Este método requer maior entendimento entre médico e paciente. Confrontar alguém com seus sentimentos exige tato e delicadeza. Para dizer a um adolescente: “Quando você fala neste assunto suas mãos tremem, vamos falar mais sobre isto.”, o médico precisa despertar confiança para que o paciente saiba que ele deseja ajudar e não o encare como um espião que fica somente observando a posição das mãos durante a entrevista.
f. Interpretação: Esta forma de abordar um assunto requer ainda maior habilidade por parte do médico. Uma interpretação errada poderá por todo um trabalho a perder. Este método faz inferências a respeito dossentimentos do paciente e não apenas o confronta com eles. Por exemplo:
"Você já fez inúmeras perguntas sobre o resultado dos exames. Está preocupado com o diagnóstico?"
7. COMO CONVERSAR COM CRIANÇAS
a. Não ser condescendente. Só porque se está tratando com criança não é necessário deixar que ela faça sempre o que lhe aprouver no consultório. É preciso saber impor limites e manter a autoridade de médico durante a consulta.
b. Não dar a impressão de que se considera a criança apenas uma “criancinha”. Deixar claro que ela é o paciente e que o médico dará importância às suas queixas.
c. Não rir delas, exceto quando ficar claro que é para rir. Às vezes, os adultos tendem a achar engraçado o modo como as crianças se expressam, o que para elas é muito desagradável. Para a criança, o modo como ela se comunica é o correto e não tem nenhum sentido cômico.
d. Não tentar ser engraçado. Não confundir tentar tornar a entrevista mais informal com fazer palhaçadas para a criança. Isto é inadequado, pois a criança sabe que veio ao médico e não a um local para se divertir.
e. Não caçoar, exceto quando já estiver estabelecido um certo clima de intimidade. Nestes casos, o médico poderá fazer alguma brincadeira com a criança, sabendo que estará dando a ela o direito de ter a mesma atitude com ele.
f. Eventualmente pode-se usar o cochicho para tratar de assuntos que digam respeito à relação privada do médico com a criança, de modo que esta se sinta especial, independentemente do resto da família.
g. Procurar discutir com a criança sintomas, diagnósticos e tratamentos numa linguagem ao nível do seu entendimento.
h. Usar o poder da força quando necessário, porém consciente de que isto trará aspectos negativos à relação médico-paciente. Às vezes, quando é prioritário obter uma informação que a criança está negando o médico pode impor sua autoridade e a dos pais.
8. CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DA ENTREVISTA COM
ADOLESCENTES
Dentro da anamnese em pediatria este é um capítulo à parte que requer atenção pela complexidade e variedade de tópicos que envolvem a entrevista com o adolescente.Em primeiro lugar, o médico que atende o adolescente precisa ser natural, precisa gostar de adolescentes, tentar ser compreensivo e dar apoio a ele sem reproduzir o papel de pai ou censor. Por outro lado, é erro comum tentar aproximar-se fingindo assemelhar-se ao adolescente, usando seu linguajar e assumindo posturas estereotipadas, o que só serve para distanciar mais o paciente do médico, que se coloca em posição ridícula. O médico deve procurar ser ele mesmo, assumindo seu papel. Nunca ser condescendente com algo grave só porque se trata de um adolescente.
Há alguns itens que devem ser levados em conta quando da abordagem do adolescente:
a. Deixar sempre bem claro para o adolescente que é ele o paciente e não os pais. Garantir total apoio a ele, mantendo sigilo de tudo que for dito durante a consulta.
b. Procurar sempre entrevistar o adolescente sozinho. Quando este vem acompanhado dos pais, iniciar a entrevista na presença deles, pedindo depois gentilmente para que aguardem na sala de espera.
c. Procurar dar a orientação terapêutica diretamente ao paciente. Deve se levar em conta que, às vezes, o adolescente não segue as prescrições médicas por fantasiar acerca do medicamento (que é prejudicial para a saúde) ou sobre seu corpo ter que reagir sozinho às custas de suas próprias defesas.
d. Nem sempre a queixa principal é o real motivo da consulta. Às vezes,por trás de queixas somáticas tais como cefaléia, tonturas, cansaço ou dores musculares se escondem problemas familiares, problemas com a escola ou dúvidas a respeito do desenvolvimento físico.
e. O adolescente pode ser inicialmente calado, desconfiado e hostil. Cabe ao médico quebrar essa barreira. Poderá usar a revisão de sistemas como uma forma neutra de tentar fazer o paciente falar, ou solicitar que ele fale sobre si mesmo, sobre seus hábitos, seu dia-a-dia, sua família, escola e amigos, o que mais gosta e o que não gosta de fazer.
f. Faz parte da adolescência normal a busca da identidade pessoal. Uma forma encontrada pelo adolescente é primeiro descobrindo o que ele não é, para depois descobrir sua identidade. Daí então as costumeiras atitudes estranhas, excesso de álcool ou até eventual uso de droga na tentativa de ser diferente dos pais. O médico deverá saber diferenciar esse tipo de atitude do uso sistemático de drogas e álcool, condicionando ou associado a comportamentos que já estariam prejudicando a vida do adolescente.
g. O tópico sexualidade deve ser abordado mesmo que não venha como uma queixa. Os adolescentes bem esclarecidos acerca de sexo, ciclo menstrual, masturbação, anticoncepção, doenças sexualmente transmissíveis, aborto e prostituição poderão ser elementos de divulgação de informação correta aos seus pares.
h. Ao tratar de adolescentes com problemas de ordem emocional, evitar encaminhá-los imediatamente ao especialista. A possibilidade de um futuro tratamento psicoterápico deverá ser discutida previamente com o adolescente para que este não fique com a impressão de estar sendo passado adiante.
9. COMO TERMINAR A ENTREVISTA
Deve-se usar algumas palavras de encerramento de uma maneira que os pais e o paciente percebam que a entrevista está no fim. Procurar perguntar se ainda existem dúvidas, o que esperavam da consulta, se os objetivos deles foram alcançados.
Se algum assunto ficou pouco esclarecido, o médico pode solicitar que o paciente pense melhor sobre ele e traga mais informações na próxima consulta. Quando no último momento são levantados outros problemas deve se dizer que estes serão discutidos num outro momento.
Em suma, deixar claro que o tempo de cada consulta tem o seu limite e que o fim da entrevista é realmente o fim da entrevista.
2a Parte: ROTEIRO DA ANAMNESE
I. IDENTIFICAÇÃO
Registrar: Nome completo, data do nascimento, idade atual, sexo, origem étnica, naturalidade, procedência, nome do informante, relação de
parentesco com a criança, fidedignidade presumida do informante, data da entrevista.
II. MOTIVO DA CONSULTA / MOTIVO DA INTERNAÇÃO/ QUEIXA PRINCIPAL
Registrar a(s) queixa(s) que motivaram a consulta ou os objetivos da mesma, usando as palavras do informantee uma numeração (sequencia ) que respeite prioridades. Identificar com a expressão “sic” o uso de diagnósticos ou afirmativas que não tenham sido comprovados objetivamente. Se queixa simples informar a duração do problema . Exemplos:
Motivo da Consulta: Febre há 3 dias
Motivo da Consulta:
l. Falta de apetite
2. Anemia (sic)
3. Ver resultados de exames
4. Encaminhamento ao ortopedista
III. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL
Caracterizar objetivamente cada queixa, observando a numeração usada anteriormente, com ênfase nos seguintes aspectos:
a. Certificar-se de que os sinais e sintomas descritos pelo paciente ou responsável correspondem àqueles utilizados na terminologia médica (por exemplo: não registrar como "diarréia" o aumento do número de evacuações).
b. Registrar a data de início dos sintomas sempre vinculada ao momento da consulta (p.ex.: registrar “teve uma crise convulsiva há seis dias” em vez de “teve uma crise convulsiva na quarta-feira passada”).
c. Registrar todas as características relevantes dos sintomas, tais como: duração (em cada episódio), intensidade, freqüência (periodicidade), fatores de intensificação e alívio (medicação, alimentos, posição, relação com a respiração, esforço, eliminações).
d. Registrar consultas médicas anteriores, diagnóstico(s) dado(s), exames realizados e medicação usada.
IV. REVISÃO DE SINTOMAS
1. GERAIS: Astenia, fraqueza, tonturas; alteração no humor, peso, temperatura, sono.
2. PELE: Alterações nos fâneros, ardência, cianose, coloração anormal, equimoses, lesões, palidez, petéquias, prurido, rubicundez, secura.
3. SUBCUTÂNEO: Edema, nódulos.
4. MÚSCULO-ESQUELÉTICO: Dor, calor, rubor em articulações ou músculos, parestesias ou paralisias de grupos musculares especiais.
5. CABEÇA: Cefaléia, alteração da acuidade visual, dor nos olhos, lacrimejamento, uso de lente corretiva, vermelhidão nos olhos, visão dupla, audição, otalgia, otorréia, zumbidos, condições dos dentes e gengivas.
6. RESPIRATÓRIO: Dor torácica ventilatório-dependente, dispnéia, epistaxe, espirros, hemoptise, obstrução nasal, prurido nasal, rinorréia, rouquidão, sibilância, tosse.
7. CARDIOVASCULAR: Alteração do ritmo cardíaco, cianose, dispnéia, palpitações, sopros.
8. DIGESTIVO: Vômitos, regurgitação, disfagia, halitose, pirose, dor abdominal, constipação, diarréia, eliminação de vermes, encoprese, sangramento digestivo, tenesmo.
9. GENITOURINÁRIO: Alteração da cor da urina, alteração do jato urinário, alterações menstruais, corrimento vaginal ou uretral, dor ou massas testiculares, disúria, enurese, incontinência, polaciúria, hematúria, hérnias, nictúria, poliúria.
10. NEUROLÓGICO: Alteração da marcha ou do equilíbrio, cefaléia, convulsões, desmaios, dislalias, paralisias, paresias, parestesias, perda de memória, vertigens.
11. ENDÓCRINO: Bócio, fome ou sede excessivas, instabilidade ao calor ou frio, sudorese excessiva.
12. PSIQUIÁTRICO: Agitação, alteração do humor, ansiedade, depressão, nervosismo, tensão.
13. PERSONALIDADE: Desobediência, hiperatividade, irritabilidade, medo, preguiça, temperamento difícil ou destrutivo, timidez, tristeza.
14. COMPORTAMENTO: Chupar dedo, uso de mamadeiras e chupetas após primeira infância,dificuldade de relacionamento, enurese, encoprese, fobia escolar, gagueira, masturbação, perversão do apetite, problemas de sono, problemas sexuais, roubo, uso de drogas (álcool, tabaco, outras drogas lícitas).
V. ANTECEDENTES PERINATAIS/PESSOAIS: (VER TAMBÉM O CARTÃO DA CRIANÇA)
GESTAÇÃO: Quantas gestações(G-P-A-) Planejamento e aceitação da gravidez deste filho, duração, pré-natal (quantas consultas), intercorrências (sangramento, infecção urinária, hipertensão, diabete, convulsões, obesidade, cirurgia, rubéola, outras doenças, radiografia nos primeiros 3 meses), ferro, vitaminas, medicamentos, drogas ilícitas, fumo, álcool. Idade gestacional. Sorologias na gestação(Toxo, VDRL HIV) Tipo sanguineo mãe.
PARTO: Tipo (se cesariana, motivo), local, sofrimento fetal, condições de nascimento, Aleitamento sala de parto,Apgar (primeiro e quinto minutos), manobras de reanimação.
DADOS ANTROPOMÉTRICOS AO NASCER: Peso, comprimento, perímetro cefálico, perímetro torácico.
PERÍODO NEONATAL IMEDIATO: Problemas respiratórios, cianose, icterícia, dificuldades na amamentação, infecção, convulsão, necessidade de tratamento especial (incubadora, oxigênio, medicação, fototerapia, cateterismo de vasos umbilicais, ventilação mecânica), tempo de hospitalização, condições de alta, peso na alta. Tipo sanguineo da criança.
Testes de triagem neonatal: Teste do olhinho(reflexo vermelho); teste do coraçãozinho(oximetria de pulso); teste do pezinho e teste da orelhinha (Emissões otoacusticas).
Imunizações: registrar datas de aplicação de BCG, DPT, antipólio, anti-hepatite B, anti-Haemophilus, anti-sarampo, anti-varicela, anti-hepatite A, meningococo, influenza, pneumococo, rotavirus, etc.
VI. ANTECEDENTES ALIMENTARES:
Tempo de aleitamento materno; causa do desmame.
Suplementação de ferro e vitaminas.
Alimentação atual.Relato da dieta do dia anterior (ou último dia em que estava com saúde) com descrição detalhada do que ingeriu em cada refeição.
VII. ANTECEDENTES MÓRBIDOS(PATOLÓGICOS):
Doenças relevantes, hospitalizações, cirurgias.
Patologias crônicas e uso de medicamentos por longo prazo.
Uso de hemoderivados. Reação a hemoderivados.
Alergias a alimentos, medicamentos, picada de insetos.
VIII. ANTECEDENTES FAMILIARES:
Desenhar heredograma (o mais completo possível).
Registrar idade e estado de saúde de pais e irmãos.
Doenças familiares: alergia, asma, diabete, cardiopatia, convulsões com ou sem febre, hemofilia, hipertensão arterial, pneumopatia crônica, retardo de desenvolvimento, tuberculose, síndromes genéticas e outras.
IX. CONDIÇÕES SÓCIO-AMBIENTAIS:
Tipo e condições da habitação: condições de saneamento (destino dos dejetos, água tratada, conservação dos alimentos), instalação de água, luz, esgoto, localização da residência (cidade, campo), número de cômodos, eletrodomésticos (geladeira, televisor), número de pessoas no domicílio, estado de saúde dos ocupantes, local onde dorme o paciente, condições de segurança da habitação.
Quem toma conta da criança e onde?
Pais e irmãos (grau de instrução, tipo de emprego, rendimento familiar médio, uso de drogas).
Adoção na família.
Situação conjugal dos pais (estado civil, separação, relacionamento).
Tipo de relacionamento com os pais, irmãos, empregados.
Uso de automóvel, bicicleta ou outros meios de transporte.
Escola (pública ou privada, tamanho, distância, transporte).
Tipo de relacionamento com os colegas e professores.
Atividades para-escolares (esporte, música, artes). Quantas horas diárias assiste TV?
Acesso a praças e piscina.
Contato com animais, dentro e fora da habitação.
Contato com substâncias tóxicas.
Contato com delinqüentes.
Atividade sexual.(ADOLESCENTES)
X CRESCIMENTO:
Uso de curvas padronizadas para monitorização do crescimento. Velocidade do crescimento: muito rápida ou muito lenta?
Tendência à obesidade ou emagrecimento.
Desenvolvimento de caracteres sexuais secundários. Estadiamento de Tanner
XI. DESENVOLVIMENTO:
Idade de aquisição dos seguintes marcos ( Triagem Denver): firmar a cabeça, sorriso espontâneo, segurar objetos, sentar sem apoio, engatinhar, andar sem apoio, controlar esfíncteres, primeiras frases, correr sem dificuldade, subir escadas, linguagem de adulto, beber em copo, usar colher, vestir-se.
Rendimento escolar.
V. SUPERVISÃO DE SAÚDE
Recebe acompanhamento médico regular? Se afirmativo, registrar o local e a data da última consulta.
Exames laboratoriais realizados: Parasitológico de fezes, hemograma, urocultura, teste tuberculínico, colesterol.
Prática de exercício físico; freqüência; tipo de exercício.
Hábitos de segurança: assento/cinto de segurança no automóvel, grades em piscinas/janelas, uso de bóia/colete salva-vidas, aptidão em natação, armas de fogo em casa, conhecimento de normas de conduta do pedestre no trânsito,possibilidade de contato com medicamentos, plantas tóxicas e produtos químicos, xarope de ipeca em casa, esportes perigosos. Se adolescente, sai sozinho à rua, anda de carro com motoristas adolescentes?
Cuidados dentários (visitas ao dentista, aplicação tópica de flúor, escovação, fio dental).
Se adolescente: recebeu orientação sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, contracepção, drogadição? Está seguindo as orientações? Faz uso de contraceptivo?
Texto adaptado de: Blank D, Eckert G. Pediatria Ambulatorial: Elementos Básicos e Promoção da Saúde,
2.ed. Porto Alegre: Editora da Universidade - UFRGS, 1995

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