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INTOXICAÇÃO POR CARBAMATO - Patologia Especial - INTOXICAÇÃO POR ALDICARB “CHUMBINHO” Os carbamatos estão entre as principais causas de intoxicação aguda, em situações acidentais ou não. Isto pode ser atribuído à alta toxicidade de alguns destes compostos, e a facilidade de aquisição. Em especial, cabe destacar o caso do aldicarb, um carbamato de alta toxicidade, que é vendido de forma clandestina e usado ilegalmente como raticida doméstico e no extermínio sobretudo de animais de companhia. O aldicarb é altamente tóxico por via oral e, qualquer que seja sua apresentação, a absorção no estômago é rápida e praticamente completa, sendo que os sinais clínicos da intoxicação podem se iniciar cinco minutos após a ingestão. A elevada lipofilicidade deste composto resulta em toxicidade dérmica aproximadamente mil vezes maior que a dos outros carbamatos. Na intoxicação por aldicarb, a inibição da acetilcolinesterase é dose-dependente, podendo haver sintomatologia severa e morte rápida. INTOXICAÇÃO POR ALDICARB “CHUMBINHO” No Brasil, um estudo realizado em 1.633 cães e gatos recebidos por um Serviço de Necroscopia Veterinário mostrou que, dos 234 (14,3%) casos relacionados à intoxicação exógena, o aldicarb foi o agente tóxico mais comum, sendo responsável por 89% dos casos de intoxicação em cães e 94,4% dos casos em gatos (XAVIER, 2004). INTOXICAÇÃO POR ALDICARB “CHUMBINHO” Os carbamatos exercem sua toxicidade por meio da inibição da atividade da acetilcolinesterase (carbamilação) e, consequentemente, da estimulação excessiva dos receptores nicotínicos e muscarínicos. De maneira geral, sabe-se que as lesões macro e microscópicas associadas a intoxicações agudas pelos praguicidas anticolinesterásicos são, escassas e, na maioria das vezes, inespecíficas. INTOXICAÇÃO POR ALDICARB “CHUMBINHO” Canino, SRD, fêmea. Segundo o tutor o animal estava bem durante a manhã (26/06). No período da tarde encontrou o animal morto perto do portão com bastante espuma na boca. ANAMNESE Boa condição corporal (12 kg), pele e pelos sem alterações Cavidade oral com terra e grama EXAME EXTERNO DE CARCAÇA 7 Abertura da cavidade abdominal, coletado 15mL de conteúdo serosanguinolento. AVALIAÇÃO INTERNA Normocoradas AVALIAÇÃO DAS MUCOSAS Pulmão: Lóbulos pulmonares com áreas avermelhadas AVALIAÇÃO DO 1º CONJUNTO Língua, faringe, laringe, tonsilas, tireoides, paratireoides, esôfago, traqueia, tonsilas, pulmões e coração. Micro: edema alveolar, congestão difusa e acentuada, associado a ruptura dos mesmos. Coração: Ocupando até terceiro espaço intercostal. Músculos embebidos por hemoglobina. Ao corte átrio e ventrículos preenchidos por coágulos cruóricos. AVALIAÇÃO DO 1º CONJUNTO Língua, faringe, laringe, tonsilas, tireoides, paratireoides, esôfago, traqueia, tonsilas, pulmões e coração. AVALIAÇÃO DO 1º CONJUNTO Língua, faringe, laringe, tonsilas, tireoides, paratireoides, esôfago, traqueia, tonsilas, pulmões e coração. Baço: superfície lisa, ao corte com discreta hiperplasia de polpa branca. AVALIAÇÃO DO 2º CONJUNTO Baço e Omento Omento sem alterações Estômago: moderada quantidade de alimento (carne), em permeio ao alimento partículas granulares, pequenas, firmes, enegrecidas de aspecto arenoso. AVALIAÇÃO DO 3º CONJUNTO Diafragma, fígado, vesícula biliar, estômago, porção inicial de intestino delgado e pâncreas AVALIAÇÃO DO 3º CONJUNTO Diafragma, fígado, vesícula biliar, estômago, porção inicial de intestino delgado e pâncreas AVALIAÇÃO DO 3º CONJUNTO Diafragma, fígado, vesícula biliar, estômago, porção inicial de intestino delgado e pâncreas Duodeno: Serosa avermelhada, mucosa com moderada quantidade de muco avermelhado junto a partículas granulares, pequenas, firmes, enegrecidas de aspecto arenoso. AVALIAÇÃO DO 3º CONJUNTO Diafragma, fígado, vesícula biliar, estômago, porção inicial de intestino delgado e pâncreas Micro: nas vilosidades infiltrado inflamatório mononuclear multifocal, associado a descamação moderada. Fígado: Hepatomegalia moderada. Ao corte firme e pálido. Micro: congestão discreta e hiperplasia moderada dos hepatócitos. Área focalmente extensa de autólise AVALIAÇÃO DO 3º CONJUNTO Diafragma, fígado, vesícula biliar, estômago, porção inicial de intestino delgado e pâncreas Jejuno: serosa avermelhada, mucosa com moderada quantidade de muco avermelhado e discreta quantidade de partículas granulares, pequenas, firmes, enegrecidas de aspecto arenoso. Micro: nas vilosidades infiltrado inflamatório mononuclear multifocal, associado a descamação moderada. AVALIAÇÃO DO 4º CONJUNTO Jejuno, ílio, ceco, cólon e reto Rins: superfície sem alterações. Ao corte moderada congestão. AVALIAÇÃO DO 5º CONJUNTO Gênito urinário, sendo os rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. Micro: no interstício, infiltrado inflamatório mononuclear discreto multifocal Encéfalo: cérebro, cerebelo e tronco encefálico com moderada congestão e impregnação por hemoglobina. AVALIAÇÃO DO 6º CONJUNTO Sistema nervoso: cérebro, cerebelo, ponte, bulbo, meninges e medula espinhal. AVALIAÇÃO DO 6º CONJUNTO Sistema nervoso: cérebro, cerebelo, ponte, bulbo, meninges e medula espinhal. Micro: cérebro -> meninge com congestão moderada. Edema discreto da substancia branca. cerebelo -> edema discreto vômito diarreia sialorreia (+ intensidade em gatos) lacrimejamento secreção nasal serosa miose dispneia micção frequente bradicardia (taquicardia-catecolaminas-adrenais) SINAIS CLÍNICOS Os sinais resultantes da estimulação parassimpaticomimética (muscarínicos) são: 23 Os sinais resultantes da estimulação neuromuscular (nicotínicos) são: tremores musculares contrações espasmos hipertonicidade paresia que progride para paralisia Os sinais do SNC incluem: depressão alterações de comportamento hiperatividade e ansiedade podendo ocorrer atividade convulsivante tônicoclônica Em casos severos, observa-se dispneia e cianose. (secreções respiratórias e broncoconstrição) -> morte: alterações respiratórias e bradicardia SINAIS CLÍNICOS Nos casos de intoxicação aguda oral por anticolinesterásicos, as medidas emergenciais mais importantes são: A interrupção da absorção do agente tóxico, obtida através da indução da êmese ou da lavagem gástrica (até duas horas após a exposição) e, Administração do sulfato de atropina em doses suficientes para o controle dos sinais muscarínicos. Como adsorvente, recomenda-se o carvão ativado (1 a 2g kg-1, VO), juntamente com um catártico (caso o paciente não esteja apresentando diarreia), como o sulfato de sódio (0,25g kg-1, VO, diluído em 5 a 10 volumes de água), durante pelo menos 12 horas. TRATAMENTO XAVIER, F.G. Intoxicação por aldicarb (“chumbinho”) em cães e gatos: estudo das alterações post mortem e diagnóstico toxicológico por meio da cromatografia em camada delgada. 2004. 191f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Curso de Pós-graduação em Patologia Experimental e Comparada, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo. Patologia veterinária / Renato de Lima Santos, Antonio Carlos Alessi. 2.ed. Rio de Janeiro : Roca, 2016. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/les%C3%B5es-intoxica%C3%A7%C3%A3o/intoxica%C3%A7%C3%A3o/intoxica%C3%A7%C3%A3o-por-organofosfarados-e-carbamatos REFERÊNCIAS
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