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*Megaesofago* REFERÊNCIAS: CLÍNICA CIRÚRGICA USP, MEDCURSO, SANAR. O megaesôfago, também conhecido como acalasia, é uma doença disfágica, que decorre de um transtorno motor no esôfago, nos plexos mioentéricos, que irá promover uma disfagia mecânica. O esfíncter esofagiano inferior apresenta um déficit de relaxamento, passando a se comportar como um obstáculo mecânico à progressão do bolo alimentar. Com a progressão da doença, ocorre a hipertonia do esfíncter esofagiano inferior, agravando ainda mais o quadro, e a aperistalse e hipocontratilidade do corpo esofágico. Com o corpo esofágico doente, esse passa a se dilatar patologicamente, promovendo o megaesôfago. A Doença de Chagas é o único fator etiológico realmente comprovado de megaesôfago e constitui a causa de cerca de 90% dos casos no Brasil. No restante do mundo, a grande maioria dos casos é considerada idiopática. Algumas drogas como a iperite (gás mostarda), podem ser causas de megaesôfago por lesar o plexo nervoso. A maior incidência está entre 30 a 50 anos de idade. Possui prevalência alta na América Latina, sendo que no Brasil ocorre principalmente em áreas rurais das regiões centrais, Bahia, Pernambuco, Piauí, Paraná e Rio Grande do Sul. A fase aguda da doença apresenta um quadro clínico normalmente inespecífico, como febre e linfadenopatia. Raramente é diagnosticada nesta fase. Já na fase crônica, os órgãos mais afetados incluem o coração e o trato digestivo. As manifestações clínicas sucedem de anos a décadas após a infecção. Qualquer segmento do trato digestivo pode ser acometido pela doença, no entanto ocorrem mais comumente no esôfago e cólons. A destruição dos plexos nervosos intramurais do esôfago (de Auerbach e Meissner) constitui a base da fisiopatologia. Há diversas teorias para explicar o mecanismo de destruição neuronal no chagásico. Parasitismo direto da célula nervosa; Neurotoxinas e ação inflamatória específica que destruiriam o neurônio; Mecanismo auto-imune. HÁ AINDA MUITAS DÚVIDAS SOBRE A PATOGÊNESE DA DOENÇA DE CHAGAS COMO: período de latência de 20 anos após a infecção, a presença de poucos parasitas na fase crônica... O risco de desenvolver o megaesôfago é estimado em 30% e parece ser mas comum em homens. Admite-se que seja necessário a destruição de pelo menos 90% das células nervosas para a dilatação do órgão e de 50% para alterações da motilidade esofágica. É provável que a evolução decida-se na fase aguda, ou seja, quanto mais destruição neuronal na fase aguda, mais chances para a ocorrência de megaesôfago. Fisiologicamente, após a deglutição são deflagrados estímulos de peristaltismo, principalmente na parte distal do esôfago, e ocorre relaxamento do esfíncter esofágico inferior (EEI) para a passagem dos alimentos. No megaesôfago, não ocorre a propagação do peristaltismo e nem o relaxamento esfincteriano. Devido a isso, a estase constitui um estímulo para contrações do corpo esofágico que tenta vencer um obstáculo funcional. Inicialmente, as contrações são intensas, mas vão perdendo gradativamente a força com a progressão da doença. Ao mesmo tempo, as fibras musculares que se apresentavam hipertróficas, vão se alongando e sendo substituídas por tecido conjuntivo denso. Na fase avançada, o esôfago encontra-se dilatado, geralmente com a porção distal deitado sobre o diafragma (dolicomegaesôfago). Esta estase alimentar pode ocasionar esofagite, ulcerações, leucoplasia, proliferação de bactérias, formação de nitratos, predispondo a alterações displásicas do epitélio e neoplasia. A manifestação mais comum é a disfagia. Caracteriza-se por instalar-se de forma insidiosa e progressiva ao longo dos anos. Frequentemente o paciente tem a necessidade de ingerir líquidos durante as refeições, a fim de criar uma coluna de líquido capaz de vencer a pressão do EEI. Outros sintomas: dor retroesternal à deglutição, pirose retroesternal (irritação do esôfago pela estase do alimento), regurgitação em decúbito horizontal e náuseas. A sialorreia e hipertrofia de parótidas observadas no exame físico são consequências do estímulo à salivações pela estase. É comum também perda de peso e, até mesmo, desnutrição. Divertículos do esôfago; Distúrbios funcionais; Doença do refluxo gastroesofágico; Ingestão de cáusticos; Estenoses orgânicas por neoplasias. Sorologia para Doença de Chagas – reação de Machado- Guerreiro: consiste na pesquisa de Trypanosoma cruzi por métodos de ELISA, IFI com conjugado anti-IgG e reação de hemaglutinação com antígenos do Trypanosoma cruzi. O teste positivo pode corresponder à doença de Chagas ou a quadros de infecção latente, sem expressão clínica. Pode haver reações falso- positivas em indivíduos com leishmaniose e também em outras infecções. TESTE POSITIVO – positividade nos três métodos. Quando as reações são positivas em apenas dois métodos OU em um dos métodos geralmente com títulos baixos OU com IFI fracamente reagente, a valorização dependerá dos antecedentes epidemiológicos, do exame físico e de outros exames complementares. Devido ao quadro de disfagia associada a um alarme de perda ponderal, o primeiro passo é a endoscopia digestiva alta, com o objetivo de afastar doença maligna. Após a endoscopia, está formalmente indicado o esofagograma contrastado (radiografia contrastada do esôfago). Este exame permite avaliar: estase de contraste, dilatação do esôfago, afilamento gradual e regular na região da transição esofagogástrica (“cauda de rato”, “em ponta de lápis”, “em chama de vela”, “em bico de pássaro” ou “em taça de Champagne”), ondas terciárias (ondas peristálticas irregulares), ausência de bolha gástrica, imagens de subtração em meio ao contraste, que correspondem aos restos alimentares. O AFILAMENTO DO ESÔFAGO DISTAL É O ACHADO MAIS IMPORTANTE! O diagnóstico pela manometria é relevante nas situações nas quais existam dúvidas quanto aos achados do esofagograma. As características manométricas na acalasia incluem: ausência de peristaltismo n corpo esofagiano, relaxamento ausente ou incompleto EEI, tônus pressórico basal do EEI elevado, pressão intra- esofagiana maior que a pressão intragástrica. Tratamento medicamentoso: os resultados não são satisfatórios. As medicações atuam diminuem a pressão do esfíncter inferior do esôfago, mas não produzem um relaxamento adequado deste. As medicações incluem anticolinérgicos, nitratos, bloqueadores de canal de cálcio, agonistas beta adrenérgicos e teofilina. A nifedipina e o dinitrato de isosorbida provocam alívio sintomático em 50 a 80% dos pacientes e provocam diminuição da pressão de repouso do EEI. No entanto, os efeitos colaterais, como hipotensão e cefaleia são muitas vezes limitantes o uso. Dilatação endoscópica: a técnica consiste em posicionar o balão no EEI e insufla-lo por 1 a 3 minutos a uma pressão de 300mmHg. Deve-se alcançar um diâmetro de 3cm na dilatação e reduzir a pressão de repouso para menos de 10mmHg. ÍNDICE DE RESULTADO: 55 A 70% DOS CASOS. CERCA DE 15 A 45% DOS PACIENTES NECESSITAM DE VÁRIAS DILATAÇÕES. Os pacientes que não tiveram sucesso na primeira dilatação dificilmente terão bons resultados em sessões posteriores. Toxina botulínica: é um peptídeo produzido pelo Clostridium botulinum, que bloqueia a liberação de acetilcolina na fibra pré-sináptica, resultando em paralisia reversível do músculo. ÍNDICE DE RESUTADO:65 A 90% APRESENTAM ALÍVIO, PORÉM A RECIDIVA OCORRE EM 60% DOS PACIENTES. Tratamento cirúrgico do megaesôfago não-avançado: é o que proporciona melhores resultados no longo prazo. A operação consiste em seccionar toda a espessura da camada muscular do esôfago distal, cerca de 5 a 7 cm longitudinalmente, e estendendo-se até 2 cm abaixo da transição esofagogástrica. Essa cardiomiotomia deve ser realizada preservando-se os nervos vagos. Escolha do tratamento: Grau I – incipiente: dilatação pneumática; Grau II e III – esofagocardiomitomia e como alternativa ou “ponte” a dilatação pneumática; Grau IV – esofagocardiomiotomia ou esofagectomia se não responder.
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