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estagio aula 8

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Apresentação
Nesta aula, discutiremos sobre as seguintes áreas de conhecimento propostas na BNCC: Matemática e Ensino Religioso. Além disso, estabeleceremos relações entre o planejamento e a avaliação nessas disciplinas, a fim de analisarmos como acontece a aprendizagem no Ensino Fundamental.
Bons estudos!
Objetivos
Explicar a importância das práxis para a formação inicial de professores;
Identificar as competências selecionadas para as áreas de matemática e ensino religioso propostas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A práxis e a formação inicial de professores
A formação inicial de professores é muito discutida no Brasil por vários autores que argumentam existir uma distância entre o processo de formação inicial dos professores e a realidade encontrada nas escolas (PIMENTA, 2001). Esses autores criticam a relação entre a teoria estudada nas universidades e a prática desenvolvida no ambiente profissional, ou seja, as relações entre a formação e o trabalho.
Formação
×
Trabalho
Para Pimenta (2002), a formação de professores não pode ser construída somente pela acumulação de cursos, de conhecimentos ou de técnicas, mas, sobretudo, por meio de um trabalho de reflexão crítica sobre as práticas e de reconstrução permanente de uma identidade pessoal.
Como você considera a prática de estágio que está realizando agora?
Para lhe ajudar nessa reflexão, assista ao vídeo da professora Bernadete Gatti, pesquisadora brasileira relevante na área de formação de professores.
Dicotomia formação versus realidade
A dicotomia entre formação e realidade estimula as universidades a avaliar seus cursos de formação de professores para incrementar seus currículos no que diz respeito à formação com base na dimensão prática, com o objetivo de unir teoria e prática, ou seja, não instituir a prática como um momento isolado.
Ao contrário, o pensamento pedagógico atual prevê a prática como um componente curricular na formação de professores, que articula esses dois universos:
Teoria e Prática
Por esse motivo, seu curso de pedagogia agora solicita trabalhos de prática em algumas disciplinas específicas. Esse fato advém da exigência desse novo pensamento que alia prática à teoria e institui a prática como componente curricular.
Leitura
Leia o primeiro parágrafo, presente no artigo 13 da resolução n° 2 do Conselho Nacional de Educação, que estabelece a estrutura para a formação inicial de professores no Brasil.
Você pode estar se questionando:
Qual a diferença entre as quatrocentas horas de prática como componente curricular e as horas de estágio?
As atividades caracterizadas como prática, parte do componente curricular, podem ser desenvolvidas como núcleo ou como parte de disciplinas ou de outras atividades formativas, o que inclui as disciplinas de caráter prático relacionadas à formação pedagógica.
×
O estágio supervisionado tem como objetivo criar um conjunto de atividades de formação para o estudante, que será realizado sob a supervisão de outros, para que o aluno experimente situações de efetivo exercício profissional. O estágio supervisionado tem, portanto, o objetivo de consolidar e articular as competências desenvolvidas ao longo do curso por meio das demais atividades formativas, de caráter teórico ou prático.
Dessa maneira, atividades de prática como componente curricular não dependerão da observação direta nas escolas. Podem ser atividades em que você fará as seguintes experiências:
Tecnologias da informação.
Atividades de pesquisa e entrevistas com narrativas orais e escritos de professores.
Produção de textos, material didático, vídeo pedagógico, produtos tecnológicos, culturais, científicos.
Situações simuladas e estudos de caso.
O estágio obrigatório tem a ver com o seu tempo de permanência in loco no futuro espaço do exercício profissional, de forma supervisionada por outro profissional ligado à área da Educação.
Agora que você conhece o quantitativo de horas estabelecidas pelo CNE/MEC para sua formação, pode entender que o estágio é um componente, aliado às disciplinas, que compõe o currículo do curso de Pedagogia. O objetivo dessa carga horária prática é vincular toda a sua formação teórica à reflexão sobre a prática docente nos campos de atuação do pedagogo.
A mobilidade proporcionada pelo estágio combina as concepções, experiências, desafios vivenciados nos dois campos de formação: a universidade e o campo de estágio. Além disso, contribui para a construção significativa de aprendizagens, na tentativa de perpassar as dimensões técnico-aplicacionistas momentâneas e pontuais, privilegiando competências de análise, reflexão crítica, argumentação em favor de uma formação e futura atuação profissional numa perspectiva emancipatória.
Dessa forma, a comunidade que estudava a formação de professores começou a contradizer o modelo de racionalidade para a formação docente e o perfil profissional dessa formação, que era o técnico-especialista. Esse modelo formava um professor para aplicar rigorosamente as regras advindas do conhecimento científico. Até o final da década de 2000, as universidades elaboravam um currículo fundamentado nesse paradigma técnico. Somente a partir dessa década que algumas discussões teóricas fomentaram novas propostas políticas de formação de professores no Brasil com base na prática.
A influência das teorias fundamentadas no modelo prático-reflexivo, que introduzem mais horas de prática e estágio, estão presentes nas novas diretrizes para a formação de professores. Esse modelo esclarece que a prática como componente curricular (PCC) articulada às atividades de estágio comporão uma atividade que dará apoio ao processo formativo de professores, possibilitando a construção de competências reflexivas, autorais e discursivas nos estudantes, bem como, auxiliam no processo de formação da identidade do professor como educador.
Pensamento de autores sobre a formação de professores
A correlação entre teoria e prática é um movimento contínuo entre saber e fazer na busca de significados na docência, na gestão escolar e na resolução de situações próprias do ambiente da educação escolar. Como dissemos, toda a discussão sobre prática reflexiva começou na década de 80 e se consolidou nas políticas públicas no Brasil a partir do início dos anos 2000, quando alguns autores passaram a ser lidos nas universidades brasileiras.
Vamos conhecer alguns desses autores!
Donald Schon
O pedagogo americano Donald Schon contribuiu com o debate sobre a importância da formação do professor prático-reflexivo e desafiou os profissionais a reconsiderarem o papel do conhecimento técnico versus a arte no desenvolvimento da excelência profissional.
O pedagogo espanhol Gimeno Sacristán trouxe a discussão sobre o currículo em ação, ou seja, ele entende que o currículo se relaciona, continuamente, aos seguintes fatores dentro de uma comunidade:
1
Contexto;
2
Sujeitos;
3
Interesses;
4
Valores.
Sua reflexão nos permite avançar para a compreensão de que o currículo é práxis. Nesse sentido, abrange um processo de série de etapas, como demonstra a seguir.
O currículo desde um enfoque processual ou prático e é um objeto que se constrói durante sua configuração, implantação, concretização e expressão de determinadas práticas pedagógicas e em sua própria avaliação, como resultado de diversas intervenções que nele se operam.
(SACRISTÁN, 2000, p. 101)
Para o autor, o currículo não se limita a um corpo de conhecimentos, mas constitui-se num terreno para múltiplos agentes, cuja dinâmica envolve mecanismos diversos, numa confluência de práticas.
Maurice Tardif
O filósofo e professor canadense Maurice Tardif discute o saber dos professores na formação inicial e no trabalho. Ele também defende que esse espaço de formação deve ser ampliado a partir de experiências práticas, não só na formação inicial, mas na formação continuada.
Bernadete Gatti
A pedagoga brasileira Bernadete Gatti trata das relações entre universidade e escola na formação de professores, pois,para ela, o problema da formação de professores começa na faculdade. Segundo Gatti, a sociedade contemporânea trouxe um novo paradigma de educação que se pauta na busca por uma escola justa e, para atingir esse objetivo, precisamos de professores que assumam o compromisso de ensinar com base no respeito, ou seja, uma escola em que os alunos aprendam de forma significativa e se eduquem para serem cidadãos.
Leitura
Para conhecer melhor o pensamento de Gatti, leia o texto “Educação, escola e formação de professores: políticas e impasses”.
Selma Pimenta
Selma Pimenta, pedagoga brasileira, pesquisa a formação de professores e pedagogos a partir da relação entre teoria e prática nas atividades de estágio. De acordo com a pesquisadora, as práticas de estágio imitam modelos escolares que priorizam a instrumentalização técnica. Essa é a importância do estágio para Pimenta, pois essa etapa da formação não pode ser um apêndice curricular, mas um instrumento pedagógico que contribua para a superação da dicotomia teoria/ prática.
Dica
Existem vários outros autores que tratam do tema da formação de professores. Se você desejar conhecer outros autores, procure por Antônio Nóvoa, Philippe Perrenoud, Angel Gómez, Marli André.
Competências selecionadas para matemática na BNCC
Você pode estar se questionando:
A matemática tem sido considerada, por muitos anos, como uma matéria difícil, que reprova muito na escola, não é mesmo?
Por que será que isso acontece?
A matemática é um conhecimento presente no cotidiano de cada um de nós em diversos momentos, como:
Planejamento doméstico
Pagamento de um produto
Realização de uma receita culinária
Verificação da taxa de juros para a compra de um bem
São vários os momentos de nossas vidas em que usamos a matemática.
Por que ela é tão temida ou distanciada da realidade quando está sendo trabalhada na escola?
Saiba mais
Assista ao vídeo “A importância da matemática no dia a dia” para saber mais sobre esse tema.
Confira o que afirma a Base Nacional Comum Curricular, em sua página 264, a respeito do conhecimento matemático.
O conhecimento matemático é necessário para todos os alunos da educação básica, seja por sua grande aplicação na sociedade contemporânea, seja pelas suas potencialidades na formação de cidadãos críticos, cientes de suas responsabilidades sociais.
Aprender matemática não significa apenas contar números, medir objetos e conhecer as grandezas. Essa disciplina deve proporcionar aos alunos da educação básica a oportunidade de entender os fenômenos da realidade, construir representações significativas e dar apoio para que os alunos construam argumentações e experimentações na aprendizagem da matemática prática e necessária para o dia a dia.
Como a BNCC entende a matemática no ensino fundamental?
A matemática proporciona aos estudantes experiências do mundo real baseadas em representações efetivas da realidade dos alunos mediante seus diversos campos (Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade), como análise de tabelas, figuras e esquemas disponíveis em anúncios, publicidades.
Também deve associar as representações de uma atividade matemática, como um conceito ou uma propriedade matemática, por exemplo, a uma situação hipotética elaborada pelo professor. Esse exercício promoverá as atividades de induções, estimativas e suposições que os alunos poderão fazer e, assim, desenvolverem a capacidade de identificar oportunidades de aplicação da matemática para resolver problemas do cotidiano.
Você pode perceber que a proposta da aprendizagem matemática requer a aplicação de conceitos, procedimentos e resultados para obter soluções e interpretá-las segundo os contextos das situações. Para conseguir uma matemática significativa, é necessário desenvolver habilidades e competências para o letramento matemático (raciocínio, representação, comunicação e argumentação) e para o desenvolvimento do pensamento computacional, que relacionem e analisem situações da vida cotidiana, de outras áreas do conhecimento e da própria matemática, como investigação, observação, resolução de problemas, desenvolvimento de projetos e modelagem.
Leitura
Leia o texto “Competências específicas de matemática para o ensino fundamental” e analise se essas competências são trabalhadas na escola em que você está fazendo seu estágio.
Competências selecionadas para ensino religioso na BNCC
O ensino religioso na escola, ao longo dos anos, tem sido um tema muito polêmico por assumir perspectivas teórico-metodológicas de cunho confessional ou interconfessional. Esse fato incomoda alguns por afirmarem que o estado é laico e, portanto, essa matéria não pode estar no interior das escolas. Outros afirmam justamente o contrário e dizem que o ensino religioso está envolvido com o ensinamento e a prática de valores morais e virtudes como paciência, tolerância, respeito, prudência, justiça e temperança.
A partir da década de 1980, em função dos processos democráticos, várias mudanças paradigmáticas no campo educacional aconteceram e alcançaram o ensino religioso nas escolas. A Constituição Federal afirma que o Brasil é um estado laico e que, portanto, não pode promover ou defender doutrinas de qualquer religião.
Por esta razão, a disciplina do ensino religioso passou a ser facultativa nas escolas, sem qualquer influência no desempenho escolar do aluno, ou seja, não reprova.
Em consonância com o pensamento exposto na Constituição, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 reafirma o caráter facultativo da disciplina, conforme o que prescreve no artigo 33.
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
No entanto, as resoluções CNE/CEB nº 04/2010 e CNE/CEB nº 07/2010 reconheceram o ensino religioso como uma das cinco áreas de conhecimento do ensino fundamental. De acordo com o artigo 15 da resolução CNE/CEB nº 07/2010, os componentes curriculares obrigatórios do ensino fundamental deverão ser organizados em relação às áreas de conhecimento:
1Linguagens
Linguagens1;
2
Matemática;
3
Ciências da Natureza;
4 Ciências Humanas
5
Ensino Religioso.
A BNCC, nas páginas 434 e 435, considerando os marcos normativos, estabeleceu os objetivos e as competências para o ensino religioso nas escolas.
O ensino religioso deve atender aos seguintes objetivos:
01
Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, a partir das manifestações religiosas percebidas na realidade dos educandos.
02
Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e de crença, no constante propósito de promoção dos direitos humanos.
03
Desenvolver competências e habilidades que contribuam para o diálogo entre perspectivas religiosas e seculares de vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções e o pluralismo de ideias, de acordo com a Constituição Federal.
04
Contribuir para que os educandos construam seus sentidos pessoais de vida a partir de valores, princípios éticos e da cidadania.
São estabelecidas como competências para o ensino religioso:
01
Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradições e movimentos religiosos e filosofias de vida, a partir de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
02
Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios.
03
Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor da vida.
04
Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e viver.
05
Analisar as relações entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente.06
Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos e práticas de intolerância, discriminação e violência de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos humanos no constante exercício da cidadania e da cultura de paz.
Como você percebeu, essa disciplina tem objetivo de elaborar atitudes virtuosas de respeito ao outro, por meio de aprendizagens, experiências pedagógicas, intercâmbios e diálogos permanentes. A finalidade desse conhecimento na escola visa o acolhimento das identidades culturais, religiosas ou não, na perspectiva da interculturalidade, direitos humanos e cultura da paz. Isso significa que o ensino religioso escolar precisa contribuir para o desenvolvimento e para a construção de valores morais que favorecem a aprendizagem da convivência democrática e cidadã, princípio básico à vida em sociedade.

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