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UCA001_Fundamentos_Economia_II_Tema18

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Curva de Phillips
José Tadeu de Almeida
Introdução
Você já parou para pensar qual a relação entre o aumento nos preços de bens e serviços e 
a atividade econômica de um país, medida pela taxa de desemprego da força de trabalho, nas 
economias modernas? Como o desemprego influencia a inflação? Nesta aula, estudaremos a cha-
mada Curva de Phillips, que explica e qualifica a relação entre estas duas variáveis.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • entender a relação negativa entre inflação e desemprego.
1 Curva de Phillips de curto prazo
O economista Alban William Phillips (1914-1975), ao estudar a evolução das taxas de desem-
prego e de inflação na economia inglesa até a década de 1950, verificou uma relação negativa 
entre estas variáveis. (BLANCHARD, 2012) 
SAIBA MAIS!
Embora tenha dado origem ao referencial teórico da Curva de Phillips, Alban William 
Phillips não foi o único a pesquisar a relação entre desemprego e inflação. Em 
1960, também estudaram o assunto os economistas Paul Samuelson e Robert 
Solow, que analisaram a economia dos Estados Unidos no período de 1900 a 1960. 
(BLANCHARD, 2012)
Antes de entendermos esta relação, vamos recuperar alguns conceitos. 
Todos os bens e serviços produzidos em uma economia possuem um valor monetário. Quando 
a demanda por estes itens cresce, ou quando seus custos de produção sofrem acréscimo, ocorre um 
aumento em seus valores de troca. A inflação, por via de regra, é o índice que mede este aumento. 
A elevação dos preços de um bem gera efeitos no nível geral de preços na economia. Como 
cada bem produzido tem uma relevância, em termos percentuais, no consumo das famílias e das 
empresas, temos que um aumento no preço de um bem afeta toda a média de preços da econo-
mia. Em um simples exemplo, se os alimentos têm seu preço ajustado em 20% de acréscimo e 
os gastos com estes itens representam 5% do orçamento dos agentes, o impacto deste aumento 
será igual a 1% (5% * 20%) de aumento no nível geral de preços. 
A inflação é um conceito abstrato, isto é, ela demonstra a velocidade de aumento dos pre-
ços, e não os preços em si – uma inflação de 5% demonstra que os preços de um grupo de bens 
foram aumentados em 5% em um certo período. Portanto, não há sentido em relacionar a inflação 
senão com a variação nos preços ao longo do tempo: a inflação é baixa quando os preços dos 
bens pouco se alteram ao longo do tempo; se eles se reduzirem, é observado o fenômeno oposto 
à inflação, a deflação.
Desta forma, a inflação afeta o poder de compra dos agentes: quando o preço dos bens 
aumenta, mas a renda não sofre aumento na mesma proporção, não será possível garantir o 
mesmo consumo de determinados produtos pelos agentes.
Figura 1 – Inflação e poder de compra
Fonte: Thomas Reichhart/Shutterstock.com
A taxa de desemprego, por sua vez, é medida pela razão entre o número de pessoas desocu-
padas (ou seja, trabalhadores sem emprego, porém em busca de nova ocupação) e o total da força 
de trabalho da economia (o número total de pessoas em idade e condições para desempenhar 
atividades econômicas). (BLANCHARD, 2012)
A respeito do desemprego, podemos reforçar alguns conceitos. De acordo com Gremaud 
et al (2008), há três tipos principais de desemprego: o voluntário, o friccional e o involuntário. O 
primeiro se configura por pessoas que não desejam trabalhar por um determinado nível salarial ou 
mesmo por nenhum salário. O segundo é formado por indivíduos que estão temporariamente sem 
exercer alguma ocupação, mas estão buscando uma nova colocação no mercado, por meio de 
balcões de emprego, classificados, entre outros. O terceiro, e mais comum, abrange aqueles que 
desejam trabalhar, procuram uma ocupação, mas não a encontram.
EXEMPLO
Se em uma economia há noventa indivíduos empregados, dez desempregados e 
à procura de emprego e outros cinco desempregados que não estão procurando 
nova ocupação, a taxa de desemprego será a razão entre o número de desocu-
pados em busca de emprego e o total de trabalhadores disponíveis para exercer 
atividades econômicas, ou seja, 10/100 = 10%.
Agora, poderemos compreender melhor a Curva de Phillips. Ao relacionar as variáveis do 
desemprego e da inflação, a curva demonstra que esta relação, denominada Relação de Phillips, é 
inversa. Isto significa que se a taxa de desemprego estiver baixa, a tendência é que a inflação suba 
– a renda em circulação favorece o consumo, e o aumento na demanda gera aumento no nível 
de preços; em um movimento contrário, ou seja, desemprego em alta e contração da demanda, a 
inflação tende a se reduzir. (BLANCHARD, 2012)
Figura 2 – Representação esquemática da Curva de Phillips
u1 u2 Taxa de desemprego (u)
Pb
Pa
Inflação (p)
Fonte: adaptada de BLANCHARD, 2012.
SAIBA MAIS!
Para se aprofundar no estudo da economia brasileira com base na Curva de Phillips, 
recomendamos o artigo “Inflação, desemprego e choques cambiais: Uma revisão 
da Literatura sobre a Curva de Phillips no Brasil”. Acesse: <http://bibliotecadigital.
fgv.br/ojs/index.php/rbe/article/viewFile/11732/12458>. Boa leitura!
Por outro lado, nem sempre a relação entre inflação e desemprego se dá sem desvios ao que 
demonstra a Curva de Phillips: há vários elementos que podem alterá-la e, no limite, até mesmo 
invertê-la. Vamos ver por quê. 
Um dos fatores que geram a inflação é o excesso de demanda, conforme já mencionamos 
no início da aula. Quando a oferta de determinados bens não é capaz de suprir a demanda dos 
consumidores, estes itens se valorizam e se tornam mais caros, gerando inflação. Por sua vez, o 
desemprego representa a perda do poder de compra da população ocupada, que não poderá con-
sumir os produtos de seu uso cotidiano. Deste modo, o desemprego reduz a demanda por bens e 
interfere de forma negativa no aumento de preços.
FIQUE ATENTO!
Lembre-se de que, quando falamos em desemprego, estamos nos referindo à po-
pulação desocupada, ou seja, o grupo de trabalhadores sem ocupação que está 
buscando novo emprego. Descartam-se, portanto, os desempregados voluntários, 
aqueles que não aceitam trabalhar por um dado salário ou por nenhum.
Com base em Blanchard (2012), podemos destacar outros dois fatores capazes de atenuar a 
relação da Curva de Phillips: a possibilidade de os consumidores acessarem o mercado de crédito, 
permitindo a manutenção do consumo no curto prazo; e a possibilidade de existirem distorções 
intensas nos níveis de preços (como inflação descontrolada), que geram dissociação entre as 
variáveis estudadas
Com efeito, quando os preços dos bens e serviços na economia começam a se elevar em 
uma velocidade maior, as pessoas vão perdendo a confiança no poder de compra da moeda, que 
deixa de ser um referencial seguro para as transações da economia. Esta realidade é geradora das 
distorções nos níveis de preço que reduzem a capacidade do governo de controlar a inflação. Para 
reduzir perdas, os produtores de bens deixam de ofertá-los, sob risco de desabastecimento, e a 
economia pode entrar em colapso. 
Tal situação tem ocorrido na Venezuela nos últimos anos. O país vem apresentando taxas 
negativas de crescimento, ou seja, sua produção vem encolhendo, e a inflação projetada para 2018 
chega a 2000%, isto é, se espera que o preço de venda de um bem ao final de 2018 seja vinte vezes 
maior em relação ao final de 2017. (GUTIERREZ, 2017)
FIQUE ATENTO!
Economias que enfrentam ciclos de inflação descontrolada deixam de demonstrar 
a relação presente na Curva de Phillips; há inflação alta, mas o desemprego cresce 
na mesma proporção. 
Figura 3 – Inflação e desabastecimento
Fonte: Maxim Blinkov/Shutterstock .com
Vamos expandir nosso raciocínio a respeito da relação entre salários e inflação. 
Se os salários da população crescessem no mesmo nível do aumento nos preços, a inflação 
não seriauma variável importante; os preços sobem, mas os salários também, de modo que a 
inflação real será igual a zero. No entanto, esta situação não ocorre na realidade. 
Por exemplo, no Brasil, os salários dos aposentados que ganham mais de um salário mínimo 
costumam ter um reajuste inferior, em porcentagem, aos que ganham apenas um salário. Distor-
ce-se, deste modo, a estrutura de preços e salários, pois o ideal seria que o reajuste fosse igual e 
abrangente para todas as categorias. Assim, a inflação afeta diretamente a distribuição de renda 
(BLANCHARD, 2012): Se alguns salários são reajustados em nível menor que o índice de aumento 
de preços, o poder de compra de parte da população será afetado: haverá pessoas que estarão 
recebendo um salário comparativamente menor, em relação à sua capacidade de aquisição de 
bens em momento anterior. 
Figura 4 – O desemprego
Fonte: Lisa S./shutterstock.com
Retomando a Curva de Phillips, que mostra a relação negativa entre desemprego e inflação, 
vamos analisar uma situação paralela. Quando o desemprego está em baixa, a demanda por mão 
de obra é maior, e isto conduz ao aumento nos salários (a oferta de emprego faz com que as pes-
soas tenham capacidade de pleitear um salário melhor). Em resposta a este aumento nos salários, 
o consumo aumenta, gerando um choque positivo de demanda, e as empresas alteram os preços 
de bens e serviços a fim de ampliar suas margens de lucro, resultando em inflação. Esta, por sua 
vez, gera pressões por aumento salarial e, assim, eventuais reajustes são seguidos por novas altas 
de preços, podendo provocar a chamada espiral de preços e salários.
FIQUE ATENTO!
Quando as elevações no salário provocam altas de preços nos produtos e serviços, 
há a chamada espiral de preços e salários.
EXEMPLO
Se os salários se elevam em 10% frente a um aumento na demanda por mão de 
obra, os preços dos bens e serviços também se elevarão – suponhamos que este 
aumento seja também de 10%. Esta inflação pressiona os salários, logo, os traba-
lhadores demandam novos aumentos salariais que, uma vez concedidos, levam a 
mais aumento nos preços. Assim, forma-se a espiral de preços e salários.
Dizemos, concluindo, que esta versão da Curva de Phillips que estudamos e que apresenta o 
movimento de espiral de preços e salários, se associa ao curto prazo, pois, neste caso, o nível de 
preços observado (ou seja, o nível real) supera as estimativas sobre a inflação, gerando reajustes 
eventualmente desproporcionais de preços e salários. 
Em longo prazo, supomos que a inflação esperada será igual à inflação real (não temos como 
saber a inflação futura real, podemos apenas estimá-la e supor que esta estimativa corresponderá 
à realidade), de forma que os reajustes de preços e salários serão dados na mesma proporção. 
Portanto, não é possível observar alguma relação entre desemprego e inflação que seja seme-
lhante ao comportamento da Curva de Phillips de curto prazo. (BLANCHARD, 2012)
Fechamento
Nesta aula, você teve oportunidade de:
 • conceituar inflação e desemprego;
 • entender a relação entre estas variáveis a partir da Curva de Phillips.
Referências 
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2012.
GREMAUD, Amaury Patrick; BRAGA, Márcio Bobik; TONETO JR, Rudinei; VASCONCELLOS, Marco 
Antônio Sandoval. Macroeconomia básica: Determinação da Renda Nacional. In LOPES, Luiz Mar-
tins; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval (orgs). Manual de Macroeconomia – Básico e 
Intermediário. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
GUTIERREZ, Miguel. FMI estima mais de 2000% de inflação em 2018 na Venezuela. Diário de Notí-
cias, 19 jun 2017. Disponível em: <http://www.dn.pt/mundo/interior/venezuela-fmi-estima-mais-
de-2000-por-cento-de-inflacao-em-2018---imprensa-8575289.html>. Acesso em: 20 jul. 2017.
SACHSIDA, Adolfo. Inflação, desemprego e choques cambiais: Uma revisão da Literatura sobre 
a Curva de Phillips no Brasil. Revista Brasileira de Economia, Rio de Janeiro, v. 67, n. 4, p. 521–
531, out/dez. 2013. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rbe/article/view-
File/11732/12458>. Acesso em: 29 mar. 2017.

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