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Alegações Finais

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA 9ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS 
JOSIANE, amplamente qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem, por intermédio de seus procuradores e advogados constituídos, conforme mandato procuratório em anexo, com endereço profissional localizada na Rua X, Centro, na cidade de Belo Horizonte/MG, onde recebem intimações e notificações, vem, mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no Artigo 403, parágrafo 3º, do Código de Processo Penal apresentar:
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS 
Pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
I- DOS FATOS
 	Segundo consta na denúncia, a acusada teria em data de 08 de julho de 2018, teria cadastrado, sem autorização da correntista Margarida de Souza, senha bancária referente à conta da referida cliente.
	Ato contínuo, a Acusada teria requisitado cartão magnético de nº 6031029182091 e, a partir da senha cadastrada anteriormente, efetuado diversos saques, entre julho e agosto do ano supracitado.
	Ademais, surpreendida com a ocorrência de diversos saques desconhecidos e irregulares de sua conta bancária, a vítima então compareceu à Agência da Caixa Econômica Federal desta Comarca e, diante do diretor – geral, Sr. Valdemar, requereu que a situação fosse averiguada.
	De mais a mais, informou que diversos saques foram realizados em sua conta, e a maioria foi em terminar eletrônico sequer conhecidos pela vítima.
	Após instauração de procedimento administrativo foram realizados diversos relatórios dos computadores da agência especificamente nos meses de julho e agosto de 2018, e ouvidas testemunhas que trabalhavam no mesmo local da acusada.
	Por oportuno, feito tais procedimentos, em data de 08 de julho de 2018, a Acusada teria chegado antes do horário de expediente bancário, exatamente as 08h30min, e, por meio de sua matricula e senha, efetuado às 09h, o comando de cadastramento de senha bancária referente a conta da Vítima.
	Somado as condutas especificadas, o cartão magnético também foi solicitado pela acusada, entretanto em dato anterior ao cadastramento da senha.
	A denúncia foi oferecida pelo Parquet uma vez que a materialidade do delito restaria caracterizada pelo uso indevido de acesso e senha para requisitar cartão magnético e cadastrar senha bancária da conta de cliente, sem a anuência desta. Com provas robustas, uma vez que o relatório foi emitido pelo sistema da Caixa Econômica Federal. 
 
II- DO MÉRITO 
Excelência, o que se observa nos autos são provas incongruentes, uma vez que a única prova apresentada por parte do Parquet é relatório de sistema bancário em que foi utilizado o login e senha da Ré, não sendo fornecido por oportuno mais provas da conduta da acusada.
Por oportuno, após a oitiva das testemunhas que foram contraditadas por Vossa Excelência, foi juntada nos presentes autos laudos periciais das câmeras de segurança onde fica comprovado que a acusada nunca se quer chegou perto de um caixa eletrônico com o cartão e senha da vítima. 
De mais a mais, não restou comprovado a culpabilidade da Ré, o que deixa nebulosa e falha, onde o conteúdo comprobatório trazido nos autos não faz transparecer de forma cabal e concreta, que a autoria do delito descrito na Exordial recaia sobre a acusada em tela.
II – 1 – DA FALTA DE AUTORIA DELITIVA POR PARTE DA DENUNCIADA
	Pois bem, conforme alegado, as provas são incongruentes, o que leva apenas a indícios, que devem ser provadas com veemência.
		Excelência o que esse peticionário tenta demonstrar é que no bojo do processo administrativo, nada foi efetivado, apenas a apresentação de relatório, e em contra partida, as câmeras de segurança com o laudo policial demonstram que a acusada nunca sacou nenhum valor da vítima, a não ser por meras conjecturas e ilações, a esse ponto muito nos serve a Doutrina de Aluizio Bezerra Filho: 
 
“Indícios são circunstâncias conhecidas e provadas que, relacionando-se com determinado fato, autorizam, por indução, concluir-se a existências de prova circunstancial; tornando-se imprescindíveis para fundar uma sentença de pronúncia, devem ser necessariamente provadas.
Nessa linha de entendimento afastam-se as meras conjecturas de fatos provenientes de ilações ou criações da imaginação, assemelhando-se a um exercício hipotético de situações abstratas. 
 
Como observamos, existe uma carência probatória nos autos, que vislumbra um entendimento não diferente da absolvição.
Conclui-se que, inexistindo provas, cabais e concretas devemos invocar o princípio “in dubio pro reo” 
III– DA ABSOLVIÇÃO VINCULADA AO ARTIGO 386, INCISO VII DO CÓGIDO DE PROCESSO PENAL.
Levando em conta, portanto, o principio do “in dubio pro reo”o qual é tido como uma causa de absolvição vinculada, elencada no artigo 386 inciso VII do Código de Processo Penal, a fim de absolver a acusada, vejamos o texto de lei: 
Art. 386.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
        I - estar provada a inexistência do fato;
        II - não haver prova da existência do fato;
        III - não constituir o fato infração penal;
        IV –  estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
        Parágrafo único.  Na sentença absolutória, o juiz:
        I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;
        II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        III - aplicará medida de segurança, se cabível.
Oportuno encontra-se a apresentação do conteúdo doutrinário, temos o Desembargador do Estado de São Paulo Guilherme de Souza Nucci o qual se manifesta no seguinte sentido:
	“A prova insuficiente para a condenação (inciso VII) é outra consagração do principio da prevalência do interesse do réu – in dubi pro reo. Se o juiz não possui provas sólidas para a formação do seu convencimento, podendo indica-las na fundamentação da sua sentença, o melhor caminho é a absolvição. Logicamente, neste caso, há possibilidade de se propor ação indenizatória na esfera cível, por parte da vítima. 
Assim entende este peticionário pelo cabimento da absolvição pautada no artigo 386, inciso VII do CPP. 
II- DOS PEDIDOS
Isto posto, requer seja ABSOLVIDA A DENUNCIADA, diante da existência de circunstancias que excluam o crime ou isentem o réu da pena com fulcro no artigo 386, inciso VII do Código de Processo Penal. 
 	Termos em que,
	Pede e espera deferimento
Belo Horizonte, __ de _____________ de 2019.
__________________________________
OAB/UF

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