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A IMPORTÂNCIA DO ENSINO BILÍNGUE PARA CRIANÇA SURDA NA (1)

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A IMPORTÂNCIA DO ENSINO BILÍNGUE PARA CRIANÇA SURDA NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL
 
 BICCA, Luciana
RESUMO
O Bilinguismo, proposta para a educação de surdos, defende que o aprendizado da Língua sinalizada
deve preceder o da Língua oral, usada na comunidade a qual o surdo pertence. Nesta proposta
entende-se a Língua sinalizada como materna para o sujeito surdo, devido suas características, por
primazia visual, que compensam eficazmente a falta de comunicação, situação imposta pela
deficiência auditiva. A Língua sinalizada é reconhecida como L1, ou primeira Língua. Por serem as
principais características das Línguas oficiais, que são utilizadas pela grande maioria nas
comunidades, orais e auditivas, são entendidas nesta proposta como segunda língua para o sujeito
surdo, ou L2. O presente estudo analisa a importância do ensino bilíngue para criança surda na
educação infantil. A metodologia utilizada foi através da pesquisa qualitativa com abordagem no
método bibliográfico, porque fez-se exclusivamente mediante a consulta de livros e artigos que
abordam o tema em foco, baseando-se em autores como: Quadros (2011), Botelho (2005), Góes
(1996), Honora (2003), entre outros. O estudo concluiu que o desafio que a escola enfrenta
atualmente é conseguir que todos os seus alunos cheguem a ser membros plenos da comunidade de
leitores e escritores. O bilinguismo permite que, dada a relação entre o adulto e a criança, esta possa
construir uma auto-imagem positiva como sujeito surdo, sem perder a possibilidade de se integrar
numa comunidade de ouvintes. A proposta bilíngue possibilita ao leitor surdo fazer uso das duas
línguas, escolhendo a qual irá utilizar em cada situação linguística.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Bilíngue, L1 e L2, Alfabetização de Surdos, Educação Infantil.
ABSTRACT
The Bilingualism proposed for the education of the deaf, argues that the learning of the signed
language must precede the oral language, used in the community which the deaf belongs. This
proposal means the flagged as Native language for deaf subject, because their characteristics, visual
primacy, which effectively compensate for the lack of communication, a situation imposed by hearing
loss. The signed language is recognized as L1 or first language. Because they are the main features
of the official languages, which are used by most communities, speaking and listening, they are
understood in this proposal as a second language for the deaf subject, or L2. This study analyzes the
importance of bilingual education for deaf children in early childhood education. The methodology
used was through qualitative research approach in the bibliographic method, because it was made
exclusively by means of consultation of books and articles that deal with the subject in focus, based on
authors such as: Tables (2011), Botelho (2005) Garcia (1996), honora (2003), among others. The
study concluded that the challenge facing the school is currently getting all their pupils come to be full
members of the community of readers and writers. Bilingualism allows, given the relationship between
the adult and the child, it can build a positive self-image as a subject deaf, without losing the possibility
to integrate a community of listeners. The bilingual proposal allows the deaf reader make use of two
languages, choosing which to use in each linguistic situation.
KEYWORDS: Bilingual Education, L1 and L2, Deaf Literacy, Early Childhood Education.
1 INTRODUÇÃO
Este estudo trata do Bilinguismo, proposta para a educação de surdos,
defende que o aprendizado da Língua sinalizada deve preceder o da Língua oral,
usada na comunidade a qual o surdo pertence. Tem como objetivo geral analisar a
importância do ensino bilíngue para criança surda na educação infantil. E como
objetivos específicos: Identificar as dificuldades que o aluno surdo apresenta ao
chegar sem L1 e L2 (Libras e Português); Analisar a literatura pertinente sobre o
ensino bilíngue na educação infantil; Apresentar uma proposta de ensino bilíngue
para a educação infantil.
A aquisição da linguagem inicia-se precocemente, desde quando uma criança
entra em contato com o mundo externo ela começa a estabelecer relação com esse
meio. Isso acontece de forma natural e espontânea, “[...] a criança adquire a
linguagem na interação com as pessoas à sua volta, ouvindo ou vendo a língua ou
as línguas, que estão sendo usadas.” (QUADROS, 2011, p.15). No caso de crianças
surdas que tem pais surdos essa linguagem é estabelecida normalmente através da
linguagem de sinais. “Essas crianças apresentam o privilégio de ter acesso a uma
língua de sinais em iguais condições ao que as crianças ouvintes têm a uma língua
auditiva-oral; no entanto representam apenas 5% da população surda.” (QUADROS,
2011, p.17). 
A barreira de comunicação, no caso de crianças surdas entre famílias ouvinte
dificulta essa prática social tanto na aquisição da linguagem quanto no processo de
letramento, uma questão que se deve levar em consideração é a idade em que a
surdez é diagnosticada; muitos pais só percebem que há alguma alteração no
processo da linguagem da criança quando ocorre o atraso do aparecimento da fala
ou a fala pouco inteligível em determinada faixa etária. Geralmente esse diagnóstico
acontece entre os 3 ou 4 anos da criança que é quando os pais buscam o auxilio
médico ao perceberem a ausência da fala. Quadros (2011, p.27) relata a respeito da
idade do diagnóstico. “Se a criança surda é diagnosticada nessa fase, haverá um
atraso no seu desenvolvimento linguístico pela falta de acesso à língua de sinais,
que lhe permitiria compreender e produzir no nível referido”.
A abordagem bilíngue considera a Língua de Sinais como primeira língua
para uma criança surda, pois, ela permite o desenvolvimento da linguagem de forma
natural e espontânea podendo assim estabelecer uma base linguística para o
aprendizado de uma segunda língua, como por exemplo, o português, mas isso não
depende inteiramente do individuo surdo, mas sim de seus pais em se tratando de
uma criança surda. Muitos pais desconhecem a importância da Libras como primeira
língua para um surdo “informações e estudos referentes ao processo de aquisição
normal na língua de sinais necessitam ser compartilhadas com os pais, que muitas
vezes desconhecem essa possibilidade e deixam de entender e serem entendidos
por seus filhos.” (QUADROS, 2011, p. 35).
Assim, justifica-se este estudo por acreditar que a Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) como primeira língua e a língua portuguesa como segunda. A proposta
bilíngue também vai permitir ao aluno surdo, construir uma autoimagem positiva,
pois além de utilizar a língua de sinais como língua natural, vai recorrer à língua
portuguesa para integrar-se na cultura ouvinte. 
Ainda se destaca que o bilinguismo permite que, dada a relação entre o
adulto e a criança, esta possa construir uma auto-imagem positiva como sujeito
surdo, sem perder a possibilidade de se integrar numa comunidade de ouvintes. A
proposta bilíngue possibilita ao leitor surdo fazer uso das duas línguas, escolhendo a
qual irá utilizar em cada situação linguística.
Este estudo é uma pesquisa qualitativa com abordagem no método
bibliográfico, porque foi feita exclusivamente de consulta de livros e artigos que
abordam o tema em foco. A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua
fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. Segundo
Marconie Lakatos (2009), “a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e
prolongado, do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo
investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo.” A justificativa para
que o pesquisador mantenha um contato estreito e direto com a situação onde os
fenômenos ocorrem naturalmente é a de que estes são muito influenciados pelo seu
contexto. 
O método escolhido foi o bibliográfico “a pesquisa bibliográfica utiliza
documentos produzidos, realizando busca bibliográfica para fundamentar suas
ações na investigação científica” (GIL, 1999, p.53). A pesquisa bibliográfica consiste
no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas
à pesquisa. Foi consultado livros de autores entre eles: Quadros (2011), Botelho
(2005), Góes (1996), Honora (2003) que discutem sobre o a importância do ensino
bilíngue para criança surda na educação infantil.
2 EDUCAÇÃO BILÍNGUE
Esta proposta é considerada uma proposta educacional na qual se propõe
duas línguas no contexto escolar. Propõe-se o uso da LIBRAS como primeira língua
e após a inserção da língua portuguesa como segunda língua, em que o aluno surdo
aprenderá a modalidade escrita.
Segundo Guarinello (2007), o bilinguismo não pode ser confundido com a
proposta bimodal que é representada simultaneamente de duas modalidades de
língua por uma mesma pessoa.
No bilinguismo a criança surda é exposta as duas línguas com diferentes
interlocutores. É considerada para transmissão da língua de sinais por interlocutor
surdo e a língua majoritária por um ouvinte. Neste primeiro modelo de bilinguismo a
criança deve receber o aprendizado logo após o diagnóstico de surdez. Em um
segundo modelo a criança só iniciará a aquisição da segunda língua, depois do
domínio da sua língua natura a primeira língua (Libras).
No conceito de Quadros (2006), educação bilíngue envolve pelo menos duas
línguas no contexto educacional as diferentes formas para proporcionar a educação
bilíngue dependem de decisões político-pedagógicas.
A partir do momento que a escola passa a oferecer esta educação estará
assumindo uma política bilíngue em que duas línguas existirão no espaço escolar e
devera definir a função de cada língua. A educação bilíngue poderá ocorrer em
vários contextos dependendo da ação de cada município e de cada estado
brasileiro.
Em alguns estados optam pela língua de sinais língua de instrução e a língua
portuguesa é ensinada como segunda língua, em outros a língua de instrução é
língua portuguesa a língua de sinais é repassada em sala de recurso. Porém os
serviços de interprete de língua de sinais estão presentes desde o inicio da sua
escolarização.
Ainda Quadros (2006) relata que há estado em que os intérpretes acabam
assumindo a função de professores, a também em que os professores
desconhecem libras e a escola não tem estrutura ou recursos humanos para garantir
a seus alunos surdos o direito a educação, a comunicação, e a informação.
Diante ha várias propostas sendo tentadas como educação bilíngue.
A educação bilíngue propõem que s processos escolares aconteçam nas
escolas de surdos, obviamente não segundo o modelo clinico-terapeutico,
ainda oferecido reconhece as intensas dificuldades e problemas dos surdos
em classe com estudantes ouvintes, e não a adesão as propostas de
integração e de inclusão escolar. (BOTELHO, 2005, p.111-112)
O autor coloca mais uma questão em reflexão na educação de surdos, a
educação bilíngue em escola de surdos. Sabe-se que no momento já está
reconhecido a língua de sinais e se defende a ideia de inclusão dos surdos em
escolas regulares . No Brasil, o direito das crianças a uma educação bilíngue é
garantida pelo decreto Federal nº 5626, de 22 de dezembro de 2005.
2.2 LÍNGUA DE SINAIS L1
A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a língua de sinais usada pela
maioria dos surdos brasileiros e reconhecida pela Lei n. 10.436 (2002), neste estudo
denominada de L1 e defendida como primeira língua para os surdos. E a Língua
portuguesa para surdos chamada de L2.
“Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das
mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos”. (QUADROS,
1999, p.195).
Libras é a linguagem de sinais brasileira usada pela maior parte dos surdos
no país e os sinais se formam de uma combinação da forma e do movimento das
mãos junto ao ponto no corpo ou no espaço onde os sinais são realizados.
Ainda de acordo com Quadros:
As ínguas de sinais possuem léxico e um sistema de criação de novos
sinais em que os morfemas são combinados, porém diferenciam-se das
línguas faladas nas combinações que criam palavras morfologicamente
complexas. Nas línguas orais as palavras complexas são formadas,
normalmente, pela junção de um prefixo ou sufixo a uma raiz, já nos sinais,
essas formas resultam, freqüentemente, em processos não-concatenativos
nos quais um radical é agregado a vários movimentos no espaço de
sinalização, como é o caso de verbos com concordância. (QUADROS, 1999,
p.195)
As línguas de sinais possuem um sistema de criação de novos sinais em
que os morfemas se combinam, porém, são diferentes das línguas faladas nas
combinações que criam palavras morfologicamente complexas. Já nas línguas
orais as palavras complexas se formam, normalmente, através da junção de um
prefixo ou sufixo a uma raiz.
Segundo Honora (2003) apresentam formas linguisticas que demonstram
características visuais, e, através do uso do espaço constróem seus mecanismos
morfológicos, sintáticos e semânticos para veicular significados, os quais são
percebidos pelos seus usuários através das mesmas dimensões espaciais.
A Libras apresenta várias possibilidades de ordenar as palavras para a
formação de frases, outras possibilidades estão determinadas em contextos e
de forma bastante restrita. 
É uma língua de modalidade gestual-visual porque utiliza, como canal ou
meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que são
percebidos pela visão; portanto, diferencia da Língua Portuguesa, que é uma língua
de modalidade oral-auditiva por utilizar, como canal ou meio de comunicação, sons
articulados que são percebidos pelos ouvidos. Mas, as diferenças não estão
somente na utilização de canais diferentes, estão também nas estruturas
gramaticais de cada língua.
De acordo com Honora:
Entretanto, os gestos da Língua de Sinais não é universal ou o retrato fiel da
realidade. Cada língua de sinais representa seus referentes, por que cada
uma descreve seres, eventos e objetos sob uma ótica diferente das demais,
ou seja, as diferentes línguas de sinais distribuídas ao longo do mundo
poderão apresentar sinais bem distintos ou não a partir do mesmo tema, ou
ter outro significado (HONORA, 2003, p.122).
Tanto a língua oral quanto a Língua de Sinais possue estrutura gerada a partir
de princípios universais e, por isso, apresenta gramática e sintaxe bastante
semelhante.
O surdo, como qualquer sujeito bilíngue, busca na língua que mais domina os
elementos para significar a outra língua, o que produz uma inevitável e interessante
aproximação entre as duas línguas. O encontro, ou melhor, dizendo, “confronto”
entre as duas línguas é esperado e revelam as riquezas, as especificidades que
marcam o universo discursivo de sujeitos bilíngues. Sobre isso, Maher (1997) chama
a atenção para a relação conflitante e assimétrica que costuma caracterizar a
existência das diferentes línguas na vida de sujeitos bilínguesdiglóssicos1, onde
uma e outra disputam funções e posições na vida de seus usuários. 
A Língua Brasileira de Sinais é reconhecida pela lei n° 10436/2002 como meio
legal de comunicação e expressão e outros recursos de expressão a ela associados.
E esta definida na mesma lei como:
[...] forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de
natureza visual – motora com estrutura gramatical própria, constitui de um
sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos oriundos de comunidade
de pessoas surdas do Brasil (BRASIL, 2007, p.12).
Percebe-se que a Linguagem de Sinais é dotada de uma gramática
constituída por itens lexicais, apresentando mecanismos morfológicos sintáticos e
semânticos próprios ou que seguem bases gerais da constituição lingüísticas. É
dotada, também, de princípios que permitem a construção de gestos que exprimem
metáforas, ironias e significados não literais possibilitando ao usuário utilizar
estruturas em diferentes contextos. 
Possuindo, assim, semelhanças e diferenças com a Língua Portuguesa, o que
é bastante compreensivo tendo em vista que é uma língua natural baseada em
aspectos inerentes aos surdos brasileiros e pelo fato da língua portuguesa ter sido
herdada de Portugal.
Para trabalhar com surdos é preciso conhecer a realidade deles, fazer
amizades com eles, aprender a língua deles, promovendo uma melhor interação na
sociedade.
A produção da escrita de surdos caracteriza-se por construções atípicas
comparadas com a produção escrita de ouvintes. Em uma análise destas
construções, Goés (1996, p.196) aponta diversos desvios nas regras de construção
do português. 
1 A partir de Ferguson (1959), chamamos de diglossia a coexistência de uma ou mais variantes
linguísticas dentro da mesma sociedade
A análise preliminar aponta os seguintes fatores: uso inadequado ou omissão
de preposições, terminação verbal não correspondente à pessoa do verbo,
inconsistência de tempo e modo verbal, flexão inadequada de gênero, uso
incorreto do pronome pessoal oblíquo, entre outros (GÓES, 1996, p.196).
Pela fala acima se observa que é preciso analisar inicialmente alguns fatores
como o mau uso ou omissão de preposições, terminação verbal que não
corresponde à pessoa do verbo, usa de forma incorreta do pronome pessoal
oblíquo.
Para Vygotsky (1988) durante a pré-história da linguagem escrita as crianças
constroem os pressupostos que permitirão o seu acesso à escrita, em três campos:
a simulação de papéis (os jogos infantis), o desenho e as formas primitivas não
convencionais de escrita.
 Na visão deste teórico nestas atividades elas descobririam, em diferentes
níveis, a possibilidade de um simbolismo de segundo grau, ou seja, a descoberta de
que um objeto em um desenho representa outro objeto que não é simplesmente um
objeto com características similares.
2.3 LÍNGUA PORTUGUESA L2
Segundo Fernandes (2004) o aprendizado da Língua Portuguesa do surdo se
esbarra em quatro barreiras: a primeira consiste em que o aprendizado da L2 pelo
surdo irá se processar como o ensino de uma língua estrangeira, pois os surdos ao
adquirem uma segunda língua na qual sua estruturação gramatical seja diferente de
sua língua materna, terá que aprendê-la de forma artificial, pois os componentes
estruturais da Língua Portuguesa difere de sua língua-base: a Língua de Sinais.
A segunda barreira diz respeito às diferenças quanto à organização dos níveis
linguísticos de ordem morfológica, fonológica, sintática e semântica da Língua Oral e
da Língua de Sinais. A terceira consiste no fato de que o surdo irá aprender a L2
levando consigo toda a estrutura da Língua de Sinais - L1. Porém, muitas vezes a
influência da L1 sobre a L2 não chega a ocorrer porque muitos surdos não dominam
nem a sua própria língua, sendo este outro obstáculo a aprendizagem da L2 pelo
mesmo. Segundo Quadros (1997) deve-se levar em conta no processo de aquisição
da L2 pelo surdo, o interesse/motivação do professor para ensinar a escrita da
Língua Portuguesa para o aprendiz surdo, as estratégias de aprendizagem com
adaptações necessárias e o ensino bilíngue. E por meio da Língua de Sinais o surdo
estabelece relações com outros da comunidade surda e através dela, permitir um
processo mental para que haja a aquisição da L2.
Diante dessas constatações, é que defende-se que a educação dos surdos
deva ser bilíngue, assegurando o ensino simultâneo da Língua de Sinais e da escrita
da Língua Portuguesa desde a Educação Infantil. Assim, questiona-se: Qual dessas
duas línguas deve ser aprendida primeiro? Segundo Quadros (1997, p.27) afirma
que “o ensino bilíngue é uma proposta de ensino observada nas escolas
especializadas em surdos como exemplo citamos a ANPACIN (Centro Norte
Paranaense de Áudio Comunicação Infantil) em Maringá”, que visa o ensino bilíngue
como uma situação linguística que compreende na utilização de duas línguas: a
primeira língua é a Língua de Sinais e a segunda a escrita da Língua Portuguesa.
2.4 ALFABETIZAÇÃO DO ALUNO SURDO
O surdo é a pessoa que possui perda, maior ou menor, na percepção normal
dos sons. A perda auditiva pode variar de leve a profunda, ou seja, o indivíduo pode
ter resíduos de audição ou não ouvir som algum. Para se relacionar, usa diferentes
formas de linguagem: fala, expressão corporal e facial, movimento labial. Para
comunicar-se com um surdo é necessário falar de frente, pausadamente e de forma
clara, pois uma boa articulação facilita a leitura labial. 
Para Quadros:
Quando se pensa em alfabetização, a ideia mais popular está relacionada a
decifração do código escrito. Talvez o próprio nome dado a esse processo
seja uma das causas de tal ideia, “alfabetização”, ligada a “alfabeto”
(QUADROS, 2010, p.1).
 No entanto, o objetivo do presente tópico envolve um conceito mais amplo
desse termo, um processo que resulta da interação com a língua e com o meio.
Quando se usa o artigo definido “a língua” e o “meio”, segundo Quadros
(2010, p.3):
[...] estamos nos referindo à língua e ao meio que a criança surda interage,
ou seja, a LSB e pessoas que usam essa língua [...]. A língua que é usada
como meio e fim de interação cultural e cientifica. Os falantes nativos dessa
língua conversam, planejam, sonham, brigam, contam estórias explorando
meios riquíssimos e complexos que são próprios de uma língua de sinais,
no caso do Brasil, da LSB. (QUADROS, 2010, p.3).
Portanto, de acordo com o que diz a autora acima a criança surda interage
através de sua língua nativa que a Língua de Sinais Brasileira – LSB (língua que é o
meio e o fim da interação social, cultural e científica da comunidade surda brasileira),
pois, é através dela que eles interagem com as pessoas ao seu redor, ou seja,
contam estórias, conversam, sonham, brigam entre outros.
Uma das etapas de escolarização mais importante no percurso escolar
das crianças é a alfabetização. Esta se apresenta como um processo onde
o estudante estará ingressando em uma nova etapa, conhecendo novos
caminhos, entrando agora efetivamente no mundo das letras. Porém, esta
é uma fase complexa em que as crianças surdas costumam sentir muitas
dificuldades. (SANTOS et al, 2010, p.4).
 Geralmente, os problemas encontrados hoje no sistema educacional
brasileiro começam já nesta etapa da escolarização. Com a proposta de inclusão em
escolas regulares este processo mostra-se ainda mais difícil quando tratamos da
alfabetização de crianças surdas, pois, elas encontram barreiras de comunicação
que dificultam as práticas de letramento. 
Para aprender a escrita da Língua Portuguesa, no caso da criança surda
brasileira, ela deve ter adquiridouma primeira língua, a LIBRAS. Este
contato deveria começar na família, uma vez que esta deveria utilizar a
língua de sinais no seu cotidiano, e ser uma continuidade em outros
espaços como a escola, espaço de lazer e outros, porém nem sempre a
língua de sinais é conhecida nestes ambientes. Como justificativa para
este fato. Isso ocorre principalmente porque a maioria das crianças surdas
são filhas de pais ouvintes. (MEIRELES, 2015, p.1).
Portanto segundo os autores citados anteriormente a criança surda precisa
primeiro adquirir uma primeira língua que é a LIBRAS, para depois ter condições de
aprender a escrita da Língua Portuguesa.
Desta forma, segundo Meireles (2015, p.1) “ao falar sobre a importância da
língua de sinais para a criança surda no aprendizado da Língua Portuguesa, que é
segunda língua para o indivíduo surdo”. Nesse sentido Fernandes (2006, apud
MEIRELES, ) afirma que: 
Sem sua mediação, os alunos não poderão compreender as relações textuais
na segunda língua, já que necessitam perceber o que é igual e o que é
diferente entre sua primeira língua e a língua que estão aprendendo
(MEIRELES, 2015, p.2).
 Diante dessa afirmativa, é importante que a criança surda adquira a Libras
antes de iniciar o processo de alfabetização, para que ela possa identificar as
diferenças entre a sua língua e a Língua Portuguesa escrita, e comece a estabelecer
formas de compreensão através de estratégias criadas pelos próprios professores
na tentativa de fazer com que a ela reconheça tais diferenças.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Para analisar a importância do ensino bilíngue para criança surda na
educação infantil inicialmente este estudo destacou que a proposta bilíngue se
propõe ao uso das duas línguas no contexto escolar. Considera a língua de sinais
como natural e através do conhecimento desta, para o ensino na modalidade escrita.
No bilinguismo a criança surda é exposta as duas línguas com diferentes
interlocutores. É considerada para transmissão da língua de sinais por interlocutor
surdo e a língua majoritária por um ouvinte. Neste primeiro modelo de bilinguismo a
criança deve receber o aprendizado logo após o diagnostico de surdez. Em um
segundo modelo a criança só iniciara a aquisição da segunda língua, depois do
domínio da sua língua natura a primeira língua (libras).
O estudo identificou que uma das etapas de escolarização mais importantes
no percurso escolar das crianças é a alfabetização. Esta se apresenta como um
processo onde o estudante estará ingressando em uma nova etapa, conhecendo
novos caminhos, entrando agora efetivamente no mundo das letras. Porém, esta é
uma fase complexa em que as crianças surdas costumam sentir muitas dificuldades,
pois para aprender a escrita da Língua Portuguesa, no caso da criança surda
brasileira, ela deve ter adquirido uma primeira língua, a LIBRAS. Este contato deve
começar na família, uma vez que esta deveria utilizar a língua de sinais no seu
cotidiano, e ser uma continuidade em outros espaços como a escola, espaço de
lazer e outros, porém nem sempre a língua de sinais é conhecida nestes ambientes.
Portanto primeiro a criança surda precisa primeiro adquirir uma primeira
língua que é a LIBRAS, para depois ter condições de aprender a escrita da Língua
Portuguesa.
Assim, ao final deste estudo acredita-se ter atingido o objetivo principal ao
analisarmos a importância do ensino bilingue para criança surda na educação
infantil. Este assunto não se encerra por si, sugere-se que novas pesquisas e
estudos sejam feitos mostrando a necessidade do surdo ter acesso tanto a L1
quanto a L2, mas que a Língua 1 (Libras) seja sua principal e primeira língua) para
que após ele tenha acesso a alfabetização também na Língua 2 (língua portuguesa).
REFERÊNCIAS
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS. Brasília: MEC/SEF/SEESP, 2007.
GOÉS, Maria C. R. Linguagem surdez e educação. Campinas: Autores
associados, 1996.
QUADROS, Ronice Muller de. Diversidade e Unidade nas línguas de sinais: Libras e
ASL. In: SKLIAR, Carlos. (Org). Atualidade da Educação Bilíngue para Surdos.
Porto Alegre, 1999, v.2, p.195-207.
QUADROS, R. M. Situando as diferenças implicadas na educação de surdos:
inclusão/ exclusão. Ponto de Vista. 2003, vol 1, nº 1, pp.81-112.
QUADROS, R.M. Língua de Sinais: instrumentos de avaliação. Porto Alegre:
Armetd, 2011.
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. Disponível em: http://www.libras.org.br/ -
acesso em: 10/07/2013.
MAHER, T.M. O dizer do sujeito bilíngue: aportes da sociolinguística. In:
SEMINÁRIO DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO BILÍNGÜE PARA
SURDOS, 1997, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Líttera Maciel, 1997. p. 20-
26.
MEIRELES, Grabiela. Alfabetização e Surdez. 2015. Disponível em:
http://professoragabrielameireles.blogspot.com.br/2015/04/alfabetizacao-e-surdez-
para-aprender.html. Acesso em 10 jun 2015.
SANTOS, Dalila; SILVA, Isabela.; SOUZA, Wilma. A relação entre al ingua de sinais
e o processo de alfabetização de crianças surdas. 2010. Disponível em:
https://www.ufpe.br/ce/images/Graduacao_pedagogia/pdf/2013/tcc_final_dalila_sant
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VYGOTSKY, Lev S. et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 5. Ed.
SP: Ícone: Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
	2.4 ALFABETIZAÇÃO DO ALUNO SURDO

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