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O Envelhecimento e a Saúde do Jovem Adulto

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O envelhecimento
	Quando uma pessoa se torna adulta? Essa questão pode ser respondida observando uma série de características. Do ponto de vista reprodutivo, atingimos a maturidade sexual na adolescência. Alguns anos mais tarde chegamos a maturidade cognitiva onde conseguimos refletir e utilizar o bom senso para resolver quase todas as situações. No Brasil é considerado adulto o cidadão que completa 18 anos, porém essa idade pode variar entre 18 e 21 anos. Na Coreia do Sul considera-se adulto com 19 anos, no Japão com 20 anos e nos Estados Unidos (dependendo do estado) de 16 a 24 anos. Dentre os aspectos que podemos considerar para classificar um indivíduo como adulto temos:
Ser responsável por si mesmo;
Exercer uma profissão;
Iniciar uma família;
Descobrir a própria identidade;
Tornar-se independente dos pais e responsáveis;
Desenvolver um sistema de valores;
Tornar-se financeiramente independente.
Em termos gerais a idade que compreende ao início da vida adulta está entre 20 e 40 anos.
Desenvolvimento Físico para o jovem adulto
	Atualmente temos acesso a tecnologias que nos proporcionam saúde. As evoluções da medicina, da farmacologia e das ciências biomédicas fizeram com que alcançássemos um controle maior das doenças, gerando uma melhor qualidade de vida. Entretanto, o mesmo desenvolvimento tecnológico, nos trouxe uma série de facilidades que de maneira indireta afetaram negativamente nossa saúde. Nessa fase da vida, que temos liberdade para escolher nossos hábitos, é que se estabelecem os pilares de uma boa saúde durante as próximas fases da vida. As causas mais comuns de limitações de atividade são a artrite e outros transtornos musculares. 
Influências comportamentais na saúde e na condição física
	A associação entre comportamento e saúde ilustra as interações entre os aspectos físicos, cognitivos e emocionais. O que as pessoas sabem sobre saúde afeta o que elas fazem, e o que elas fazem afeta como elas se sentem. O primeiro fator “o que as pessoas sabem sobre saúde” é um dos pilares para o bom desenvolvimento de uma sociedade com hábitos saudáveis. Para que isso aconteça é necessário o engajamento de vários profissionais da saúde para que sejam compartilhadas informações corretas e que esses profissionais estejam comprometidos com o conhecimento científico. Além desse envolvimento profissional, também é necessário uma atenção especial da educação no compartilhamento dessas informações.
	A dieta e nutrição são fatores determinantes para uma boa saúde. Além dos fatores físicos, uma nutrição feita de forma correta também afeta o componente cognitivo. Sociedades com pouco acesso a alimento apresentam crianças com muito atraso no desenvolvimento cognitivo. Atualmente a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma dieta no estilo “mediterrâneo” rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras insaturadas.
	Com relação à obesidade e sobrepeso, fora os aspectos já abordados em aula, também temos uma característica específica da fase do início da vida adulta que é a capacidade de escolher “o que comer” e “quando comer”. As escolhas alimentares também são influenciadas por aspectos ambientais, por exemplo, expectadores de partidas de futebol americano consomem 56% mais calorias quando se serviam de batatas fritas em um recipiente grande. Quanto trabalho você tem para comer também faz a diferença. Secretárias que receberam uma caixa de bombons em suas mesas em vez de terem de andar 2 metros para pegá-los consumiram 48% mais bombons.
	A atividade física é um dos componentes indispensáveis em uma proposta interdisciplinar para promover saúde. Para o jovem adulto, os exercícios físicos ajudam a manutenção me melhores índices bioquímicos (colesterol, glicemia, triglicerídeos), menor risco de doença do coração, melhor função cognitiva e menor perda de tecido ósseo e muscular.
	O estresse é um componente que não pode ser ignorado na vida do jovem adulto. O estresse não é uma condição somente da idade adulta, ele também pode manifestar seus sintomas durante a infância e adolescência. Porém, devido as responsabilidades que o jovem adulto precisa administrar e o fato de ter que tomar decisões importantes de forma independente, o estresse é muito presente no jovem adulto. As alterações que o corpo apresenta frente a um agente estressor são importantes para nos ajudar a “enfrentar” o problema. Esse é um mecanismo presente em vários seres vivos onde o corpo se prepara para a luta ou fuga. Existe um aumento da frequência cardíaca, da frequência respiratória, da pressão arterial, da glicemia e vários outros componentes fisiológicos que vão preparar o organismo para uma reação frente ao agente estressor. O grande problema é que em doses diárias e constantes essas reações podem prejudicar o organismo levando a doenças como hipertensão, diabetes e distúrbios psicológicos.
	Uma consequência de altos níveis de estresse é a opção pelo tabagismo e o uso de álcool no início da vida adulta. Em 2000, o tabagismo matou quase 5 milhões de pessoas no mundo. Com relação ao consumo de álcool, seu auge se encontra em jovens adultos. Nas idades entre 18 e 25 anos 57% das mulheres e 65% dos homens consomem álcool. Uma grande parte desses usuários opta por uma dessas alternativas como forma de controlar o estresse. O risco é o potencial redutor de saúde que está associado a essas práticas e a probabilidade de morte por doença no pulmão (no caso do tabagismo) e fígado (no caso do álcool).
Desenvolvimento Cognitivo
	Os cientistas do desenvolvimento estudam a cognição do jovem adulto por várias perspectivas. Existem estudos que são voltados para características que surgem nessa fase o início da vida adulta, outros que estudam inteligências que estão presentes durante todo desenvolvimento, porém são mais evidentes nessa fase e uma terceira teoria que considera as emoções como componentes fundamentais para um comportamento inteligente.
	Em 1990, dois psicólogos, Peter Salovey e John Mayer criaram o termo inteligência emocional (IE). Ela se refere a quatro habilidades que se relacionam: perceber, usar, entender e administrar as emoções – nossas e dos outros – a fim de alcançar objetivos. Existe um teste específico para medir esse tipo de inteligência e os autores afirmam que a inteligência emocional é um fator fundamental para a qualidade dos relacionamentos pessoais. Existe relação entre uma pontuação mais alta no teste de IE e bons relacionamentos com os pais e amigos como também existe uma relação entre uma baixa pontuação e o consumo de drogas e álcool. Relacionamentos conjugais também são mais felizes e estáveis quando o casal apresenta uma alta pontuação. Esses dados também podem ser observados em ambientes de trabalho, funcionários com melhor avaliação no teste de IE eram bem classificados por seus parceiros de trabalho em quesitos como sociabilidade, sensibilidade interpessoal, potencial de liderança e capacidade de lidar com estresse e conflito.
Educação e Trabalho
	O início da fase adulta é marcada por dois eventos de esfera psicossocial que é a transição da escola para faculdade e o ingresso no mercado de trabalho com uma profissão. De acordo com o Censo 2010 o número de brasileiros que concluíram o ensino superior subiu de 4,4 para 7,9%. Esse número aumentou muito pela facilidade de acesso a universidade graças a programas de financiamento, ensino a distância e cursos semipresenciais.
	A maior parte dos jovens adultos trabalha paralelamente ao estudo ou está buscando um emprego juntamente com o ensino superior. Na maior parte dos casos o jovem adulto já precisa pagar suas contas e inclusive seus estudos. Dessa forma, tendo de conciliar a faculdade com um emprego. Em um estudo realizado com uma amostra aleatória de calouros durante os 3 primeiros anos da universidade mostrou que nos 2 primeiros anos o trabalho não apresentou nenhum efeito no aprendizado, no 3° ano o trabalho durante meio período teve um efeito positivo pelo fato do emprego ensinar o jovem adulto a gerenciar melhor seu tempo. Entretanto,trabalhar mais de 20 horas por semana gerou um impacto negativo no aprendizado e foi associado a o abandono dos estudos.
Desenvolvimento da Identidade no Início da Vida Adulta
	Como foi comentado nos estágios anteriores do desenvolvimento humano, existem períodos onde o indivíduo desenvolve sua identidade. No início da vida adulta a identidade e todos os valores adquiridos se cristalizam. Recentralização é o nome do processo relacionado à mudança para uma identidade adulta. Esse é um processo de três estágios no qual o pode, a responsabilidade e a tomada de decisão gradualmente passam da família para o jovem independente:
No estágio 1, o início da idade adulta emergente, o indivíduo ainda está inserido na família. Porém, suas expectativas de autoconfiança e autodirecionamento começam a aumentar.
No estágio 2, durante a idade adulta emergente, o indivíduo permanece conectado a família de origem (e pode ser financeiramente dependente dela) mas não está mais inserido nela. Envolvimentos temporários e exploratórios em uma variedade de cursos universitários, empregos e relacionamentos íntimos marcam esse estágio. Próximo do seu final, o indivíduo está começando a assumir compromissos sérios e obtendo os recursos para sustenta-los.
No estágio 3, geralmente em torno dos 30 anos, o indivíduo entra no período adulto jovem. Este estágio é marcado por independência da família de origem (embora mantendo vínculos estreitos com ela), um compromisso com uma carreira, um relacionamento amoroso e possivelmente com filhos.
A Vida adulta Intermediária
	A faixa que compreende dos 40 aos 65 anos é considerada a vida adulta intermediária. Alguns autores chamam esse período de meia-idade, esse termo surgiu em 1895 quando graças ao avanço das ciências médicas a expectativa de vida começou a se prolongar. É interessante observar que esse limite superior da vida adulta intermediária também está se elevando conforme a expectativa de vida aumenta. De acordo com o estudo da meia-idade nos Estados Unidos, o envelhecimento, pelo menos até os 75 anos é um evento positivo. Conforme o tipo de vida e costumes existem pessoas na meia-idade que conseguem correr uma maratona enquanto outras não conseguem subir um lance de escada. Umas tem uma memória perfeita e outras têm dificuldade de se lembrar de tarefas cotidianas.
Desenvolvimento Físico
	“Usar ou perder!” Apesar de algumas transformações fisiológicas serem resultado direto do envelhecimento biológico e da constituição genética, fatores comportamentais e de estilo de vida podem alterar drasticamente a ocorrência e as transformações físicas. Da mesma forma, os hábitos adotados na meia-idade irão afetar o corpo no próximo ciclo.
	Na meia-idade que o indivíduo começa a perceber que existe um declínio no seu sistema sensorial e psicomotor. Todos seus sentidos são afetados pelo envelhecimento e apresentam suas funções prejudicadas. Uma perda consideravelmente importante é a força muscular, que é reduzida em 10 a 15% da sua força máxima durante a meia-idade. A força muscular é um aspecto fundamental para a qualidade de vida nesse estágio do ciclo vital. Tarefas como se levantar, ir ao mercado, atividades de lazer ou até pegar alguma coisa na dispensa são grandes obstáculos quando se perde a força. Nessa fase o treinamento de força pode ser um tratamento indispensável, pois na maior parte dos casos reverte a perda de massa muscular e eleva os níveis de força até os níveis da juventude!
	A resistência muscular costuma manter-se muito melhor que a força física. Sua perda resulta de uma diminuição gradativa no metabolismo basal (uso de energia para manter as funções vitais) após os 40 anos. As habilidades físicas que são mais praticadas tentem a diminuir em uma velocidade mais lenta.
	Outro fator que pode ser prejudicado e a destreza, devido também a limitações sensoriais, o indivíduo na meia-idade pode ter um tempo de reação menor em torno dos 50 anos. Tarefas como apertar um botão a partir de um comando visual pode ser mais lenta que na juventude.
O Cérebro na Meia Idade
	Muito das funções que declinam na meia-idade estão relacionadas com alterações no sistema nervoso. Isso acontece devido a uma falha na atenção seletiva, estruturas cerebrais que “filtram” as distrações não são tão eficientes causando menos concentração para realizar tarefas. Isso está relacionado a uma degeneração da bainha de mielina, esse tecido a base de gordura vai se degradando com o avançar da idade causando reduções na velocidade da comunicação entre os neurônios. 
	Mesmo os declínios dessa idade não são permanentes, em uma pesquisa, um grupo de pessoas mais velhas e sedentárias foram submetidas a um programa de educação física. Eles mostraram alterações correspondentes no volume das substâncias cinzenta e branca. Particularmente os exercícios aeróbios parecem ser benéficos para a função cerebral.
Transformações Estruturais e Sistêmicas
	As mudanças na aparência podem se tornar perceptíveis na meia-idade. Por volta dos 50 e 60 anos a pele fica mais flácida e mais fina. Pessoas de meia idade podem ganhar peso pelo acúmulo de gordura (resultante de um menor metabolismo basal) e perder a estatura em razão da diminuição dos espaços intervertebrais. A densidade óssea atinge um auge em torno dos 20 ou 30 anos. A partir daí, as pessoas experimentam uma perda óssea que torna os ossos mais finos e frágeis. Essa perda se acelera na meia-idade e ocorre duas vezes mais rápido nas mulheres. A osteoporose, que é a doença associada a essa perda, pode ser controlada com atividades de impacto controlado como musculação e caminhadas.
	Indivíduos nessa idade que tiveram uma vida sedentária podem perder até 40% da sua capacidade cardiovascular para atividades aeróbias. O coração começa a bombear sangue de forma mais lenta e irregular. As paredes das artérias tornam-se mais rígidas e existe uma maior probabilidade de acidentes vasculares. A capacidade vital – volume máximo de ar que os pulmões são capazes de inspirar e expelir – começam a diminuir por volta dos 40 anos e pode chegar a 70% aos 70 anos. O controle da temperatura e a resposta imunológica começam a se enfraquecer, e o sono torna-se menos profundo.
	Uma alteração característica dessa fase está relacionada à quedas nos níveis hormonais, testosterona para homens e estrogênio e progesterona em mulheres. Nas mulheres é caracterizado pela menopausa, fenômeno onde a mulher interrompe sua capacidade reprodutiva. Muito se discute sobre a administração desses hormônios como forma de ajudar a manutenção de suas funções fisiológicas como também na libido e controle do humor. 
Tendências de Saúde na Meia-Idade
	Apesar da saúde depender de fatores socioeconômicos, a meia-idade é uma fase onde encontramos indivíduos com a boa saúde. Porém, existem doenças características dessa idade que em muitos casos se beneficiam com um programa de atividades físicas.
	A hipertensão (pressão arterial cronicamente alta) é uma preocupação cada vez mais importante na meia-idade como um fator preditor para doenças cardiovasculares e renais. Dietas com excesso de sal, tabagismo e estresse podem ser fatores que contribuem para o aparecimento da doença. Estudos recentes mostram que existe uma grande contribuição do treinamento de força no controle da pressão arterial.
	 A diabetes (descontrole da glicose sanguínea) é uma doença metabólica frequente na meia-idade, principalmente a do tipo 2 (resistência a insulina). O tratamento dessa doença envolve uma dieta restrita em carboidratos e existe um efeito positivo no treinamento de força para melhorar o perfil glicêmico.
Trabalho e o desenvolvimento cognitivo
	A maior parte das pessoas na meia-idade está envolvida com suas profissões, em alguns casos ocupando um elevado grau hierárquico e prestes a se aposentar. Dependendo do tipo do trabalho e de suas exigências, muitas pessoas chegam nessa fase com pouco ou quase nenhum déficit cognitivo. Muitas pessoas nessa idade não se sentem confortáveis com a chegada da aposentadoria e muitasvezes decidem trabalhar em negócios próprios ou treinamento de futuros profissionais.
Leitura recomendada
http://4x15.com.br/creatina-mais-musculacao-para-combater-o-envelhecimento/
A vida adulta tardia (terceira idade)
	O período final do ciclo da vida conhecido como vida adulta tardia ou em outras referências como a “terceira idade”. Sob um ponto de vista cultural esse período pode ser considerado como um símbolo de status como acontece no Japão e alguns países asiáticos. O idoso (como é conhecido o indivíduo nessa fase da vida) tem um estereótipo bem característico e de acordo com pesquisas, eles sempre são vistos como afetuosos e carinhosos. Entretanto, essas mesmas pesquisas apontam que a terceira idade é avaliada como uma fase onde o indivíduo se torna incompetente e na nossa sociedade de status rebaixado.
	O número de idosos vem aumentando graças ao avanço das ciências médicas. Isso faz com que tenhamos um número de 870 mil idosos a mais por mês no mundo. Estima-se que daqui uma década, o número de pessoas com mais de 65 anos seja maior que o de crianças com 5 anos. 
Do idoso jovem ao idoso mais velho
	O impacto econômico da população que se encontra na vida adulta tardia não é mais associado ao processo do envelhecimento e sim ao estilo de vida e manutenção da saúde. Nesse sentido temos duas definições importantes de envelhecimento:
O envelhecimento primário que corresponde ao processo natural do envelhecimento. É a deterioração física do indivíduo e são características que serão adquiridas independentes da atitude do individuo (independente do fenótipo).
O envelhecimento secundário está relacionado às doenças, abusos e hábitos prejudiciais ao organismo. Esses são fatores que independente da biologia do envelhecimento podem ser alterados e preservados.
Devido ao aumento da expectativa de vida os cientistas do desenvolvimento classificam essa fase em três subfases: a) o “idoso jovem” que são pessoas entre 65 e 74 anos; o “idoso idoso” que são pessoas entre 75 e 84 anos; e o “idoso velho” que são pessoas com mais de 85 anos. Com o decorrer da idade dentro dessa classificação, maior a dificuldade do idoso em realizar as atividades diárias de vida (AVDs). Outra forma de classificação do idoso e com relação a sua idade funcional, dessa forma o indivíduo é classificado pela sua capacidade de interagir em um ambiente físico e social. Dessa forma um idoso de 90 anos pode ser funcionalmente mais jovem do que um de 65 anos que apresenta limitações decorrentes de doenças.
O desenvolvimento físico
	O tempo limite que um organismo pode alcançar é chamado de expectativa de vida. Essa idade é calculada de acordo com o local, o acesso à saúde e a taxa de mortalidade de um grupo. A expectativa de vida tem como base a média da longevidade dos membros de uma população. O tempo de vida mais longo hoje documentado é o de Jeanne Clement, uma francesa que morreu aos 122 anos de idade. O grande ideal na terceira idade não está relacionado ao simples fato de se viver por muitos anos, e sim de ter qualidade de vida pelos anos restantes de vida.
	Existem algumas características que podemos observar em uma população que podem determinar a expectativa de vida como:
Diferenças de gênero: em praticamente todo o mundo as mulheres vivem mais tempo e apresentam taxas de mortalidade mais baixas do que os homens. Isso acontece devido a homens apresentarem mais frequência no consumo de tabaco e álcool, adicionalmente, as mulheres tem uma tendência maior de cuidar de si e buscar assistência médica.
Diferenças regionais e raciais/étnicas: a diferença na expectativa de vida é enorme em países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Por exemplo, em um país chamado Serra Leoa na África, um homem nascido em 2009 podia esperar viver 48 anos enquanto um homem nascido em São Marinho na Itália tinha a expectativa de 82 anos. Afro-americanos tendem a ser mais vulneráveis a doenças e morte na primeira infância, porém quando chegam a terceira idade, podem viver por mais tempo do que os norte-americanos brancos.
Por que as pessoas envelhecem
	Qual é a causa da senescência, o período marcado pelos declínios no funcionamento físico associados ao envelhecimento, e por que esse declínio varia de pessoa para pessoa? Existem duas principais teorias que explicam o processo do envelhecimento.
	Uma teoria chamada de teoria de programação genética diz que o corpo envelhece de acordo com um relógio evolutivo normal inato dos genes. Alterações genéticas importantes acontecem com o nosso corpo – principalmente após os 60 anos de idade – onde há o desligamento de genes específicos antes que as perdas relativas à idade (por exemplo, visão audição e controle motor) tornem-se mais evidentes. Outro estudo com minhocas mostrou que as mitocôndrias, organismos que geram energia para os processos celulares, liberam fragmentos que preparam células para se autodestruírem. Outra linha de pesquisa sugere o envelhecimento, como um processo regulado por um encolhimento gradual dos telômeros, as extremidades de proteção dos cromossomos, que diminuem todas as vezes que as células se dividem. Outras teorias envolvem alterações genéticas que vão mudar a produção de hormônios e a imunidade de forma a tornar o corpo menos fisicamente menos resistente e mais susceptível a doenças.
	Um segundo grupo de teorias é chamado de teoria de taxas variáveis. Aqui temos várias teorias englobadas nesse conceito. Nesse caso, o envelhecimento é resultado de processos aleatórios que envolvem desde erros em processos biológicos até agressões promovidas pelo meio ambiente. Uma dessas teorias é a teoria do desgaste que propõe o envelhecimento como um acúmulo de danos ao sistema no nível molecular. As nossas células vão perdendo a capacidade de se reproduzir e realizar o processo de reparo muscular onde células novas vão substituir células danificadas. Outra teoria um pouco mais popular é a que explica o envelhecimento por acúmulo de radicais livres – átomos ou grupo de átomos instáveis altamente reativos formados durante o metabolismo – dessa forma, com um alto poder oxidante, podem danificar membranas celulares, proteínas das células e até o DNA. Esses danos vão se acumulando com a idade e estão relacionados com o aparecimento de diversas doenças como a distrofia muscular, catarata, diabetes e até o câncer. A teoria da taxa de vida sugere que o corpo pode trabalhar até certo ponto e quando mais rápido ele trabalha, mais energia ele usa, então desgastando mais o sistema. Assim a velocidade do metabolismo poderia predizer a velocidade do processo de envelhecimento. 
	Estamos observando essas teorias de forma independente, porém o envelhecimento pode ser um processo que envolva aspectos de todas essas teorias. Segundo uma teoria atual que une as teorias de taxa variável e a teoria evolucionista, a seleção natural reserva recursos (biológicos) para que o organismo se mantenha até a fase da reprodução. Após isso, a energia restante seria insuficiente para continuar com a manutenção do corpo e entramos no processo do envelhecimento.
Mudanças Físicas
	Algumas mudanças físicas são características dessa fase do ciclo da vida. A pele tende a se tornar mais pálida, menos elástica e com uma aparência enrugada. Muitos idosos apresentam varizes nas pernas. O cabelo tende a ficar mais fino e grisalho com o tempo. Existe uma perda na estatura que se modifica por conta da perda de tecido nos discos intervertebrais. Juntando esse fato a uma perda de massa óssea, o idoso pode se tornar cifótico (famosa “corcunda”). De forma geral muitos órgãos se tornam mais frágeis e os sistemas corporais menos eficientes.
O envelhecimento do Cérebro
	Na vida adulta tardia o cérebro começa a perder células nervosas, dessa forma ficando mais leve e com menos volume. Muito desses tecidos perdidos se encontram na região pré-frontal onde se processam as funções executivas. Devido a diminuição de neurotransmissores e a deterioração da bainha de mielina o idoso pode apresentar comprometimentos na partemotora e cognitiva.
	Pesquisas mais recentes mostram que esse declínio do sistema nervoso pode ser corrigido com atividades físicas e tarefas que envolvam desafios cognitivos. Dessa forma, algumas áreas do sistema nervoso (foco da pesquisa no hipocampo) podem até produzir novas células mesmo no final da vida adulta.
Funções Sensoriais e Psicomotoras
	Como foi apresentado na fase anterior do ciclo da vida, na vida adulta intermediária, nosso sistema sensorial começa a entrar em declínio. Chegando à terceira idade podemos encontrar indivíduos nos dois extremos. Alguns com a capacidade de ouvir um cochicho e outros impossibilitados de ouvir uma campainha. Fisicamente também temos exemplos de pessoas que com 70 anos conseguem correr por quilômetros enquanto outros não conseguem se levantar da poltrona sem ajuda. Muitas dessas funções são totalmente dependentes de fatores ambientais, sendo que os hábitos de vida e cuidados com a saúde vão ser determinantes para a presença ou não desse declínio.
Saúde Física e Mental
	A saúde também parece estar sob efeito do ambiente e dos hábitos do indivíduo. Algumas doenças são características da terceira idade como problemas cardíacos, câncer, acidente vascular cerebral, doenças crônicas do sistema respiratório, diabetes e gripe (pneumonia). As três primeiras doenças listadas são responsáveis por 70% dos casos de morte nessa fase da vida. Assim como explicado anteriormente, a ciência do desenvolvimento não tem ferramentas para separar o que são causas puramente genéticas e o que foi influenciado por maus costumes, porém não podemos descartar a grande influência do genótipo.
Desenvolvimento Cognitivo
	 Algumas capacidades como a velocidade de processamento mental e o raciocínio abstrato, podem declinar com a idade, mas outras tendem a melhorar ao longo da maior parte da vida adulta. O impacto das alterações cognitivas é influenciado por vários fatores como as habilidades cognitivas anteriores e o nível educacional por exemplo. Em muitos casos, as pontuações em testes de inteligência durante a infância podem determinar o status cognitivo na terceira idade. 
	Em um estudo longitudinal foi analisado seis habilidades mentais principais: significados verbais, fluência verbal, números, orientação espacial, raciocínio indutivo e velocidade perceptual. Coerente com outros estudos e já estudado aqui no item “envelhecimento do cérebro”, a velocidade perceptual tendeu a declinar mais rapidamente que as outras funções. Quando se tem um envelhecimento precedido por uma vida saudável, as perdas aparecem de forma tênue entre os 60 e 70 anos. Apenas acima dos 80 anos que todas as outras habilidades cognitivas começam a apresentar um desempenho abaixo da média dos adultos mais jovens.
Trabalho do profissional de Educação Física na Terceira idade
(esse tópico não pertence à literatura básica, será discutido em sala de aula)
	A terceira idade apresenta vários declínios como os que listamos aqui no texto. Porém, um dos maiores problemas é a perda de força muscular. De acordo com pesquisas recentes a força muscular é um ponto que pode ser completamente reversível com o treinamento correto. Independente da forma de treinamento, o profissional de educação física pode trazer inúmeros benefícios para essa população. Em muitos casos os idosos estão em uma fase onde perdem muitos amigos, parentes e pessoas de seu vínculo afetivo. A atividade física entraria (além do benefício físico) como um grande promotor de aspectos psicossociais positivos. Geralmente os idosos se identificam muito com grupos de atividades e acabam tornando a atividade física como uma grande alternativa para a saúde física e mental.
	A terceira idade apresenta algumas limitações de segurança como um cuidado maior em exercícios de equilíbrio e outras atividades que exigem tarefas rápidas e explosivas. Porém, não existem muitas restrições se o profissional for bem qualificado e souber trabalhar com segurança.
Bibliografia Básica 
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2005.
TANI, G. (ed). Comportamento motor: aprendizagem e desenvolvimento. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2005
SCHIMIDT, R. A. Aprendizagem e performance motora: dos princípios à prática. São Paulo: Movimento, 1993.
Bibliografia Complementar 
BARREIROS, J.; GODINHO, M.; MELO, F.; NETO, C. (eds). Desenvolvimento e aprendizagem: perspectivas cruzadas. Lisboa: FMH Eduções, 2004.
SCHIMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.
SHEPHARD, R. J. Envelhecimento, atividade física e saúde. São Paulo: Phorte, 2003.
MAGIL, R. A. Aprendizagem motora: Conceitos e aplicações. 5 ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2000.
GUEDES, G. Aprendizagem motora. Problemas e contextos. Lisboa: Edições FMH, 2001.

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