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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
Elimar Rogério Silva de Macêdo
A EVOLUÇÃO DO PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA BRASILEIRA
Humaitá – Amazonas
2019
Elimar Rogério Silva de Macêdo
A EVOLUÇÃO DO PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA BRASILEIRA
Trabalho apresentado como requisito parcial para obtenção de nota no curso de Pós-Graduação em Gestão Pública/UEA.
Humaitá – Amazonas
2019
RESUMO
O objetivo deste trabalho é analisar a importância do papel do Estado na economia brasileira. Neste sentido, para entendermos tal participação na economia, resgatamos os conceitos das três principais correntes de pensamento econômico, bem como situamos a participação e atuação do Estado na economia brasileira nos séculos XIX, XX e XXI. Este artigo é fruto de uma revisão bibliográfica de caráter qualitativo tendo em vista entender a evolução do papel do Estado. Para fins estruturais este trabalho divide-se em dois tópicos interligados e não estanque. No primeiro tópico, a discussão busca conceituar as correntes de pensamento econômico: o liberalismo, keynesianismo e neoliberalismo. Assim como, é compreendido o papel do Estado em todas estas correntes econômicas. No segundo tópico é discutido o papel estatal e as características de sua forma de intervenção pelas políticas públicas que são as ferramentas mediadoras dos conflitos entre sociedade e Estado. Os resultados apontam para evolução da economia, e a sua tentativa de implantar e sobrepor o papel do Estado por meio da corrente econômica neoliberal, esta que extingui o papel do Estado e consequentemente limita a cidadania por meio da extinção de políticas públicas e direitos básicos que são garantidos pela mesma.
Palavras-chaves: Economia – Gestão Pública – Política Social.
INTRODUÇÃO
O papel do Estado na economia é há muito tempo discutido. De maneira controversa, algumas teorias apontam a intervenção ativa do Estado como fator essencial para a manutenção de um bom cenário econômico, enquanto outras correntes de pensamento acreditam na existência apenas de um Estado mínimo, na ideia de que o Estado deveria permanecer apenas como observador, deixando com que as relações de mercado resolvam todos os problemas nele existentes (OLIVEIRA, 2014). 
A participação do Estado na Economia Brasileira não é recente pois desde o século XIX verifica-se suas primeiras incursões no campo empresarial. Esta participação tem-se dado, no decorrer dos anos, de forma mais agressiva em determinados momentos e retraindo-se em outros, mas sempre presente (SIMON, 1985).
Neste caminho, ciente da dinâmica da sociedade, esta que interfere nas esferas políticas, sociais e principalmente econômica, faz-se necessário o estudo do papel do Estado neste percurso histórico da sociedade brasileira. Assim, tendo em vista entender e compreender o papel estatal, este estudo parte do objetivo de analisar a importância do papel Estado na economia brasileira.
Para este estudo é importante destacar que a abordagem em torno do papel estatal, parte da compreensão assinalada por SUZIGAN (1996), onde o papel do Estado centra-se na economia de duas formas: como participante da atividade econômica (diretamente como empresário e indiretamente como agente financeiro ou implementador de programas setoriais) e como regulador da economia.
Neste sentido, destaca-se a relevância deste estudo, uma vez que para o presente trabalho, é de fundamental importância uma tentativa de análise dessa participação do Estado visto a existência de várias correntes e opiniões sobre o papel que este deve assumir na economia. Este papel não é apenas analisado na ótica da corrente econômica a qual estamos inseridos, mas para efetivo entendimento, faz-se de extrema relevância situar este papel no cerne das correntes econômicas como a liberal, keynesiana e neoliberal. 
O Estado na economia brasileira com base nesses três pensamentos de diferentes correntes econômicas destaca a posição e o poder entregue ao Estado. Sendo assim, é importante adentrarmos tal discussão para entender e pensarmos novos caminhos para a economia brasileira.
Para fins estruturais este trabalho divide-se em dois tópicos interligados e não estanque. No primeiro tópico, a discussão busca conceituar as correntes de pensamento econômico: o liberalismo, keynesianismo e neoliberalismo. Assim como, é compreendido o papel do Estado em todas estas correntes econômicas. No segundo tópico é discutido o papel estatal e as características de sua forma de intervenção pelas políticas públicas que são as ferramentas mediadoras dos conflitos entre sociedade e Estado.
Por fim, cabe destacar que este trabalho é de fundamental importância para pensarmos o papel da Gestão Pública na sociedade, uma vez que este trabalho nos faz entender de que forma o Estado se comportou e irá se comportar levando em consideração o contexto histórico social, político, cultural e principalmente econômico.
A EVOLUÇÃO DO PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA BRASILEIRA
Neste primeiro momento é importante situar a que tipo de Estado nos referimos neste estudo, ciente de que o Estado aqui abordado diz respeito ao aparelho estatal, aquele com “poder particular de fazer leis e tributar os habitantes de um território (BRESSER PEREIRA, 1992). Assim sendo, o Estado é um ente que garante aos seus cidadãos direitos e deveres, a manutenção do bem comum; para tanto, está organizado de forma jurídica e legal (regulamentada), possui autoridade, encontra-se localizado em determinado território e possui um povo que faz jus aos direitos por ele assegurados. 
No tópico 2.1 a discussão aborda as correntes de pensamentos econômico e a participação do Estado em cada uma delas. No tópico 2.2 a discussão é em torno do papel do Estado na sociedade brasileira, levando em consideração sua evolução no decorrer dos anos.
Correntes de Pensamento Econômico: liberalismo, keynesianismo e neoliberalismo
O desenvolvimento brasileiro tem sido marcado em sua história por ciclos, ora em fase de crescimento, ora em situação de crise, o que pode de certa maneira explicar a atuação do Estado expandindo-se em determinados momentos e retraindo-se em outros. Segundo SUZIGAN (1996), é maior a participação das instituições oficiais nos períodos de crise como por exemplo no período 1963/66. Em períodos de crescimento, como 1967/73, há um aumento da participação das instituições privadas e, em períodos de redução do nível de atividade econômica, como em 1974/75, volta a se ter uma predominância das instituições oficiais. 
Para entendermos tal dinâmica Coelho (2006) afirma que existe uma relação inevitável entre os modelos de Estado, sua forma de intervenção na ordem econômica e o pensamento econômico prevalecente. Para cristalizar melhor a afirmação supracitada, faz-se necessário entender que existem diversas correntes e escolas de pensamento econômico. Diante disso, neste tópico preocupa-se em conceituar as três principais correntes, o liberalismo, keynesianismo e neoliberalismo. Não obstante a mera reprodução de conceitos, faz-se necessário visualizar o papel do Estado em cada corrente que será apresentada a seguir.
Coelho (2006) afirma que o acentuado desenvolvimento comercial iniciado nos estertores do século XV, uma nova personagem começa a atrair e exigir cada vez mais atenção: o mercado. Este se configura como um sistema de confronto e harmonização de interesses individuais baseados em regras próprias, impermeáveis à vontade do Estado. Nesse sentido podemos dizer que do ponto de vista do liberalismo econômico, o mercado é uma barreira ao Estado, uma zona livre de sua intervenção e, assim, um critério visível da liberdade individual.
Com o intuito de implantar a liberdade individual eo crescimento pessoal, um dos percussores e fomentadores deste pensamento foi a proliferação destes discursos nas igrejas protestantes, onde a ideia de ascensão e busca insensata pelos desejos materiais era enfatizado como a “vontade de Deus para sua vida. Em consonância a este discurso, estas correntes partiam dos princípios positivistas e caminham na defesa da teoria segundo a qual a economia está sujeita a leis naturais que a levam fatalmente a uma situação de equilíbrio entre os integrantes do mercado, com frutos positivos para toda a sociedade, que será rica se os seus integrantes o forem. A economia começa a se separar progressivamente não somente da política como também da moralidade: ela impõe uma moralidade própria, segundo a qual a atividade econômica seria naturalmente orientada para o bem, de modo que não poderia ser julgada segundo critérios morais vigentes em uma sociedade (COELHO 2006).
Como estrado de suporte para sustento desta corrente Adam Smith reascendia e concretizava em tese esta corrente por meio da “sua mão invisível”, que atuaria harmonizando os interesses sociais, apesar de não passar de uma crença, passou a ser aceita como verdade absoluta, constituindo-se a base do liberalismo econômico.
Outro ponto relevante na conceituação e discussão do liberalismo econômico é situar o papel do Estado neste contexto. Certo de que se acreditava que as leis do mercado bastariam para propiciar o pleno desenvolvimento da atividade econômica. Assim, as ações individuais levariam a um auto equilíbrio sustentável: a atuação do Estado na Economia seria ou desnecessária ou indiferente. A sociedade e o Estado eram apresentados como universos separados, já que essa era a forma necessária para evitar a intervenção de um poder negativo na esfera dos indivíduos. Neste sentido, o Estado é visto como supostamente mínimo, com funções e poderes limitados, até porque o Estado era justificado como o resultado de um acordo entre indivíduos livres que estabelecem um acordo apenas para garantir uma convivência duradoura e pacífica (COELHO 2006).
Esta consciência de Estado mínimo é pensado de forma igual na corrente neoliberal. O neoliberalismo parte do princípio de livre mercado e extinção do Estado, onde este é desresponsabilizado de sua atribuição pública, destituindo de si o compromisso em assegurar os direitos sociais básicos, bem como a elaboração e efetivação de políticas públicas.
Em sua obra O Caminho da Servidão (1946), Friedrich Hayek, marca o nascimento do neoliberalismo na Europa e na América do Norte. Neste texto, Hayek firma-se contra o planejamento econômico coletivista do Estado, predominante, segundo o autor, nas sociedades alemã e italiana, além das sociedades socialistas, no período que antecedia e durante o próprio transcurso da Segunda Guerra Mundial. Resgatando o liberalismo utilitarista de John Stuart Mill, Hayek defende o que chama de “Regime da Lei”, como limite para a intervenção do governo na sociedade. Com a ideia de resgatar interesses e ideais de cunho liberalista Cerqueira (2008, p. 175) afirma:
A política de mercado praticada pelo neoliberalismo pressupõe, principalmente, um conteúdo de fundo ideológico de fortalecimento e ampliação do raio de abrangência nacional e internacional das grandes empresas. Isso tem uma tendência histórica real de fortalecimento de empresas oligopolistas (e mesmo de monopólios) que vem se constatando da década de 70 até os finais dos anos 90, com perspectiva relevante de adentrar pelo novo milênio. Faz parte de uma política que busca a concentração de capitais, na expectativa do aumento no volume de investimentos, já que se permitem ou se criam as condições objetivas – do acúmulo da poupança das unidades produtivas.
A ideologia em que o neoliberalismo econômico se pauta é em sua totalidade controversa não apenas ao socialismo, como a tudo que se pode denominar de “capitalismo organizado”. Em sua prática o neoliberalismo denomina a “competição,” deve-se facilitar o livre mercado entre as nações, quebrando-se as barreiras existentes (os ditos protecionismos), facilitando a movimentação financeira via entrada de capital financeiro chamado de produtivo e saída via remessa de lucros (e na esteira também o especulativo), desregulamentar a economia com a retirada do Estado, tanto do papel de normatizador e regulador de questões econômicas e sociais como, ainda, na qualidade de agente produtivo, vendendo suas empresas. Paralelamente, fortalece-se o Estado nas suas funções policialescas e militares, criando-se as condições adequadas para uma atuação mais marcante e eficiente na repressão às insatisfações que venham a ser expressas na sociedade civil (CERQUEIRA, 2008).
No cenário atual brasileiro cada vez mais visualizamos um cenário parecido a este, onde o Presidente da República através de sua formação estritamente militarizada reagi em todos os pontos do seu governo de forma a controlar por meio das suas funções policialescas e militares. Não somente estas reações tem causado sérios problemáticas ao país como a sua vontade em abrir as portas do Brasil para o livre mercado por meio das privatizações, extinguindo cada vez mais o papel do Estado frente a proteção, defesa e acolhimento dos cidadãos não abastados, como na extinção de políticas públicas e direitos.
Diferentemente desta racionalidade ideológica que desresponsabiliza o Estado e entrega a culpa das atitudes no mercado, Keynes deixa uma das suas principais contribuições que foi a de evidenciar que o capitalismo não tem forças endógenas capazes de gerar processos de auto estabilização em situação de pleno emprego, mesmo com base nos pressupostos clássicos da concorrência perfeita e da maximização do lucro pelas empresas e da utilidade pelos consumidores e da flexibilização dos preços, dos salários e das taxas de juro (que constituíam os mecanismos automáticos dos clássicos.
Souza (2016) afirma que Keynes pode observar que as decisões dos indivíduos são determinadas por um complexo de sínteses resultantes dos sistemas cognitivo e emocional que atualmente têm vindo a ser analisados pela economia comportamental, com profundas contribuições da psicologia e da neuroeconomia. Para esclarecimentos, Carvalho (2008, p.1) afirma que:
O keynesianismo é uma doutrina ativista, que preconiza a ação do Estado na promoção e sustentação do pleno emprego em economias empresariais. Ele dialoga, mas não se confunde com outras doutrinas, que se apóiam em princípios teóricos e prioridades políticas diferentes. Por outro lado, a teoria keynesiana, em parte como herança do seu próprio criador, tem como objeto o mundo real, de modo a ter bem claro que a construção de conceitos e modelos não é, de modo algum, um fim em si mesmo, mas um instrumento de pesquisa empírica e derivação de políticas de ação. Como todo instrumento, conceitos e modelos tendem a tornar-se obsoletos com o tempo, e têm de ser modernizados para que sua eficiência deva ser mantida. O keynesianismo, nos termos propostos por Schumpeter, em sua monumental história do pensamento econômico, é principalmente uma visão, mais do que um instrumento de análise.
Keynes foi introduzido na América Latina principalmente através de Raul Prebisch. O estruturalismo cepalino foi uma adaptação do keynesianismo, não apenas para as condições regionais da América Latina mas, principalmente, para a problemática do subdesenvolvimento, como, aliás, também se fazia em outros importantes centros difusores do pensamento keynesiano em países em desenvolvimento, como na Índia. No Brasil, um dos primeiros expoentes do pensamento keynesiano, apesar de suas poucas referências explícitas a Keynes, foi Celso Furtado. Nessa direção, talvez sua obra mais influente tenha sido a Formação Econômica do Brasil, trabalho brilhante e seminal, de leitura fluente e impactante até o presente, imediatamente reconhecida como uma aplicação da abordagem macroeconômica proposta por Keynes à historiografia econômica. De qualquer forma, a escola cepalina, enquanto permaneceu ativa, representouum estímulo importante não só ao conhecimento das ideias de Keynes, mas à sua utilização em contextos diversos daqueles em que o autor as desenvolveu (CARVALHO, 2008).
Em suma, a doutrina keynesiana, define um posicionamento político, a defesa do pleno emprego como objetivo maior da política econômica, e uma abordagem estratégica, onde a ação do Estado deve se dar na direção do estímulo à demanda privada através de políticas macroeconômicas, como as políticas fiscal, monetária e de rendas. Neste viés, podemos visualizar o sentido oposto que a corrente econômica keynesiana concede ao Estado, observa-se nesta corrente que Estado tem um papel preponderante na organização de um país.
Por fim, vale destacar a relevância de cada corrente para a formação social, política e econômica do nosso país. Como ora descrito, o cenário atual nos direciona para uma política reducionista quanto ao papel estatal, e como bem visualizamos esta é uma doutrina que se escamoteia de um discurso de livre participação econômica, porém pauta-se em privilégios dos mais fortes e abastados.
O Estado na economia brasileira
Em muitos países do mundo questiona-se o papel e o tamanho do Estado quando os mesmos atravessam momentos de crise econômica, social ou política. A forma do Estado como conhecemos hoje não é mais a mesma de tempos atrás, porque em cada período da história ele se reconfigura para atender às necessidades vigentes. Também, os modelos adotados se diferenciam entre as nações, de acordo com o seu contexto histórico peculiar. 
Para falarmos do papel do Estado na economia, faz-se necessário situar a evolução estatal, esta que para Pereira (1977) está dividida em 3 fases que deveriam também ser chamadas “dependentes”, já que a dependência, como o capitalismo, é constante na formação do Estado brasileiro. Assim Pereira (1977, p.17) afirma:
A evolução do Estado brasileiro pode ser dividida em três fases básicas: o Estado Oligárquico, de 1822 a 1930; o Estado Populista, até 1964; e o Estado Tecnoburocrático-capitalista, a partir dessa data. A rigor deveríamos acrescentar a expressão "capitalista” a todos os três tipos, porque o modo de produção dominante no Brasil foi sempre o capitalista, e o Estado sempre esteve a serviço desse sistema. Na primeira fase, a formação social e agrário-mercantil. Elementos pré-capitalistas permearam o capitalismo mercantil dominante. A segunda fase corresponde à implantação do capitalismo industrial no Brasil e à liquidação das formações pré-capitalistas e mercantis, É uma fase de transição, que desemboca no capitalismo industrial moderno. O modo de produção capitalista, entretanto embora sempre dominante, nunca chega a apresentar-se de forma relativamente pura no Brasil. Este capitalismo industrial moderno, que hoje caracteriza a formação social brasileira; já está marcado por claros traços tecnoburocráticos.
O autor aponta as etapas que demarcam a evolução do Estado brasileiro, em comum em todas as fases encontra-se a participação da produção capitalista. Embora o autor defenda a ideia de que a produção capitalista não se apresente de forma dura e pura no Brasil, os caminhos vivenciados atualmente apontam para cada vez mais o suprimento das responsabilidades do Estado e influências neoliberais. 
Destarte, vale situar alguns pontos da participação do Estado na economia, que de forma sintética, segundo SUZIGAN (1977, p.2), a participação do Estado na economia ocorreu da seguinte maneira: 
A — Diretamente por meio de suas empresas, evoluindo segundo quatro fases: 1. Até fins da década de 20 a intervenção foi incidental sendo que a criação das empresas do governo (exceto no setor financeiro), resultou exclusivamente da encampação de ferrovias e portos. 2. De 1930 a 1945 houve um intervencionismo consciente, caracterizado pela necessidade de desenvolver certas atividades essenciais principalmente na indústria (mineração e setores de base), por razões de segurança nacional, nacionalismo característico do regime ou simplesmente de desenvolvimento econômico. 3. De fins de 1940 a meados de 1960 a intervenção foi circunstancial pois a criação das empresas estatais visou, na maioria dos casos, resolver problemas surgidos com a manifestação de entraves ao desenvolvimento econômico. 4. Após meados de 60, a intervenção caracterizou-se por um dirigismo da economia pelo Estado resultante, entre outras causas, da descentralização operacional preconizada no Decreto Lei n.° 200, da centralização administrativa (criação de holdings setoriais) e da maior eficiência do próprio Estado como empresário, dando origem a uma expansão natural das empresas. B — Indiretamente, via sistema financeiro e como comprador de bens de capital através de suas empresas, órgãos públicos etc. A atuação do Estado na intermediação financeira é também antiga pois, já em fins do século passado o Banco do Brasil e as Caixas Econômicas arrecadavam mais da metade do total de depósitos bancários e dos depósitos de poupança respectivamente. A partir do início desse século, foram sendo criados os bancos estaduais, bancos de fomento nos anos 50 e fundos específicos.
	De forma sintética Suzigan (1977) aponta a participação do Estado na economia brasileira, destacando que esta participação se dá em duas partes como vimos na afirmação supracitada. Além disso o autor em sua obra sempre resgata a responsabilidade e a importância da participação das empresas do governo na economia brasileira, afirmando que tal envolvimento não foi planejado, nem teve motivação ideológica.
	Porém, destaca-se que do ponto de vista dialético de cunho social crítico, todo envolvimento parte de interesses ideológicos. De certo que todo envolvimento que procede em favor do Estado é de cunho conservador e burguês, defendendo o interesse de uma única e nata classe social definida como exploradora, em face de uma classe social explorada. Assim o envolvimento das empresas na economia em favor do Estado revelam o caráter não apenas ideológico, mas produtor de desigualdades sociais.
Ainda sobre a participação do Estado na economia brasileira, cabe ressaltar que esta tem sido marcante, e isso tem levado a uma séria dificuldade na discussão de qual deve ser realmente seu papel. Assim, cabe apresentar, ainda que resumidamente, as posições de alguns autores que de uma forma ou de outra divergem em relação a esta problemática. 
Para MARTONE (1981), houve uma substancial expansão do tamanho relativo do Estado na economia brasileira na década de 70, e que essa expansão não se deu nas funções tradicionais do governo mas nas suas funções empresariais. Os dados apresentados mostram que do total das empresas estatais existentes no país em final de 1980, 48% foram criadas na década de 70. Esse autor acrescenta que é praticamente estatizado o sistema financeiro no Brasil, na medida em que as instituições privadas transformaram-se, de um lado, em meros repassadores de recursos oficiais e externos, e de outro em meros executores de uma política financeira centralizada no Governo Federal. 
Além disso, dado o encolhimento da participação do Estado tradicional e sua extraordinária expansão enquanto empresário, houve uma substituição das funções do Estado. Ou seja, o Estado passa a competir com a iniciativa privada na produção de bens privados, e o setor privado passa a competir com o Estado na produção de "bens públicos", levando a uma queda generalizada de eficiência econômica. Desta forma: "O princípio básico que deve orientar a ação estatal numa economia de mercado é o seguinte: o Estado deve fazer precisamente aquilo que, se ele não fizer, os indivíduos, levados por seus próprios interesses, não têm condições de fazer ...é viável iniciar imediatamente no país um processo de desestatização na margem, isto é, de um congelamento real do Estado empresário na formação de capital, no dispêndio agregado e na intermediação financeira, de tal forma que, ao longo do tempo, com o crescimento da economia, reduza-se continuamente a participação estatal" (MARTONE, 10:23).Todavia em uma outra perspectiva pode-se citar a opinião de Belluzzo (1977), que afirma ter o Estado realmente acentuado seu papel de mobilizador e concentrador de excedente, mas agindo apenas como mero repassador de fundos ao setor privado, como são os casos, por exemplo, do BNH, BNDE etc. Na discussão feita anteriormente sobre a participação do Estado na Economia, já ficaram patentes as posições dos vários autores apresentados. 
Para mas, é importante apresentar alguns pontos discutidos que procuram recolocar a questão fiscal de maneira diversa â que tem sido colocada por vários autores. A responsabilidade pela aceleração inflacionária nos anos 70 era oficialmente atribuída a causas externas como a "conspiração do petróleo". No entanto, dada a persistência da inflação, a interpretação oficial foi se deslocando para uma estranha autocrítica, onde a evolução fiscal foi sendo responsabilizada pela disfunção da política econômica. Para esses autores, a explicação do processo inflacionário está na peculiar armação financeira interna-externa que, frente à reversão cíclica, potencializa a tendência expansionista dos preços. Dinamicamente, o problema inflacionário está ligado à esfera da circulação financeira, enquanto o gasto público se insere no movimento real de expansão da economia. Considerando que a carga tributária brasileira ê relativamente baixa (substancialmente inferior à dos países da O.E.C.D.), um gasto fiscal crescente poderia ser financiado com acréscimo de tributação, mesmo num processo inflacionário como o brasileiro.
Por fim, convém destacar Dain (1982) que "Qualquer estratégia de recuperação da economia passa por uma política fiscal expansionista e uma reordenação dos padrões de financiamento público. No Brasil, isto pode ser logrado mediante a correção da acentuada regressividade do sistema tributário brasileiro e recuperação do instrumento da dívida pública para fins fiscais".
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O papel do Estado na economia brasileira alterou-se no decorrer dos tempos. Entre períodos de maior intervenção estatal e períodos de redução da sua atuação, e entre teóricos e correntes em defesa de cada uma dessas vertentes, verifica-se que nenhuma delas conseguiu ser efetiva na realização do bem comum. Entregando a economia às forças livres de mercado, perceberam-se alarmantes desigualdades sociais, onde o poder e a renda se concentraram nas mãos de poucos privilegiados. 
Por outro lado, o Estado do bem-estar social não atingiu a sua plenitude, e está longe de chegar às camadas mais desassistidas da sociedade. O Estado liberal ocasionou não apenas desigualdades entre cidadãos de uma mesma nação, mas também uma fragmentação entre os países, onde os desenvolvidos se tornaram ainda maiores potências e aos países pobres restavam desempenhar a economia de exportação.
Neste artigo vimos que até hoje temos as influências das correntes liberalista e keynesiana no Estado. Porém ficou claro onde estamos centralizados quanto ao teor ideológico e econômico quando nos referimos aos rumos que o Estado e o governo está tomando. A economia sempre vai estar a mercê dos governos e empresas majoritárias, isto irá ainda nos revelar muito sobre que rumos devemos ter quanto nação. Atualmente temos vivenciados dias controversos e inseguros quanto a economia de nossa nação, porém temos que saber de que lado devemos nos posicionar quanto cidadão e classe.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA, Cecília Rafaela de Souza. O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA: uma análise do estado de bem-estar social e da economia institucional. Monografia (Monografia de Ciências Econômicas) – UFP. Curitiba, 2014. 
 
SIMON, E.J. A participação do Estado na economia brasileira: subsídios para o debate. Perspectivas, São Paulo, 8:1-11, 1985.
SUZ1GAN, W. As empresas do governo e o papel do Estado na economia brasileira. In: ASPECTOS da participação do governo na economia. Rio de Janeiro, IPEA, 1V6- P77-130. (Série Monográfica, 26).
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. O ESTADO NA ECONOMIA BRASILEIRA. Ensaio de Opinião vol.4 no.2-2, 1977. 
COELHO, André Felipe Canuto. O ESTADO LIBERAL: entre o liberalismo econômico e a necessidade de regulação jurídica. Revista Jurídica UNIGRAN. Dourados, MS | v. 8 | n. 15 | Jan./Jun. 2006.
CERQUEIRA, Jackson B. A. de. UMA VISÃO DO NEOLIBERALISMO: surgimento, atuação e perspectivas. Sitientibus, Feira de Santana, n. 39, p.169-189, jul./dez. 2008.
CARVALHO, Fernando J. Cardim de. A doutrina keynesiana. Economia e Sociedade, Campinas, v. 17, Número especial, p. 569-574, dez. 2008. 
MARTONE, CL. A expansão do estado empresário no Brasil. s.L.p., Câmara de Estudos e Debates Econômicos e SociaisCEDES, nov., 1981.
BELLUZZO, L.G.M. A intervenção do Estado no período recente. Ensaios de Opiniâo, Rio de Janeiro, 5:25-27, 1977.
DAIN, S. Equívocos e manipulações em torno da questão fiscal. In: TAVARES, M.C. & DAVID, M.D., org. — A economia política da crise: problemas e impasses da política econômica brasileira. Petrópolis, Vozes, 1982.

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