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Função Social Do Contrato APS 2018 segundo semestre

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Função Social Do Contrato
Como membro da Defensoria Pública, dentro de minhas atribuições, estando em meu dever orientar e prestar defesa aos incapazes de pagar por uma orientação jurídica, irei orientá-los sobre o tema e dar um parecer jurídico para que lhes estejam esclarecidos todos os direitos e obrigações sobre o tema apresentado.
A função social do contrato é um princípio moderno que deve ser observado pelo intérprete na aplicação dos contratos, tornando-se um dos pilares da teoria contratual. Essa função social serve como limitação dos princípios tradicionais, especialmente da autonomia da vontade. Em situações de conflito entre autonomia privada e interesse social, deve prevalecer esse último, mesmo que essa restrição atinja a própria liberdade de não contratar, como ocorre nas hipóteses de contrato obrigatório.
Segundo Carlos Alberto Gonçalves
“Subordina a liberdade contratual à sua função social, com prevalência dos princípios condizentes com a ordem pública. Considerando que o direito de propriedade, que deve ser exercido em conformidade com a função social, proclamada na Constituição Federal, se viabiliza por meio dos contratos, o novo Código estabelece que a liberdade contratual não pode afastar-se daquela função”. (2012, p. 52).
A aplicabilidade da função social está condicionada a dois aspectos: um, individual, que diz respeito à satisfação dos interesses dos contratantes; e outro, público, que é o interesse da coletividade sobre o contrato.
De acordo com Gonçalves, “a função social do contrato somente estará cumprida quando a sua finalidade – distribuição de riquezas – for atingida de forma justa, ou seja, quando contrato representar uma fonte de equilíbrio social”. (2012, p. 26).
É importante ressaltar que a função social do contrato é uma cláusula geral, bem como a que exige um comportamento condizente com a probidade e boa-fé objetiva. Caberá ao juiz utilizar como recurso valores jurídicos, sociais, econômicos e morais para solucionar no caso concreto. Conforme Nery Junior, sendo “normas de ordem pública, o juiz pode aplicar as cláusulas gerais em qualquer ação judicial, independente de pedido da parte ou do interessado, pois deve agir ex officio”. (2003, p. 416-417).
Para Araken de Assis, o contrato cumprirá a sua função social “respeitando sua função econômica, que é a de promover a circulação de riquezas, ou a manutenção das trocas econômicas, na qual o elemento ganho ou lucro jamais poderá ser desprezado, tolhido ou ignorado, tratando-se de uma economia de mercado”. (2007, p. 85-86).
Com isso, percebe-se que todo contrato que inibe o “movimento natural do comércio jurídico” e que prejudica os demais integrantes a sociedade na obtenção dos seus bens descumpre sua função social.
Venosa ainda ressalta que “a função social do contrato que norteia a liberdade de contratar, segundo o art. 421, está a indicar uma norma aberta ou genérica, a ser preenchida pelo julgador no caso concreto”. (2013, p. 397). Esse ainda explica que na Modernidade, a chamada liberdade de contratar tinha um viés burguês, pois buscava fazer com o contrato permitisse a aquisição da propriedade. Já na contemporaneidade, essa autonomia da vontade é substituída pela autonomia privada, oriunda da própria modificação de conceitos sobre a propriedade.Segundo esses grandes doutrinadores sobre o assunto que trata o conceito da função social dos contratos como um dos pilares da teoria contratual, tendo tal conceito muita proximidade com a função social da propriedade que está previsto na constituição federal.
A intenção de tal teoria é a de promover uma justa igualdade que de maneira cumulativa se aplaine a relação contratual de ambos os sujeitos.
Finaliza Caio Mário
“ A função social do contrato serve precipuamente para limitar a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer, ainda que esse limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar, como ocorre nas hipóteses de contrato obrigatório”
Ou seja segundo ele se um contrato que tenha sido feito mesmo com o consentimento de ambos, passa a ferir o interesse social, não tem o contrato todos os seus efeitos, devendo prevalecer a função social, dando assim uma certa preferência em atender os interesses sociais.
Julgados.
Em relação aos julgados do Tribunal de Justiça de São Paulo, não houve sentenças semelhantes ao caso, houve algumas situações um pouco análogas, porém até nestas situações não houve decisões favoráveis em nenhuma instância.
Parecer Jurídico: Função Social Dos Contratos em Locação de Imóveis.
Relatório
Trata-se de uma consulta formulada para um casal de idosos aposentados acerca de um contrato de aluguel assinado por eles.
Em vista o valor do aluguel de uma casa na periferia e o valor da aposentadoria de ambos, sempre atrasam o aluguel.
Aconselhados por um advogado amigo do casal que tomou conhecimento da situação, foi lhes sugerido por ele que buscassem mediante o pode judiciário o reconhecimento de uma isenção seja total ou parcial do aluguel tendo em vista a função social do contrato aplicado nesse caso, levando em consideração a sua grande dificuldade financeira deles.
Com base nesse relatório o defensor pública dá o parecer jurídico sobre o assunto.
Fundamentação
Hoje vivemos em um mundo onde o contrato nos rodeia de todos os lados, desde os atos mais simples até os mais complexos.
A maioria dos nossos atos são por meio de um contrato de compra e venda, comprar um café, um carro, uma casa, um contrato de trabalho enfim vivemos em um mundo contratual no qual regulamenta nosso cotidiano.
Sendo o contrato divido em duas espécies, bilateral, que gera obrigações para ambas as parte e unilateral, que gera obrigação apenas para uma das partes.
Esses atos contratuais respeitam princípios que não podem ser quebrados como o princípio da autonomia contratual, que consiste na liberdade das partes em contratar oque quiserem, quando quiserem pelo valor ou contraprestação que desejarem, desde de que esteja previsto em lei, ou que a lei não vede.
Outro princípio que fazem parte da estrutura dos contratos em geral é o já mencionada função social do contrato, que segundo estudiosos e doutrinadores dissertam sobre a tese de que tal princípio prevalece sobre os demais princípio contratuais, discorrendo que em caso de isonomia ou seja conflito entre os demais interesses diante da função social do contrato, prevalece a função social, pois como alguns defendem, o contrato que não atinge em proveito da sociedade não é um contrato de efeito pleno.
 O contrato, em sua origem, surgiu como um instrumento de garantia para o cumprimento de uma obrigação, porém, desde a Roma Antiga havia certo desentendimento sobre a real finalidade do referido instrumento. Todavia, hoje em dia, admite-se que os contratos no próprio Direito Romano eram autênticas fontes de obrigações.
Ademais, desde aquela época, o contrato era munido de certo rigor formalista, ou seja, para cada tipo de operação era gerado um tipo de contrato e os instrumentos tinham como objetivo adequar os deveres e obrigações das partes contratantes, de modo que pudessem obter proteção estatal e divina caso houvesse algum descumprimento daquele pacto.
Ainda que houvesse a necessidade de seguir determinadas “fórmulas contratuais”, noutro giro, existiam determinados “pactos” que não seguiam tais fórmulas e mesmo assim ainda eram realizados, no entanto, sem a tutela estatal e divina como medida de proteção, pois se acreditava que os contratos só teriam a guarida estatal e seriam protegidos pelos Deuses se observassem a forma prescrita (Direito Romano Clássico).
Com o passar do tempo, notamos que a função social do contrato tem se adaptado às alterações históricas ocorridas, por exemplo, no Direito Romano Pós Clássico, fora atribuída proteção via actio (ação das partes) a alguns tipos de contratos, entre eles, o de compra e venda, locação, mandato e sociedade.
A essas modalidades foi destituídoo rigor formalista até então aplicado, pois se passou a levar muito em consideração a “declaração de vontade das partes” e tais instrumentos foram denominados “contratus solo consensu”. Isto é, os contratos consensuais se tornam perfeitos e acabados pelo só consentimento das partes.
Por esse prisma e com o advento da Lei nº 8.245/1991, o contrato de locação além de possuir a função social que o destina, especialmente, a declaração de vontade das partes, este passou a ter regulamentação taxativa emanada pelo Legislador, com o fito de não onerar demasiadamente nenhuma das partes contratantes.
Além disso, o contrato de locação e a respectiva Lei supracitada, no que tange à locação residencial, visam estabelecer a paz e o sossego que os Locatários tanto necessitam, pois a defesa do direito à moradia é o ponto primordial do contrato. Entretanto, com relação aos Locadores, a Lei e o respectivo contrato também resguardam função social, direitos e deveres, contudo, sob a ótica econômica, pois a “negociata” para os Locadores possui caráter meramente financeiro.
Em suma, podemos ponderar que todos os contratos possuem função social dentro de uma sociedade, resguardando direitos e deveres, estabelecendo a paz entre as partes e declarando a vontade dos contratantes, sobretudo, insta salientar, sobre a existência de certos tipos de contratos que possuem peculiaridades, como é o caso do contrato de locação, que deve ser elaborado seguindo os ditames da Lei do Inquilinato, mormente, pelo fato de colocar em pé de igualdade Locador e Locatário, no que diz respeito ao direito à moradia, uma vez que o Locatário enquanto parte da locação e em dia com suas obrigações advindas da respectiva, possui o direito à moradia pelo prazo avençado, como se proprietário fosse, deixando o Locador (dono do imóvel) de poder exercer o seu direito à moradia, restando ao mesmo, tão somente, o direito de propriedade do bem locado.
Portanto, é extremamente importante a perfeita elaboração de um contrato, seja ele qual for (espécie) e para qual finalidade seja, pois muitos desdobramentos poderão surgir a partir do referido instrumento contratual.
Conclusão.
No caso do casal apresentado cabe ao casal buscar auxílio e assistência social nos órgão governamentais competentes que cuidam de casos semelhantes com base no princípios da miserabilidade.
No plano pragmático, a miserabilidade pode ser concebida tanto na face legal como na social. Nesta última face, vale destacar as recomendações do IBGE, órgão público sintonizado com a realidade social brasileira, cujas prescrições estão assentadas em dados temporais, sociais e econômicos, o que nem sempre seguem os mesmos destinos do salário-mínimo vigente. Para aquela primeira, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social, são consideradas miseráveis as famílias cuja renda per-capita seja menor do que a fração de um quarto do salário mínimo vigente.
Dessa forma, os critérios aferidores de miserabilidade, contidos no artigo 20 da Lei 8.742/1993, foram objetos de inúmeras discussões doutrinárias e jurisprudenciais. De um lado, os doutos militavam a possibilidade de comprovação da miserabilidade por meios diversos, bem como interpretavam as prescrições contidas no princípio da dignidade humana, no sentido de imprimir as recomendações do art. 230 da Constituição Federal, o que reproduzimos verbalmente:
Art.230 - A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”.

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