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PE Unidade 4 - OS DADOS DA PESQUISA JÁ ESTÃO COLETADOS E AGORA, QUAIS OS PRÓXIMOS PASSOS

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PESQUISA EM EDUCAÇÃO
CAPÍTULO 4 – OS DADOS DA PESQUISA JÁ 
ESTÃO COLETADOS: E AGORA, QUAIS OS 
PRÓXIMOS PASSOS?
Ana Claudia de Oliveira G. Merli
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Introdução
Uma pesquisa possui muitas etapas, sendo que inicia com a definição e a delimitação do tema que será
pesquisado, e, ao fim dessa etapa, o pesquisador possui definidos o objeto, o problema, as hipóteses e os
objetivos da pesquisa. Assim, passa a escrever o projeto. O resultado é a definição da metodologia de pesquisa,
ou seja, quer dizer que já está decidido o recorte do tema, pois dificilmente um assunto ou tema será
integralmente pesquisado. Nessa fase, o caminho que o pesquisador vai percorrer para atingir os objetivos
também já está trilhado, bem como responder ao problema, comprovar ou refutar as hipóteses.
Ainda que possam haver modificações — estamos falando de um planejamento, não um tratado de regras —, o
projeto indica quais são os princípios adotados para chegar ao objetivo, o que envolve o tipo de pesquisa, a
coleta de dados e os resultados.
Neste capítulo, vamos abordar a parte final do trabalho de pesquisa, isto é, a análise e a elaboração do relatório.
Nesse ponto, o pesquisador já está com os dados e as informações em mãos para serem analisados. Durante essa
etapa, consome-se grande parte do tempo da pesquisa, pois é preciso fazer a análise conforme os critérios
adotados no projeto e finalizar o relatório. Trata-se de escrever, escrever e escrever. Mas por onde começar a
análise? Quais recursos estão disponíveis para auxiliar o pesquisador nessa etapa? Como escrever? Como validar
os resultados? É hora do último ponto final, mas será que os objetivos foram atingidos?
Na fase final, é comum os pesquisadores estarem cansados e, por vezes, perderem-se na escrita, sendo
importante respirar fundo e voltar ao projeto para não fugir dos objetivos. Deve-se, então, procurar
concentração e sabedoria para finalizar o trabalho. Assim, a partir de agora, vamos estudar procedimentos e
dicas que auxiliarão o pesquisador no momento final da sua pesquisa.
Vamos aos estudos!
4.1 Organização de dados
Ter informações e dados para analisar faz parte do processo de construção do conhecimento científico, mas é
importante lembrarmos que não é em todas as pesquisas que o pesquisador sai em campo e tem contato direto
com as pessoas. Em pesquisas bibliográficas e algumas documentais, em geral, o objeto que o pesquisador irá
analisar são informações que podem ser coletadas por meio eletrônico e consulta a banco de dados ou
bibliotecas e arquivos públicos. Há, também, as pesquisas desenvolvidas em laboratórios experimentais, com
animais, plantas e tecnologias.
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Figura 1 - A organização dos dados, principalmente quando envolve discursos, precisa ser meticulosamente feita 
para que o pesquisador não se perca.
Fonte: Bacho, Shutterstock, 2018.
No campo educacional, por outro lado, o pesquisador analisa dados e informações que provêm, de forma geral,
de pessoas, documentos, aparatos tecnológicos e imagens. A partir dessas fontes, é possível abordar dados de
maneira qualitativa e qualitativa, ou, ainda, associar as duas abordagens. Assim, o campo educacional possui
suas especificidades, sendo que uma das mais significativas é a que se direciona para processos envolvendo
pessoas, tendo como cenário ambientes educativos, a exemplo de escolas e universidades.
Dessa forma, na sequência, apresentaremos e discutiremos a organização de dados de pesquisas em educação,
em abordagens quantitativa e qualitativa, bem como a especificidade de pesquisas educacionais envolvendo
entrevistas. 
4.1.1 Dados quantitativos
A coleta e a organização de dados devem ocorrer concomitantemente, pois isso facilita o trabalho do
pesquisador. Imagine que em uma pesquisa etnográfica, em que os dados serão coletados a partir de observação
e registrados por meio de anotações, o pesquisador resolva organizar os dados apenas ao término de suas
observações. Pode acontecer de ele se perder devido ao volume de informações, tendo dificuldades na
organização, não é? Por isso, manter o equilíbrio entre coleta e organização é fundamental.
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Nesse contexto, temos que os dados quantitativos podem ser produzidos a partir de questionários, entrevistas
estruturadas, coleta de banco de dados, ou, ainda, obtidos de fontes diversas, como o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) — autarquia federal vinculada ao Ministério da
Educação, responsável por elaborar, organizar e publicar estudos, pesquisas e avaliações a respeito do sistema
educacional brasileiro. As informações coletadas pelo Inep, por exemplo, são disponibilizadas gratuitamente a
partir de dados quantitativos que colaboram com pesquisadores de diversas instituições para análise da
educação do país.
Para a produção de dados quantitativos, o pesquisador também pode contar com tecnologias computacionais de
sistema aberto ou fechado. Há diversos programas disponíveis na internet que podem ser utilizados conforme os
tipos, a quantidade e a organização pretendida pelo pesquisador.
VOCÊ QUER VER?
No filme , de Theodore Melfi, podemos ver como os pesquisadoresEstrelas Além do Tempo
trabalham com dados quantitativos: a equipe de pesquisadores recorreu a um grupo de
calculistas que contribuíram para os avanços da corrida espacial norte-americana, a fim de
concluir cálculos avançados e realizar uma viagem ao espaço. Vale a pena conferir o longa e se
atentar quanto a temática abordada.
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Figura 2 - Os dados quantitativos podem ser organizados em gráficos ou tabelas para gerar estatísticas ou 
levantar informações que possam ser comparadas e interpretadas.
Fonte: Shutterstock, 2018.
Dados quantitativos coletados e empregados em pesquisas educacionais não necessariamente precisam ser
analisados, exclusivamente, por abordagens quantitativas. É comum e aconselhável que esses dados sejam
combinados a outros coletados por diferentes técnicas, analisados qualitativamente ou quanti-qualitativamente.
Gatti (2004) ressalta que pesquisas educacionais com rigor e qualidade metodológica que conte com dados
quantitativos, pressupõe do pesquisador conhecimento do contexto em que os dados foram produzidos, bem
como domínio teórico-epistêmico. Destaca-se, ainda, que levantamentos estatísticos podem estar presentes em
diferentes tipos de pesquisas, mas, por si só, não caracterizam uma pesquisa científica, pois, para ser uma, é
necessário que haja análise.
As pesquisas em educação contam com um importante instrumento para análise: o pesquisador, pois, “Em si,
tabelas, indicadores, testes de significância etc., nada dizem. O significado dos resultados é dado pelo
pesquisador em função de seu estofo teórico” (GATTI, 2004, p. 3).
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Perceba que dados provenientes de fontes diferentes podem ser organizados quantitativamente, entretanto,
devem ser analisados por meio de uma abordagem quanti-qualitativa, conforme o pesquisador se preocupa com
o processo e os aspectos externos ao dado, como a realidade social em que se encontra a escola e a opinião de
estudantes e professores. Dessa forma, a pesquisa adquire um caráter qualitativo.
Na sequência, entenderemos melhor a respeito da organização de dados qualitativos.
4.1.2 Dados qualitativos
A educação integra um campo de pesquisa que necessita de uma abordagem analítica capaz de envolver diversos
fatores, ou seja, os fenômenos educacionais não podem ser explicados com dados relativos a eles mesmos. Nesse
sentido, André (1995, p. 23) salienta que a pesquisa qualitativa não quer dizer apenas dispensar dados
numéricos, mas que “[...] a necessidade, agora, é ir além, ultrapassar a dicotomia qualitativo-quantitativo e tentar
encontrar respostas para as inúmeras questões com que nos defrontamos diariamente [...]”. Dessa forma,
necessita-se de dados e análises abrangentes de modo que os fenômenos sejam estudados em sua
integralidade.
Ou seja, é preciso descrever, explicar, reunir elementos, experimentar, ouvir os sujeitos envolvidos, ponderar
diferentes fatores e considerar que quem realiza a pesquisa é um ser humano, com toda a sua complexidade.
Nesse ínterim, esse tipo de pesquisa tem no pesquisador um instrumento que coleta, organiza, classifica e analisa
os dados, além de se preocupar com o processo e entender que o conhecimento científico é relativamente
estável, estando em constante movimento. Desse modo, dados quantitativos não atendem essas especificidades
do campo da pesquisa em educação.
A partir da necessidade de apreender mais profundamente o universo educacional, seus sujeitos e
particularidades, foram sendo desenvolvidas técnicas capazes de produzir e captar dados e informações
qualitativas, expressas em linguagem diferente da numérica, geralmente discursiva, envolvendo elementos que
possibilitam maior compreensão e reflexão sobre o fenômeno educativo.
Especificamente, os dados qualitativos são formados por discursos, sejam escritos ou orais. Os tipos de dados
gerados dependem muito de como o pesquisador pretende analisá-los. No quadro a seguir, temos alguns
exemplos de tipos de pesquisas e as possibilidades de produção de dados qualitativos.
VOCÊ QUER LER?
Para saber mais sobre o uso de dados quantitativos em educação, você pode ler o artigo
“Estudos quantitativos em educação” de Bernardete A. Gatti. A autora é uma respeitada, 
pesquisadora do campo de metodologias de pesquisa educacionais e, no artigo em questão,
explica como foram desenvolvidas pesquisa nesse campo envolvendo dados quantitativos.
Você pode ler o artigo completo em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/ep/v30n1/a02v30n1.
>.pdf
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Quadro 1 - Exemplos de tipos de pesquisas, técnica adotada e possíveis dados.
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
Podemos perceber, então, que há diferentes formas de registrar os dados e as informações. Além disso,
provavelmente, há um volume grande de material para ser analisado pelo pesquisador, visto que pesquisas que
trabalham com informações coletadas a partir dos participantes, geralmente, possuem dados volumosos.
Em alguns casos, apenas uma técnica de coleta de dados não é suficiente para que o pesquisador compreenda o
fenômeno, os sujeitos e o contexto em que estão inseridos. Então, pode-se combinar diferentes técnicas para
coletar os dados, sendo que os tipos de dados gerados dependem muito de como o pesquisador pretende analisá-
los. A pesquisa exploratória, por exemplo, busca detalhar o fenômeno, portanto, o pesquisador terá contato
próximo com informações que o levem até os fatores geradores do fenômeno. Já a pesquisa descritiva busca por
dados que possam ser comparados para explicar a razão de ser do fenômeno. Por outro lado, as pesquisas
explicativas exploram os fatores que levaram o fenômeno até o em que se encontra em dado momento.status
Dessa maneira, a combinação de técnicas pode agrupar dados quantitativos e qualitativos, gerando um grande
volume de informações. É possível, então, recorrer a e programas computacionais que auxiliam nasoftwares
tarefa de organizar e cruzar os dados. Muitos contam com a inteligência artificial e podem ser programados para
analisar discursos e encontrar padrões ou elementos que indiquem semelhanças e distanciamentos, e, a partir
dessa organização, consegue-se eleger categorias de análise. Além disso, a partir dessa organização, tem-se o
material para análise.
Assim, o caráter qualitativo passa da organização e classificação dos resultados para a análise, em que “[...] é
preciso ter olhar e sensibilidade armados pela teoria, operando com conceitos e constructos do referencial
teórico” (DUARTE, 2002, p. 14).
Nas pesquisas educacionais que pretendem investigar o ambiente escolar e seus processos — como gestão,
VOCÊ QUER LER?
Robert Bogdan e Sari Biklen são importantes referências quanto a pesquisa qualitativa. No
livro “Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos”, que teve
sua primeira versão lançada em 1972, os autores apresentam diferentes formas de se
trabalhar com a pesquisa qualitativa em educação. Vale a pena se aprofundar no assunto!
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Nas pesquisas educacionais que pretendem investigar o ambiente escolar e seus processos — como gestão,
metodologias, avaliação e relação entre os sujeitos —, uma técnica para produzir dados qualitativos bastante
utilizada é a entrevista. A seguir, vamos conhecê-la melhor.
4.1.3 Entrevistas
As entrevistas são empregadas em pesquisas que pretendem estudar as experiências, os significados e as
preferências, ou seja, que estão relacionadas à apreensão que os participantes têm da realidade.
Figura 3 - As entrevistas podem ser realizadas individualmente ou em grupo, conforme os objetivos da pesquisa 
e as habilidades do entrevistador.
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2018.
As entrevistas podem ser realizadas de forma livre, ou seja, sem um planejamento prévio; contudo, é preciso que
o pesquisador tenha muita clareza do seu papel e dos rumos que a pesquisa irá tomar, pois ele pode delinear
muitos aspectos da pesquisa a partir da entrevista. A organização da análise, a delimitação dos objetivos e do
problema podem partir da entrevista, dependendo da fundamentação adotada. Além disso, o pesquisador
precisa seguir um protocolo que lhe garanta o cumprimento de aspectos éticos, bem como conhecer estratégias
para que os participantes se sintam à vontade em se expressarem de forma livre e honesta.
Duarte (2002) nos explica que, ao entrevistar muitas pessoas, o pesquisador pode se saturar da entrevista e
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Duarte (2002) nos explica que, ao entrevistar muitas pessoas, o pesquisador pode se saturar da entrevista e
acabar influenciando nas respostas. A autora ainda menciona que as perguntas devem estar bem elaboradas e
passarem por um pré-teste para que o pesquisador não tenha que ficar explicando cada uma delas para os
participantes.
Para outras técnicas de entrevista, sugere-se a elaboração de um roteiro, que deve ser testado antes de ser
utilizado com os participantes da pesquisa. Um roteiro bem elaborado contribui para a organização das
informações e para os procedimentos da entrevista. Há na literatura, por exemplo, muitos trabalhos que
auxiliam na elaboração do roteiro, assim como estratégias para que o entrevistador possa atuar com eficiência
sem perder a atenção nos entrevistados e o foco nos objetivos da pesquisa. Muitas dessas publicações, inclusive,
são elaboradas por psicólogos e jornalistas.
Conforme os objetivos da pesquisa, o tamanho da amostra consultada e o tipo de entrevista, pode-se registrar as
respostas por meio de anotações, áudio ou vídeo. Para organizar o material, o pesquisador precisa reservar
tempo e elaborar com clareza os critérios. Para análise e elaboração do relatório, podem ser realizadas
transcrições de arquivos em áudio, isto é, reproduzir, na forma escrita, as falas dos entrevistados. Outra maneira
é categorizar o que foi dito a partir das respostas, mas, para isso, é importante elaborar perguntas e critérios de
análise concomitantemente. As entrevistas ainda podem ser estruturadas com perguntas que já guardam em si
as categorias de análise.
Após organizados, os dados precisam ser analisados. Na sequência, vamos conhecer diferentes formas de
analisar as informações coletadas na pesquisa educacional de campo.
4.2 Análise dos dados em projeto de pesquisa
Com os dados coletados e organizados, chega o momento da análise. Cabe lembrar que a pesquisa é um todo,
sendo que cada parte é realizada separadamente, mas, ao final, o relatório indicará a coerência entre elas.
Portanto, no momento da análise, o pesquisador estará interpretando e discutindo os dados com base no
embasamento teórico. Dessa forma, esses dados precisam “conversar” com os conceitos, com a base filosófica e
epistemológica e com os autores consultados.
Durante a fundamentação ou revisão de literatura, o pesquisador consultou bancos de dados para saber se o que
ele irá propor já foi pesquisado. Essa parte inicial indica alguns rumos a serem tomados. A partir das limitações
dos trabalhos realizados, pode-se iniciar a pesquisa, afinal, é assim que o conhecimento científico se movimenta
e cresce.
No momento da análise, é possível recorrer à revisão de literatura para indicar novos dados, novas
interpretações, novos fatos ou experiências referentes ao assunto. A análise, inclusive, indica os resultados e é a
parte final do trabalho. Mas o que são os resultados? Como mostrar todo o trabalho realizado? O que descartar?
Vamos começar entendendo melhor sobre o relatório de pesquisa.
VOCÊ O CONHECE?
Laurence Bardin foi professora universitária na Universidade de Paris e inovou ao escrever
técnicas utilizadas na análise de conteúdos com base em investigações psicossociológicas. Seu
livro, “Análise de Conteúdo”, é referência nas pesquisas qualitativas que adotam a análise de
conteúdo como método.
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4.2.1 Relatório de pesquisa
O relatório da pesquisa traz informações que identificam o tema, a metodologia, as hipóteses — quando for o
caso —, os dados e a análise. Em geral, sua elaboração acontece conforme a pesquisa caminha.
Nessa fase, os dados quantitativos precisam ser apresentados de maneira organizada, clara e que demonstrem o
universo pesquisado. Gráficos e tabelas são formas interessantes de construção. É importante, também, anexar
uma amostra do instrumento utilizado para a coleta de dados, como o questionário ou o roteiro da entrevista. Já
se os dados foram coletados de algum banco de dados, instituição ou , é necessário explicar qual é a fonte,site
qual foi a motivação da escolha e o porquê de a escolha desses dados, e não de outros.
Figura 4 - Dados quantitativos são apresentados em forma de gráficos e tabelas.
Fonte: tsyhun, Shutterstock, 2018.
VOCÊ SABIA?
“Hipótese” é um termo muito utilizado no campo da pesquisa científica. Trata-se de possíveis
soluções para o problema de pesquisa, apontadas pelo pesquisador. No decorrer da pesquisa,
podem ser realizados diversos procedimentos para testar se as hipóteses são verdadeiras ou
falsas, assim, consegue-se responder ao problema proposto de maneira adequada.
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Fonte: tsyhun, Shutterstock, 2018.
Dados qualitativos por sua vez, de forma geral, são discursos escritos ou orais. A análise desses dados é mais
flexível e relaciona diversos elementos para descrever e explicar o fenômeno. Uma pesquisa sobre as mudanças
curriculares, por exemplo, poderá recorrer a elementos históricos para explicar o que é currículo e o atualstatus
desse documento.
Gil (2008) salienta que, durante a análise, acontece a organização e a interpretação dos dados. Essa possibilidade
de interpretação analítica relativamente flexível é o que permite a análise de um fenômeno tão complexo como a
educação. O discurso é uma das maneiras com que se apresentam os dados nas pesquisas educacionais, sendo
que, para analisá-los qualitativamente, frequentemente se recorre à análise de conteúdo. Esse tipo de análise
considera o rigor da objetividade e a fecundidade da subjetividade, utilizando instrumentos metodológicos para,
por meio da inferência, interpretar dados expressos em formato discursivo (BARDIN, 2010).
O objetivo da análise do discurso é levar a compreensão do que não está explícito, mas pode ser interpretado a
partir de um rol teórico estabelecido. Há diversas formas de fazer essa análise, sendo que podem emergir dos
próprios discursos coletados ou ser baseada em autores que trabalham com linguagem e interpretação da
realidade, a exemplo de Mikhail Bakhtin e a filosofia da linguagem, ou Michel Foucault e a análise do discurso.
Outro item importante é a apresentação do texto do relatório de pesquisa. É essencial que a questão das normas
e protocolos da pesquisa científica sejam seguidos, pois é a elaboração de um conhecimento comprovado e
rigoroso. Por isso, a apresentação final da pesquisa é importante e requer padronização.
A seguir, estudaremos quanto aos aspectos da apresentação da análise.
4.2.2 Linguagem científica
Umas das ansiedades dos jovens pesquisadores está no registro de suas pesquisas.
Nem tudo que é lido e pesquisado durante um processo de investigação científica é registrado. Principalmente
no início da pesquisa, o pesquisador lê e consulta muitos artigos, livros e , contudo, nem todas essassites
referências precisam estar descritas no relatório de pesquisa, pois servem apenas para formação do
pesquisador. Além disso, não é porque foi lido que será citado.
Dessa forma, o que deve constar no relatório de pesquisa?
Todas as publicações que forem citadas, os dados coletados que fazem parte da análise, os pareceres do CEP e os
anexos com os modelos dos instrumentos utilizados para coleta de dados, quando for o caso, precisam constar
no relatório. Já quanto ao material coletado em campo, devem ser analisados exaustivamente, ou seja, conforme
a delimitação estabelecida no trabalho, o pesquisador deve aproveitar o máximo possível os dados para
descrever, analisar e interpretar o fenômeno.
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Figura 5 - A escrita cientifica se caracteriza por sua clareza, objetividade e impessoalidade.
Fonte: Brian A Jackson, Shutterstock, 2018.
Outra preocupação por parte dos pesquisadores é o limite de tempo para a realização de uma pesquisa. Esse
fator deve ser considerado para limitar a análise ao que é possível em dado espaço de tempo, dentro das
habilidades e conhecimentos do pesquisador.
É possível, ainda, que alguns dos dados coletados não sejam analisados ou sejam descartados — por
inconsistência, dimensão, razões éticas ou legais — a pedido do participante. Caso a pesquisa tenha cumprido
todos os procedimentos éticos e metodológicos e não seja possível abordar todos os dados, o pesquisador pode
esclarecer no relatório final o quê e o porquê de não ter sido possível abordar a totalidade dos dados para
produzir artigos, capítulos de livros ou outras publicações.
Selecionar o que será divulgado e como isso será feito requer discernimento e postura ética por parte do
VOCÊ SABIA?
Os termos “delimitar” e “delinear” são, frequentemente, utilizados para abordar o tema ou o
objeto de pesquisa, mas não são sinônimos. Delimitar é colocar limites, ou seja, elaborar um
objeto de pesquisa de modo que ele trate de um assunto bastante específico. Também
chamamos essa etapa de “recorte”. Delinear, por sua vez, é saber quais são as etapas da
pesquisa que serão realizadas para tratar determinado tema. Por exemplo: primeiro teremos a
revisão de literatura, depois passaremos para a fundamentação teórica, depois a metodológica,
e assim por diante, até estabelecer as linhas ou caminhos que serão percorridos.
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Selecionar o que será divulgado e como isso será feito requer discernimento e postura ética por parte do
pesquisador. Assim, é necessário considerar os procedimentos que asseguram a disponibilidade de dados
coletados em pesquisas que envolvem as interações humanas na educação, ou seja, ressalta-se que todos os
procedimentos éticos devem ser cumpridos com rigor.
Já quanto a elaboração do relatório, depois dos dados e informações, uma questão bastante importante é a
linguagem empregada, que deve ser clara, objetiva e direta. Isto é, não deixar margem para interpretações
ambíguas ou vagas. Além disso, muitos dados podem ser expressos graficamente, portanto, devem estar
corretamente representados e legíveis. A correção gramatical, tanto em língua estrangeira quanto materna,
também devem ser verificadas para não prejudicar a exposição das análises.
A seguir, serão apresentados mais detalhadamente os elementos que compõem o relatório de pesquisa.
4.3 Relatório de projeto de pesquisa
Há diferentes tipos de relatórios produzidos em meios acadêmico e científico, necessários para descrever
o
andamento ou a conclusão de pesquisas. Além desse tipo de relatório, há outros como o de estágio, os técnicos e
relatórios de trabalhos acadêmicos, como seminários e debates. Seja qual for a modalidade, eles precisam seguir
as normas da ABNT quanto a elaboração de trabalhos acadêmicos (ABNT NBR 14724/2011), bem como a norma
específica para elaboração de relatórios técnicos e/ou científicos.
Neste tópico, iremos estudar alguns requisitos essenciais para a elaboração de relatório e outras normas sobre
elaboração de trabalhos acadêmicos e/ou científicos.
4.3.1 Normas da ABNT
Há normas que estabelecem um padrão para a elaboração dos relatórios quanto aos elementos obrigatórios, à
formatação e à apresentação. Os relatórios referentes à pesquisa podem se referir a programas de iniciação
científica, projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusão de curso, assim como também podem estar
relacionados a pesquisas em andamento ou concluídas.
No Brasil, a instituição que regulamenta a padronização dos trabalhos acadêmicos e científicos é a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Trata-se de uma instituição sem fins lucrativos, fundada em 1940, que
participa de associações e comitês internacionais com os mesmos fins: criação de documentos normatizados que
ofereçam parâmetros para padronização de bens e serviços. De tempos em tempos, todas as normas são
revisadas para se manterem atualizadas.
Quanto as normas que regulamentam os trabalhos acadêmicos, elas apresentam os elementos que caracterizam
um relatório de pesquisa como um trabalho científico. Tratam, também, das referências bibliográficas e da
apresentação de ilustrações, tabelas, gráficos e quadros.
A padronização permite que diferentes instituições de pesquisa possam desenvolver seus estudos com o mesmo
padrão, adotando os mesmos mecanismos. Dessa forma, para poder estabelecer comparativos, é importante que
essas normas sejam seguidas.
Quando uma pesquisa é finalizada, deve-se apresentar o relatório para, inicialmente, retomar os objetivos,
descrever as atividades realizadas e os resultados alcançados. Caso se trate de uma pesquisa em andamento, é
importante esclarecer essa informação logo no início, apresentando os resultados parciais e indicando o
cronograma ou as atividades que serão realizadas posteriormente.
Os relatórios parciais podem ser exigidos por instituições financiadoras ou orientadores de pesquisa. Os
relatórios finais, por sua vez, são obrigatórios para todas as pesquisas e projetos desenvolvidos em
universidades, pois explica o direcionamento de recursos financeiros e humanos. Um caso específico de relatório
de projeto parcial são aqueles produzidos para qualificação de teses e dissertações. No caso de apresentar para
uma banca de professores, serão indicados correções e direcionamentos para a continuidade da pesquisa. Além
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uma banca de professores, serão indicados correções e direcionamentos para a continuidade da pesquisa. Além
disso, o estudante também pode levar suas dúvidas e pedir orientações para a banca em aspectos pontuais do
trabalho.
Os relatórios finais são mais complexos. A ABNT NBR 14724/2011 lista os elementos pré-textuais, textuais e pós-
textuais, bem como indica quais são obrigatórios e quais são opcionais. A parte textual apresenta os elementos
da pesquisa, a fundamentação teórica, a metodologia, a análise de dados, as considerações finais e as referências
bibliográficas.
Além do relatório, há outras publicações que podem veicular os resultados de pesquisa, como o pôster. Vamos
conhecê-lo melhor com o item a seguir.
4.3.2 Elaboração de pôster
Pôster e são praticamente sinônimos, sendo que os termos se referem a uma forma visual de expor osbanner
resultados de pesquisas. Em geral, em eventos temáticos promovidos por universidades ou institutos de
pesquisa, há uma modalidade de apresentação de trabalhos chamada “pôster”. Os pôsteres nada mais são do que
cartazes, frequentemente com dimensões pré-estabelecidas pela organização do evento, impressos digitalmente.
O autor recebe orientações quanto aos horários em que ele deve estar disponível para explicar ou responder
dúvidas sobre ele.
O texto do pôster deve ser conciso, podendo ser acompanhado de imagens. Deve constar o título do trabalho, a
identificação dos autores, o objeto, o problema, o objetivo, a metodologia utilizada na pesquisa e os resultados.
Caso haja espaço, outras informações podem ser acrescentadas, como fundamentos teórico-metodológicos,
gráficos e dados.
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Figura 6 - Exemplo de pôster.
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Observa-se no modelo que é importante pensar em quais informações serão colocadas no pôster e de que
maneira, ou seja, a relação forma e conteúdo merece um cuidado especial. A disposição de textos, gráficos,
tabelas ou imagens deve ser cuidadosa ao ponto de não confundir o leitor para que ele consiga ler rapidamente o
que estiver exposto. Dessa forma, como e quais informações serão expostas depende do tamanho e do tempo de
exposição do pôster. É importante lembrar que o pôster é uma forma de divulgação da pesquisa, portanto deve
seguir os preceitos éticos e científicos que requerem as pesquisas com seres humanos.
Depois de feito o relatório de pesquisa, há formas de divulgação para que elas se tornem públicas. A seguir,
analisaremos os meios e formatos de publicações das pesquisas científicas e acadêmicas.
4.4 Relatório de pesquisa
Nos campos acadêmico e científico, um aspecto importante a ser levado em consideração é a organização e a
apresentação dos resultados de pesquisa, afinal, de que adianta se empenhar em produzir conhecimento
científico e, depois, não o divulgar?
A publicação é importante para que a validação seja feita — por uma instituição ou pelos pares —, visto que,
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A publicação é importante para que a validação seja feita — por uma instituição ou pelos pares —, visto que,
antes de publicar um artigo em que conste o resultado de uma pesquisa, o texto deve ser corrigido por
estudiosos da área. Além desse, há outros tipos de publicações que circulam no universo científico e acadêmico.
Não podemos esquecer que trabalhos acadêmicos, elaborados por alunos durante a graduação ou em programas
de especialização e pós-graduação, também são pesquisas, só que em menor grau de profundidade e
cientificidade. Contudo, o estudante busca pelo conhecimento científico conforme se aproxima do papel de
pesquisador de forma semelhante à primeira etapa da pesquisa científica, quando busca conhecer o assunto e
delimitar o tema.
Figura 7 - O relatório final é escrito desde o momento em que o pesquisador e seu orientador delimitarem e 
delinearem a pesquisa.
Fonte: Slawomir Fajer, Shutterstock, 2018.
A elaboração do relatório final e a socialização dos resultados da pesquisa são as etapas finais do trabalho de
pesquisa. Portanto, a partir de agora, vamos entender a finalização do relatório de pesquisa, assim como
aspectos importantes sobre a elaboração de trabalhos com a finalidade de divulgar pesquisas científicas.
4.4.1 As considerações finais de um estudo
O encerramento do trabalho é a elaboração das considerações finais do relatório. Essa é uma parte relativamente
pequena se for considerada a totalidade de uma pesquisa de conclusão de curso, por exemplo. Nessa etapa, o
pesquisador retoma os objetivos iniciais da pesquisa e os relaciona com os resultados alcançados.
Durante a análise e as considerações finais, é importante estabelecer uma relação entre a teoria inicial, presente
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Durante a análise e as considerações finais, é importante estabelecer uma relação entre a teoria inicial, presente
na fundamentação teórica; e a interpretação de dados. Afinal, a interpretação não é uma parte isolada, tampouco
recorre a conhecimentos novos para fazer a análise, visto que os conceitos e as teorias já estão na parte inicial e
serão retomados nas partes finais do trabalho.
Em pesquisas educacionais, que tem como ambiente de investigação o cotidiano escolar, é comum recorrer a
dados empíricos problemáticos presentes na realidade vivida pelos sujeitos que participam do dia a dia da
escola. Tanto o objeto quanto o problema da pesquisa se originam pela observação da realidade quanto aos
dados que serão analisados. Esse tipo de pesquisa contribui para a prática de docentes, gestores, funcionários da
escola, estudantes e suas famílias, em vista de tratar sobre situações concretas. Essas vivências, inclusive, são
ricas fontes de pesquisa e carecem de olhares, conhecimentos e experiências externas para implementar novos
modos de agir e resolver problemas.
A pesquisa científica não possui apenas a função empírica, contudo, ela nasce de problemáticas reais, concretas e
cotidianas. A partir desse contexto, os pesquisadores têm como papel refletir de forma sistematizada e buscar
soluções, reflexões e diferentes questionamentos para retornarem as escolas e apresentarem a relação entre
teoria e prática.
As considerações finais, então, apresentam o percurso final do trajeto da pesquisa que iniciou com um problema
real, foi buscar suporte na teoria e volta para a prática escolar trazendo sugestões, orientações, mudanças de
perspectivas ou apontamentos.
Nem sempre é possível trazer soluções para as situações observadas empiricamente, uma vez que o ambiente
escolar é muito complexo e diversos fatores o influenciam. Por isso, muitas vezes, adota-se a pesquisa de
abordagem qualitativa, pois ela permite a relação de diferentes elementos para compreender um processo e, se
possível, elaborar ações para uma mudança.
Figura 8 - A teoria e a prática nunca devem ser vistas separadamente. Na educação, a teoria e a prática 
entrelaçadas formam a práxis.
Fonte: Rei Imagine, Shutterstock, 2018.
Ao finalizar o trabalho, o pesquisador talvez consiga caracterizar e explicar o fenômeno estudado com mais
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Ao finalizar o trabalho, o pesquisador talvez consiga caracterizar e explicar o fenômeno estudado com mais
elementos complicadores do que soluções, contudo, são essas contribuições que auxiliam nas tomadas de
decisão de elaboradores de políticas educacionais, gestores e docentes.
Além disso, é válido destacar que a linguagem utilizada no relatório deve ser precisa e objetiva. Entretanto,
pesquisas sociais e educacionais requerem detalhamento de conceitos e teorias, assim, o pesquisador precisa
recorrer a autores e estudiosos para definir da maneira mais clara possível todo o embasamento, uma vez que
ele será a sustentação de todas as partes do trabalho.
Agora, com o trabalho finalizado, não podemos deixá-lo na gaveta. Precisamos, então, socializar os resultados.
4.4.2 Socialização e validação dos resultados de pesquisa
Uma pesquisa, frequentemente, está associada a um título acadêmico, seja especialista, mestre ou doutor. Esses
títulos indicam que os profissionais são especialistas em algum assunto representativo, portanto, como tal,
possuem conhecimento suficiente para ser compartilhado.
A participação em eventos e a publicação dos resultados da pesquisa são formas de socializar os resultados.
Além dessas, as pesquisas empíricas em educação também possibilitam que o pesquisador oferte oficinas,
cursos, minicursos, treinamentos etc., os quais podem auxiliar na prática de profissionais que compartilham das
mesmas angústias que motivaram a pesquisa, mas não tiveram a mesma oportunidade de se debruçar em busca
de conhecimentos e soluções.
A seguir, vamos analisar um caso prático a respeito da divulgação de resultados.
Os conhecimentos científicos são validados pela divulgação dos resultados, mas não só eles. Desde a proposição
do projeto de pesquisa, o pesquisador precisa conhecer os mecanismos para produção do conhecimento
científico em sua área específica. O campo educacional possui especificidades que o caracterizam e o tornam
CASO
Baltazar foi convidado para participar de um evento de formação de professores municipais e
apresentar os resultados do seu trabalho de conclusão de curso. Após aceitar o convite, ele
começou a se preparar relendo o relatório final da sua pesquisa, pois precisava decidir o que
colocar em uma apresentação de 30 minutos.
Após conversar com seu antigo orientador e alguns colegas de mestrado, Baltazar consegue
eleger quais são os elementos mais importantes para apresentar: o tema, o problema, os
objetivos, os dados e a discussão dos resultados. Pela experiência que tem ao assistir eventos
de formação de professores, Baltazar lembra que apresentações com muitos e detalhesslides
são enfadonhas, visto que as pessoas acabam não prestando atenção. Então, resolve elaborar 
 apenas com os pontos essenciais de cada um dos itens, escrevendo para si um texto deslides
orientação, apenas para não esquecer o que irá falar.
O tema discutido pelo pesquisador foi a avaliação escolar nas séries iniciais, que chamou
bastante a atenção da plateia. Ao apresentar de forma objetiva os resultados, Baltazar indicou
que o ponto mais importante foi perceber que a avaliação vai além de apenas aplicar testes.
Com isso, é significativo observar o progresso da aprendizagem das crianças, pois nem todos
progridem no mesmo ritmo, mas todos avançam em seu próprio tempo.
Esse resultado propiciou que os professores refletissem sobre as práticas e fizessem diferentes
perguntas para Baltazar sobre os instrumentos utilizados para avaliação, surtindo, assim,
resultados positivos para a formação continuada dos cursistas.
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científico em sua área específica. O campo educacional possui especificidades que o caracterizam e o tornam
complexo, como o fato de trabalhar com a formação de crianças, jovens e adultos, e estar em grande parte
financiado com recursos públicos, trazendo mais do que um comprometimento científico, mas, também, social e
político.
Desse modo, a seriedade do pesquisador, o respeito e a consideração pelos apontamentos do orientador são
pontos essenciais, até porque, o orientador já possui mais experiência no assunto e na pesquisa em si, bem como
ao cumprimento dos protocolos éticos e metodológicos e à exposição aos pares. Assim, enumerar essas ações é
relativamente simples, contudo, o processo de construção é complexo e requer dedicação.
A avaliação pelos pares acontece em diferentes momentos da pesquisa.
Primeiro, o projeto precisa ser avaliado pelo orientador, que irá verificar a pertinência científica do tema. O
conhecimento científico não é fruto de simples curiosidade, por isso, precisa ter valor social e requer um
processo de investigação criterioso.
O segundo momento é a avaliação de outros especialistas, ou seja, a qualificação e a banca, onde os profissionais
da área pesquisada irão corrigir e apontar melhorias para o trabalho. Por fim, a publicação em eventos e a
literatura especializada, que requer mais uma avaliação, torna o trabalho cientificamente válido em todas as suas
etapas.
Por outro lado, há momentos da vida acadêmica em que os estudantes realizam trabalhos para cumprir as
exigências do curso e ter notas ou conceitos nas disciplinas. Esses trabalhos fazem parte da formação acadêmica
e profissional, sendo, a partir deles, que os sujeitos desempenham seus papéis sociais enquanto profissionais e
/ou pesquisadores.
Os trabalhos didáticos são tarefas próprias da escolaridade, cobrados em cursos de graduação e pós-graduação,
direcionados por professores. Seus conteúdos integram a formação técnica e acadêmica do estudante. Dessa
forma, quanto maior o grau de especialização, maior será o caráter monográfico dos trabalhos exigidos. Este, por
sua vez, permeia toda a formação de estudantes dedicados aos cursos de licenciatura ou pedagogia.
Todos esses trabalhos contribuem para a formação profissional e acadêmica, e podem ser divulgados para
auxiliar outros profissionais e estudantes. A seguir, conheceremos meios e formas de divulgação de pesquisas.
4.4.3 Divulgação do projeto de pesquisa
Os resultados de pesquisa podem ser divulgados em eventos científicos, como congressos, seminários e
encontros. Nesses eventos, podem ser apresentadas comunicações orais, painéis, mesas de debate, palestras,
conferências e relatos de experiências.
Em forma textual, a divulgação pode ocorrer por meio de artigos, resumos, resumos expandidos, capítulos de
livro, material técnico, entre outros. Os artigos também seguem, de forma geral, as normas da ABNT para
trabalhos acadêmicos, contudo, periódicos científicos e eventos costumam fazer algumas alterações na
formatação. Os artigos, atualmente, ficam disponíveis em meios eletrônicos e são facilmente acessados.
A divulgação dos resultados de pesquisa pode ser feita ao final, com a apresentação dos resultados, ou
parcialmente. Neste caso, há a possibilidade de escrever para eventos ou periódicos apresentando a delimitação
do tema, especificando um dado objeto de pesquisa, levantamentos bibliográficos, revisões de literatura etc.
Seja os resultados finais, os parciais ou o projeto de pesquisa, a divulgação científica é muito importante para
que o campo de pesquisa saiba o que está sendo estudado, o que já foi produzido e o que pode ser investigado. A
tecnologia, inclusive, colabora imensamente, facilitando o acesso a essas publicações. O conhecimento que não é
avaliado por seus pares perde a razão de existir, por isso, a divulgação permite a circulação dos resultados,
aponta lacunas, proporciona a realização de novas pesquisas, possibilita o aperfeiçoamento do campo específico
e dos procedimentos metodológicos. Aliás, discussões que abordam resultados de pesquisas são muito
produtivas para o crescimento e desenvolvimento das pesquisas educacionais.
Agora que pudemos entender a importância do relatório do projeto, na sequência, serão discutidos alguns
apontamentos sobre o relatório final, assim como as possibilidades para futuras pesquisa em educação.
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4.4.4 Considerações sobre pesquisa em ambiente escolar
É comum ouvirmos em ambientes pedagógicos ocupados com propostas de ensino a respeito do cidadão que se
quer formar, a visão de mundo, de conhecimento e de sociedade. Esse discurso pedagógico também está
presente nas pesquisas educacionais para tentar demostrar o embasamento filosófico e epistemológico. Em
outras palavras, as pesquisas desenvolvidas no “chão da escola” permitem ao pesquisador compreender mais de
perto os aspectos políticos, sociais, econômicos, culturais e familiares dos sujeitos envolvidos no processo de
educação formal. Nesse contexto, de acordo com André (2008, p. 141), “Conhecer a escola mais de perto significa
colocar uma lente de aumento na dinâmica das relações e interações que constituem o seu dia-a-dia,
apreendendo as forças que impulsionam ou retêm”.
Estudar o cotidiano escolar envolve descrever, explicar, detalhar, refletir e propor, isto é, as pesquisas não
envolvem apenas recortar o fenômeno, visto que precisam refletir sobre ele com base teórica. Isso porque
descrever o ambiente escolar sem se preocupar com seu contexto não fornece reflexões com profundidade sobre
a prática escolar:
Nesse sentido, o estudo da prática escolar não pode restringir-se a um mero retrato do que se passa
no seu cotidiano, mas deve envolver um processo de reconstrução dessa prática, desvelando suas
múltiplas dimensões, refazendo seu movimento, apontando suas contradições e recuperando a força
viva que nele está presente. (ANDRÉ, 2008, p. 141).
Pensemos, pois, na fertilidade de temas que emergem do cotidiano escolar e podem ser investigados em uma
pesquisa científica: metodologias de ensino, avaliação, indisciplina/disciplina, violência escolar, ,bullying
formação de professores, gestão escolar, organização do trabalho pedagógico, tecnologias educacionais, políticas
escolares, financiamento da educação pública, gestão democrática, família-escolar... São incontáveis
possibilidades. Todas elas, portanto, podem ser investigadas de diferentes formas, contudo, pesquisas que
procuram compreender e refletir sobre o cotidiano escolar precisam considerar aspectos sociais, políticos,
econômicos, culturais e históricos, para tentar compreender o fenômeno de maneira mais integral possível.
O pesquisador, portanto, precisa estar atento ao processo ético para validação, agir com respeito e curiosidade
durante a coleta de dados, a análise e a redação do relatório, de modo que seu texto reflita a realidade e as
interpretações que emanam dos dados.
Possibilidades de pesquisa em educação são imensas, por isso, é preciso organização e fundamentação teórica
consistente para realizar pesquisas que contribuam com a área educacional e auxiliem nas reflexões a respeito
do cotidiano escolar.
Síntese
Finalizamos este capítulo e, com isso, também a disciplina de Pesquisa em Educação. Aqui, aprofundamos nossos
conhecimentos a respeito da elaboração do relatório final da pesquisa, bem como vimos que existem diferentes
tipos de relatórios para diferentes finalidades. Além disso, discutimos questões a respeito da validação da
pesquisa, da divulgação e da escrita científica.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• compreender os fundamentos dos relatórios científicos;
• entender como elaborar um relatório de pesquisa ou projeto;
• conhecer diferentes modalidades de trabalhos acadêmicos;
• verificar quais são os objetivos da linguagem científica;
• compreender a respeito das normas da ABNT e o processo de padronização;
• verificar as possibilidades e desafios de pesquisas realizadas no cotidiano escolar;
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• verificar as possibilidades e desafios de pesquisas realizadas no cotidiano escolar;
• entender os elementos que devem estar presentes no relatório final da pesquisa.
Bibliografia
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. : Informação e documentação – TrabalhosNBR 14724
acadêmicos – Apresentação, de 17 de abril de 2011. Rio de Janeiro, 2011.
ANDRÉ, M. E. D. A. de. Pesquisas sobre escola e a pesquisa no cotidiano escolar. , SãoEccos Revista Científica
Paulo, v. 10, edição especial, jul. 2008. Disponível em: < >.http://www.redalyc.org/pdf/715/71509906.pdf
Acesso em: 08/06/2018.
BARDIN, L. . 4 ed. Lisboa: Edições70, 2010.Análise de conteúdo
BOGDAN, R. B. S. : uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: PortoInvestigação qualitativa em Educação
Editora, 1972.
DUARTE, R. Pesquisa qualitativa: reflexões sobre o trabalho de campo. , n. 115, mar. 2002Cadernos de pesquisa
 Acesso em: 08/06/2018.. Disponível em: < >.http://www.scielo.br/pdf/%0D/cp/n115/a05n115.pdf
ESTRELAS Além do Tempo. Direção de: Theodore Melfi. Estados Unidos: Fox Film do Brasil, 2017. 127 min.
Color.
GATTI, B. A. Estudos quantitativos em educação. , São Paulo, v. 30, n. 1, jan./abr. 2004.Educação e Pesquisa
Disponível em: < >. Acesso em: 08/06/2018.http://www.scielo.br/pdf/ep/v30n1/a02v30n1
GIL, A. C. . 6. ed. Editora Atlas SA, 2008.Métodos e técnicas de pesquisa social
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 24 ed. São Paulo: Cortez, 2016.
•
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	Introdução
	4.1 Organização de dados
	4.1.1 Dados quantitativos
	4.1.2 Dados qualitativos
	4.1.3 Entrevistas
	4.2 Análise dos dados em projeto de pesquisa
	4.2.1 Relatório de pesquisa
	4.2.2 Linguagem científica
	4.3 Relatório de projeto de pesquisa
	4.3.1 Normas da ABNT
	4.3.2 Elaboração de pôster
	4.4 Relatório de pesquisa
	4.4.1 As considerações finais de um estudo
	4.4.2 Socialização e validação dos resultados de pesquisa
	4.4.3 Divulgação do projeto de pesquisa
	4.4.4 Considerações sobre pesquisa em ambiente escolar
	Síntese
	Bibliografia

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