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UNIDADE II – Direito Empresarial Prepostos do Empresário - Modalidades Empresariais - Livre Iniciativa e Concorrência Desleal Prepostos do Empresário Empresário, como organizador de atividade empresarial, necessariamente, deve contratar mão de obra (um dos fatores de produção), seja como empregado, representante, autônomo ou terceirizado (prestador de serviços), todos desempenham tarefas, sob a coordenação do empresário e, para efeitos do direito das obrigações, esses trabalhadores, independentemente da natureza do vínculo contratual, são chamados de prepostos (arts. 1.169 a 1.178 CC). Regra Geral: os atos dos prepostos, praticados no estabelecimento empresarial ou relativos à atividade econômica, obrigam o empresário preponente, assim como as informações prestadas pelos prepostos, bem como compromissos por eles assumidos, atendidos os pressupostos de lugar e objeto, criam obrigações para o empresário (art. 1.178 CC). Os prepostos também respondem pelos seus atos: se agiram com culpa, devem indenizar em regresso; se com dolo, respondem igualmente perante o terceiro, em solidariedade com o empresário ---- Está o preposto proibido de concorrer com seu preponente - quando o faz sem autorização expressa, responde por perdas e danos, podendo também configurar o crime de concorrência desleal (Lei da Propriedade Industrial, art. 195). O Código Civil se refere a dois prepostos especificamente: o gerente e o contabilista. Gerente é o funcionário com funções de chefia, encarregado da organização do trabalho num certo estabelecimento (considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência) – seus poderes podem ser limitados por ato escrito do empresário, arquivado na Junta Comercial - não havendo limitação expressa, o gerente responsabiliza o preponente em todos os seus atos --- O contabilista é o responsável pela escrituração dos livros do empresário - nas grandes empresas costuma ser empregado - nas pequenas e médias, normalmente, é prestador de serviços. Outras diferenças: a) enquanto é facultativa a função do gerente, a do contabilista é obrigatória (CC, art. 1.182); b) qualquer pessoa pode trabalhar como gerente, enquanto que o contabilista deve ser profissional habilitado por órgão competente, ou seja, apenas os regularmente inscritos no órgão profissional podem trabalhar como contador ou técnico em contabilidade, responsáveis pela escrituração dos livros do empresário. Empresário Individual É toda pessoa física, capaz e livre de impedimentos (art. 972 do CC) que exerce, individualmente e em nome próprio, atividade empresarial ----- Trata-se de uma empresa titulada apenas por uma só pessoa física, que integraliza bens próprios à exploração do seu negócio, atuando sem a separação jurídica entre os seus bens pessoais e os seus negócios. Não vigora o princípio da separação do patrimônio: proprietário responde, ilimitadamente, pelas dívidas contraídas no exercício da sua atividade, com todos os bens pessoais que integram o seu patrimônio, assim como os do seu cônjuge (comunhão de bens). Essa responsabilização ilimitada ocorre nos dois sentidos: o patrimônio integralizado para explorar a atividade comercial também responde pelas dívidas pessoais do empresário e do cônjuge --- A empresa (nome comercial) deve ser composta pelo nome civil do proprietário, completo ou abreviado, podendo conter um nome pelo qual ele seja conhecido no meio empresarial e/ou a referência à atividade da empresa. Requisitos legais: - Capacidade: maior de 18 anos ou emancipado (art. 5º CC); - Exercer atividade empresarial; - Livre de impedimentos: sem proibições nas quais uma pessoa não pode exercer atividade empresarial (empresário falido, servidor público (empresário individual), estrangeiro etc.); - Registro: Sistema nacional de registro de empresas mercantis (SINREM) (art. 967 do CC); Proibidos de exercer a empresa como empresários individuais: - Os incapazes; - Os chefes, agentes ou auxiliares do Poder Executivo e os membros dos Tribunais de Contas; - Os órgãos do Legislativo: art. 54, II, CF/88; - Os magistrados: art. 47, II, LOMAJ e membros do MP: art. 36, I, lei 8625/93 c/c art. 44, III LONMP, - Os funcionários públicos: art. 117, X, lei 8112/90, c/c art. 195, VI e VII da lei1711/52; - Os estrangeiros com visto provisório: lei 6815/80; - Os militares na ativa e policiais: arts. 180 e 204 COM; 35 Dec-lei 1.029/69, c/c 29 lei 6.880/80; - Os falidos, enquanto não-reabilitados (art. 102 lei 11.101/2005). - Os corretores oficiais: (art. 36, dec. 2.191/32 ); - Os leiloeiros (dec. 2.198/36, art. 36); - Os prepostos comerciais: (CLT, art. 482); - Os devedores do INSS: (Lei 8.212/91, art. 95, §2º); - Os cônsules remunerados: (dec. 4.868/82, art. 11 e dec.3529/89, art. 42); - Os médicos para o comércio farmacêutico: dec. 19.606/31 c/c dec. 20.877 e lei 5991/73. Empresário Rural: Aquele que, basicamente, exerce atividades ligadas à produção rural ----- Caso este requeira sua inscrição no registro das empresas (Junta Comercial), será considerado como empresário e se submeterá às normas de Direito Comercial (Empresarial) (art. 971 do CC) – ex. Agronegócio. Caso não requeira a inscrição nesse registro, não será considerado como empresário e seu regime será o do Direito Civil (atividade econômica civil) – ex. negócios rurais familiares. Cooperativas: As cooperativas são sociedades de pessoas, com personalidade jurídica própria e natureza civil, sem objetivo de lucro, constituídas em benefício dos próprios associados, podendo operar em qualquer ramo de atividade, sendo consideradas como sociedades simples, qualquer que seja seu objeto (Art. 982, p. único do CC) – Sociedade de natureza civil, não empresarial --- Sua regulação se dá, basicamente, pelos artigos 982, 1093 e seguintes do CC, bem como pela Lei n. 5.764/71, pela LC 130/2009 e pela MP 2.168/2001 – 40. Art. 982 - Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único - Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP): O art. 179 CF/88 estabelece que o Poder Público dispensará tratamento diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte, tendo sido editada a Lei Complementar 123/06 (Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte) ---- Atualmente, a lei define Microempresa como aquela cuja receita bruta anual é até R$ 360.000,00 e Empresa de Pequeno Porte aquela cuja receita bruta anual é entre esse valor e R$ 3.600.000,00 (receita bruta anual é conceito sinônimo de faturamento). O nome dessas espécies de empresas deve ser acrescido das expressões “Microempresa” ou “Empresa de Pequeno Porte”, ou as abreviaturas ME ou EPP. O Estatuto ainda criou o “Simples Nacional”, espécie de regime tributário simplificado, no qual os optantes pagam IR, PIS, IPI, contribuições e, eventualmente, o ICMS e o ISS mediante um único recolhimento mensal proporcional ao seu faturamento, bem como estão dispensadas de manter escrituração mercantil, embora devam emitir nota fiscal e conservar os documentos relativos à sua atividade. Pressupostos constitucionais do regime jurídico-comercial (Livre Iniciativa) A Constituição, ao dispor sobre a exploração de atividades econômicas atribuiu à iniciativa privada o papel primordial (art. 1°), reservando ao Estado apenas função supletiva (art. 170), só possível em hipóteses excepcionais (art. 173). Art. 1º da CF - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Ao atribuir à iniciativa privada tal papel, a Constituição torna possível a previsão de um regime específico e pertinente às obrigações do empreendedor privado - caso contrário, a iniciativa privada permaneceria inerte, ou seja, é pressuposto jurídico do regime jurídico-comercial, uma Constituição que adote os princípios do liberalismo (ao menos uma vertente neoliberal), no regramento da ordem econômica - sem um regime econômico de livre iniciativa ou livre competição, não há direito comercial - legislação ordinária: repressão ao abuso do poder econômico e à concorrência desleal. Proteção da ordem econômica e da concorrência: O legislador estabeleceu mecanismos de amparo à liberdade de competição e iniciativa, coibindo práticas incompatíveis com o regime, agrupadas em duas categorias: infração à ordem econômica e concorrência desleal. Lei de Infrações contra a ordem econômica As infrações contra a ordem econômica (antigo “abuso do poder econômico”) - definidas na Lei n. 8.884/94 (LIOE) – caracterização: necessidade da conjugação de dois dispositivos: o art. 20 (estabelece o objetivo ou efeitos possíveis da prática empresarial ilícita) e o art. 21 (elenca diversas hipóteses (condutas) de ocorrência da infração). Síntese: as condutas elencadas no art. 21 somente caracterizam infração se presentes os pressupostos do art. 20: apenas será considerada como infração se a conduta tiver por objetivo (ou atingi-lo, mesmo sem intenção) algum dos efeitos descritos no artigo 20 - por outro lado, qualquer prática empresarial, ainda que não mencionada pelo legislador no art. 21, configurará infração contra a ordem econômica se os seus objetivos ou efeitos forem os referidos no art. 20. Práticas empresariais configuradas como infrações - condutas que visem limitar, falsear ou prejudicar a livre concorrência ou livre iniciativa; dominar mercado relevante de bens ou serviços; ou aumentar arbitrariamente os lucros - a repressão a tais condutas está fundada no texto constitucional (CF, art. 173, §4°). Para a análise da vinculação entre a natureza da conduta e o seu objetivo ou efeito (potencial ou realizado): irrelevância da existência de culpa do empresário (para a caracterizar a infração basta a prova de que produziu, produziria ou poderia produzir os efeitos considerados abusivos). A caracterização de infração à ordem econômica dá ensejo à repressão de natureza administrativa, de competência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Sanções administrativas previstas em lei: multa, publicação pela imprensa do extrato da decisão condenatória, proibição de contratar com o Poder Público ou com instituições financeiras oficiais, inscrição no Cadastro Nacional de Defesa do Consumidor etc - paralelamente a esse procedimento administrativo, tipifica a Lei n. 8.137/90 algumas práticas empresariais como crime contra a ordem econômica (arts. 4º a 6º), com penas de detenção para os Empresários/Administradores que as praticarem. Concorrência Desleal (Lei da Propriedade Industrial) Repressão à concorrência desleal feita em dois níveis: esfera penal (são tipificados como crime os comportamentos elencados no art. 195 da LPI e esfera civil (pode ter fundamento contratual ou extracontratual). Repressão civil com fundamento contratual: o concorrente desleal deve indenizar o prejudicado por ter descumprido a obrigação decorrente de contrato - ex.: art. 1.147 do CC. Repressão civil com fundamento extracontratual: concorrência criminosa (LPI, art. 195) gera, além da penal, a responsabilização civil de compor eventuais danos - a própria LPI (art. 209) admite a possibilidade do prejudicado haver perdas e danos por atos não tipificados como crime. A distinção entre a concorrência regular e a desleal é bastante imprecisa - depende de apreciação especial e subjetiva das relações costumeiras entre os empresários no caso concreto – inexistência de critério geral e objetivo para caracterização da concorrência desleal não criminosa – princípio da razoabilidade e da ponderação.
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