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História dos Computadores e do Descobrimento do Brasil

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CURSO PREPARATÓRIO PARA A 10ªOLIMPÍADA NACIONAL EM HISTÓRIA DO BRASIL
JI-PARANÁ, 2017
1ª Questão
As primeiras cinco fases de nossa Olimpíada acontecem por meio digital. Você está agora, provavelmente, diante de um computador. Essa máquina tem uma história, e essa faz parte da sua própria história. Observe estas propagandas de micro-computadores, ambas da década de 1980; a primeira trata do modelo TK 85 e a segunda, de um modelo posterior, o TK 95.
A. As propagandas indicam que o computador tornava-se um equipamento pessoal, utilizado nos lares.
B. A propaganda do TK95 apela para a questão da informação, tanto em seu texto como na imagem, demonstrando outros usos potenciais para aquela máquina.
C. O TK 85 era um equipamento pouco sofisticado, o que tornava extremamente lento para o usuário comum navegar na internet.
D. À medida que havia mais recursos tecnológicos, o computador se tornava mais presente na vida das pessoas, deixando de ser um equipamento prioritariamente de trabalho, trazendo recursos de lazer.(transcrição da propaganda)
Leve logo um microcomputador TK 85, porque ele é realmente fácil de usar: já vem com manual de instruções, que ensina, em português claro, a linguagem Basic.
A partir daí, você pode preparar seus próprios programas ou utilizar as centenas de programas que já existem no mercado, para cadastrar clientes, controlar estoques, manter em ordem o orçamento familiar, fiscalizar a conta bancária, estudar matemática, estatística, jogar xadrez, guerra nas estrelas, e o que mais você puder imaginar.
E, além disso tudo, o TK 85 tem também o preço mais acessível do mercado. Peça uma demonstração.
TK 85, o micro que você pode usar. Microdigital computadores pessoais.
(transcrição da propaganda)
O novo TK 95 é o único micro em sua categoria que trabalha como gente grande.
Enquanto outros micros são usados com jogos eletrônicos, o TK 95 trabalha com impressora, Vídeo-Texto, Mouse. E ainda permite o uso da exclusiva Light Pen, que desenha direto na tela da Televisão. Quer dizer, enquanto outros micros ainda estão na infância, o TK 95 já está indo à escolas, universidades. Ele usa uma linguagem “Logo”, para educação, muito superior à dos outros.
Prova disso, é que foi aprovado pelo Ministério de Educação da Inglaterra. Aliás, graças a sua facilidade de uso, é o micro ideal para se iniciar em informática.
O TK 95 faz mais do que os outros, e faz melhor: tem melhor resolução gráfica e oito cores, que podem, inclusive ser combinadas, até 64 cores. E para acabar com qualquer comparação, o TK 95 tem mais de 1000 softwares disponíveis.
Inclusive moderníssimos jogos eletrônicos, porque ninguém é de ferro. Nem o computador. Microdigital.
2ª Questão
Leia o documento abaixo e selecione, dentre as alternativas, aquela que considerar a mais pertinente:
Trechos da carta de Pero Vaz de Caminha
Senhor:
Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que — para o bem contar e falar — o saiba pior que todos fazer. (…)
Viu um deles [índio] umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do Capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo.
Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não o queríamos nós entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou as contas a quem lhas dera. (…)
Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm, nem entendem em nenhuma crença.
E portanto, se os degredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho, que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa. Portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da sua salvação. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim.
Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios, que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos. (…) e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. (…) De ponta a ponta, é toda praia parma, muito chã e muito formosa.s
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela 0deve lançar. (…)
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
Pero Vaz de Caminha
Sobre os excertos da carta de Pero Vaz de Caminha acima, podemos dizer:
A. Na carta ao rei de Portugal Pero Vaz de Caminha descreve a terra encontrada.
B. O documento descreve uma população nativa que o autor narra como generosa e gentil, e por este motivo deve ser cuidada.
C. A carta indica ao rei de Portugal formas de se apossar de riquezas e de expandir o cristianismo.
D. A carta indica que os índios produziam seus alimentos em roças e criavam rebanhos para seu sustento.
3ª Questão
A carta de Pero Vaz de Caminha foi recuperada pela historiografia nacional principalmente durante o século XIX. Foi re-editada e tornou-se de grande interesse, considerada a “certidão de nascimento” do Brasil. Ela pôde ser assim chamada porque:
A. Foi considerado o primeiro documento escrito sobre o Brasil.
B. Pero Vaz de Caminha foi o único a dar a boa nova do achamento do Brasil.
C. Por meio deste documento os portugueses declararam a posse do Brasil.
D. Descreve a natureza e as gentes.
4ª Questão
A imagem que vemos acima:
A. É uma fotografia panorâmica da construção da capital federal do Brasil durante o governo de Juscelino Kubitschek (1955-1960).
B. É um plano urbano cujos prédios, ainda em sua estrutura, abrigariam moradias populares.
C. É um documento que registra a construção da capital do Brasil.
D. Mostra a construção de uma cidade planejada.
5ª Questão
Imagens como a abaixo, cujo interior é oco, foram comuns na região das Minas Gerais durante o século XVIII.
Sobre ela podemos dizer que:
A. Se trata de uma estátua feita em madeira, provavelmente por algum artista da região das minas.
B. Era utilizada para o contrabando de ouro, driblando a fiscalização colonial.
C. Era utilizada somente por fiéis que guardavam relíquias em seu interior.
D. O uso atual da expressão “santo do pau oco” deriva do uso desse objeto para a contravenção.
6ª Questão
Mapa das Províncias brasileiras -1822
Mapa do Brasil - atual
Estes dois mapas, um de 1822 e outro atual, registram momentoshistóricos distintos da conformação do território nacional. Ao observar os dois mapas, pode-se afirmar que:
A. A configuração geográfica do território brasileiro resulta de um processo histórico.
B. A maior parte do território brasileiro já estava configurada em 1822.
C. A região cisplatina deixou de pertencer ao Brasil.
D. A área compreendida pela floresta Amazônica não integrava em 1822 o território brasileiro.
7ª QuestãoTranscrição:
“Eu abaixo assinado declaro que tenho vendido a Ilmª D. Maria Antonia Teixeira um Escravo de nome Benedicto de nação Crioulo com todos os vícios e achaques novos e velhos tal e qual o possuo pela quantia de Duzentos e dez mil réis que recebi em favor desta em notas correntes – livre e desembaraçado de penhores e hipotecas, obrigando esse se fazer boa e valiosa venda para sempre fazendo o dito __________________ obrigado a pagar a Ciza.
Rio de Janeiro 4 de Set de 1851
SÂO R500$010
Declaro que este escravo me foi remetido de Pernambuco por Manoel Pereira Teixeira. do qual faço venda por consentimento e ordem de José Teixeira Bastos.
Consentimento e afirmação acima João Antonio da C. Porto”
Glossário:
Crioulo: O termo crioulo era utilizado para designar os descendentes de estrangeiros. Na América Espanhola o termo era utilizado para diferenciar os filhos dos espanhóis nascidos nas colônias dos próprios espanhóis. Também era utilizado para distinguir os negros nascidos no Brasil e nos EUA dos trazidos da África. No século XIX, no Brasil, era comum a utilização de vários tipos de indicações para identificar os escravos, uma delas era a sua origem, para isso geralmente o nome do cativo vinha acompanhado do local onde havia nascido. Os Africanos eram identificados a partir do porto de embarque na África (Angola, Cabinda, Benguela, Guiné etc.) e os filhos de africanos nascidos no Brasil identificados como crioulos.
Achaque: Termo utilizado para descrever de forma geral as imperfeições morais, a más disposições, manias, vícios e tendência a doenças. No caso dos escravos o termo podia ser utilizado no momento da venda como declaração de que o cativo possuía vícios, garantindo assim que a informação fora dada antes de se efetuar a venda.
Afirmação: Refere-se ao ato de afirmar ou firmar aquilo que foi dito ou escrito. Em documentos refere-se à assinatura daquele que realiza o negócio ou faz uma declaração.
Ciza: O termo Ciza refere-se ao imposto que se deveria pagar ao Estado sobre a compra e venda de bens, nos quais se incluíam os escravos. Essa taxa é chamada nos dias de hoje de imposto de transmissão. É importante lembrar que no século XIX devido à não padronização da ortografia brasileira esse, como tantos outros termos, podia receber mais de uma grafia, sendo encontrado em documentos grafado como Sisa, Cisa ou Siza.
8ª Questão
A imagem abaixo expressa de forma irônica uma fase da história recente do Brasil:
A. Trata-se de uma charge que satiriza um sentimento patriótico que o governo militar queria difundir.
B. Mostra que aqueles que se submetiam ao regime seriam expulsos do país.
C. Trata-se de uma charge de autoria de Ziraldo publicada no jornal Pasquim de 1970.
D. A figura central da charge representa os poderes dominantes do Brasil naquela época.
9ª Questão
Arredores do Rio Araguari ou Rio das Velhas. Viagem à Província de Goiás. Auguste de Saint-Hilaire.
“O Capitão da aldeia da Estiva tinha-me hospedado em sua casa. Ao anoitecer os habitantes do lugar reuniram-se ali, de volta de suas lavouras, e pude observá-los à vontade (…) eram todos mestiços de índios com negros (…) falavam a (…) ‘língua geral’ e se dedicavam ao cultivo da terra, demonstrando pelo seu modo de vestir que não viviam na indigência. Enquanto me encontrava entre eles chegou à aldeia um agricultor das redondezas com alguns burros carregados de lingüiças, de carne de porco salgada, de cachaça e de rapaduras (…). O homem encontrou fácil saída para os seus produtos, seja vendendo-os, seja trocando-os por algodão fiado ou peles de veado.”
Diário de uma Viagem ao Brasil. Maria Graham.
“Tomei chá em casa da Baronesa de Campos e lá encontrei uma grande reunião de família que se realiza sempre aos domingos para tributar homenagens à velha senhora. O chá foi feito por uma das moças com o auxílio da irmã, tal como se daria na Inglaterra. Uma grande urna de prata, bules de chá também com prata, jarras de leite e pratos de açúcar, com elegantes porcelanas da China, estavam colocados numa grande mesa, em volta da qual se reuniam diversas moças. De lá mandavam servir o chá em torno de nossa roda (…). Em seguida, ofereceram-se doces de todas as espécies, após o que todo mundo tomou um copo d’água.”
O que era a “língua geral”?
Glossário/explicação
No Brasil, as línguas de base indígena, utilizadas ao longo do território brasileiro, recebem o nome de língua geral. A língua geral é uma língua franca, ou seja, uma língua que garante a comunicação entre falantes de línguas diversas. No caso, a língua geral era uma língua usada por índios, portugueses e brasileiros. No século XVIII havia duas línguas gerais: a língua geral paulista, falada ao sul do país no 
processo de expansão bandeirante, e a língua geral amazônica ou nheengatú, usada no processo de ocupação amazônica. Destas duas línguas gerais somente o nheengatú continua a ser utilizado entre os indígenas de diferentes etnias, habitantes da região norte do país. Quando, ainda durante a colonização, Portugal decidiu impor o português como língua oficial, desenvolveu políticas claras para fazer desaparecer a língua geral, dentre elas, o Édito dos Índios, iniciativa do Marquês de Pombal, que proibia o uso da língua geral na colônia.
Após ler os textos acima, selecione a alternativa:
A. Os dois textos se referem a um conjunto diversificado de hábitos de alimentação em diferentes regiões do Brasil nas primeiras décadas do século XIX.
B. Os textos dos viajantes estrangeiros nos informam como viviam nossos antepassados e os costumes característicos desta época.
C. A vida cotidiana em partes distintas do Brasil indica as diferenças de economia, sociedade e cultura entre as vilas rurais do interior e os padrões burgueses europeizados dos grupos sociais abastados da Corte.
D. Os viajantes estrangeiros estavam mais interessados na economia brasileira do que em mostrar costumes nacionais.
10ª Questão
A imagem abaixo, sobre o fim da Guerra do Paraguai, foi publicada na revista Semana Illustrada de 27 março 1870. A partir da observação da imagem e de sua legenda podemos dizer que:
A. A morte de Solano Lopez foi descrita como um grande feito brasileiro.
B. O autor via como diabólica a participação brasileira na guerra.
C. Para o autor a guerra do Paraguai foi uma batalha contra a tirania de um governante cruel.
D. A descrição do líder paraguaio como um monstro ajudou a construir a imagem do Brasil como o de libertador daquela nação.
11ª Questão
Jean de Walbeeck, no Relatório apresentado ao parlamento holandês em 1633, ao discorrer sobre a possibilidade de invasão de terras brasileiras, apontou:
Relatório apresentado ao parlamento holandês
“O Brasil oferece grandes lucros aos portugueses. Em relação ao nosso país, verificar-se-á que esses lucros e vantagens serão maiores para nós. Os açúcares do Brasil enviados diretamente ao nosso país custarão bem menos do que custam agora, pois que serão libertados dos impostos que sobre eles se cobram em Portugal e, desta forma, destruiremos seu comércio de açúcar. Os artigos europeus, tais como tecidos, panos etc., poderão, pela mesma razão, ser fornecidos por nós ao Brasil muito mais barato; o mesmo se dá com a madeira [Brasil] e o fumo. Quanto à situação da parte norte do Brasil, verificar-se-á que nenhuma outra aparece situada tão vantajosamente para o nosso país, pois é a mais oriental de toda a América meridional, de modo que uma viagem comum, seja de ida, seja de volta, pode ser calculada em dois meses. Uma vez de posse desta parte setentrional do Brasil, destruiríamos todoo comércio de açúcar português.”
Baseado nos seus conhecimentos e nas informações contidas no documento acima, escolha a alternativa:
A. O documento refere-se à justificativa para a invasão holandesa no Brasil.
B. O documento indica interesse comercial holandês pelo Brasil.
C. A região setentrional à qual o documento se refere é a atual região Norte do país.
D. Além do açúcar, havia vários interesses marítimo-comerciais dos holandeses incluindo a desmontagem do domínio português.
12ª Questão
Voto feminino
O aeroplano como vehiculo de propaganda RIO, 12 – O feminismo continua a sua propaganda. Hoje, a cidade assistiu a um interessante e inedito acontecimento. Distinctas senhoras, que fazem parte proeminente da diretoria da “Federação Brasileira pelo Progresso Feminino”, voaram sobre a cidade em aeroplano, distribuindo cartões postaes e manifestos de propaganda do voto feminino.
Foram as sras. Bertha Lutz, sua brilhante presidente, d.Maria Amalia Bastos, primeira secretaria e dra. Carmen Velloso Portinho, thesoureira. 
Um dos postaes tinha os seguintes dizeres: “As mulheres já podem votar em trinta paizes e um Estado brasileiro porque não hão de votar em todo o Brasil?
Paizes nos quaes as mulheres exercem direitos eleitoraes: Allemanha, Argentina (S.Juan),Australia, Austria. Belgica, Birmania, Canadá, Colonia de Kenya, Dinamarca, Estados Unidos, Esthonia, Finlandia, Grã Bretanha, Hespanha, Hollanda, Hungria, Irlanda (Estado Livre), Irlanda (Norte), Islandia, Indias Britannicas e Estados Livres, Italia, Jamaica, Lethonia, Lithuania, Luxemburgo, Man (Ilha de), Mancha (Ilha da), Mexico, Noruega, Nova Zelandia, Palestina, Polonia, Rhodesia do Sul, Rumania, Russia, Suecia, Terra Nova, Tcheco Slovaquia e Brasil “Rio Grande do Norte”.
(…)
As feministas deixaram ainda cahir o seguinte appello á imprensa:
“A Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, orgam do movimento feminista no Brasil faz um appello á imprensa carioca, sempre generosa na defesa das causas nobres, solicitando que dê o seu apoio á campanha em pról dos direitos politicos da mulher”.
A. De acordo com a notícia, a maioria das mulheres brasileiras na década de 1920 não tinham direito ao voto.
B. A Federação Brasileira pelo Progresso feminino fazia uma intensa campanha para assegurar às mulheres brasileiras o direito universal ao voto.
C. Os direitos políticos das mulheres eram considerados fundamentais para a sua emancipação política.
D. As feministas de 1928, assim como hoje em dia, defendiam a igualdade entre homens e mulheres.
13ª Questão
Em 1º de junho de 1826, o navio Frederico partiu do porto de Bremen, na atual Alemanha, com destino ao Brasil. Um documento de registro mostra que os colonos transportados nesta embarcação eram os seguintes:
Lista de colonos
Listagem oficial
Família 1: Jorge Godofredo Engele, 37 anos, casado, mestre-escola, protestante, Würtenberg Margarida, sua mulher, 34 anos, Catarina, 3 anos, Jorge Miguel, 2 anos.
Família 2:Godofredo Gebert, 42 anos, casado, alf., prot. Würt, Cristina, sua 2a mulher, 42 anos Sofia Carolina, filha do 1o matrimonio, 14 anos, Henrique, idem, 10 anos, Sofia, 8 anos Madalena, filha do 2 º matrimônio, 15 anos, Miguel, idem, 2 anos, Frederico Ewerard, 5 sem., nascido no mar, em. 21 -V -26.
Família 3: (Ficou no Rio de Janeiro).
Família 4: José Weber, 36 anos, casado, oleiro, cat., Würt, Ana Maria; sua mulher, 37 anos, André, filho, 14 anos, Madalena, 12 anos, Bárbara, 8 anos, Mariana, 4 anos, Ana Cristina, 4 anos, Crescêncio, 11/2 ano.
Família 5: Francisco Schield, 39 anos, cas., fer., cat., Prússia, Izabel, sua mulher, 31 anos, Jacob, filho, 6 anos, Bárbara., 5 anos, Madalena, 3 anos,Margarida, 1 ano.
Familia 6: Francisco José Salzlein, 40 anos, casado, carpinteiro, católico, Würtenberg, Margarida, sua mulher, 44 ,anos, Barbara Heiligenthal, filha do 1º matrimonio da mulher, 18 anos, João, filho do casal, 13 anos, Jose Francisco, 6 anos.
Familia 7: Jacob Eckhardt, 46 anos, casado, sap., cat., Würt., Margarida, sua mulher, 43 anos, Margarida, filha, 18 anos, solteira, José, 12 anos, Dorotea, 8 anos, Mariana, 5 anos.
Familia 8: João Jorge Raupp, 44 anos, cas., lav., cat., Würt., Apolônia, 42 anos, Francisco, filho, 10 anos, André, 5 anos, Julião, 3 anos.
Familia 9: José Raupp, 46 anos, casado, lav., católico, Würt..,Cristina, sua mulher, 31 anos, Ana Maria, filha, 9 anos, Daniel, 6 anos, Maria Cristina, 2 anos,José Weber, sogro do chefe, 61 anos, viúvo, oleiro, católico, Würt.
Familia 10: João Model, 33 anos, casado, lav. católico, Würt, Mariana, sua mulher, 27 anos, Anna Bárbara, filha, 2 anos, Ana Maria Bozel, 34 anos, cunhada do chefe, solt.
Familia 11: Francisco Lippert, 40 anos, cas., sap., prot. Prus., Francisca, sua mulher, 30 anos, Jacob, filho, 11 anos, Marilia, 9 anos, Catarina, 7 anos,Nicolau, 4 anos, Margarida, 2 anos
Familia 12: Catarina Bárbara Gretschmann, 33 anos, solteira, prot.. Würt. (Casou no Rio com um soldado do batalhão 27o Caçadores),Joana Rosita filha, 5 anos.
Familia 13: Ana Margarida Kern, 48 anos, cas., prot., Würt., Helena Bárbara, filha, 15 anos, so1teira, Ana Margarida, 13 anos, Henrique Carros, 10 anos, Anna Bárbara, 7 anos.
AVULSOS
Conrado Cristiano Meyer, 25 anos, solteiro, ecônomo, prot., Hanover.
Adolio Schroder, 40 anos, solt., católico, Bremen.
João Jorge Rheinhardt, 28 anos, lav., prot. Würt.
João Sebastião Diez, 25 a., solt., padeiro, Würt.
Adão Nicolau Oreans, 35 anos, ecônomo, cat., Bade.
Observando essa lista e as informações nela contidas, podemos afirmar:
A. Os chefes de família dos colonos que formavam estes grupos declaravam sua idade, estado civil, profissão, religião e local de origem.
B. Eram exclusivamente famílias numerosas, condição necessária para o trabalho agrícola.
C. Entre eles encontravam-se profissionais e artesãos de ofícios essenciais à vida cotidiana das pequenas comunidades rurais.
D. A experiência da imigração para o Brasil é um tema que antecede o advento da República.
14ª Questão
O preço da liberdade
Em 8 de novembro de 1799, quatro homens foram enforcados e esquartejados em praça pública na cidade de Salvador. Condenados por conspirarem contra a Coroa de Portugal, os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira, e os soldados Lucas Dantas de Amorim Torres e Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga participaram do movimento que ficou conhecido como Conjuração Baiana, ou Conjuração dos Alfaiates. Era o fim de um processo deflagrado no ano anterior, quando em 12 de agosto, a população de Salvador fora convocada, por 
panfletos afixados em locais públicos da cidade, para uma “revolução” que instituiria uma “república democrática” no Brasil. A documentação sugere que a composição social da Conjuração Baiana de 1798 ficou circunscrita às médias e baixas camadas daquela sociedade desde os primeiros momentos do inquérito. No entanto, denúncias sobre a participação de homens ricos e poderosos no movimento chegaram a Lisboa, mas não foram adiante. Os homens de posses ofereceram à Justiça alguns de seus escravos, como se eles fossem, junto com outros suspeitos já arrolados, os únicos participantes da conspiração, permitindo que seus senhores saíssem ilesos da investigação. Estavam envolvidos senhores de engenho, negociantes, autoridades locais. O que surpreende é que até hoje o movimento seja conhecido como a “mais popular das revoltas” do fim do século XVIII, apesar dos depoimentos dos cativos denunciarem a participação de homens de “consideração”.
Escolha a alternativa mais pertinente:
A. O texto põe em questão a representação historiográfica que caracteriza essa conjura como exclusivamente popular.
B. Os homens de “consideração” envolvidos no movimento ocorrido em Salvador livraram-se das acusações culpando seus escravos.
C. Não havia distinção social entre os envolvidos na Conjuração Baiana.
D. Os revoltosos colocaram em pauta uma discussão sobre revolução, república, democracia e, nesta cultura política, os panfletos foram uma forma de comunicaçãoimportante.
15ª Questão
Trecho do texto "Falso moralismo"
“A corrupção não poupou a ditadura militar brasileira porque estava representada na própria natureza desse regime. Estava inscrita em sua estrutura de poder e no princípio de funcionamento de seu governo. Numa ditadura onde a lei degradou em arbítrio e o corpo político foi esvaziado de seu significado público, não cabia regra capaz de impedir a desmedida: havia privilégios, apropriação privada do que seria o bem público, impunidade e excessos.
A corrupção se inscreve na natureza do regime militar também na sua associação com a tortura – o máximo de corrupção de nossa natureza humana. (…)
Ao se materializar sob a forma de política de Estado durante a ditadura, em especial entre 1969 e 1977, a tortura se tornou inseparável da corrupção. Uma se sustentava na outra. O regime militar elevou o torturador à condição de intocável: promoções convencionais, gratificações salariais e até recompensa pública foram garantidas
aos integrantes do aparelho de repressão política. Caso exemplar: a concessão da Medalha do Pacificador ao delegado Sérgio Paranhos Fleury (1933-1979).”
Segundo o texto acima:
A. A ausência de princípios democráticos durante a ditadura militar (1964-1985) era um elemento de desmando e fonte de corrupção.
B. O conceito de corrupção é ampliado ao se identificar com a noção de desrespeito à dignidade humana com o uso da tortura.
C. Os militares foram bem sucedidos em coibir a corrupção existente no poder público.
D. Corrupção e práticas abusivas podiam ocorrer até mesmo sob o amparo da lei.
17ª Questão
Na Revista Illustrada de 06 de Novembro de 1880 o artista Ângelo Agostini retratou, por meio dessa ilustração e da legenda “Uma nuvem que cresce cada vez mais”, a abolição da escravidão.
Sobre o documento, podemos dizer que:
A. Utiliza texto e imagem para criticar a escravidão do período.
B. Mostra o senhor que tenta defender-se da “tempestade do abolicionismo” e ao mesmo tempo impedir que seu escravo, que continua a trabalhar, veja-a.
C. Representa o movimento abolicionista como uma tempestade que se aproxima.
D. Mostra que Agostini era a favor da escravidão ao representar as dificuldades enfrentadas pelos senhores de escravos em manter os cativos sob seu domínio
18ª Questão
Conselho Ultramarino
Representação legal
“Pede o Conselho que Vossa Majestade mande passar ordem ao governador das Minas pelas quais se lhe que não possa daqui em diante ser eleito vereador ordinário, nem andar na administração das vilas daquela capitania, homem que seja mulato dentro de quatro graus em que o mulatismo é impedimento, e que também não possa ser eleito […]. Desta forma, ficarão aqueles ofícios dignamente ocupados e se conseguir que homens daquele país procurem deixar descendentes não defeituosos, impuros […]”. 
Por meio do documento, podemos afirmar que:
A. O Conselho preocupava-se em livrar o governo de três categorias distintas de pessoas: mulatos, indivíduos com deficiências físicas e indivíduos com deficiências morais.
B. O Conselho considerava aptas a ocuparem cargo público apenas as pessoas brancas.
C. Tratava-se da lógica da “limpeza de sangue”, ainda vigente na colônia no século XVIII.
D. O pedido do Conselho Ultramarino ao rei indica que era possível que indivíduos mulatos pleiteassem cargos públicos.
19ª Questão
Quadrinha de 1824
Sem grande corte na Corte
Não se goza um bem geral;
Que o corte é que nos faz bem,
A Corte, é quem nos faz mal.
A partir da quadrinha acima podemos verificar que:
A. Havia descontentamento dos pernambucanos com o governo de Dom Pedro I.
B. A expressão “corte na Corte” refere-se à vontade separatista.
C. Que o descontentamento não era com o Imperador, mas com os políticos que não representavam bem as suas províncias.
D. Que a restrita possibilidade de participação no governo de Pedro I justificava o rompimento entre o nordeste e o resto do país.
20ª Questão
Ainda sobre a confederação do Equador, da qual tratamos na questão 19, podemos dizer que:
A. No Brasil não havia equilíbrio entre as unidades político-administrativas.
B. Foi um movimento republicano que se inspirava no liberalismo e no federalismo.
C. Trata-se de um levante isolado, uma reação pernambucana aos desmandos do Imperador que recebeu a reprovação das outras províncias do norte e nordeste, sendo intensamente combatido por seus vizinhos.
D. Está inserido em um grupo de movimentos ocorridos no nordeste caracterizados pela contestação e resistência.
21ª Questão 
Texto de Antonio Vieira (1694)	
“São pois os ditos índios aqueles que vivendo livres e senhores naturais das suas terras, foram arrancados delas com suma violência e tirania, e trazidos em ferros com as crueldades que o mundo sabe, morrendo natural e violentamente muitos nos caminhos de muitas léguas até chegarem às terras de São Paulo onde os moradores serviam e servem deles como de escravos. Esta é a injustiça, esta é a miséria, isto o estado presente, e isto o que são os índios.”
Texto de Domingos Jorge Velho
“(…) e se ao depois de dominá-los nos servimos deles para as nossas lavouras; nenhuma injustiça lhes fazemos; pois tanto é para os sustentarmos a eles e a seus filhos como a nós e aos nossos; e isto bem longe de os cativar, antes se lhes faz hum importante serviço em os ensinar a saberem lavrar, plantar, colher e trabalhar para seu sustento, coisa que antes os brancos lho ensinem, eles não sabem fazer”.
Glossário: “e isto bem longe de os cativar” 
No sentido de escravizá-los.
Depois de ler ambos os documentos, podemos afirmar que:
A. O uso do trabalho indígena é interpretado de formas diferentes pelo religioso e pelo bandeirante. Enquanto o primeiro o vê como injustiça e crueldade, o segundo o vê como serviço prestado, que resulta em aprendizado para os índios.
B. Apesar de proibida, a escravidão indígena era prática corrente em toda a colônia.
C. Tanto a posição do jesuíta como a do bandeirante fazem parte de uma mesma lógica: a da colonização.
D. Os dois textos consideram que apenas a escravidão pode civilizar os indígenas.
22ª Questão 
Luzia
Nos últimos 20 anos vários pesquisadores vêm sugerindo que a ocupação da América seria mais antiga, mas, há pouco tempo, surgiram provas convincentes. Entre elas está Luzia, cujos estudos trouxeram ainda outras novidades.
No município de Pedro Leopoldo, região de Lagoa Santa, Minas Gerais, um grupo de arqueólogos brasileiros e franceses encontrou, em 1975, partes de um esqueleto em uma gruta chamada Lapa Vermelha IV. As informações iniciais sugeriam que o
esqueleto (de uma mulher entre 20 e 25 anos de idade – Luzia) deveria ser muito antigo, mas naquela época não foi possível datar com precisão o material. (…)
Só a partir das pesquisas feitas [por] Walter Neves, da Universidade de São Paulo, Luzia teve sua idade revelada. O resultado foi surpreendente: ela tinha vivido em Minas Gerais há 11.500 anos! Essa data, junto com outros vestígios de populações pré-históricas que teria vivido há mais de 11.000 anos nas Américas do Sul e do Norte, revelou que o povoamento do nosso continente ocorreu antes do que se pensava. Apesar de existir muita discussão sobre o tempo necessário para que todo o continente tenha sido ocupado, a presença de humanos na América do Sul há 11.500 anos indica que os primeiros migrantes teriam chegado no continente americano há pelos menos 14.000 ou 15.000 anos.
Hoje, muitos cientistas já admitem que a primeira migração deva ter ocorrido entre 15.000 e 20.000 anos. Mas há pesquisadores que admitem até 50.000 anos! Os dados que existem ainda não são suficientes para que possamos chegar a uma conclusão.
O texto sobre descobertas arqueológicas no atual território brasileiro revela que:
A. Existe uma pré-história na América do Sul
B. Assim como em outras áreas do conhecimento histórico, uma nova descoberta permite novas interpretações sobre o passado
C. A datação de Luzia permitiu retroceder a época da presença humana no continente americanoD. O conhecimento sobre o passado remoto não tem base científica e por isso as datas podem apresentar enormes diferenças
23ª Questão
Cultura brasileira nesse fim de século
“Como analisar a cultura popular brasileira quando a cultura internacionalmente popular se faz cada vez mais presente no Brasil? Se o samba e o carnaval podem ser tomados como exemplos máximos da construção a partir dos anos 30 e 40 da cultura nacional-popular, o funk carioca pode ser tomado como um exemplo da cultura internacional-popular. Outras manifestações dessa cultura podem ser o rock, que teve em Brasília um espaço preferencial, ou o axé music da Bahia, o que aponta para uma pluralidade, uma diversidade de expressões artísticas.
A pesquisa de Hermano Vianna sobre o funk (1988) foi pioneira e mostrou como pessoas e grupos captaram, receberam e transformaram uma música de certos grupos norte-americanos e produziram um fenômeno cultural no Rio de Janeiro,
onde um milhão de jovens frequentam bailes todos os sábados e domingos. Esse é certamente um forte exemplo da capacidade de juntar, fundir, recriar traços de diferentes origens em uma nova expressão cultural. (…)
Nos dias de hoje pode-se falar, não da existência de dois Brasis, mas na emergência de vários Brasis, como tem aparecido nos meios de comunicação. A Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos [SP] (…) expõe uma face nova já que ali o country aparece como padrão cultural. A população do município salta de 110 mil habitantes para 1,2 milhão durante a festa. Nela, o rural é valorizado como tema, inclusive em sua conexão com o country norte-americano, algo muito distante do mundo rural como arcaico, caipira, sertanejo. A Festa do Boi em Parintins, no Amazonas, realizada no Bumbódromo (parente do Sambódromo?) reinterpreta manifestação cultural das mais antigas e tradicionais do norte e nordeste do país e ao atrair patrocinador de peso consegue a divulgação nacional da festa. A Festa de São João em Caruaru, Pernambuco; a reunião de amantes da literatura e da poesia (…) acontece anualmente em Passo Fundo, Rio Grande do Sul e encanta os que dela participam. E os exemplos não param, mostrando a grande colcha de retalhos com os diferentes pedaços de país.”
Analisando as manifestações culturais recentes no Brasil o texto aponta:
A. O papel da mídia na divulgação das festas populares.
B. Os aspectos locais e internacionais que interagiram na configuração de novas práticas culturais no Brasil.
C. Que o verdadeiro patrimônio cultural brasileiro, o samba, perdeu espaço por causa da globalização e dos meios de comunicação.
D. As relações entre cultura nacional e internacional, bem como a ideia de uma cultura popular e de massas não contraposta a uma de elite.
24ª Questão
Ainda a partir do texto abordado na questão 23, sobre a expressão “dois Brasis”, analisada sob a perspectiva das práticas culturais, sugere-se que:
A. O samba foi construído como o principal produto cultural do país no século passado e atualmente continua sendo um produto cultural importante ao lado de outras prática diversificadas.
B. Os dois Brasis são o Brasil rural e o urbano.
C. Mesmo havendo diferentes manifestações culturais, o sentimento nacional caracteriza cada uma das festas citadas, havendo um único Brasil.
D. Os “dois Brasis” foram superados pela dinâmica cultural que inclui a convivência entre práticas nacional-populares e internacional-populares.
25ª Questão
Os historiadores Luis Carlos Villalta e André Pedroso Becho afirmaram:
Abaixo o João Bobão
Quando lembradas, a transferência da Corte portuguesa para o Brasil e suas personagens costumam receber um tratamento simplista e caricato. (…) Os principais meios de comunicação como cinema, teatro e televisão, têm contribuído para a produção e difusão desses estereótipos, tornando-o senso comum entre os brasileiros. Quem não se lembra do filme “Carlota Joaquina”, de Carla Camurati ou da minissérie “Quinto dos Infernos” da TV Globo, paródias sobre esse momento histórico? E de suas personagens, o bobão D. João e a ninfomaníaca, grotesca e ambiciosa D. Carlota?
Frequentemente, o ensino de história, em vez de acompanhar as inovações da historiografia, reproduz as caricaturas dos filmes e da TV como “ilustração” do que se viu nas aulas, ou seja, como “verdades históricas”, sem qualquer reflexão crítica. Em vez de subverter o cânone, utilizando estas produções como fontes a serem discutidas, a escola o reitera.
Perde-se, assim, a oportunidade de abordar em sala de aula toda a complexidade e a importância daquele período além de dispensar a análise do momento político e cultural em que as referidas obras de ficção foram produzidas. Os anos de permanência da Corte no Brasil (1808-1821) trouxeram mudanças radicais na vida e nos costumes da antiga colônia. Nesse processo, D. João, longe de ser bobalhão, mostrou-se um político hábil.
A. Filmes e séries de TV que retratam uma época têm também uma historicidade própria.
B. O processo de metropolização/urbanização do Rio de Janeiro entre 1808-21 pode ser interpretado como uma habilidade governativa de D. João ao transformar esta cidade na capital do império luso-brasileiro.
C. Ao se considerar D. João como um glutão, figura tola, se compreende o comentário de Napoleão Bonaparte sobre ele: “O único a me tapear em todos os tempos”.
D. A transferência da corte, nesta abordagem, foi mais uma estratégia político-diplomática-militar do que uma apressada debandada da família real.
26ª Questão
Ainda sobre tema e texto da questão 25, pode-se afirmar que:
A. Em função das Guerras Napoleônicas na Europa e da invasão francesa em Portugal, a Corte portuguesa transferiu-se para o Brasil.
B. Re-encenações da chegada da Família real ao Rio de Janeiro feitas em geral em filmes e minisséries servem muito mais ao divertimento e ao senso comum do que o conhecimento histórico.
C. A versão caricaturada da monarquia luso-brasileira atendeu ao ideário republicano.
D. O humor na história ativa a reflexão crítica e contribui para o aprofundamento das análises.
27ª Questão
Leia os dois excertos extraídos de blogs de escritores e escolha a alternativa:
Politicamente incorreto não é transgressor...
“Eu acho ótimo estarmos vivendo numa época em que boa parte das pessoas fica indignada com piadas contra minorias. Sim, muitas vezes o humor é transgressor. Mas o que esse pessoal que ataca minorias pra fazer piada precisa entender é que eles não estão transgredindo nada. Seus tataravôs já eram racistas, gente. Pode ter certeza que seus tataravôs já comparavam negros com macacos. Aposto como seus tataravôs já faziam gracinhas sobre a sorte que uma moça feia teve em ser estuprada. Vocês não são moderninhos, não são ousados, não são criativos. Vocês estão apenas seguindo uma tradição. E, se naquela época já não era engraçado, imagina agora? Rebeldia é querer mudar o mundo, começando pela forma que falamos. Não há nada de novo ou de rebelde em eternizar velhos preconceitos (…)”
Carta aberta aos humoristas do Brasil...
“O machismo mata. Dez mulheres são assassinadas no Brasil, colocando-o no 12º lugar no ranking mundial de homicídios contra a mulher. Uma em cada cinco mulheres já sofreu violência de parte de um homem, em 80% dos casos o seu próprio parceiro. Em 2011, o ABC paulista teve um estupro (reportado!) por dia. Na cidade de São Paulo, uma mulher é agredida a cada sete minutos — além de não ter tempo de fazer nada, essa pobre mulher ainda é agredida no chuveiro, no ônibus, até na privada!
Riu? É, mas não tem graça. A solução está na mão dos homens.
(…)
As mulheres são mortas em tão grandes números, e por seus próprios homens, porque existe uma cultura machista no Brasil, onde as mulheres são vistas como tendo menos valor, onde as mulheres são rotuladas ou como santas ou putas, onde uma mulher viver abertamente sua sexualidade é considerado ofensivo ou repreensível, onde a sexualidade de uma mulher tem impacto direto sobre a honra de seu companheiro.
Se você faz piadas que confirmam os lugares-comuns dessacultura machista, que objetificam a mulher, que estigmatizam seu comportamento sexual, então você possibilita e reforça essa cultura assassina.
Você é cúmplice.
(…)
Não reclame da ‘patrulha’.
‘Patrulha’ são soldados armados que podem te matar se você os desobedecer.
Torcer o nariz para as piadas racistas, homofóbicas ou machistas de um comediante não é ‘patrulha’. É o público exercendo pacificamente sua liberdade de expressão de considerar babaca um comediante que faça piadas racistas, homofóbicas ou machistas.
Esses pobres humoristas ‘perseguidos’ que reclamam da ‘patrulha politicamente correta’ não estão defendendo a liberdade de expressão: liberdade de expressão de verdade é o cara poder fazer piada sobre mulher estuprada e nós podermos criticá-lo por isso.
Na verdade, a liberdade que querem esses paladinos do ‘politicamente incorreto’ é a liberdade de falar os maiores absurdos sem nunca serem criticados.
Aí é fácil, né? Assim eu também quero.
Nunca vi ninguém não-babaca se dizendo ‘politicamente incorreto’.
(…)
Falar besteira, qualquer criança fala.
Adulto é quem sabe que falar significa se abrir para a possibilidade de ouvir a resposta. Adulto é quem entende que ele tem a mesma liberdade de falar que seus críticos tem de criticá-lo.”
A. Ambos os textos, publicados em blogs, atestam as novas formas de comunicação e de divulgação veloz de ideias e opiniões, próprios da era da internet.
B. O texto 1 questiona a ideia de que haveria rebeldia ou originalidade neste tipo de humor, vendo-o como preconceito historicamente arraigado. 
C. O texto 2 discorda da ideia de que o “politicamente correto” cerceia a liberdade de expressão dos humoristas. 
D. Ambos os textos lidam com o tema do preconceito racial e/ou de gênero, questionando os limites do humor.
28ª Questão
LEI Nº 2.040, DE 28 DE SETEMBRO DE 1871
 “(…) Art. 1º Os filhos de mulher escrava que nascerem no Império desde a data desta lei, serão considerados de condição livre.
§ 1º Os ditos filhos menores ficarão em poder ou sob a autoridade dos senhores de suas mães, os quais terão obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da mãe terá opção, ou de receber do Estado a indenização de 600$000, ou de utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos. No primeiro caso, o Governo receberá o menor, e lhe dará destino, em conformidade da presente lei. (…)
§ 2º Qualquer desses menores poderá remir-se do ônus de servir, mediante prévia indenização pecuniária, que por si ou por outrem ofereça ao senhor de sua mãe, procedendo-se à avaliação dos serviços pelo tempo que lhe restar a preencher, se não houver acordo sobre o quanto da mesma indenização. (…)
Art. 3º Serão anualmente libertados em cada Província do Império tantos escravos quantos corresponderem à quota anualmente disponível do fundo destinado para a emancipação.
§ 1º O fundo de emancipação compõe-se:
1º Da taxa de escravos.
2º Dos impostos gerais sobre transmissão de propriedade dos escravos.
3º Do produto de seis loterias anuais, isentas de impostos, e da décima parte das que forem concedidas de agora em diante para correrem na capital do Império.
4º Das multas impostas em virtude desta lei.
5º Das quotas que sejam marcadas no Orçamento geral e nos provinciais e municipais.
6º De subscrições, doações e legados com esse destino. (…)
Art. 10. Ficam revogadas as disposições em contrário. (…)
600$000: Seiscentos mil réis.
Pecuniária: referente à pecúnia = dinheiro.
Sobre a lei é correto afirmar:
A. A criação do fundo de emancipação contemplava os senhores que optassem por entregar ao cuidado do Estado os filhos de escravas nascidos após 1871. 
B. A liberdade de ventre pode ser tomada como uma forma de emancipação gradual, na medida em que eliminava a reprodução da escravidão pelo nascimento. 
C. A lei 2.040 de 28 de setembro de 1871 é chamada de Lei do ventre livre por ser essa a sua resolução mais reconhecida e explorada. 
D. A prestação de serviços ou o pagamento de 600$000 pelo Estado garantia aos senhores uma indenização pela liberdade de ventre de suas escravas.
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	Documento LEI Nº 2.040, DE 28 DE SETEMBRO DE 1871 
	Link "Leia a lei em grafia original" Endereço: http://www.brasiliana.usp.br /bbd/handle/1918/00846400#page /1/mode/1up 
	Link "Lucimar Felisberto dos Santos. Nos bastidores da lei: estratégias escravas e o Fundo de Emancipação. Revista de História, 1, 2 (2009), pp. 18-39." Endereço: http://www.revistahistoria.ufba.br /2009_2/a02.pdf 
	Link "Katia de Queirós Mattoso. O filho da escrava (em torno da Lei do Ventre Livre). Revista Brasileira de História. São Paulo: v8 n° 16, pp. 37-55, mar. 88/ago.88." Endereço: http://webcache.googleusercontent.com /search?q=cache:sZEq4mCOWFwJ:www.anpuh.org /arquivo /download%3FID_ARQUIVO%3D3674+o+filho+da+escra cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
29ª Questão	
Numa entrevista para Ana de Oliveira no site Tropicália, o poeta e compositor José Carlos Capinan afirmou, sobre a canção “Soy loco por ti, América”, composta em 1967, em parceria com Gilberto Gil:
Entrevista de José Carlos Capinan
“A minha intenção era registrar a emoção pela morte de Che Guevara. Não quis dizer que eu era latino-americano, embora me sentisse assim. Sentia Cuba desde a revolução de Fidel Castro. Quando menino, tentava cantar rumbas e boleros em castelhano. E o carnaval baiano tinha muitas versões de rumbas pra frevo, não é? Na letra, busquei palavras do português e do castelhano que não demonstrassem
ser de línguas diferentes. Algumas palavras me pareciam sonoramente mais poéticas em castelhano do que em português. Lembravam Federico García Lorca. Além disso, havia a coisa de uma estética do continente, numa época em que as diversas questões de cada país se aproximavam muito. Uma latinidade de mundo alternativo…”
Soy loco por ti, América
Soy loco por ti, América, yo voy traer una mujer playera
Que su nombre sea Marti, que su nombre sea Marti
Soy loco por ti de amores tenga como colores la espuma blanca de Latinoamérica
Y el cielo como bandera, y el cielo como bandera
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
Sorriso de quase nuvem, os rios, canções, o medo
O corpo cheio de estrelas, o corpo cheio de estrelas
Como se chama a amante desse país sem nome, esse tango, esse rancho,
Esse povo, dizei-me, arde o fogo de conhecê-la, o fogo de conhecê-la
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
El nombre del hombre muerto ya no se puede decirlo, quién sabe?
Antes que o dia arrebente, antes que o dia arrebente
El nombre del hombre muerto antes que a definitiva noite se espalhe em Latinoamérica
El nombre del hombre es pueblo, el nombre del hombre es pueblo
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
Espero a manhã que cante, el nombre del hombre muerto
Não sejam palavras tristes, soy loco por ti de amores
Um poema ainda existe com palmeiras, com trincheiras, canções de guerra
Quem sabe canções do mar, ai, hasta te comover, ai, hasta te comover
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
Estou aqui de passagem, sei que adiante um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício, de susto, de bala ou vício
Num precipício de luzes entre saudades, soluços, eu vou morrer de bruços
Nos braços, nos olhos, nos braços de uma mulher, nos braços de uma mulher
Mais apaixonado ainda dentro dos braços da camponesa, guerrilheira
Manequim, ai de mim, nos braços de quem me queira, nos braços de quem me queira
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
Escolha uma das alternativas:
A. Ainda hoje, essa canção aparece com sua autoria atribuída também a Torquato Neto, já que o nome deste poeta apareceu como parceiro na primeira edição do LP Caetano Veloso, de 1967. 
B. Na canção, Che Guevara é apresentado como “el hombre muerto” de quem não se podia dizer o nome. Essa foi a forma de os compositores burlarem a censura na ditadura militar. 
C. No verso “Espero a manhãque cante” Capinan utiliza uma imagem comum às canções de protesto dos anos 1960: a ideia de um futuro revolucionário. 
D. Entre os problemas comuns citados pelo compositor estava a grande quantidade de ditaduras de esquerda nos países da América do Sul nas décadas de 1960 e 1970.
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	Link "Ouça "Soy loco por ti, América"" Endereço: http://www.youtube.com /watch?v=VKWnJG1UaTc 
	Documento Entrevista de José Carlos Capinan 
	Documento Soy loco por ti, América Link "Leia a entrevista completa" Endereço: http://tropicalia.com.br /ilumencarnados-seres/entrevistas /capinan-2
	Link "Ítalo Aoki. A violação do direito autoral nas obras musicais. Monografia. Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toledo. Presidente Prudente, 2011." Endereço: http://intertemas.unitoledo.br /revista/index.php/Juridica/article /view/2833/2612
30ª Questão
Leia a letra e escute a canção: 
Pesadelo (1972)
Quando o muro separa uma ponte une
Se a vingança encara o remorso pune
Você vem me agarra, alguém vem me solta
Você vai na marra, ela um dia volta
E se a força é tua ela um dia é nossa
Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando
Que medo você tem de nós, olha aí
Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto
De repente olha eu de novo
Perturbando a paz, exigindo troco
Vamos por aí eu e meu cachorro
Olha um verso, olha o outro
Olha o velho, olha o moço chegando
Que medo você tem de nós, olha aí
O muro caiu, olha a ponte
Da liberdade guardiã
O braço do Cristo, horizonte
Abraça o dia de amanhã
Olha aí…
Olha aí…
Olha aí…
Gravada no disco Cicatrizes do MPB-4, em 1972, essa canção passou pela censura apesar da dura crítica de Paulo Cesar Pinheiro à Ditadura Civil-Militar. Sobre ela, podemos afirmar que:
A. Apresenta “o amanhã” como uma revanche dos que foram calados pela ditadura e o “você” como os militares no poder. 
B. Apesar de ter sido liberada e gravada, as rádios naquele período quase não tocaram a canção, por medo do regime e por autocensura. 
C. Muitas canções foram censuradas durante o regime militar, incluindo as de autores como Rita Lee, Ângela Ro Ro e Odair José, e até mesmo de bandas como RPM e Blitz, nos anos 80. 
D. O verso “Você me prende vivo, eu escapo morto / De repente olha eu de novo / Perturbando a paz, exigindo troco” mostra o conhecimento do autor dos crimes de Estado que aconteciam durante a ditadura.
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	Link "Ouça a Música" Endereço: http://www.youtube.com /watch?v=LePlhJolWas 
	Link "Ouça Pesadelo, MPB4 ao vivo" Endereço: http://youtu.be/y0xRfgeJLNo Link "PINHEIRO, Paulo César. Histórias de Canções. São Paulo: LeYa Brasil, 2010."
31ª Questão
O dragão e a cidade: lendas do Ceará
“Como se sabe, dragões são grandes lagartos ou serpentes aladas, com hálito de fogo e poderes sobrenaturais. Presentes na mitologia de povos tão diversos como chineses, europeus e astecas, são vistos ora como fonte de sabedoria e força, ora como feras malignas.
Conta-se que, há muito tempo, um dragão saiu dos verdes mares bravios, em uma praia nomeada em homenagem à índia Iracema, personagem de José de Alencar
(1983 [1865]). No mito do romancista cearense, a ‘virgem dos lábios de mel’ não foi vítima do dragão, e sim do cavaleiro que deveria protegê-la, Martin Soares Moreno. Do encontro do colonizador com a jovem tabajara nasceu Moacir – o ‘filho da dor’, conforme a etimologia alencarina. E de Moacir descendem os cearenses, um povo de olhos voltados para além-mar, tal como o Guerreiro Branco.
Mais de dois séculos se passaram desde a chegada dos primeiros colonizadores ao Ceará e eis que o mar nos trouxe outro herói mitológico: o jangadeiro Francisco José do Nascimento, conhecido como ‘Chico da Matilde’ (nome de sua mãe). Em 1881, a pedido dos integrantes do movimento abolicionista cearense, ele liderou os jangadeiros que se recusaram a embarcar escravos no navio que iria levá-los para outras províncias. Abolicionistas do Rio de Janeiro promoveram sua ida à Corte, onde recebeu homenagens amplamente divulgadas. A imprensa passou a se referir ao jangadeiro como ‘Dragão do Mar’, alcunha que substituiu o prosaico apelido ‘Chico da Matilde’. (MOREL, 1988).”
A leitura do trecho do artigo de Linda Gondim, associada a seus conhecimentos, permite afirmar que:
A. A autora indica como a literatura de José de Alencar ajudou a constituir um dos principais mitos de fundação do povo cearense - aquele do encontro do colonizador Martin Soares Moreno com a índia tabajara Iracema. 
B. O movimento “Quem dera ser um peixe” critica a proposta de investimento milionário na construção de um Aquário gigante na praia de Iracema, acarretando a demolição do já tradicional Dragão do Mar. 
C. O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, inaugurado em Fortaleza em 1999, recebeu esse nome para homenagear o jangadeiro Francisco José do Nascimento e ressaltar sua importância para a história do Ceará. 
D. A ideia de que a escravidão foi abolida no Ceará em 25 de março de 1884 tem sido questionada por estudos que indicam que senhores em diversos municípios cearenses mantiveram escravos para além desta data.
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	Link "Centro Dragão do Mar" Endereço: http://www.dragaodomar.org.br /index.php 
	Link "Paulo Henrique de Souza Martins. Escravidão, Abolição e Pós-Abolição no Ceará." Endereço: http://www.historia.uff.br /stricto/td/1641.pdf
32ª Questão
As Instruções para a Polícia do Theatro de São Pedro de Alcantara, Rio de Janeiro, de 23 de agosto de 1839, diziam o seguinte:
Instruções para a Polícia do Theatro de São Pedro de Alcantara
“§ 2º Os actores que alterarem as peças ou que nas pantomimas e danças apresentarem atitudes deshonestas, obscenas e offencivas da moral pública serão multados em 10$000rs.
§3º Ninguém dentro do Theatro poderá dirigir em voz alta palavras ou gritos a quem queira que for, excepto aos actores as de bravo (…) ou foras, e neste mesmo caso poderá o juiz impôr silêncio quando for pertubada a tranquilidade do espectáculo. Os infractores serão multados em 6$000rs a 10$000rs e terão de 2 a 6 dias de cadêa …
(…)
§ 5º Ninguém poderá estar na platea ou a frente dos camarotes sem estar decentemente calçado e vestido de casaca, sobre casaca, ou farda. Os infractores serão multados em 6$000rs e terão 3 dias de cadêa, e os porteiros das plateas que os deixarem entrar incorrerão na metade desta pena.
§ 6º Fica prohibido no Theatro a entrada de pessoas que se acharem em estado de embriagues; se porém alguma conseguir entrar, será lançada fora e posta em canto da onde o juiz ordenar, até passar a embriagues.
§ 7º Qualquer pessoa que arrogar moedas, pedras, laranjas, ou outras quaisquer objectos para dentro ou fora da caixa do Theatro, soffrerá oito dias de cadêa, e 30 dias nas reincidências (…)
(…)
Art. 5º Durante a representação os espectadores estarão sentados descobertos, porém, achando-se presente alguma pessoa da família imperial, nos intervallos, não só continuarão a estar descobertos, mas em pé, e com a frente voltada para o camarote imperial.
(…)
Art. 11º As pessoas que compraram bilhetes de cadeiras, ou geral, deverão sentarse nos lugares que lhes indicar o número do bilhete.”
Escolha uma das alternativas:
A. O teatro era considerado, na Europa e também no Brasil, como um eficaz propagador do “bom gosto” e da “modernidade”, além de ser visto como “a escola de costumes”, por isso a grande preocupação em regular o comportamento do público. 
B. Os termos apresentados regulam a conduta dentro do teatro, seja no que diz respeito à apresentação das peças pelos atores, como também ao comportamento
do público, coibindo gritos, arremesso de objetos, trajes considerados impróprios e informando a atitude que deve ser tomada na presença da Família Real. 
C. A existência de uma lei que proibia e punia determinados atos indica que público e artistas os praticavam. 
D. O público dos teatros da corte era formado por pessoas das classes mais altas.Ninguém de classes inferiores podia adentrar as salas de espetáculo, mesmo porque não possuíam vestimentas apropriadas.
33ª Questão
Trecho 1 de "Triste fim de Policarpo Quaresma"
“Os subúrbios do Rio de Janeiro são a mais curiosa cousa em matéria de edificação da cidade. A topografia do local, caprichosamente montuosa, influiu decerto para tal aspecto, mais influíram, porém, os azares das construções.
Nada mais irregular, mais caprichoso, mais sem plano qualquer, pode ser imaginado. As casas surgiram como se fossem semeadas ao vento e, conforme as casas, as ruas se fizeram. Há algumas delas que começam largas como boulevards e acabam estreitas que nem vielas; dão voltas, circuitos inúteis e parecem fugir ao alinhamento reto com um ódio tenaz e sagrado.
Às vezes se sucedem na mesma direção com uma freqüência irritante, outras se afastam, e deixam de permeio um longo intervalo coeso e fechado de casas. Num trecho, há casas amontoadas umas sobre outras numa angústia de espaço desoladora, logo adiante um vasto campo abre ao nosso olhar uma ampla perspectiva.
Marcham assim ao acaso as edificações e conseguintemente o arruamento. Há casas de todos os gostos e construídas de todas as formas. Vai-se por uma rua a ver um correr de chalets, de porta e janela, parede de frontal, humildes e acanhados, de repente se nos depara uma casa burguesa, dessas de compoteiras de cimalha rendilhada, a se erguer sobre um porão alto com mezaninos gradeados. Passada essa surpresa, olha-se acolá e dá-se com uma choupana de pau a pique, coberta de zinco ou mesmo palha, em torno do qual formiga uma população; adiante é uma velha casa da roça, com varandas e colunas de estilo pouco classificável, que parece vexada e querer ocultar-se, diante daquela onda de edifícios disparatados e novos”.
Trecho 2 de "Triste fim de Policarpo Quaresma"
“O bonde tardou um pouco. Chegou. Tomaram. Desceram no Largo da Carioca. É bom ver-se a cidade nos dias de descanso, com as suas lojas fechadas, as suas estreitas ruas desertas, onde os passos ressoam como em claustros silenciosos. A
cidade é como um esqueleto, faltam-lhe as carnes, que são a agitação, o movimento de carros, de carroças e gente. Na porta de uma loja ou outra, os filhos do negociante brincam em velocípedes, atiram bolas e ainda mais se sente a diferença da cidade do dia anterior.”
“Não havia ainda o hábito de procurar os arrabaldes pitorescos e só encontravam, por vezes, casais que iam apressadamente a visitas, como eles agora. O Largo de São Francisco estava silencioso e a estátua, no centro daquele pequeno jardim que desapareceu, parecia um simples enfeite. Os bondes chegavam preguiçosamente ao largo com poucos passageiros. Coleoni e sua filha tomaram um que os levasse à casa de Quaresma. Lá foram. A tarde se aproximava e as toilettes domingueiras já apareciam nas janelas. Pretos com roupas claras e grandes charutos ou cigarros; grupos de caixeiros com flores estardalhantes; meninas em cassas bem engomadas: cartolas antediluvianas ao lado de vestidos pesados de cetim negro, envergados em corpos fartos de matronas sedentárias; e o domingo aparecia assim decorado com a simplicidade dos humildes, com a riqueza dos pobres e a ostentação dos tolos.”
Veja também como ele descreve a vida nos subúrbios cariocas:
“Além disto, os subúrbios têm mais aspectos interessantes, sem falar no namoro epidêmico e no espiritismo endêmico; as casas de cômodos (quem as suporia lá!) constituem um deles bem inédito. Casas que mal dariam para uma pequena família, são divididas, subdivididas, e os minúsculos aposentos assim obtidos, alugados à população miserável da cidade. Aí, nesses caixotins humanos, é que se encontra a fauna menos observada da nossa vida, sobre a qual a miséria paira com um rigor londrino. Não se podem imaginar profissões mais tristes e mais inopinadas da gente que habita tais caixinhas. Além dos serventes de repartições, contínuos de escritórios, podemos deparar velhas fabricantes de rendas de bilros, compradores de garrafas vazias, castradores de gatos, cães e galos, mandingueiros, catadores de ervas medicinais, enfim, uma variedade de profissões miseráveis que as nossas pequena e grande burguesias não podem adivinhar. Às vezes num cubículo desses se amontoa uma família, e há ocasiões em que os seus chefes vão a pé para a cidade por falta do níquel do trem.”
Neste trecho do romance de Lima Barreto, publicado na forma de folhetim em 1911 no Jornal do Commercio, e depois editado em 1915, temos:
A. Uma descrição da influência da topografia nos processos de urbanização de bairros da cidade.
B. A paisagem em mutação sobretudo nos subúrbios da cidade do Rio de Janeiro.
C. Uma diversidade que forma um conjunto novo – a moradia das camadas populares – que ficava estampada na arquitetura e na disposição de ruas e casas, que casualmente se agrupam.
D. Por se tratar de um texto literário, há poucas informações sobre os aspectos urbanos da cidade.
34ª Questão
Sobre esta fotografia abaixo do bando de Lampião, feita a pedido do governador João Bezerra, pode-se afirmar:
Bandoleiros, cangaceiros e matreiros: revisão da historiografia sobre o Banditismo Social na América Latina
Desde a década de 1960, as aproximações da História Social ao fenômeno do Banditismo Social estiveram fortemente marcadas pelos estudos desenvolvidos por Eric Hobsbawm. Fernand Braudel tinha feito alguns avanços nesta questão, porém, só quando Eric Hobsbawm publicou Primitive Rebels, em 1959, e Bandits em 1969, o Banditismo Social, como uma forma de resistência camponesa, passou a fazer parte do elenco temático da História Social. Este modelo de análise foi aplicado largamente a distintas realidades e situações, com maior ou menor êxito. Desde o início, este é um tema que aparece como necessariamente comparativo e não restrito a um período histórico e, outrossim, a uma determinada situação histórica.
Segundo Hobsbawm, o Banditismo Social é um fenômeno universal, dado que os camponeses teriam todos eles um modo de vida similar, definido pelo acesso direto à terra e a uma série de recursos naturais e de reciprocidades costumeiras na comunidade; por isto, o Banditismo Social não tem um período definido numa
cronologia unívoca. Conforme Hobsbawm, a transição para o capitalismo agrário não acontece num momento histórico específico e depende do momento em que se produz essa transição. Nos países desenvolvidos, esta passagem aconteceu no século XVIII, enquanto nas sociedades da América Latina, no século XX. O momento em que começa o Banditismo Social pode não estar muito bem definido, mas está associado à desintegração da sociedade tribal ou à ruptura da sociedade familiar. É evidente que o Banditismo Social acaba com a difusão do capitalismo industrial e com a consolidação do Estado Nacional, estando relacionado à emergência das classes, e da luta de classes que dão uma nova orientação às lutas dos camponeses.
(…)
O que faz com que estes movimentos de camponeses continuem a ser mais uma das formas de expressão de descontentamento, ou se transformem em movimentos revolucionários, depende de fatores externos. Estes fatores estão relacionados com crises do tipo estruturais, que podem ser provocadas por catástrofes naturais ou por fenômenos irreversíveis, como a emergência do capitalismo. De acordo com Hobsbawm, é nestas ocasiões que o Banditismo Social pode passar a vincular-se a movimentos revolucionários, ou a aceitar a liderança de líderes revolucionários.
Outros dois elementos do modelo de Hobsbawm merecem ser lembrados. Primeiro, temos que destacar a capacidade que seu modelo tem para definir quem estava apto a integrar-se aos grupos de bandidos, o que é uma excelente análise da sociedade camponesa. Não é qualquer um que podia tornar-se um bandido. O bandido não podia ter relações familiares que o apressassem a poder ingressar nessa nova vida, e ao mesmo tempo a sua ligação familiar tinha que ser suficientemente forte para que, uma vez empreendida essa nova atividade, servisse para proteger oufavorecer seu grupo familiar. Em segundo lugar, para formular seu modelo, Hobsbawm baseou-se no folclore e nas narrativas dos feitos desses bandidos. Porém, estas narrativas apareceram reformuladas posteriormente ao desaparecimento dos bandidos, e adaptadas a novas situações.
A. O governo de Getúlio Vargas (1930-1945) empenhou-se em registrar o bando de Lampião derrotado e degolado.
B. O bando de Lampião não se enquadra na noção de banditismo social, proposta por Eric Hobsbawm (vide o documento relacionado "Bandoleiros, cangaceiros e matreiros: revisão da historiografia sobre o Banditismo Social na América Latina" na coluna à direita).
C. A fotografia, que exibe as cabeças dos cangaceiros e os chapéus e outros objetos adornados, foi encomendada pelo governo baiano e de Getúlio Vargas. Com a foto publicada em diversas partes do Brasil, o governo reafirmava seu poder e
colocava no passado este movimento popular e violento, como se estivesse superado.
D. O cangaço é um grande tema literário e audiovisual no Brasil do século XX: O Cangaceiro de Lima Barreto (1953), o filme Deus e o Diabo na Terra do Sol de Glauber Rocha (1964), e ainda personagens de novela como o Zeca Diabo de Dias Gomes, em O Bem-Amado (1973).
35ª Questão
O Bom-Crioulo
“Metido em ferros no porão, Bom-Crioulo não deu palavra. Admiravelmente manso, quando se achava em seu estado normal, longe de qualquer influência alcoólica, submeteu-se à vontade superior, esperando resignado o castigo. (…) A chibata não lhe fazia mossa; tinha costas de ferro para resistir como um Hércules ao pulso do guardião Agostinho. Já nem se lembrava do número das vezes que apanhara de chibata… Bom-Crioulo tinha despido a camisa de algodão, e, nu da cintura para cima, numa riquíssima exibição de músculos, os seios muito salientes, as espáduas negras reluzentes, um sulco profundo e liso d’alto a baixo no dorso, nem sequer gemia, como se estivesse a receber o mais leve dos castigos. Entretanto, já iam cinqüenta chibatadas! Ninguém lhe ouvira um gemido, nem percebera uma contorção, um gesto qualquer de dor. Viam-se unicamente naquele costão negro as marcas do junco, umas sobre as outras, entrecruzando-se como uma grande teia de aranha, roxas e latejantes, cortando a pele em todos os sentidos. De repente, porém, Bom-Crioulo teve um estremecimento e soergueu um braço: a chibata vibrara em cheio sobre os rins, empolgando o baixo-ventre. Fora um golpe medonho, arremessado com uma força extraordinária.”
A. O texto refere-se ao conjunto de punições físicas que caracterizavam o cotidiano dos marinheiros brasileiros no século XIX até os inícios do XX.
B. O Bom-Crioulo é um romance sobre um escravo forte e acostumado aos castigos físicos.
C. A Revolta da Chibata ocorrida em 1910 foi um levante dos marinheiros contra este tipo de disciplina e punição.
D. Neste texto literário há uma construção da figura do “bom crioulo” como tipo social no qual se opõem a força à mansidão e à resignação de caráter.
36ª Questão
Leia o documento abaixo atentamente e observe os mapas que elaboramos para esta questão, procurando localizar as colônias que o texto cita.
Documento do Conselho da Fazenda,1657
“As índias acham-se hoje miseravelmente reduzidas a seis praças principais, que são: Moçambique, sem defesa; Goa, pouco segura; Diu, arriscada; Cochim, dependente da amizade do rei; Columbo, invadida pelos holandeses; Macau, sem comércio, desesperada; Angola, nervo dos engenhos do Brasil, necessita de prevenção contra os desejos que os espanhóis, ingleses e holandeses têm de nos tirarem os negros […]. A costa da Guiné, donde saía tanta riqueza […] é toda dos estrangeiros […]. O Brasil, reforço principal desta Coroa, pede socorros […]. O Maranhão, mal se sustenta no que é, e receia a cobiça dos estrangeiros que o ameaçam […]. Portugal, enfim, se acha sem forças, sem ânimo para se sustentar […]; não só falta para grandes despesas e para pagar o que deve de justiça, mas ainda para as despesas miúdas.”
É pertinente afirmar que: 
A. A metrópole colonial possuía vários portos importantes no território brasileiro, mas estavam todos em situação precária.
B. Portugal havia estabelecido colônias em diversos territórios durante as Grandes Navegações, que se viam ameaçados por outros impérios coloniais.
C. O autor do texto alerta que as posses portuguesas, ainda que ricas, passavam por dificuldades.
D. No século XVII, o Brasil já era uma colônia importante do mundo português.
37ª Questão
Trecho do jornal "A Plebe"
“ A nossa burguesia faz do operariado uma idéia semelhante à que dos escravos faziam os plantadores do século dezoito (…). Nestas condições, mesmo que uma parte do proletariado tenha tendências moderadas, vê-se obrigado a recorrer aos meios extremos, porque, infelizmente, só a estes a burguesia tem atendido”.
Para saber mais:
A Plebe, fundado pelo jornalista Edgar Leuenroth (1881-1968), foi um jornal anarquista com forte teor sindical, publicado entre 1917 e 1947. Esse periódico é fonte muito importante para a compreensão da vida operária nas primeiras décadas do século XX.
Todo o rico acervo sobre a história do movimento operário no Brasil da primeira república coletado durante a vida de Edgard Leuenroth foi doado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, que em 1974 inaugurou o Arquivo Edgar Leuenroth, local que preserva todo esse material.
A partir do documento e dos seus conhecimentos, podemos afirmar que:
A. Os trabalhadores são retratados como potencialmente radicais e extremados.
B. As relações entre trabalhadores e patronato eram marcadas pelo diálogo e entendimento.
C. A organização e mobilização operárias eram meios fundamentais para o movimento operário alcançar seus objetivos.
D. As greves dos trabalhadores de diferentes categorias, que marcaram o período entre 1917-1920, foram ponto alto da história do movimento operário na Primeira República.
38ª Questão	
Viagem à terra do Brasil de Jean de Lèry
– Por que vindes vós outros, maírs e perôs buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?
Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente:
– E porventura precisais de muito?
– Sim – respondi-lhe – pois no nosso país existem negociantes que possuem panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregado.
– Há! – retrucou o selvagem – tu me contas maravilhas – acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera.
– Mas esse homem tão rico não morre?
– Sim – disse eu – morre como os outros.
Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo:
– E quando morrem para quem fica o que deixam?
– Para seus filhos se os têm – respondi – na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos.
– Na verdade – continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo – agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
O diálogo acima teria se passado na década de 1550 entre um tupinambá, do grupo nativo da costa brasileira, e o pastor calvinista Jean de Léry(1534-1611). O indígena queria saber por que os europeus vinham de terras longínquas a fim de buscar madeira para a extração de tintas.
A. O diálogo mostra visões de mundo muito diferentes em relação a temas como a natureza, o comércio, herançae riqueza.
B. Ao falar em “maírs” e “perôs”, o tupinambá mencionava franceses e portugueses, que disputavam a exploração da região.
C. Pelo diálogo, podemos perceber indígenas e europeus em negociação, numa imagem distante da tradicional, marcada apenas por conflitos e destruição.
D. O diálogo nos mostra como, em suas origens, os indígenas têm um modo de vida nômade, caçador e coletor, pouco afeito ao trabalho e ao cuidado com seus descendentes.
39ª Questão
Artigo da revista Anauê (1935)
“Salve Pátria!
Mãe de heroísmos, vida, força, esplendor, esperança nossa, salve! A vós bradamos, os humildes soldados de vossa grandeza, e a vos suspiramos, gemendo e sonhando nesta hora de combate. Ela, pois, advogada do nosso passado, a nós volvei, perpetuamente, os exemplos dos nossos mortos e depois da batalha, conservai-nos puros ante vossa presença augusta.
Bendito seja o fruto da vossa história. Oh nobre! Oh altiva! Oh sempre gloriosa Pátria, mantem-nos fiéis ao espírito e a Terra do Brasil, para que possamos viver em vosso serviço e morrer defendendo as cores sagradas de vossa BANDEIRA IMORTAL!”
Assinale:
A. O texto, publicado na revista oficial dos integralistas – Anauê - traz impresso um forte sentimento nacionalista, retratado como sagrado, também característico da Ação Integralista Brasileira (AIB).
B. O partido integralista tinha como seu maior aliado o presidente Getúlio Vargas (1930-1945), que também era defensor da Aliança Nacional Libertadora (ANL).
C. A Ação Integralista Brasileira (AIB), que tinha em Luiz da Câmara Cascudo um de seus defensores, foi criada por Plínio Salgado e se caracterizava pelo combate ao comunismo e ao liberalismo econômico.
D. Os integralistas utilizavam uma série de símbolos característicos, como camisas e capacetes de cor verde-oliva, calças pretas ou brancas e gravatas pretas. “Anauê” era a forma como se saudavam.
40ª Questão
Observe a imagem abaixo:
A imagem retrata Getúlio Vargas (1882-1954) (a figura ao centro) e o presidente dos Estados Unidos da América, Franklin Roosevelt (1882-1945) (a figura à direita), ambos de chapéu panamá, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, durante a Segunda Guerra Mundial, em janeiro de 1943. A partir da leitura da imagem e de seus conhecimentos, assinale a alternativa:
A. A imagem documentou o momento de aproximação entre o Brasil e os Estados Unidos da América. Nesse encontro foi decidida a construção de base militar no nordeste brasileiro.
B. A imagem destaca a semelhança física e no vestuário dos presidentes, o que sugeria o alinhamento simétrico entre os dois Estados.
C. No período o Brasil vivia sob o regime do governo provisório de Vargas e começava a se aproximar dos Estados Unidos da América.
D. A aproximação entre Brasil e Estados Unidos, que perdurou ao longo da Ditadura Militar brasileira e mesmo após a reabertura política em 1985, é retratada pela imagem em um de seus principais momentos.
41ª Questão
A imagem abaixo ironiza a atuação do embaixador inglês no Brasil, no acontecimento que ficou conhecido como Questão Christie.
A partir da imagem e dos seus conhecimentos, pode-se afirmar que:
A. A imagem ironiza uma questão internacional a qual, ao final, deu ganho de causa ao Brasil.
B. O embaixador é representado como o criador de uma situação que o colocava sobre um barril de pólvora prestes a explodir.
C. Os leitores da revista podiam ver o embaixador retratado com a solução do problema nas mãos diante do apoio do povo brasileiro.
D. Mostra-se um diplomata inábil que colocou a si mesmo e ao seu país numa situação delicada, que poderia causar o rompimento político entre Brasil e Inglaterra.
42ª Questão
Lugares malditos: a cidade do ‘outro’ no Sul brasileiro
“Com a instalação da república, em 1889, um governo autoritário, que tem no positivismo de Augusto Comte a matriz inspiradora de sua conduta política e administrativa, formula um ‘programa de governo’. Este visa proporcionar um desenvolvimento econômico global para o Estado, projeto este que implica, face a um Rio Grande predominantemente agropecuário, privilegiar também a dinamização da indústria e a renovação urbana. Este programa se desenvolve de forma paulatina, ao longo dos 40 anos da chamada ‘República Velha’ (1889-1930), e as preocupações com a modernização da cidade seguem também uma evolução gradual, constituindo uma questão recorrente: Porto Alegre se quer burguesa, bela, moderna, higiênica, ordenada… e branca. Neste sentido, os espaços estigmatizados da urbe podem ter “cor” precisa, e o vocabulário que designa a cidade indesejada também pode estabelecer uma associação racial/étnica com avaliações de natureza social, econômica e moral.“
A Belle Époque em Fortaleza: remodelação e controle
“Face ao realinhamento do Brasil nos quadros do capitalismo que então se mundializava, as principais cidades brasileiras, incluindo Fortaleza, não escaparam a esse processo de mudanças. A partir do século XIX, tornaram-se alvo de discursos, medidas e reformas que procuravam alinhá-las ao modelo europeu de modernização urbana. Era a inauguração de um projeto civilizatório para o País, de caráter europeizador, patrocinado pelas elites políticas, econômicas e intelectuais.
Para tanto, não bastaria apenas dotar a cidade de equipamentos e serviços modernos: era necessário ‘civilizar’ e ‘domesticar’ a população, sobretudo os setores populares, cujos hábitos e costumes eram tidos como rudes e selvagens pelos agentes daquele processo civilizador. (…) Ante essa inédita expansão econômica e urbana de Fortaleza, convinha aos poderes públicos, elites enriquecidas e setores
intelectuais procederem um significativo conjunto de reformas urbanas capaz de alinhar a cidade aos códigos de civilização, tendo como referência os padrões materiais e estéticos dos grandes centros urbanos europeus. Isso significava, também, disciplinar os pobres, doentes, mendigos, loucos, ‘vadios’ e prostitutas, vistos como agentes nocivos ao processo civilizatório, produtivista e normatizador pretendido para a capital.”
Os textos acima referem-se:
A. Aos processos de integração e exclusão urbana em duas capitais: Porto Alegre e Fortaleza.
B. A dois processos de urbanização que tinham perspectivas opostas em relação aos mais pobres no início do período republicano.
C. A projetos de modernização das duas capitais que implicavam marginalização de parte da população por suas condições étnicas, sociais e morais.
D. À influência de um ideário de civilização que impregnou as reformas urbanas e sociais no Brasil a partir de fins do século XIX.
43ª Questão
A revista Ciência Hoje publicou a seguinte notícia:
O Brasil no Atlântico Sul
O historiador Luis Felipe de Alencastro defende que, nos séculos XVI e XVII, o Brasil foi um pólo de produção escravista dependente e organicamente ligado a Angola, um outro pólo produtor de mão-de-obra escrava para a agricultura brasileira. A formação do Brasil, portanto, seria um resultado da relação entre esses dois países. “A nossa História não está restrita ao nosso território”, afirma o autor. Tendo o Atlântico Sul como ligação, a trajetória do Brasil dos séculos XVI e XVII está intimamente ligada à de Angola. Com uma ocupação portuguesa efetiva, esse país teve seus reinos independentes dizimados e limitou-se a desenvolver uma economia complementar à brasileira. A prioridade era o fornecimento de escravos para o mercado brasileiro, e atividades que pudessem concorrer com a agroindústria exportadora do Brasil não eram incentivadas. Sob esse aspecto, Alencastro sustenta que o Brasil, tradicionalmente visto como um país explorado, também explorou. “Angola foi pilhada pelos brasileiros, ou pelos colonos deste enclave lusitano”, afirma o historiador. Isso ocorreu por meio de guerras com o intuito de aumentar o tráfico de escravos.
Baseado nesta reportagem, pode-se pensar sobre o Brasil colônia:
A. O Atlântico sul relacionava a América e a África, logo a formação do Brasil não se restringiu apenas ao binômio Brasil-Portugal.
B. O tráfico de

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