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06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 1/30 CORPO, MOVIMENTO E ARTE NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS CAPÍTULO 2 - A MÚSICA E O TEATRO PODEM SEREM USADOS NA EXPRESSÃO E COMUNICAÇÃO DE CRIANÇAS POR MEIO DO MOVIMENTO? Mara Pereira da Silva INICIAR 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 2/30 Introdução Você já parou para refletir sobre a música e o teatro na educação de crianças? Pensar a música e o teatro como meios de expressão e comunicação de crianças por meio do movimento não é tarefa fácil. Na verdade, o trabalho com educação de crianças de modo geral é complexo e importante, dado a essa situação, existem documentos que regem esse tipo de educação, como o RCNEI, o PCN e a LDB. Se a educação de crianças é importante na educação brasileira, como fazer para trabalhar a música com as crianças? De que forma usar o teatro nessa fase da vida? Como levar as crianças a se expressar e comunicar utilizando essas linguagens artísticas por meio do movimento? Esses questionamentos nos ajudam a pensar como agir com crianças em um ambiente educacional. Neste capítulo, você poderá conhecer a educação musical por meio de jogos de musicalização e entender o grafismo sonoro, além de conhecer atividades práticas, utilizadas na educação infantil, que abarquem o gesto, o movimento e o grafismo. Você perceberá como poderá utilizar o teatro com crianças na perspectiva de que eles se expressem e comuniquem a mensagem por meio de produções coletivas. 2.1 Musicalização: jogos de musicalização Os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Fundamental orientam o desenvolvimento do ensino da música, no âmbito do ensino da Arte, a partir de três eixos: fazer, apreciar e contextualizar. A música é uma das primeiras formas de comunicação do homem. No ventre da mãe, o bebê já é competente ao ouvir, já escuta o ritmo. Ele nasce, cresce, torna-se adulto e os sons continuam a provocar reações, evocando memórias e 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 3/30 pensamentos musicais. Brito (2003, p. 35), sobre esse aspecto, afirma que: “na fase intrauterina os bebês já convivem com um ambiente de sons provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas aveias, a respiração e a movimentação dos intestinos”. Sendo assim, ainda no ventre materno, os bebês já estão imersos no ambiente sonoro. Por meio da música, comunicam-se, provocam sensações, se emocionam e se movimentam. A potencialidade da música e os benefícios que ela pode oferecer às pessoas de todas as idades são diversos. O ensino da música em sala de aula não pode ser desperdiçado, sendo uma arte, se torna muito interessante aos alunos. E quando o aprendizado se vale de jogos de musicalização, por meio do lúdico, as aulas se tornam mais alegres. O grupo musical Palavra Cantada que desenvolve um trabalho de musicalização com crianças? O grupo e liderado pelos músicos Sandra Peres e Paulo Tatit. Sandra é musicista com formação pelo conservatório de São Paulo, e Paulo tem formação autodidata, ou seja, nunca frequentou um ensino formal de música. Por meio de letras e canções, eles tentam sensibilizar as crianças para o universo sonoro. O jogo sempre esteve presente em alguma fase da nossa vida, seja o futebol, as cartas, o dominó, a dama, ou o de memória, entre tantos, o qual nos transmite sensações que podem ser de tristeza ou alegria, sentimentos agradáveis ou desagradáveis. VOCÊ O CONHECE? 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 4/30 Diversos artigos científicos apontam para a necessidade do uso de jogos na educação. Um exemplo desse tipo de estudo é a publicação do Professor Tizuko Morchida Kishimoto (2002) intitulada “Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação”. Nessa obra, o autor propõe que o jogo não tem o mesmo significado para todas as pessoas, ao pronunciar a palavra jogo, cada um pode entendê-la de modo diferente. Nos dizeres do autor, "A boneca é brinquedo para uma criança que brinca de 'filhinha', mas para certas etnias indígenas, conforme pesquisas etnográficas, é símbolo de divindade, objeto de adoração" (KISHIMOTO, 2002, p. 15). Então, para o auto, cada contexto social constrói uma imagem conforme seus valores e modo de vida, a qual se expressa por meio da linguagem. Ela faz diferença entre jogo e brinquedo, o primeiro é permeado por regras, enquanto o segundo já não tem regras e reproduzem o mundo técnico e científico retratando o modo de vida atual. As professoras Rosa Guia e Cecília França (2005) consideram os jogos musicais como atividades lúdicas coletivas que se apoiam em material concreto para promover elementos da teoria musical, observando os pré-requisitos necessários à compreensão de diversos conteúdos. Contudo, as autoras propõe que, ao experimentarem os jogos pedagógicos em sala de aula, os educadores revitalizem suas práticas, redescobrindo a alegria, a espontaneidade e o prazer tão indispensáveis ao fazer musical. Assim, elas Figura 1 - O jogo nos dá o poder de tomar decisões e expressar sentimentos, proporcionando a interação com outras pessoas. Fonte: Kzenon, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 5/30 consideram a prática do jogo fundamental para o desenvolvimento e aprendizagem musical dos alunos, sendo que o processo de educação musical não pode se resumir aos jogos, esses representam um recurso para se trabalhar os conteúdos e devem ser conjugados com atividades de natureza sensorial e corporal, com performance de canções e apreciação de obras nas quais serão enfocados aspectos estruturais e expressivos, estilo, timbre, dinâmica e outros elementos. Os jogos musicais podem ser utilizados de forma interdisciplinar em outras disciplinas como a Matemática, o Português, a Geografia, a História e todas as outras disciplinas e demais linguagens artísticas por meio do ritmo. Ao se referir sobre os conteúdos de Arte, para primeiro e segundo ciclos, o PCN - Arte- Ensino Fundamental afirma que os conteúdos estão apresentados de forma separada no documento “para garantir presença e profundidade das formas artísticas nos projetos educacionais. No entanto, o professor poderá reconhecer as possibilidades de interseção entre elas para o seu trabalho em sala de aula, assim como com as demais disciplinas do currículo” (BRASIL, 1997, p. 57). E nada melhor Figura 2 - Jogos musicais são fundamentais para o desenvolvimento e aprendizagem do aluno. Fonte: tomertu, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 6/30 que os jogos musicais para fazer essa interseção. Além disso, os jogos musicais, podem ser utilizados em qualquer idade, o que vai diferenciar é a forma de abordagem. Para Brito (2003, p. 49): As cantigas de ninar, as canções de roda, as parlendas e todo tipo de jogo musical têm grande importância, pois é por meio das interações que se estabelecem que os bebês desenvolvem um repertório que lhes permitirá comunicar-se pelos sons; os momentos de troca e comunicação sonoras musicais favorecem o desenvolvimento afetivo e cognitivo, bem como a criação de vínculo fortes tanto com os adultos quanto com a música. Trabalhar jogoscom crianças contribuem no desenvolvimento da coordenação motora e auxiliam na motivação do sonho e da imaginação. O professor, ao utilizar o jogo nas atividades musicais, precisa ter claro os seus objetivos, ou seja, se aquilo vai ser utilizado como linguagem musical ou como recurso, como meio ou como fim. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1998, p. 48) afirma que “ouvir música, aprender, uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mão, são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical”. Para o autor, além de despertarem, estimularem e desenvolverem o gosto musical, possibilitam as necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva. Quanto a relação das pessoas com a música, a educadora musical Brito (2003, p. 31) afirma que “é difícil encontrar alguém que não se relacione com a música [...]; escutando, cantando, dançando, tocando um instrumento em diferentes momentos e por diversas razões”. Para a autora, “[...] Surpreendemo-nos cantando aquela canção que parece ter “cola”, e que não sai da nossa cabeça e não resistimos a pelo menos mexer os pés, reagindo a um ritmo envolvente”. O ser humano, mesmo inconscientemente, é levado, pelo balançar da música, a se mover. No momento em que ouvirmos a música somos automaticamente levados a acompanhar o ritmo. O Parâmetro Curricular Nacional Arte- Ensino Fundamental” (1997, p. 54), referindo-se à comunicação e expressão em música, associa à interpretação, à improvisação e à composição, propondo algumas atividades entre as quais podemos citar as “interpretações de músicas existentes vivenciando um processo de expressão individual ou grupal, dentro e fora da escola”, a criação de “arranjos, improvisações e composições dos próprios alunos baseadas nos 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 7/30 elementos da linguagem musical, em atividades que valorizem seus processos pessoais. Assim, essas atividades precisam ter relação com suas comunidades e identidades culturais pessoais. Para os PCNs - Artes (1997, p. 54), é preciso existir o “processo da Experimentação e criação de técnicas relativas à interpretação, à improvisação e à composição”. Para práticas musicais que tenham uma formação abrangente, a interpretação, a improvisação e a composição precisam estar presentes, não podem ser excluídas do processo de ensino e aprendizagem em música. Segundo os PCNs - Artes (1997, p. 54), o processo de experimentação também deve se fazer presente na “seleção e utilização de instrumentos, materiais sonoros, equipamentos e tecnologias disponíveis em arranjos, composições e improvisações”. Esses instrumentos citados no documento referem-se aos instrumentos musicais. 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 8/30 Figura 3 - O instrumento musical xilofone pode ser utilizado no processo de experimentação em atividades musicais. Fonte: olegganko, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 9/30 Além dos processos de experimentação de diversas fontes propostas pelos PCNs - Arte - Ensino Fundamental (1997, p. 55), é sugerido, para comunicação e expressão em música, a necessidade do professor orientar os alunos quanto a “observação e análise das estratégias pessoais e dos colegas em atividades de produção, a Seleção e tomada de decisões, em produções individuais e/ou grupais, com relação às ideias musicais, letra, técnicas, sonoridades, texturas, dinâmicas, forma, etc.”. As atividades desenvolvidas precisam ser analisadas tanto pelos alunos quanto pelo professor. Os alunos precisam fazer suas críticas e observações tanto em relação às suas próprias produções quanto às dos colegas. Segundo PCNs - Arte (1997, p. 55), o professor precisa desenvolver atividades de produção em que se use e elabore notações musicais, levando o aluno à “Percepção e identificação dos elementos da linguagem musical em atividades de produção, explicitando-os por meio da voz, do corpo, de materiais sonoros e de instrumentos disponíveis”. Ainda é recomendado o emprego e invenção de letras de músicas “como portadoras de elementos da linguagem musical”. O uso do “sistema modal/tonal na prática do canto a uma ou mais vozes” e a “utilização progressiva da notação tradicional da música relacionada à percepção da linguagem musical” é recomendado. O processo de criação do aluno deve ser fomentado pelo educador. Outra recomendação dada pelos PCNs - Arte (1997, p. 55), para a comunicação e expressão em música, é a “utilização de brincadeiras, jogos, danças, atividades diversas de movimento e suas articulações com os elementos da linguagem musical” e “traduções simbólicas de realidades interiores e emocionais por meio da música”. A escola deve viabilizar ao aluno a possibilidade de vivenciar essas atividades no processo de aprendizagem que conduzem a criança à comunicação e expressão em música, sendo uma responsabilidade não apenas do professor, mas de toda a gestão escolar. A educadora Nicole Jeandot (1990), ao se referir aos jogos envolvendo música, enfatiza a motivação como um dos processos importantíssimos na aprendizagem. Para ela, a motivação está relacionada ao prazer que o aluno tem em realizar determinada tarefa e nada melhor que o jogo para fomentar a criança a escutar e discriminar os sons. A autora busca uma sistematização dos jogos musicais em três tipos, de acordo com o desenvolvimento cognitivo da criança: o sensório motor, o simbólico e o analítico ou de regras. 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 10/30 O sensório motor refere-se à pesquisa dos gestos e dos sons por meio da imitação. O simbólico relaciona-se aos jogos em que a criança representa a expressão, o sentimento e o significado da música. O analítico ou de regras é atribuído a jogos que envolvem a estrutura e organização da música. Jeadont (1990) relata que as crianças, com o movimento do corpo, acompanham as músicas e começam a construir conhecimentos musicais através da relação do som e do gesto realizado, por esse motivo ela recomenda o trabalho com jogos rítmicos desde os primeiros anos de vida. Para a autora, cabe ao professor o papel de estimular a criança a fazer suas próprias pesquisas e enriquecer o seu repertório musical, considerando o ritmo como elemento essencial da música. Várias propostas de atividades musicais são propostas em seu livro (JEADONT, 1990), entre as quais se inclui alguns jogos, como dominó de instrumentos musicais e o jogo da memória, bem como várias outras brincadeiras que servem para desenvolver a sensibilidade das crianças em relação ao mundo sonoro. O livro de jogos e brincadeiras musicais de Alliana Daud, publicado pela Editora Paulinas em 2009, traz 20 propostas recheadas de atividades musicais que podem ser desenvolvidas de forma individual ou em conjunto, levando as crianças a perceberem os sons que as cercam por meio de jogos e brincadeiras, fomentando a percepção sonora, e desenvolvendo as habilidades de distinguir e executar sons. Existem muitas formas de perceber e trabalhar com jogos musicais na educação de crianças. A música está presente nos jogos das crianças, tendo uma forte ligação com o brincar. Esses são alguns caminhos que podem ser tomados, mas é recomendável ao educador criar seus próprios jogos de acordo com o ambiente cultural de seus alunos. VOCÊ QUER LER? 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte naEducação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 11/30 2.2 Musicalização: grafismo sonoro O grafismo pode ser representado por desenhos, pinturas, símbolos e imagens conhecidas ou não. A música é uma forma de comunicação sonora que pode ser representada por meio do grafismo, transmitindo mensagens com diversos significados musicais. Esses grafismos sonoros na obra musical podem conter explicações para a sua execução ou não. Na primeira metade do século XX, já se pode ouvir falar do grafismo musical que surgiu a partir das experimentações realizadas por vanguardas musicais. O grafismo sonoro se aproxima do conceito de Partitura Icônica que é a associação entre som e imagem. VOCÊ SABIA? Que a partitura icônica representa os sons por meio de imagens? Segundo Martinez (2003), no seu artigo "Ciência, significação e metalinguagem: Le Sacre du printemps", publicado na Revista Opus, a música abrange níveis de comunicação não verbais. Assim, pode ser representada por meio de imagens e símbolos, expressando uma semelhança sensorial com os sons que representa. Acesse: <http://www.anppom.com.br/revista/index.php/opus/article/view/89/72 (http://www.anppom.com.br/revista/index.php/opus/article/view/89/72)>. Lowenfeld (1977, p. 34) explica que “no primeiro ano de vida a criança já é capaz de manter ritmos e produzir seus primeiros traços gráficos conhecido como garatujas”. As garatujas se diferem entre uma criança e outra. Assim, ao olharmos para uma garota ou garoto, percebemos seus movimentos artísticos que são naturais de uma criança. 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 12/30 As garatujas realizadas por crianças podem ser gráficas, sonoras e corporais. Martins (1998, p. 97) aponta que: Garatujas gráficas, sonoras e corporais são exercitadas pela criança, provocando-lhe um prazer intrinsecamente estético. Nem sempre nos damos conta da variedade de rabiscos traçados pela criança e de como eles modificam com o passar do tempo, embora continuem sendo garatujas. Para a autora, é bom que o adulto não tenha pressa que a criança deixe a fase da garatuja, para que ela possa involuntariamente pesquisar de forma intuitiva e livre todas as possibilidades da arte. A criança precisa desenvolver suas próprias grafias exercitando a sua criatividade. Figura 4 - Quando a criança estiver realizando seus traços gráficos, o incentivo por parte do adulto ou do professor é fundamental. Fonte: Shutterstock, 2018. VOCÊ QUER VER? Deslize sobre a imagem para Zoom 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 13/30 O vídeo Grafismo infantil - leitura e desenvolvimento, produzido pela UNIVESP, apresenta duas escolas que têm no desenho a base para vários trabalhos pedagógicos com as crianças, sendo que algumas dessas atividades são acompanhadas e explicadas por Márcia Aparecida Gobbi. Acesse: <http://univesptv.cmais.com.br/grafismo-infantil-leitura-e-desenvolvimento (http://univesptv.cmais.com.br/grafismo-infantil-leitura-e-desenvolvimento)>. Práticas musicais para a educação infantil precisam ser desenvolvidas em sala de aula abarcando atividades que envolvam o grafismo sonoro para o desenvolvimento motor da criança. O RECNEI, Vol. 3, documento que norteia a organização da Educação Infantil no país, na sua introdução, menciona que: O trabalho com movimento contempla a multiciplidade de funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade das crianças, abrangendo uma reflexão acerca das posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas, bem como atividades voltadas para a ampliação da cultura corporal de cada criança (BRASIL, 1998, p. 15). Nesse sentido, as atividades que têm como características o gesto, o movimento e o grafismo, propostas por Brito (2012, p. 216), têm como objetivo: perceber eventos sonoros distintos e conscientizar algumas de suas características; desenvolver conexões entre a escuta e o gesto produtor de sons; ampliar a capacidade de atenção e de concentração; Introduzir o conceito de registro dos sons; desenvolvimento do gesto e da expressão corporal. Para a autora, você vai precisar de uma sala ampla, instrumentos musicais, voz e o próprio corpo. Segundo a autora da proposta (BRITO, 2012, p. 216): Criando conexões entre a escuta e o gesto produtor de sons, as crianças expressarão suas impressões por meio do movimento corporal e do registro gráfico. É interessante iniciar pelo trabalho corporal, que propicia uma interação mais plena e orgânica com os eventos sonoros, introduzindo depois a atividade de registro gráfico. É recomendado iniciar a atividade pela expressão corporal para depois partir em direção ao registro do grafismo sonoro. A atividade é organizada em três momentos denominados pelo autor: 1. Transformar-se em sons, 2. Desenhar os 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 14/30 sons, 3. Criando notações gráficas. No primeiro momento, é proposto para as crianças: a realização de um “jogo mágico”: transformarem-se nos sons que você irá produzir, o que farão corporalmente. Toque um grupo de sons curtos e peça a elas que se movimentem junto. Faça o mesmo com relação a sons longos. Explore as possibilidades alternando diferentes alturas (graves ou agudos), durações (curtos ou longos), intensidades (fracos ou fortes), linhas melódicas, sons raspados, sacudidos, organizados com um pulso regular, com tempo livre etc. O silêncio também deverá ser lembrado, quando, então, as crianças “viram estátuas”. Já no segundo momento, “costumo brincar com as crianças dizendo que 'numa espécie de mágica' os sons irão parar no papel. Preparadas, com o material distribuído, elas fecham os olhos para escutar e registrar, “levando os sons para o papel” (BRITO, 2012, p. 216). Para a autora, nessa hora: Não se trata de desenhar a fonte sonora, mas, sim, de registrar as impressões, tornando-se modo de conscientizar qualidades do som como altura, duração, intensidade e timbre. O desenho dos sons registra, em primeiro plano, as impressões subjetivas das crianças, transformando-se dinamicamente no decorrer do trabalho com a música. Após, é proposta a criação da notação gráfica que consiste em criar partituras gráficas que, no caso de crianças entre 5 e 6 anos que tenham passado pelas etapas anteriores, ainda são imprecisas. Para Brito (2012, p. 216): Depois de uma fase de trabalho registrando os diferentes sons, é possível que alguns sinais se tornem convencionais para o grupo: pontos ou pequenos traços para os sons curtos; linhas para os sons longos; ondas ou zigue-zagues para o deslocamento de sons do grave para o agudo e vice-versa, com a delimitação do lugar de cada um (graves embaixo, agudos em cima, ou vice-versa, se for uma escolha compartilhada). Para ela, a partir desse momento, o interessante é que “o conceito de código, compartilhado por um grupo, começa a se estabilizar e daí, sim, podemos dizer que as crianças estão começando a construir o conceito de notação musical”. É 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 15/30 proposta a criação de “partituras para interpretar vocalmente ou com instrumentos”. Outra sugestão é o uso “cores para representar os diferentes timbres enquanto que a intensidade pode ser representada pela variação de tamanho do sinal gráfico, como também, pela intensidade da cor no papel, seguindo os mesmos critérios”. Em relação à melodia,poderá ser decidida pelo grupo. Uma outra opção é a criação de partituras gráficas utilizando materiais diversos. Esses materiais de acordo com a autora podem ser: “massa de modelar, lãs, barbantes, tampinhas, forminhas de doces etc.” (BRITO, 2012, p. 216). Para ela, os materiais podem ser utilizados para a emissão de sons curtos e longos e emersão de movimentos pelo espaço. Outra sugestão é a criação de composições individuais e coletivas, realizadas em “papéis grandes, que depois deverão ser interpretadas por todo o grupo, ou em pequenos grupos, dependendo do número de crianças de cada classe” (BRITO, 2012, p. 216). A autora apresenta como dica ao educador, quando for desenvolver atividades relacionadas ao gesto, movimento e grafismo, observar de forma atenta ao movimento feito pela criança, “bem como, o registro gráfico que elas realizam, comentando com elas as soluções interessantes que emergem. Isso favorecerá a transformação da percepção e da consciência de todo o grupo, que ampliará sua escuta e também seus modos de expressão”(BRITO, 2012, p. 216). Nesse caso, o professor desenvolverá a função de reflexão e criticidade sobre o movimento que a criança está desenvolvendo, auxiliando a mesma nos seus gestos expressivos. CASO Lise Lago é professora de Arte em uma escola pública do estado do Mato Grosso, na cidade de Nova Motu. Ela trabalha na turma C de educação Infantil. Conforme o planejamento mensal, precisa ser desenvolvido um projeto sobre grafismo. Lise fica responsável pelo grafismo sonoro. No primeiro momento, ela escolhe uma música de crianças e apresenta aos alunos (a música escolhida está disponível em: < (https://www.youtube.com/watch?v=l86wG--- Zlk).Voce)https://www.youtube.com/watch?v=l86wG---Zlk (https://www.youtube.com/watch?v=l86wG---Zlk)>). Posteriormente, propõe para as crianças se movimentarem ao som da música, momento em que observa os alunos atentamente. A professora vê a necessidade de repetir a música novamente para os alunos se movimentem ao som para 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 16/30 que suas observações sejam mais aclaradas. A seguir a professora Lise distribui aos alunos uma folha de papel, coloca a música novamente para eles ouvirem e reproduzirem no papel os sons ouvidos. Durante o desenvolvimento do grafismo, a professora observa cada movimentação dos alunos, propondo aos mesmos soluções e ideias que poderiam ser acrescentadas à escrita sonora. Os alunos solicitam que a professora repita o áudio novamente para terem mais tempo de reproduzirem os sons ouvidos. E, depois, eles socializaram suas produções entre os colegas. Quando os adultos expõem bebês e crianças a ambientes sonoros ou músicas no dia a dia, mesmo de forma não programada, eles estão contribuindo na musicalização dos pequenos. O adulto se torna responsável em fazer essa interação entre a criança e a música, para a construção do repertório musical da criança. Você pode compreender melhor a linguagem sonora por meio da leitura do livro “Matrizes da linguagem e pensamento: sonora, visual, verbal: aplicações na hipermídia”, da autora Lúcia Santaella, publicado em 2005. Para a autora, toda a variedade e multiplicidade das formas de linguagens estão primordialmente sustentadas em três matrizes de linguagem-pensamento: a sonora, a visual e a verbal. E, a partir dessas, todas as combinações e misturas são possíveis. Nesse sentido, a associação entre som e imagem, formando o grafismo sonoro, é possível. Assim consideramos que cada gesto realizado pela criança na construção do seu grafismo sonoro tem um significado simbólico que não surge ao acaso, mas é uma forma de comunicação da criança, de linguagem que, ao ser desenvolvida, contribui na sua formação integral, sendo uma manifestação da própria criança. O grafismo sonoro na prática caracteriza-se pela audição e transcrição dos sons ouvidos a um suporte que pode ser uma parede, um papel ou o próprio chão. No processo de audição e transcrição dos sons ouvidos, o professor pode incluir também o silêncio, pois ele também faz parte da musicalização. E nesse processo VOCÊ QUER LER? 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 17/30 da criança ouvir o som e transcrever o que ouviu, ela estará transmitindo as suas subjetividades que foram afloradas durante o processo de escuta e o educador estará promovendo na escola uma das diversas formas de linguagem que fazem parte da infância. 2.3 Artes cênicas: teatro como expressão e comunicação O teatro, sendo uma das linguagens artísticas que deve se fazer presente na escola, é uma Arte que serve para as crianças se expressarem e se comunicarem. Para Martins (1998), a comunicação não se dá apenas por meio das palavras, mas também ocorre por meio das formas plásticas, dos sons, dos gestos, que são os códigos dos diferentes tipos de linguagem. Para a autora, tornar esse código conhecido, o qual ela denomina de alfabetização pela arte, se torna a função da educação em arte. Nesse sentido, o teatro, como uma das linguagens presentes na educação em arte no espaço escolar, com suas características e conhecimentos próprios, deve ser aceito como uma linguagem que precisa ser ensinada às crianças. O teatro se consolidou na Grécia, sendo o termo originário da palavra grega theatron, a qual significa “lugar para ver”. A princípio era um lugar físico onde as pessoas se reuniam com a finalidade de participar de cerimônias dedicadas aos deuses gregos, principalmente Dionísio, o deus do vinho. Elas quase sempre eram acompanhadas por músicas e danças, com exceção para a festa da uva, quando também havia o ditirambo, um hino à Dionísio cantado por coro fantasiado. Posteriormente, esse termo ganhou nova projeção sendo reconhecido como peças teatrais, as quais contavam histórias relacionadas aos grandes heróis gregos e que eram executadas em diversos espaços cênicos, até na rua. No Brasil, acredita-se que o teatro teve início no século XVI por meio dos padres jesuítas, os quais introduziram esse gênero entre os povos indígenas para atraí-los na propagação da fé crista. Observa-se que, nessa época, o Teatro já servia como instrumento educativo, nesse caso o ensino religioso. 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 18/30 VOCÊ SABIA? Que, por sua própria natureza, o teatro pressupõe a comunicação entre as pessoas? A peça é uma tentativa de comunicação de tipo particular dentro de uma sociedade? O teatro para o homem primitivo foi uma tentativa de representar o seu dia a dia por meio de danças dramáticas coletivas voltadas para o seu cotidiano. No mundo moderno, é um instrumento de comunicação entre os seres humanos, entre o ator e a plateia. O teatro na educação de crianças é uma tarefa muito gostosa e prazerosa. Pode parecer difícil, mas não é, pois é uma atividade que elas gostam muito e desenvolve a desinibição das crianças. Para Arcoverde (2008), em seu artigo "A importância do teatro na formação da criança", as vantagens em se trabalhar em sala de aula com o teatro são bem diversas, como veremos a seguir. Arcoverde (2008) explica que, por meio do teatro, “o aluno aprende a improvisar, desenvolve a oralidade, a expressão corporal, a impostação de voz, aprende a se entrosar com as pessoas, bem como "desenvolve o vocabulário, trabalha o lado emocional, desenvolve as habilidades para as artes plásticas (pintura corporal, confecção de figurino e montagem de cenário), oportuniza a pesquisa, desenvolve a redação", além disso, também “trabalha a cidadania, religiosidade, ética, sentimentos, interdisciplinaridade, incentiva a leitura, propiciao contato com obras clássicas, fábulas, reportagens", e, por fim, "ajuda os alunos a se desinibirem-se e adquirirem autoconfiança, desenvolve habilidades adormecidas, estimula a imaginação e a organização do pensamento" (ARCOVERDE, 2008, p. 601). O teatro possibilita ao aluno atuar em diversos papéis que retratam a realidade da sociedade. Além desses benefícios garantidos com a prática teatral, também é possível trabalhar a transdiciplinaridade no desenvolvimento de conteúdos de várias outras disciplinas, como em Português, Matemática, Geografia, História, por meio do texto teatral e de jogos dramáticos e as demais linguagens artísticas, se valendo do mesmo como uma ferramenta pedagógica. Devido a grande importância do teatro na educação, essa linguagem é prevista no ensino de Arte por meio da Lei nº 13.278, de 02 de maio de 2016, que altera o parágrafo 6º do artigo 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que fixa as 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 19/30 diretrizes e bases da educação nacional para o ensino de Arte (BRASIL, 2016). Ao se deparar com a LDB, versão atualizada até março de 2017, veremos que no § 2º, do artigo 26, é garantido o ensino da arte na educação básica, de forma obrigatória, como componente curricular especialmente em suas expressões regionais. No § 6º, apresenta que “As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o § 2º do artigo 26 (BRASIL, 2017, p. 20). Assim, a legislação garante o teatro na educação básica, na qual se inclui a educação infantil, o ensino fundamental e o médio. Os Parâmetros Curriculares Nacionais - Arte (1997, p. 5) indicam como objetivos do ensino fundamental que os alunos sejam capazes de desenvolver nas aulas: o uso das diversas linguagens, como a verbal, a matemática, a plasticidade e a corporeidade, que são formas para a produção, a expressão e a comunicação de juízo de valor, explicando e desfrutando das obras culturais tanto em ambientes da rede pública como da privada, por meio do acolhimento das finalidades e ocasiões em que ocorrem a comunicação. O teatro, como linguagem corporal é capaz de produzir comunicação e expressão de pensamentos, por isso não pode ficar de fora do ensino de arte para as crianças. De acordo com PCN - Arte (1997, p. 57): “o teatro, como arte, foi formalizado pelos gregos, passando dos rituais primitivos das concepções religiosas que eram simbolizadas, para o espaço cênico organizado, como demonstração de cultura e conhecimento”. O teatro pode ser utilizado como uma ferramenta na expressão da cultura e dos saberes de determinado povo. Para Martins (1998), no nosso contato com o mundo, nossas referências pessoais e culturais levam-nos a dar sentido e significado às coisas. 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 20/30 Os PCNs-Arte (1997, p. 58) afirma que, ao iniciar o ciclo básico, a criança, “está na idade de vivenciar o companheirismo como um processo de socialização, de estabelecimento de amizades”. Para o autor, o compartilhar “uma atividade lúdica e criativa baseada na experimentação e na compreensão” serve para estimular a aprendizagem. No documento são apresentados alguns exemplos de atividades práticas que podem ser utilizadas no teatro como expressão e comunicação: participação e desenvolvimento nos jogos de atenção, observação, improvisação, etc; reconhecimento e utilização dos elementos da linguagem dramática: espaço cênico, personagem e ação dramática; experimentação e articulação entre as expressões corporal, plástica e sonora; experimentação na improvisação a partir de estímulos diversos (temas, textos dramáticos, poéticos, jornalísticos, etc., objetos, máscaras, situações físicas, imagens e sons); Figura 5 - Criança teatrando contribui no seu desenvolvimento cultural e como ser humano na sociedade. Fonte: Heather Dillon, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 21/30 experimentação na improvisação a partir do estabelecimento de regras para os jogos; pesquisa, elaboração e utilização de cenário, figurino, maquiagem, adereços, objetos de cena, iluminação e som; pesquisa, elaboração e utilização de máscaras, bonecos e de outros modos de apresentação teatral; seleção e organização dos objetos a serem usados no teatro e da participação de cada um na atividade; exploração das competências corporais e de criação dramática; reconhecimento, utilização da expressão e comunicação na criação teatral. Figura 6 - As máscaras podem ser utilizadas no teatro como estímulos na atividade prática de experimentação por meio da improvisação. Fonte: Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 22/30 O professor precisa pensar de que forma poderá desenvolver essas atividades com seus alunos, para a expressão e a divulgação da cultura da comunidade escolar. Na escola é preciso utilizar tudo o que o teatro tem a oferecer para o desenvolvimento da prática pedagógica. Nelson Rodrigues, o dramaturgo do teatro brasileiro, escreveu diversas peças para teatro entre as quais se destacam: "A Mulher sem Pecado", "Vestido de Noiva", "Álbum de Família", "Anjo Negro", "Dorotéia", "Senhora dos Afogados", "Valsa nº. 6", "A Falecida", "Perdoa-me por me Traíres", "Viúva, porém Honesta", "Os Setes Gatinhos", "Boca de Ouro" e "Beijo no Asfalto". Quer obter mais informações sobre o artista? Acesse: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa4409/nelson-rodrigues (http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa4409/nelson-rodrigues)>. O compreender e estar habilitado para se expressar na linguagem dramática é um dos critérios de avaliação em teatro proposto pelo PCN- Arte Ensino Fundamental (1997). No documento, esse item pretende avaliar: se o aluno desenvolve capacidades de atenção, concentração, observação e se enfrenta as situações que emergem nos jogos dramatizados. Se o aluno articula devidamente o discurso falado e o escrito, a expressão do corpo (gesto e movimento), as expressões plástica, visual e sonora na elaboração da obra teatral. Se compreende e sabe obedecer às regras de jogo, se tem empenho para expressar- se com adequação e de forma pessoal ao contexto dramático estabelecido. Essas são algumas formas que o professor do ensino fundamental precisa utilizar quando estiver avaliando seus alunos na expressão da linguagem teatral. Para Brasil (1997, p. 57): O ato de dramatizar está potencialmente contido em cada um, como uma necessidade de compreender e representar uma realidade. Ao observar uma criança em suas primeiras manifestações dramatizadas, o jogo simbólico, percebe-se a VOCÊ O CONHECE? 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 23/30 procura na organização de seu conhecimento do mundo de forma integradora. A dramatização acompanha o desenvolvimento da criança como uma manifestação espontânea, assumindo feições e funções diversas, sem perder jamais o caráter de interação e de promoção de equilíbrio entre ela e o meio ambiente. Essa atividade evolui do jogo espontâneo para o jogo de regras, do individual para o coletivo. A dramatização possibilita às crianças trazerem suas histórias para a cena por meio de experimentos teatrais de forma livre e espontânea. Por mais tímidas que a criança seja, ela vaiverbalizar na hora dela, no momento dela. Ao se referir às formas de linguagens e expressão desenvolvidas por crianças, Brasil (2012, p. 21) apresenta a expressão dramática que para o autor começa a surgir quando: as crianças manifestam o desejo de assumir papéis, como os de motorista, mãe, professora. Quando entram no faz-de-conta compreendem as funções desses personagens na sociedade: do motorista que dirige carros, da professora que educa as crianças ou da mãe que dá comida para o bebê. As imitações anteriores, embora importantes, são repetições de ações observadas pelas crianças sem a compreensão do significado dos papéis desempenhados. Esse documento ainda traz que esse processo de imitação não possibilita à criança a compreensão dos papéis realizados, pois não as deixa agir de forma livre. Para ele, a expressão dos desejos e emoções acontecem por meio “da dramatização de situações imaginárias tanto nas brincadeiras de faz-de-conta como no recontar histórias”. Segundo ele, nessa atividade, “a variedade de acessórios, como bonecas de diversos tipos, berço, carrinho, caminhões de diferentes tipos – cegonha, caçamba, bombeiro, posto de gasolina, fantoches, bichinhos e kit médico auxiliam a representação de papéis, ampliando o repertório das brincadeiras” (BRASIL, 2012, p. 21). VOCÊ QUER LER? 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 24/30 O artigo "Representação, expressão e comunicação", publicado em 01 de abril de 2007, traz a importância do teatro na sala de aula para a promoção do respeito e do diálogo entre os estudantes. Ao final do texto, você encontra várias bibliografias que podem ser utilizadas como fonte de pesquisa sobre o teatro. Acesse: <https://novaescola.org.br/conteudo/1058/representacao-expressao-e- comunicacao (https://novaescola.org.br/conteudo/1058/representacao-expressao-e-comunicacao)>. Essas são algumas orientações para o professor que quer melhorar suas práticas educativas em sala de aula como educador teatral, contribuindo na expressão e comunicação dos seus alunos. 2.4 Artes cênicas: teatro como produção coletiva Ensinar e aprender é fruto de uma produção coletiva que envolve educadores e educandos no cotidiano da escola. No teatro, a produção coletiva é resultado do trabalho entre os atores. Nos PCNs - Arte (1997, p. 57) são enfatizados os benefícios que a prática teatral pode proporcionar ao ser humano. No documento, consta que: “Ao participar de atividades teatrais, o indivíduo tem a oportunidade de se desenvolver dentro de um determinado grupo social de maneira responsável, legitimando os seus direitos dentro desse contexto”. Para o autor, é o momento de se estabelecer “relações entre o individual e o coletivo, aprendendo a ouvir, a acolher e a ordenar opiniões, respeitando as diferentes manifestações, com a finalidade de organizar a expressão de um grupo” (BRASIL, 1997, p. 57). Apreende-se a viver na democracia, respeitando o que o outro pensa e também apresentando a sua opinião pessoal. Ainda sobre as experiências teatrais no ensino fundamental, que contribuem para o desenvolvimento integrado da criança em vários sentidos, os PCNs - Arte (1997, p. 57) traz: No plano individual, o desenvolvimento de suas capacidades expressivas e artísticas. No plano do coletivo, o teatro oferece, por ser uma atividade grupal, o exercício das relações de cooperação, diálogo, respeito mútuo, reflexão sobre como agir com os colegas, flexibilidade de aceitação das diferenças e aquisição de sua autonomia como resultado do poder agir e pensar sem coerção. 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 25/30 Então, se queremos incentivar nas instituições educacionais as tarefas em grupo, a sociabilidade e a interculturalidade considerando as diferenças, o teatro pode ser um ponto-chave para ser realizado. A realização de atividades coletivas é um desafio, mas “cabe ao professor proceder de maneira a incentivar essas relações. A necessidade de colaboração torna-se consciente para a criança, assim como a adequação de falar, ouvir, ver, observar e atuar. Assim, liberdade e solidariedade são praticadas”. (BRASIL, 1997, p. 58) O teatro, no processo de formação da criança, cumpre não só a função integradora, mas dá a oportunidade para que ela se aproprie crítica e construtivamente dos conteúdos sociais e culturais de sua comunidade mediante trocas com os seus grupos (ZAGONEL, 2008, p. 65). O convívio em grupo por meio da prática teatral proporciona a formação de uma criança crítica e, ao mesmo tempo, construtiva em relação aos assuntos que acontecem na sociedade. Figura 7 - Ao trabalhar o teatro coletivo com as crianças, precisa-se colocá-las para encenar e não apenas assistir peças teatrais. Fonte: CREATISTA, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 26/30 O teatro contribui como um recurso para aflorar a sociabilidade da criança. “O teatro, no processo de formação da criança, cumpre não só função integradora, mas dá oportunidade para que ela se aproprie crítica e construtivamente dos conteúdos sociais e culturais de sua comunidade mediante trocas com os seus grupos” (BRASIL, 1997, p. 57). Ao desenvolver atividades teatrais em grupo, ela vai se desinibindo aos poucos, vai se inserindo no coletivo e se tornando uma criança reflexiva sobre os temas da sociedade. Para ficar antenado sobre teatro em grupo, a enciclopédia Itaú cultural disponibiliza, como fonte de pesquisa, o texto Teatro de Grupo, o qual retrata a prática coletiva em teatro não apenas como uma mera organização teatral, mas se valendo de um conceito mais abrangente. Acesse: < (http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo69/teatro-de- grupo)http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo69/teatro-de-grupo (http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo69/teatro-de-grupo)>. Os PCNs – Arte (1997, p. 59) apresentam algumas atividades práticas que podem ser desenvolvidas no teatro como produção coletiva: reconhecimento e integração com os colegas na elaboração de cenas e na improvisação teatral; reconhecimento e exploração do espaço de encenação com os outros participantes do jogo teatral; interação ator-espectador na criação dramatizada; observação, apreciação e análise dos trabalhos em teatro realizados pelos outros grupos; compreensão dos significados expressivos corporais, textuais, visuais, sonoros da criação teatral; criação de textos e encenação com o grupo. VOCÊ QUER LER? 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 27/30 O teatro, como produção coletiva, é uma das habilidades que deve ser avaliada no aluno. Segundo os PCNs - Arte (1997, p. 65), avaliar o teatro como ação coletiva compreende: “avaliar se o aluno sabe organizar-se em grupo, ampliando as capacidades de ver e ouvir na interação com seus colegas, colaborando com respeito e solidariedade, permitindo a execução de uma obra conjunta”. A atuação em grupo possibilita trabalharmos a nossa relação com outros. Para o autor, o professor precisa observar se o aluno “tem empenho na construção grupal do espaço cênico em todos os seus aspectos (cenário, figurino, maquiagem, iluminação), assim como na ação dramática”. O espaço cênico envolve não só o ambiente físico, mas é todo um conjunto composto por Cenário, Figurino, Maquiagem, Iluminação e Ação dramática. Não é só o professor que precisa ter conhecimento desses elementos, o aluno também. Além disso, para o autor, o professor precisa verificar se o aluno “sabeexpressar-se com adequação, tendo o teatro como um processo de comunicação entre os participantes e na relação com os observadores. Se apresenta um processo de evolução da aquisição e do domínio dramático” (BRASIL, 1997, p. 65). Nesse sentido, a roda de conversa antes de iniciar qualquer prática teatral também é viável, pois favorece a comunicação entre os participantes e é o momento que o professor pode avaliar o processo da fala. A avaliação no teatro deve ser contínua, ou seja, o professor deve avaliar o processo, observando o aluno no início, durante o trabalho e ao final. Essas informações possibilitam ao professor o desenvolvimento de estratégias, técnicas e abordagens para que possa desenvolver atividades teatrais variadas com seus alunos. O teatro, como prática coletiva, caracteriza-se sobretudo como aquela desenvolvida em grupo, na qual ocorre a interação entre os participantes e onde todos estão dispostos a se ouvirem para a elaboração de uma obra construída em conjunto, em que as pessoas assumem uma consideração e um compromisso entre si envolvendo todos os aspectos cênicos. Dessa forma, o teatro torna-se uma ferramenta na construção da aprendizagem da educação infantil nos anos iniciais do ensino fundamental. 06/05/2019 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças https://unifacs.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 28/30 Síntese Concluímos este capítulo referente à música e ao teatro como meios de expressão e comunicação das crianças por meio do movimento. Agora, você já conhece propostas que ajudam a desenvolver atividades práticas com crianças se valendo do lúdico, como jogos musicais, grafismo sonoro, teatro como expressão e conhecimento e dramatização coletiva. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: acompanhar como pode ser desenvolvida a musicalização por meio de jogos sonoros e que existem inúmeras possibilidades de se trabalhar a música como expressão e comunicação; aprender sobre grafismo sonoro; compreender o teatro como expressão e conhecimento por meio do movimento; conhecer o que pode ser desenvolvido no teatro como produção coletiva na construção de um trabalho em grupo. Referências bibliográficas ARCOVERDE, S. L. M. A Importância do Teatro na Formação da Criança. Anais do EDUCERE - Congresso Nacional de Educação, P.600-609, 2008. Disponível em: <http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2008/629_639.pdf (http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2008/629_639.pdf)> Acesso em: 30/01/2018. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União. 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