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CORPO, MOVIMENTO E ARTE NA EDUCAÇÃO

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CORPO, MOVIMENTO E ARTE
NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS
CAPÍTULO 2 - A MÚSICA E O TEATRO
PODEM SER USADOS NA EXPRESSÃO E
COMUNICAÇÃO DE CRIANÇAS POR
MEIO DO MOVIMENTO?
Mara Pereira da Silva
INICIAR
Introdução
Você já parou para refletir sobre a música e o teatro na educação de crianças?
Pensar a música e o teatro como meios de expressão e comunicação de crianças
por meio do movimento não é tarefa fácil. Na verdade, o trabalho com educação
de crianças de modo geral é complexo e importante, dado a essa situação, existem
documentos que regem esse tipo de educação, como o RCNEI, o PCN e a LDB. Se a
educação de crianças é importante na educação brasileira, como fazer para
trabalhar a música com as crianças? De que forma usar o teatro nessa fase da vida?
Como levar as crianças a se expressar e comunicar utilizando essas linguagens
artísticas por meio do movimento? Esses questionamentos nos ajudam a pensar
como agir com crianças em um ambiente educacional. Neste capítulo, você
poderá conhecer a educação musical por meio de jogos de musicalização e
entender o grafismo sonoro, além de conhecer atividades práticas, utilizadas na
educação infantil, que abarquem o gesto, o movimento e o grafismo. Você
perceberá como poderá utilizar o teatro com crianças na perspectiva de que eles
se expressem e comuniquem a mensagem por meio de produções coletivas.
2.1 Musicalização: jogos de
musicalização
Os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil e os Parâmetros
Curriculares Nacionais da Educação Fundamental orientam o
desenvolvimento do ensino da música, no âmbito do ensino da Arte, a partir
de três eixos: fazer, apreciar e contextualizar.
A música é uma das primeiras formas de comunicação do homem. No ventre
da mãe, o bebê já é competente ao ouvir, já escuta o ritmo. Ele nasce, cresce,
torna-se adulto e os sons continuam a provocar reações, evocando memórias
e pensamentos musicais. Brito (2003, p. 35), sobre esse aspecto, afirma que:
“na fase intrauterina os bebês já convivem com um ambiente de sons
provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas aveias, a
respiração e a movimentação dos intestinos”.  Sendo assim, ainda no ventre
materno, os bebês já estão imersos no ambiente sonoro. Por meio da música,
comunicam-se, provocam sensações, se emocionam e se movimentam.
A potencialidade da música e os benefícios que ela pode oferecer às pessoas
de todas as idades são diversos. O ensino da música em sala de aula não
pode ser desperdiçado, sendo uma arte, se torna muito interessante aos
alunos. E quando o aprendizado se vale de jogos de musicalização, por meio
do lúdico, as aulas se tornam mais alegres.
O grupo musical Palavra Cantada que desenvolve um trabalho de
musicalização com crianças? O grupo e liderado pelos músicos Sandra Peres
e Paulo Tatit. Sandra é musicista com formação pelo conservatório de São
Paulo, e Paulo tem formação autodidata, ou seja, nunca frequentou um
ensino formal de música. Por meio de letras e canções, eles tentam
sensibilizar as crianças para o universo sonoro. 
O jogo sempre esteve presente em alguma fase da nossa vida, seja o futebol,
as cartas, o dominó, a dama, ou o de memória, entre tantos, o qual nos
transmite sensações que podem ser de tristeza ou alegria, sentimentos
agradáveis ou desagradáveis. 
VOCÊ O CONHECE?
Diversos artigos científicos apontam para a necessidade do uso de jogos na
educação. Um exemplo desse tipo de estudo é a publicação do Professor Tizuko
Morchida Kishimoto (2002) intitulada “Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação”.
Nessa obra, o autor propõe que o jogo não tem o mesmo significado para todas as
pessoas, ao pronunciar a palavra jogo, cada um pode entendê-la de modo
diferente. Nos dizeres do autor, "A boneca é brinquedo para uma criança que
brinca de 'filhinha', mas para certas etnias indígenas, conforme pesquisas
etnográficas, é símbolo de divindade, objeto de adoração" (KISHIMOTO, 2002, p.
15). Então, para o auto, cada contexto social constrói uma imagem conforme seus
valores e modo de vida, a qual se expressa por meio da linguagem. Ela faz
diferença entre jogo e brinquedo, o primeiro é permeado por regras, enquanto o
segundo já não tem regras e reproduzem o mundo técnico e científico retratando o
modo de vida atual.
As professoras Rosa Guia e Cecília França (2005) consideram os jogos musicais
como atividades lúdicas coletivas que se apoiam em material concreto para
promover elementos da teoria musical, observando os pré-requisitos necessários
à compreensão de diversos conteúdos.
 Figura 1 - O jogo
nos dá o poder de tomar decisões e expressar sentimentos,
proporcionando a interação com outras pessoas. Fonte: Kzenon,
Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Contudo, as autoras propõe que, ao experimentarem os jogos pedagógicos em
sala de aula, os educadores revitalizem suas práticas, redescobrindo a alegria, a
espontaneidade e o prazer tão indispensáveis ao fazer musical. Assim, elas
consideram a prática do jogo fundamental para o desenvolvimento e
aprendizagem musical dos alunos, sendo que o processo de educação musical não
pode se resumir aos jogos, esses representam um recurso para se trabalhar os
conteúdos e devem ser conjugados com atividades de natureza sensorial e
corporal, com performance de canções e apreciação de obras nas quais serão
enfocados aspectos estruturais e expressivos, estilo, timbre, dinâmica e outros
elementos.
Os jogos musicais podem ser utilizados de forma interdisciplinar em outras
disciplinas como a Matemática, o Português, a Geografia, a História e todas as
outras disciplinas e demais linguagens artísticas por meio do ritmo. 
Ao se referir sobre os conteúdos de Arte, para primeiro e segundo ciclos, o
PCN -Arte- Ensino Fundamental afirma que os conteúdos estão
apresentados de forma separada no documento “para garantir presença e
Figura 2 - Jogos musicais são fundamentais para o desenvolvimento e
aprendizagem do aluno. Fonte: tomertu, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
profundidade das formas artísticas nos projetos educacionais. No entanto, o
professor poderá reconhecer as possibilidades de interseção entre elas para
o seu trabalho em sala de aula, assim como com as demais disciplinas do
currículo” (BRASIL, 1997, p. 57). E nada melhor que os jogos musicais para
fazer essa interseção.  Além disso, os jogos musicais, podem ser utilizados
em qualquer idade, o que vai diferenciar é a forma de abordagem. Para Brito
(2003, p. 49):
As cantigas de ninar, as canções de roda, as parlendas e todo tipo de jogo
musical têm grande importância, pois é por meio das interações que se
estabelecem que os bebês desenvolvem um repertório que lhes permitirá
comunicar-se pelos sons; os momentos de troca e comunicação sonoras
musicais favorecem o desenvolvimento afetivo e cognitivo, bem como a criação
de vínculo fortes tanto com os adultos quanto com a música. 
Trabalhar jogos com crianças contribuem no desenvolvimento da coordenação
motora e auxiliam na motivação do sonho e da imaginação. O professor, ao utilizar
o jogo nas atividades musicais, precisa ter claro os seus objetivos, ou seja, se
aquilo vai ser utilizado como linguagem musical ou como recurso, como meio ou
como fim. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI
(BRASIL, 1998, p. 48) afirma que “ouvir música, aprender, uma canção, brincar de
roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mão, são atividades que despertam,
estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical”. Para o autor, além de
despertarem, estimularem e desenvolverem o gosto musical, possibilitam as
necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva.
Quanto a relação das pessoas com a música, a educadora musical Brito (2003, p.
31) afirma que “é difícil encontrar alguém que não se relacione com a música [...];
escutando, cantando, dançando, tocando um instrumento em diferentes
momentos e por diversas razões”. Para a autora, “[...] Surpreendemo-nos cantando
aquela canção que parece ter “cola”, e quenão sai da nossa cabeça e não
resistimos a pelo menos mexer os pés, reagindo a um ritmo envolvente”. O ser
humano, mesmo inconscientemente, é levado, pelo balançar da música, a se
mover.
No momento em que ouvirmos a música somos automaticamente levados a
acompanhar o ritmo. O Parâmetro Curricular Nacional Arte- Ensino Fundamental”
(1997, p. 54), referindo-se à comunicação e expressão em música, associa à
interpretação, à improvisação e à composição, propondo algumas atividades entre
as quais podemos citar as “interpretações de músicas existentes vivenciando um
processo de expressão individual ou grupal, dentro e fora da escola”, a criação de
“arranjos, improvisações e composições dos próprios alunos baseadas nos
elementos da linguagem musical, em atividades que valorizem seus processos
pessoais. Assim, essas atividades precisam ter relação com suas comunidades e
identidades culturais pessoais. Para os PCNs - Artes (1997, p. 54), é preciso existir o
“processo da Experimentação e criação de técnicas relativas à interpretação, à
improvisação e à composição”. Para práticas musicais que tenham uma formação
abrangente, a interpretação, a improvisação e a composição precisam estar
presentes, não podem ser excluídas do processo de ensino e aprendizagem em
música.
Segundo os PCNs - Artes (1997, p. 54), o processo de experimentação também
deve se fazer presente na “seleção e utilização de instrumentos, materiais sonoros,
equipamentos e tecnologias disponíveis em arranjos, composições e
improvisações”. Esses instrumentos citados no documento referem-se aos
instrumentos musicais. 
Figura 3 - O instrumento musical xilofone pode ser utilizado no processo
de experimentação em atividades musicais. Fonte: olegganko,
Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Além dos processos de experimentação de diversas fontes propostas pelos PCNs -
Arte - Ensino Fundamental (1997, p. 55), é sugerido, para comunicação e expressão
em música, a necessidade do professor orientar os alunos quanto a “observação e
análise das estratégias pessoais e dos colegas em atividades de produção, a
Seleção e tomada de decisões, em produções individuais e/ou grupais, com
relação às ideias musicais, letra, técnicas, sonoridades, texturas, dinâmicas, forma,
etc.”. As atividades desenvolvidas precisam ser analisadas tanto pelos alunos
quanto pelo professor. Os alunos precisam fazer suas críticas e observações tanto
em relação às suas próprias produções quanto às dos colegas.
Segundo PCNs - Arte (1997, p. 55), o professor precisa desenvolver atividades de
produção em que se use e elabore notações musicais, levando o aluno à
“Percepção e identificação dos elementos da linguagem musical em atividades de
produção, explicitando-os por meio da voz, do corpo, de materiais sonoros e de
instrumentos disponíveis”. Ainda é recomendado o emprego e invenção de letras
de músicas “como portadoras de elementos da linguagem musical”. O uso do
“sistema modal/tonal na prática do canto a uma ou mais vozes” e a “utilização
progressiva da notação tradicional da música relacionada à percepção da
linguagem musical” é recomendado. O processo de criação do aluno deve ser
fomentado pelo educador.
Outra recomendação dada pelos PCNs - Arte (1997, p. 55), para a comunicação e
expressão em música, é a “utilização de brincadeiras, jogos, danças, atividades
diversas de movimento e suas articulações com os elementos da linguagem
musical” e “traduções simbólicas de realidades interiores e emocionais por meio
da música”. A escola deve viabilizar ao aluno a possibilidade de vivenciar essas
atividades no processo de aprendizagem que conduzem a criança à comunicação
e expressão em música, sendo uma responsabilidade não apenas do professor,
mas de toda a gestão escolar.
A educadora Nicole Jeandot (1990), ao se referir aos jogos envolvendo música,
enfatiza a motivação como um dos processos importantíssimos na aprendizagem.
Para ela, a motivação está relacionada ao prazer que o aluno tem em realizar
determinada tarefa e nada melhor que o jogo para fomentar a criança a escutar e
discriminar os sons.
A autora busca uma sistematização dos jogos musicais em três tipos, de acordo
com o desenvolvimento cognitivo da criança: o sensório motor, o simbólico e o
analítico ou de regras.
O sensório motor refere-se à pesquisa dos gestos e dos sons por meio da imitação.
O simbólico relaciona-se aos jogos em que a criança representa a expressão, o
sentimento e o significado da música. O analítico ou de regras é atribuído a jogos
que envolvem a estrutura e organização da música.
Jeadont (1990) relata que as crianças, com o movimento do corpo, acompanham
as músicas e começam a construir conhecimentos musicais através da relação do
som e do gesto realizado, por esse motivo ela recomenda o trabalho com jogos
rítmicos desde os primeiros anos de vida. Para a autora, cabe ao professor o papel
de estimular a criança a fazer suas próprias pesquisas e enriquecer o seu
repertório musical, considerando o ritmo como elemento essencial da música.
Várias propostas de atividades musicais são propostas em seu livro (JEADONT,
1990), entre as quais se inclui alguns jogos, como dominó de instrumentos
musicais e o jogo da memória, bem como várias outras brincadeiras que servem
para desenvolver a sensibilidade das crianças em relação ao mundo sonoro. 
O livro de jogos e brincadeiras musicais de Alliana Daud, publicado pela
Editora Paulinas em 2009, traz 20 propostas recheadas de atividades
musicais que podem ser desenvolvidas de forma individual ou em conjunto,
levando as crianças a perceberem os sons que as cercam por meio de jogos e
brincadeiras, fomentando a percepção sonora, e desenvolvendo as
habilidades de distinguir e executar sons.
Existem muitas formas de perceber e trabalhar com jogos musicais na
educação de crianças. A música está presente nos jogos das crianças, tendo
uma forte ligação com o brincar. Esses são alguns caminhos que podem ser
tomados, mas é recomendável ao educador criar seus próprios jogos de
acordo com o ambiente cultural de seus alunos.
VOCÊ QUER LER?
2.2 Musicalização: grafismo sonoro
O grafismo pode ser representado por desenhos, pinturas, símbolos e
imagens conhecidas ou não. A música é uma forma de comunicação sonora
que pode ser representada por meio do grafismo, transmitindo mensagens
com diversos significados musicais. Esses grafismos sonoros na obra musical
podem conter explicações para a sua execução ou não.
Na primeira metade do século XX, já se pode ouvir falar do grafismo musical
que surgiu a partir das experimentações realizadas por vanguardas musicais.
O grafismo sonoro se aproxima do conceito de Partitura Icônica que é a
associação entre som e imagem.
VOCÊ SABIA?
Que a partitura icônica representa os sons por meio de
imagens? Segundo Martinez (2003), no seu artigo "Ciência,
significação e metalinguagem: Le Sacre du printemps",
publicado na Revista Opus, a música abrange níveis de
comunicação não verbais. Assim, pode ser representada por
meio de imagens e símbolos, expressando uma semelhança
sensorial com os sons que representa. Acesse:
<http://www.anppom.com.br/revista/index.php/opus/article/vie
w/89/72
(http://www.anppom.com.br/revista/index.php/opus/article/vie
w/89/72)>. 
Lowenfeld (1977, p. 34) explica que “no primeiro ano de vida a criança já é
capaz de manter ritmos e produzir seus primeiros traços gráficos conhecido
como garatujas”. As garatujas se diferem entre uma criança e outra. Assim,
ao olharmos para uma garota ou garoto, percebemos seus movimentos
artísticos que são naturais de uma criança.
http://www.anppom.com.br/revista/index.php/opus/article/view/89/72
As garatujas realizadas por crianças podem ser gráficas, sonoras e corporais.
Martins (1998, p. 97) aponta que: 
Garatujas gráficas, sonoras e corporais são exercitadas pela criança,
provocando-lhe um prazer intrinsecamente estético. Nem sempre nos damos
conta da variedade de rabiscos traçados pela criança e de como eles
modificam com o passar do tempo, embora continuemsendo garatujas.
Para a autora, é bom que o adulto não tenha pressa que a criança deixe a
fase da garatuja, para que ela possa involuntariamente pesquisar de forma
intuitiva e livre todas as possibilidades da arte. A criança precisa desenvolver
suas próprias grafias exercitando a sua criatividade.
 Figura 4 -
Quando a criança estiver realizando seus traços gráficos, o incentivo por
parte do adulto ou do professor é fundamental. Fonte: Shutterstock,
2018.
VOCÊ QUER VER?
Deslize sobre a imagem para Zoom
O vídeo Grafismo infantil - leitura e desenvolvimento, produzido pela UNIVESP,  apresenta duas escolas
que têm no desenho a base para vários trabalhos pedagógicos com as crianças, sendo que algumas
dessas atividades são acompanhadas e explicadas por Márcia Aparecida Gobbi. Acesse:
<http://univesptv.cmais.com.br/grafismo-infantil-leitura-e-desenvolvimento
(http://univesptv.cmais.com.br/grafismo-infantil-leitura-e-desenvolvimento)>.  
Práticas musicais para a educação infantil precisam ser desenvolvidas em
sala de aula abarcando atividades que envolvam o grafismo sonoro para o
desenvolvimento motor da criança. O RECNEI, Vol. 3, documento que norteia
a organização da Educação Infantil no país, na sua introdução, menciona que:
O trabalho com movimento contempla a multiciplidade de funções e
manifestações do ato motor, propiciando um amplo desenvolvimento de
aspectos específicos da motricidade das crianças, abrangendo uma reflexão
acerca das posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas, bem como
atividades voltadas para a ampliação da cultura corporal de cada criança
(BRASIL, 1998, p. 15).
Nesse sentido, as atividades que têm como características o gesto, o movimento e
o grafismo, propostas por Brito (2012, p. 216), têm como objetivo: perceber
eventos sonoros distintos e conscientizar algumas de suas características;
desenvolver conexões entre a escuta e o gesto produtor de sons; ampliar a
capacidade de atenção e de concentração; Introduzir o conceito de registro dos
sons; desenvolvimento do gesto e da expressão corporal. Para a autora, você vai
precisar de uma sala ampla, instrumentos musicais, voz e o próprio corpo.
Segundo a autora da proposta (BRITO, 2012, p. 216): 
Criando conexões entre a escuta e o gesto produtor de sons, as crianças
expressarão suas impressões por meio do movimento corporal e do registro
gráfico. É interessante iniciar pelo trabalho corporal, que propicia uma
interação mais plena e orgânica com os eventos sonoros, introduzindo depois
a atividade de registro gráfico.
É recomendado iniciar a atividade pela expressão corporal para depois partir
em direção ao registro do grafismo sonoro. A atividade é organizada em três
momentos denominados pelo autor: 1. Transformar-se em sons, 2. Desenhar
http://univesptv.cmais.com.br/grafismo-infantil-leitura-e-desenvolvimento
os sons, 3. Criando notações gráficas. No primeiro momento, é proposto para
as crianças:
a realização de um “jogo mágico”: transformarem-se nos sons que você irá
produzir, o que farão corporalmente. Toque um grupo de sons curtos e peça a
elas que se movimentem junto. Faça o mesmo com relação a sons longos.
Explore as possibilidades alternando diferentes alturas (graves ou agudos),
durações (curtos ou longos), intensidades (fracos ou fortes), linhas melódicas,
sons raspados, sacudidos, organizados com um pulso regular, com tempo livre
etc. O silêncio também deverá ser lembrado, quando, então, as crianças “viram
estátuas”.
Já no segundo momento, “costumo brincar com as crianças dizendo que
'numa espécie de mágica' os sons irão parar no papel. Preparadas, com o
material distribuído, elas fecham os olhos para escutar e registrar, “levando
os sons para o papel” (BRITO, 2012, p. 216). Para a autora, nessa hora: 
Não se trata de desenhar a fonte sonora, mas, sim, de registrar as impressões,
tornando-se modo de conscientizar qualidades do som como altura, duração,
intensidade e timbre. O desenho dos sons registra, em primeiro plano, as
impressões subjetivas das crianças, transformando-se dinamicamente no
decorrer do trabalho com a música. 
Após, é proposta a criação da notação gráfica que consiste em criar
partituras gráficas que, no caso de crianças entre 5 e 6 anos que tenham
passado pelas etapas anteriores, ainda são imprecisas. Para Brito (2012, p.
216):
Depois de uma fase de trabalho registrando os diferentes sons, é possível que
alguns sinais se tornem convencionais para o grupo: pontos ou pequenos
traços para os sons curtos; linhas para os sons longos; ondas ou zigue-zagues
para o deslocamento de sons do grave para o agudo e vice-versa, com a
delimitação do lugar de cada um (graves embaixo, agudos em cima, ou vice-
versa, se for uma escolha compartilhada).  
Para ela, a partir desse momento, o interessante é que “o conceito de código,
compartilhado por um grupo, começa a se estabilizar e daí, sim, podemos dizer
que as crianças estão começando a construir o conceito de notação musical”. É
proposta a criação de “partituras para interpretar vocalmente ou com
instrumentos”. Outra sugestão é o uso “cores para representar os diferentes
timbres enquanto que a intensidade pode ser representada pela variação de
tamanho do sinal gráfico, como também, pela intensidade da cor no papel,
seguindo os mesmos critérios”. Em relação à melodia, poderá ser decidida pelo
grupo. Uma outra opção é a criação de partituras gráficas utilizando materiais
diversos. Esses materiais de acordo com a autora podem ser: “massa de modelar,
lãs, barbantes, tampinhas, forminhas de doces etc.” (BRITO, 2012, p. 216).  Para
ela, os materiais podem ser utilizados para a emissão de sons curtos e longos
e emersão de movimentos pelo espaço. Outra sugestão é a criação de
composições individuais e coletivas, realizadas em “papéis grandes, que
depois deverão ser interpretadas por todo o grupo, ou em pequenos grupos,
dependendo do número de crianças de cada classe” (BRITO, 2012, p. 216).
A autora apresenta como dica ao educador, quando for desenvolver
atividades relacionadas ao gesto, movimento e grafismo, observar de forma
atenta ao movimento feito pela criança, “bem como, o registro gráfico que
elas realizam, comentando com elas as soluções interessantes que emergem.
Isso favorecerá a transformação da percepção e da consciência de todo o
grupo, que ampliará sua escuta e também seus modos de expressão”(BRITO,
2012, p. 216). Nesse caso, o professor desenvolverá a função de reflexão e
criticidade sobre o movimento que a criança está desenvolvendo, auxiliando
a mesma nos seus gestos expressivos.
CASO
Lise Lago é professora de Arte em uma escola pública
do estado do Mato Grosso, na cidade de Nova Motu. Ela
trabalha na turma C de educação Infantil. Conforme o
planejamento mensal, precisa ser desenvolvido um
projeto sobre grafismo. Lise fica responsável pelo
grafismo sonoro. No primeiro momento, ela escolhe
uma música de crianças e apresenta aos alunos (a
música escolhida está disponível em: <
(https://www.youtube.com/watch?v=l86wG---
Zlk).Voce)https://www.youtube.com/watch?
v=l86wG---Zlk (https://www.youtube.com/watch?
v=l86wG---Zlk)>). Posteriormente, propõe para as crianças se
movimentarem ao som da música, momento em que observa os alunos
atentamente. A professora vê a necessidade de repetir a música
novamente para os alunos se movimentem ao som para que suas
observações sejam mais aclaradas. A seguir a professora Lise distribui aos
alunos uma folha de papel, coloca a música novamente para eles ouvirem
e reproduzirem no papel os sons ouvidos. Durante o desenvolvimento do
grafismo, a professora observa cada movimentação dos alunos, propondo
aos mesmos soluções e ideias que poderiam ser acrescentadas à escrita
sonora. Os alunos solicitam que a professora repita o  áudio  novamente 
para terem mais tempo de reproduzirem os sons ouvidos. E, depois, eles
socializaram suas produções entre os colegas.
Quando os adultos expõem bebês e crianças a ambientes sonoros ou
músicas no dia a dia,  mesmo de forma não programada, eles estão
contribuindona musicalização dos pequenos. O adulto se torna responsável
em fazer essa interação entre a criança e a música, para a construção do
repertório musical da criança.
Você pode compreender melhor a linguagem sonora por meio da leitura do
livro “Matrizes da linguagem e pensamento: sonora, visual, verbal: aplicações
na hipermídia”, da autora Lúcia Santaella, publicado em 2005. Para a autora,
toda a variedade e multiplicidade das formas de linguagens estão
primordialmente sustentadas em três matrizes de linguagem-pensamento: a
sonora, a visual e a verbal. E, a partir dessas, todas as combinações e
misturas são possíveis. Nesse sentido, a associação entre som e imagem,
formando o grafismo sonoro, é possível.
VOCÊ QUER LER?
https://www.youtube.com/watch?v=l86wG---Zlk).Voce
https://www.youtube.com/watch?v=l86wG---Zlk
Assim consideramos que cada gesto realizado pela criança na construção do
seu grafismo sonoro tem um significado simbólico que não surge ao acaso,
mas é uma forma de comunicação da criança, de linguagem que, ao ser
desenvolvida, contribui na sua formação integral, sendo uma manifestação
da própria criança.
O grafismo sonoro na prática caracteriza-se pela audição e transcrição dos
sons ouvidos a um suporte que pode ser uma parede, um papel ou o próprio
chão. No processo de audição e transcrição dos sons ouvidos, o professor
pode incluir também o silêncio, pois ele também faz parte da musicalização. E
nesse processo da criança ouvir o som e transcrever o que ouviu, ela estará
transmitindo as suas subjetividades que foram afloradas durante o processo
de escuta e o educador estará promovendo na escola uma das diversas
formas de linguagem que fazem parte da infância.
2.3 Artes cênicas: teatro como
expressão e comunicação 
O teatro, sendo uma das linguagens artísticas que deve se fazer presente na
escola, é uma Arte que serve para as crianças se expressarem e se comunicarem.
Para Martins (1998), a comunicação não se dá apenas por meio das palavras, mas
também ocorre por meio das formas plásticas, dos sons, dos gestos, que são os
códigos dos diferentes tipos de linguagem. Para a autora, tornar esse código
conhecido, o qual ela denomina de alfabetização pela arte, se torna a função da
educação em arte. Nesse sentido, o teatro, como uma das linguagens presentes na
educação em arte no espaço escolar, com suas características e conhecimentos
próprios, deve ser aceito como uma linguagem que precisa ser ensinada às
crianças.
O teatro se consolidou na Grécia, sendo o termo originário da palavra grega
theatron, a qual significa “lugar para ver”. A princípio era um lugar físico onde as
pessoas se reuniam com a finalidade de participar de cerimônias dedicadas aos
deuses gregos, principalmente Dionísio, o deus do vinho. Elas quase sempre eram
acompanhadas por músicas e danças, com exceção para a festa da uva, quando
também havia o ditirambo, um hino à Dionísio cantado por coro fantasiado.
Posteriormente, esse termo ganhou nova projeção sendo reconhecido como peças
teatrais, as quais contavam histórias relacionadas aos grandes heróis gregos e que
eram executadas em diversos espaços cênicos, até na rua.
No Brasil, acredita-se que o teatro teve início no século XVI por meio dos padres
jesuítas, os quais introduziram esse gênero entre os povos indígenas para atraí-los
na propagação da fé crista. Observa-se que, nessa época, o Teatro já servia como
instrumento educativo, nesse caso o ensino religioso. 
VOCÊ SABIA?
Que, por sua própria natureza, o teatro pressupõe a
comunicação entre as pessoas? A peça é uma tentativa de
comunicação de tipo particular dentro de uma sociedade? O
teatro para o homem primitivo foi uma tentativa de
representar o seu dia a dia por meio de danças dramáticas
coletivas voltadas para o seu cotidiano. No mundo moderno, é
um instrumento de comunicação entre os seres humanos,
entre o ator e a plateia. 
O teatro na educação de crianças é uma tarefa muito gostosa e prazerosa. Pode
parecer difícil, mas não é, pois é uma atividade que elas gostam muito e
desenvolve a desinibição das crianças.
Para Arcoverde (2008), em seu artigo "A importância do teatro na formação da
criança", as vantagens em se trabalhar em sala de aula com o teatro são bem
diversas, como veremos a seguir.
Arcoverde (2008) explica que, por meio do teatro, “o aluno aprende a improvisar,
desenvolve a oralidade, a expressão corporal, a impostação de voz, aprende a se
entrosar com as pessoas, bem como "desenvolve o vocabulário, trabalha o lado
emocional, desenvolve as habilidades para as artes plásticas (pintura corporal,
confecção de figurino e montagem de cenário), oportuniza a pesquisa, desenvolve
a redação", além disso, também “trabalha a cidadania, religiosidade, ética,
sentimentos, interdisciplinaridade, incentiva a leitura, propicia o contato com
obras clássicas, fábulas, reportagens", e, por fim, "ajuda os alunos a se
desinibirem-se e adquirirem autoconfiança, desenvolve habilidades adormecidas,
estimula a imaginação e a organização do pensamento" (ARCOVERDE, 2008, p.
601). O teatro possibilita ao aluno atuar em diversos papéis que retratam a
realidade da sociedade.
Além desses benefícios garantidos com a prática teatral, também é possível
trabalhar a transdiciplinaridade no desenvolvimento de conteúdos de várias
outras disciplinas, como em Português, Matemática, Geografia, História, por meio
do texto teatral e de jogos dramáticos e as demais linguagens artísticas, se valendo
do mesmo como uma ferramenta pedagógica.
Devido a grande importância do teatro na educação, essa linguagem é prevista no
ensino de Arte por meio da Lei nº 13.278, de 02 de maio de 2016, que altera o
parágrafo 6º do artigo 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que fixa as
diretrizes e bases da educação nacional para o ensino de Arte (BRASIL, 2016).
Ao se deparar com a LDB, versão atualizada até março de 2017, veremos que no §
2º, do artigo 26, é garantido o ensino da arte na educação básica, de forma
obrigatória, como componente curricular especialmente em suas expressões
regionais. No § 6º, apresenta que “As artes visuais, a dança, a música e o teatro são
as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o § 2º do
artigo 26 (BRASIL, 2017, p. 20). Assim, a legislação garante o teatro na educação
básica, na qual se inclui a educação infantil, o ensino fundamental e o médio.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais - Arte (1997, p. 5) indicam como objetivos do
ensino fundamental que os alunos sejam capazes de desenvolver nas aulas: o uso
das diversas linguagens, como a verbal, a matemática, a plasticidade e a
corporeidade, que são formas para a produção, a expressão e a comunicação de
juízo de valor, explicando e desfrutando das obras culturais tanto em ambientes
da rede pública como da privada, por meio do acolhimento das finalidades e
ocasiões em que ocorrem a comunicação.
O teatro, como linguagem corporal é capaz de produzir comunicação e expressão
de pensamentos, por isso não pode ficar de fora do ensino de arte para as
crianças.
De acordo com PCN - Arte (1997, p. 57): “o teatro, como arte, foi formalizado pelos
gregos, passando dos rituais primitivos das concepções religiosas que eram
simbolizadas, para o espaço cênico organizado, como demonstração de cultura e
conhecimento”. O teatro pode ser utilizado como uma ferramenta na expressão da
cultura e dos saberes de determinado povo. Para Martins (1998), no nosso contato
com o mundo, nossas referências pessoais e culturais levam-nos a dar sentido e
significado às coisas. 
Os PCNs-Arte (1997, p. 58) afirma que, ao iniciar o ciclo básico, a criança, “está na
idade de vivenciar o companheirismo como um processo de socialização, de
estabelecimento de amizades”. Para o autor, o compartilhar “uma atividade lúdica
e criativa baseada na experimentação e na compreensão” serve para estimular a
aprendizagem. No documento são apresentados alguns exemplos de atividades
práticas que podem ser utilizadas no teatro como expressão e comunicação: 
participação e desenvolvimentonos jogos de atenção, observação,
improvisação, etc;
Figura 5 - Criança teatrando contribui no seu desenvolvimento cultural e
como ser humano na sociedade. Fonte: Heather Dillon, Shutterstock,
2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
reconhecimento e utilização dos elementos da linguagem dramática: espaço
cênico, personagem e ação dramática;
experimentação e articulação entre as expressões corporal, plástica e sonora;
experimentação na improvisação a partir de estímulos diversos (temas, textos
dramáticos, poéticos, jornalísticos, etc., objetos, máscaras, situações físicas,
imagens e sons);
experimentação na improvisação a partir do estabelecimento de regras para
os jogos;
Figura 6 - As máscaras podem ser utilizadas no teatro como estímulos na
atividade prática de experimentação por meio da improvisação. Fonte:
Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
pesquisa, elaboração e utilização de cenário, figurino, maquiagem, adereços,
objetos de cena, iluminação e som;
pesquisa, elaboração e utilização de máscaras, bonecos e de outros modos
de apresentação teatral;
seleção e organização dos objetos a serem usados no teatro e da participação
de cada um na atividade;
exploração das competências corporais e de criação dramática;
reconhecimento, utilização da expressão e comunicação na criação teatral. 
O professor precisa pensar de que forma poderá desenvolver essas
atividades com seus alunos, para a expressão e a divulgação da cultura da
comunidade escolar. Na escola é preciso utilizar tudo o que o teatro tem a
oferecer para o desenvolvimento da prática pedagógica.
Nelson Rodrigues, o dramaturgo do teatro brasileiro, escreveu diversas peças
para teatro entre as quais se destacam: "A Mulher sem Pecado", "Vestido de
Noiva", "Álbum de Família", "Anjo Negro", "Dorotéia", "Senhora dos
Afogados", "Valsa nº. 6", "A Falecida", "Perdoa-me por me Traíres", "Viúva,
porém Honesta", "Os Setes Gatinhos", "Boca de Ouro" e "Beijo no Asfalto".
Quer obter mais informações sobre o artista? Acesse:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa4409/nelson-rodrigues
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa4409/nelson-rodrigues)>.
O compreender e estar habilitado para se expressar na linguagem dramática é um
dos critérios de avaliação em teatro proposto pelo PCN- Arte Ensino Fundamental
(1997). No documento, esse item pretende avaliar: 
se o aluno desenvolve capacidades de atenção, concentração, observação e se
enfrenta as situações que emergem nos jogos dramatizados. Se o aluno
articula devidamente o discurso falado e o escrito, a expressão do corpo (gesto
e movimento), as expressões plástica, visual e sonora na elaboração da obra
VOCÊ O CONHECE?
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa4409/nelson-rodrigues
teatral. Se compreende e sabe obedecer às regras de jogo, se tem empenho
para expressar-se com adequação e de forma pessoal ao contexto dramático
estabelecido.
Essas são algumas formas que o professor do ensino fundamental precisa
utilizar quando estiver avaliando seus alunos na expressão da linguagem
teatral. Para Brasil (1997, p. 57): 
O ato de dramatizar está potencialmente contido em cada um, como uma
necessidade de compreender e representar uma realidade. Ao observar uma
criança em suas primeiras manifestações dramatizadas, o jogo simbólico,
percebe-se a procura na organização de seu conhecimento do mundo de
forma integradora. A dramatização acompanha o desenvolvimento da criança
como uma manifestação espontânea, assumindo feições e funções diversas,
sem perder jamais o caráter de interação e de promoção de equilíbrio entre ela
e o meio ambiente. Essa atividade evolui do jogo espontâneo para o jogo de
regras, do individual para o coletivo.
A dramatização possibilita às crianças trazerem suas histórias para a cena
por meio de experimentos teatrais de forma livre e espontânea. Por mais
tímidas que a criança seja, ela vai verbalizar na hora dela, no momento dela.
Ao se referir às formas de linguagens e expressão desenvolvidas por
crianças, Brasil (2012, p. 21) apresenta a expressão dramática que para o
autor começa a surgir quando:
as crianças manifestam o desejo de assumir papéis, como os de motorista,
mãe, professora. Quando entram no faz-de-conta compreendem as funções
desses personagens na sociedade: do motorista que dirige carros, da
professora que educa as crianças ou da mãe que dá comida para o bebê. As
imitações anteriores, embora importantes, são repetições de ações observadas
pelas crianças sem a compreensão do significado dos papéis desempenhados.
Esse documento ainda traz que esse processo de imitação não possibilita à criança
a compreensão dos papéis realizados, pois não as deixa agir de forma livre. Para
ele, a expressão dos desejos e emoções acontecem por meio “da dramatização de
situações imaginárias tanto nas brincadeiras de faz-de-conta como no recontar
histórias”. Segundo ele, nessa atividade, “a variedade de acessórios, como bonecas
de diversos tipos, berço, carrinho, caminhões de diferentes tipos – cegonha,
caçamba, bombeiro, posto de gasolina, fantoches, bichinhos e kit médico auxiliam
a representação de papéis, ampliando o repertório das brincadeiras” (BRASIL,
2012, p. 21). 
O artigo "Representação, expressão e comunicação", publicado em 01 de abril de 2007, traz a
importância do teatro na sala de aula para a promoção do respeito e do diálogo entre os estudantes. Ao
final do texto, você encontra várias bibliografias que podem ser utilizadas como fonte de pesquisa
sobre o teatro. Acesse: <https://novaescola.org.br/conteudo/1058/representacao-expressao-e-
comunicacao (https://novaescola.org.br/conteudo/1058/representacao-expressao-e-comunicacao)>. 
Essas são algumas orientações para o professor que quer melhorar suas
práticas educativas em sala de aula como educador teatral, contribuindo na
expressão e comunicação dos seus alunos.
VOCÊ QUER LER?
2.4 Artes cênicas: teatro como
produção coletiva
Ensinar e aprender é fruto de uma produção coletiva que envolve educadores e
educandos no cotidiano da escola. No teatro, a produção coletiva é resultado do
trabalho entre os atores. Nos PCNs - Arte (1997, p. 57) são enfatizados os benefícios
que a prática teatral pode proporcionar ao ser humano. No documento, consta
que: “Ao participar de atividades teatrais, o indivíduo tem a oportunidade de se
desenvolver dentro de um determinado grupo social de maneira responsável,
legitimando os seus direitos dentro desse contexto”. Para o autor, é o momento de
se estabelecer “relações entre o individual e o coletivo, aprendendo a ouvir, a
acolher e a ordenar opiniões, respeitando as diferentes manifestações, com a
finalidade de organizar a expressão de um grupo” (BRASIL, 1997, p. 57). Apreende-
se a viver na democracia, respeitando o que o outro pensa e também
apresentando a sua opinião pessoal.
https://novaescola.org.br/conteudo/1058/representacao-expressao-e-comunicacao
Ainda sobre as experiências teatrais no ensino fundamental, que contribuem para
o desenvolvimento integrado da criança em vários sentidos, os PCNs - Arte (1997,
p. 57) traz: 
No plano individual, o desenvolvimento de suas capacidades expressivas e
artísticas. No plano do coletivo, o teatro oferece, por ser uma atividade grupal,
o exercício das relações de cooperação, diálogo, respeito mútuo, reflexão sobre
como agir com os colegas, flexibilidade de aceitação das diferenças e aquisição
de sua autonomia como resultado do poder agir e pensar sem coerção.
Então, se queremos incentivar nas instituições educacionais as tarefas em
grupo, a sociabilidade e a interculturalidade considerando as diferenças, o
teatro pode ser um ponto-chave para ser realizado.
  A realização de atividades coletivas é um desafio, mas “cabe ao professor
proceder de maneira a incentivar essas relações. A necessidade de
colaboração torna-se consciente para a criança, assim como a adequação de
falar, ouvir, ver, observar e atuar. Assim, liberdade e solidariedade são
praticadas”. (BRASIL, 1997, p. 58)
O teatro, no processo deformação da criança, cumpre não só a função
integradora, mas dá a oportunidade para que ela se aproprie crítica e
construtivamente dos conteúdos sociais e culturais de sua comunidade
mediante trocas com os seus grupos (ZAGONEL, 2008, p. 65). O convívio em
grupo por meio da prática teatral proporciona a formação de uma criança
crítica e, ao mesmo tempo, construtiva em relação aos assuntos que
acontecem na sociedade.
O teatro contribui como um recurso para aflorar a sociabilidade da criança. “O
teatro, no processo de formação da criança, cumpre não só função
integradora, mas dá oportunidade para que ela se aproprie crítica e
construtivamente dos conteúdos sociais e culturais de sua comunidade
mediante trocas com os seus grupos” (BRASIL, 1997, p. 57). Ao desenvolver
atividades teatrais em grupo, ela vai se desinibindo aos poucos, vai se
inserindo no coletivo e se tornando uma criança reflexiva sobre os temas da
sociedade.
Figura 7 - Ao trabalhar o teatro coletivo com as crianças, precisa-se
colocá-las para encenar e não apenas assistir peças teatrais. Fonte:
CREATISTA, Shutterstock, 2018.
VOCÊ QUER LER?
Deslize sobre a imagem para Zoom
Para ficar antenado sobre teatro em grupo, a enciclopédia Itaú cultural
disponibiliza, como fonte de pesquisa, o texto Teatro de Grupo, o qual retrata
a prática coletiva em teatro não apenas como uma mera organização teatral,
mas se valendo de um conceito mais abrangente. Acesse: <
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo69/teatro-de-
grupo)http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo69/teatro-de-grupo
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo69/teatro-de-grupo)>. 
Os PCNs – Arte (1997, p. 59) apresentam algumas atividades práticas que
podem ser desenvolvidas no teatro como produção coletiva:
reconhecimento e integração com os colegas na elaboração de cenas e na
improvisação teatral;
reconhecimento e exploração do espaço de encenação com os outros
participantes do jogo teatral;
interação ator-espectador na criação dramatizada;
observação, apreciação e análise dos trabalhos em teatro realizados pelos outros
grupos;
compreensão dos significados expressivos corporais, textuais, visuais, sonoros
da criação teatral;
criação de textos e encenação com o grupo.
O teatro, como produção coletiva, é uma das habilidades que deve ser
avaliada no aluno. Segundo os PCNs - Arte (1997, p. 65), avaliar o teatro
como ação coletiva compreende: “avaliar se o aluno sabe organizar-se em
grupo, ampliando as capacidades de ver e ouvir na interação com seus
colegas, colaborando com respeito e solidariedade, permitindo a execução de
uma obra conjunta”. A atuação em grupo possibilita trabalharmos a nossa
relação com outros.
  Para o autor, o professor precisa observar se o aluno “tem empenho na
construção grupal do espaço cênico em todos os seus aspectos (cenário,
figurino, maquiagem, iluminação), assim como na ação dramática”. O espaço
cênico envolve não só o ambiente físico, mas é todo um conjunto composto
por Cenário, Figurino, Maquiagem, Iluminação e Ação dramática. Não é só o
professor que precisa ter conhecimento desses elementos, o aluno também.
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo69/teatro-de-grupo
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo69/teatro-de-grupo
Além disso, para o autor, o professor precisa verificar se o aluno “sabe
expressar-se com adequação, tendo o teatro como um processo de
comunicação entre os participantes e na relação com os observadores. Se
apresenta um processo de evolução da aquisição e do domínio dramático”
(BRASIL, 1997, p. 65). Nesse sentido, a roda de conversa antes de iniciar
qualquer prática teatral também é viável, pois favorece a comunicação entre
os participantes e é o momento que o professor pode avaliar o processo da
fala.
A avaliação no teatro deve ser contínua, ou seja, o professor deve avaliar o
processo, observando o aluno no início, durante o trabalho e ao final. Essas
informações possibilitam ao professor o desenvolvimento de estratégias,
técnicas e abordagens para que possa desenvolver atividades teatrais
variadas com seus alunos.
O teatro, como prática coletiva, caracteriza-se sobretudo como aquela
desenvolvida em grupo, na qual ocorre a interação entre os participantes e
onde todos estão dispostos a se ouvirem para a elaboração de uma obra
construída em conjunto, em que as pessoas assumem uma consideração e
um compromisso entre si envolvendo todos os aspectos cênicos. Dessa
forma, o teatro torna-se uma ferramenta na construção da aprendizagem da
educação infantil nos anos iniciais do ensino fundamental.
 
Síntese
Concluímos este capítulo referente à música e ao teatro como meios de
expressão e comunicação das crianças por meio do movimento. Agora, você
já conhece propostas que ajudam a desenvolver atividades práticas com
crianças se valendo do lúdico, como jogos musicais, grafismo sonoro, teatro
como expressão e conhecimento e dramatização coletiva.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
acompanhar como pode ser desenvolvida a musicalização por meio de jogos
sonoros e que existem inúmeras possibilidades de se trabalhar a música
como expressão e comunicação;
aprender sobre grafismo sonoro;
compreender o teatro como expressão e conhecimento por meio do
movimento;
conhecer o que pode ser desenvolvido no teatro como produção coletiva na
construção de um trabalho em grupo.
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