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HEG - Cap 4 Da Grande Depressão à Grande Guerra (1873-1914)

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Cap.4 Da Grande Depressão à Grande Guerra (1873 - 1914) 
 
 
Antes que o capitalismo dominasse, a vida econômica conhecera abalos, 
mais ou menos regulares. Toda a fase de industrialização capitalista é feita através 
de movimentos cíclicos de uma certa regularidade: períodos de prosperidade e de 
euforia freados por uma recessão ou quebrados por uma crise. 
A perda de mercados ou de aprovisionamento devida a uma guerra, 
acirramento da concorrência, a baixa dos lucros, etc, eram as causas dessas ‘’crises 
do século XIX’’. 
A ‘’Grande Depressão’’ que se inicia com a crise de 1873 em que se 
estenderá até 1895 abre o que se poderia chamar de segunda idade do capitalismo: 
a ​idade do imperialismo​. Especialmente com: 
 
- o desenvolvimento de uma segunda geração de técnicas industriais e de 
indústrias; 
- a afirmação do movimento operário que, nos países industrializados, arranca 
apreciáveis concessões; 
- a concentração do capital e o surgimento do capital financeiro; 
- uma nova onda de colonização e de expansão em escala mundial, 
desembocando na ‘’partilha do mundo’’ e na ‘’Grande Guerra’’. 
 
 
A ‘’Grande Depressão’’ (1873-1895) 
 
Ao primeiro olhar, cada uma das crises que constituem essa ‘’Grande 
Depressão’’ se inscreve na categoria das ‘’crises do século XIX’’. 
1873: o craque da bolsa de Viena é seguido de falências bancárias na Áustria 
e depois na Alemanha; a indústria pesada alemã acabava de conhecer, com o 
esforço de guerra, com a construção de estradas de ferro e de navios, uma forte 
expansão que se emperra com a elevação dos custos e com a baixa rentabilidade; a 
produção de ferro fundido cai em 21% em 1874 e seu preço tem uma queda de 
37%; o desemprego acarretou a volta de alguns operários ao campo. 
Nos Estados Unidos, a extensão das vias de estradas de ferro já prontas 
progredira em 50% entre 1869 e 1873; com a conjugação de especulação, raridade 
de mão-de-obra e alta dos custos, a rentabilidade cai, e é o turbilhão do pânico da 
bolsa e das falências de bancos e de sociedades de estrada de ferro; a construção 
da estrada de ferro era um escoadouro essencial para a produção de ferro fundido, 
cujo preço cai em 27% entre 1873 e 1875; desemprego, baixa dos salários, a crise 
ganha a construção e o setor têxtil. Na Inglaterra, as exportações têm uma queda de 
25% em 1872-1875; o número de falências aumenta.; estende-se o desemprego, os 
 
 
 
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preços baixam. As supercapacidades de produção são enormes; as fundições 
podiam produzir 2,5 milhões de toneladas de trilho em 1973 enquanto o consumo 
era apenas de 500.000 mil toneladas; consequentemente o preço cai 60% entre 
1872 e 1881. 
1882: craque da bolsa de Lyon, seguido da falência do Banco de Lyon e do 
Loire, posteriormente Union Générale e de inúmeras outras falências bancárias, 
mas também industriais: minas e metalúrgicas, bem como construção civil, têxtil e 
porcelana. Grande aumento do desemprego, queda dos salários. Vindo após o 
desenvolvimento vinculado à colocação em prática do ‘’plano Freycinet’’, o 
arrefecimento das obras públicas, e especialmente da construção de estradas de 
ferro, está na origem desse turbilhão depressivo. 
1884: ‘’Pânico das estradas de ferro’’ nos Estados Unidos: a construção de 
vias férreas havia realmente recomeçado, mas não consegue manter o ritmo de 
crescimento. As companhias de estradas de ferro ficam presas entre a alta dos 
preços de construção das vias e a concorrência a que elas se entregam. Desaba o 
preço das ações da Union Pacific, seguido por outros inúmeros valores ferroviários, 
depois por falências bancárias e pelo arrefecimento da atividade industrial, com 
falências, desemprego e baixa dos salários (de 15 a 22% na metalurgia , de 25 a 
30% no têxtil). 
A Alemanha, que acaba de conhecer um longo período de depressão, entrou, 
desde 1879, no caminho do protecionismo e da cartelização (setenta e seis cartéis 
criados entre 1879 e 1885). A Grã-Bretanha sofre as repercussões dessas crises: 
exportações mais difíceis nos países atingidos, competição acentuada nos 
mercados, desaceleramento da atividade, queda dos preços de atacado, aumento 
do desemprego que chega a mais de 10% dos operários sindicalizados; essa 
depressão só termina em 1886-1887. Descoberta de ouro na África do Sul, projeto 
francês de 
um canal no Panamá, abertura de novas vias férreas nos Estados Unidos, 
perspectivas de novos desenvolvimentos econômicos na Argentina, Austrália, Nova 
Zelândia: abrem-se novas perspectivas de lucro, iniciam-se novas especulações, 
que desembocam em novos bloqueios. 
1889: na França, a companhia encarregada da construção do canal do 
Panamá e a Société des Métaux, envolvida numa especulação com cobre, vai à 
bancarrota. Pânico na bolsa, crise de crédito, depressão que conduz a uma reação 
protecionista (tarifas Méline). 
1890: na Grã-Bretanha, o Banco Baring, que havia se tornado o agente 
financeiro da República Argentina, é vítima de uma crise de confiança devida às 
dificuldades econômicas e financeiras e aos sobressaltos políticos desse país, ele 
deve suspender seus pagamento; a intervenção do Banco da Inglaterra e de 
grandes bancos ingleses permite limitar o pânico bancário. Mas sobrevém uma nova 
depressão, envolvendo inicialmente o setor têxtil, notadamente o algodão, depois a 
 
 
 
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construção naval e a metalurgia, depressão que se agrava por causa da redução 
das trocas ligadas às crises que castigam em 1893 os Estados Unidos, a Argentina 
e a Austrália. 
A Alemanha, cada vez mais orientada para a conquista dos mercados 
externos, também é envolvida por essa crise. O aumento da cartelização (cento e 
trinta e sete cartéis em funcionamento) abre caminho a um novo modo de regulação 
da economia. 
1893: os Estados Unidos haviam conhecido até então um período de 
prosperidade com a retomada da construção civil e da construção de estradas de 
ferro e excelentes colheitas; grandes trustes afirmavam o seu poder (Rockefeller, 
Carnegie, Morgan), e uma tarifa protetora (tarifa McKinley) fora introduzida em 1890 
para a indústria. Entretanto, mais uma vez as sociedades de estrada de ferro vêem 
seus lucros caírem, algumas suspendem seus pagamentos; as cotações dos 
valores ferroviários na bolsa desabam; 491 bancos abrem falência. A depressão se 
acentua em 1894, com desenvolvimento do desemprego e empenho para reduzir os 
salários. 
Em cada uma dessas crises, o sinal mais espetacular é de ordem bolsística 
(desabamento dos preços, pânico) ou bancária (falência de um grande 
estabelecimento ou falências em cadeia)​. Na base, volta a mesma lógica: que os 
custos se ele vem (por exemplo: alta dos salários, aumento dos preços dos trilhos 
para as estradas de ferro americanas), que os mercados de venda se reduzam 
(diminuição do poder de compra rural e daquele dos trabalhadores de outros 
setores, redução dos investimentos públicos, dificuldades nos mercados 
estrangeiros), que os preços de venda baixem (concorrência nos preços, guerra de 
tarifas nas estradas de ferro americanas); então a rentabilidade declina ou cai 
brutalmente, a realização do valor produzido por cada empresa se torna mais difícil, 
a concorrência fica acirrada, a situação das empresas do setor se torna cada vez 
mais precária. ​Assim, tudo pode desencadear a crise: um rumor na bolsa, um 
mercado perdido, uma empresa ou um banco que interrompe os pagamentos: é a 
incontrolável engrenagem​. 
Nas crises da primeira metade do século XIX, operava-se o controle atravésde um duplo movimento: 
- queda dos preços e redução das produções acarretando uma forte redução 
do valor realizado e, logo, a eliminação das empresas mais vulneráveis, 
forma radical de ‘’expurgo’’ periódico do capital; 
- desemprego e redução dos salários reais, acarretando uma baixa do 
consumo operário, o que contribuía para expandir a crise (e assim o 
‘’expurgo’’) e permitia dar novo impulso ao período com uma força de 
trabalho disponível a um ‘’custo’’ mais baixo​. 
 
 
 
 
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Nas crises da ‘’Grande Depressão’’, observamos igualmente uma baixa dos 
preços acompanhados a compressão e redução das produção​. Mas essa baixa 
constitui uma ‘’tendência pesada’’ no decorrer desses vinte anos. 
Observamos também o crescimento do desemprego: na Grã-Bretanha, as 
taxas de operários sindicalizados atingidos pelo desemprego se eleva brutalmente 
por ocasião de cada crise. 
Quanto aos salários reais, nos Estados Unidos há uma tendência à baixa nos 
setores atingidos pelas crises, o que suscita lutas muito duras. Mas esse fenômeno 
já é menos nítido na Grã-Bretanha e na França. 
Na França, o salário real cresce cerca de 25% entre 1873 e 1896, mas esse 
movimento global é ‘’ritmado’’ pelas crises. 
Pode-se ver aí o ínicio de uma transformação do modo de regulação 
capitalista: a resistência ao abaixamento do salário real em período de crise nos 
países em que a classe operária logrou estabelecer uma relação de força 
suficientemente favorável. 
Paralelamente, o patronato organiza o capitalismo: formação de empresas ou 
de grupos de grande porte (Estados Unidos, Grã-Bretanha), cartelização 
(Alemanha), organizações profissionais (França). Também aí se introduzem os 
novos elementos de um novo modo de regulação da economia capitalista. 
No total, pode caracterizar essa grande Depressão do século XIX em: 
 
Toda crise capitalista resulta do jogo de quatro contradições fundamentais: 
— entre capital e trabalho, isto é, concretamente, entre empresas capitalistas e 
classes operárias; 
— entre capitalistas (seja no mesmo setor, seja de setores a setores); 
— entre capitalismos nacionais; 
— entre capitalismos dominantes e povos, países ou regiões dominadas. 
 
Nesse período, a primeira e a terceira contradições parecem-nos 
determinantes: 
— as classes operárias se organizam, afirmam-se e acabam por ter um peso 
sensível no funcionamento dos capitalismos nacionais; 
— a ascensão dos capitalismos alemão e norte-americano questionam a hegemonia 
até então indiscutível do capitalismo britânico. 
A segunda contradição atua de uma maneira complexa: pois, de um lado, são 
introduzidas novas estruturas capitalistas (concentração, centralização do capital, 
formação do capital financeiro) e, do outro lado, o desenvolvimento de novos 
setores vai permitir a atenuação do sufocamento das indústrias da primeira geração. 
Quanto à quarta contradição, ela não atua muito neste caso como fator de 
crise; ela atua mais como fator de solução à crise com a expansão do capitalismo 
em escala mundial, com as exportações de capitais e com a colonização. 
 
 
 
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O fim da hegemonia britânica 
 
As tropas e as administrações britânicas estão presentes em todos os 
lugares do mundo; O poder, a prosperidade, a riqueza da Grã-Bretanha são 
inegáveis. A praça de Londres é a primeira do mundo. A Libra esterlina é a moeda 
internacional. A dominação britânica se estende aos cinco continente e o 
capitalismo britânico tira dela consideráveis rendimentos. 
E, no entanto, inicia-se um declínio relativo, do qual as crises de 1873-1896 
constituem os primeiros abalos; essas crises não têm, de fato, o mesmo alcance 
para os diferentes capitalismo nacionais: nos Estados Unidos e na Alemanha, elas 
acompanhavam o vigoroso crescimento das estradas de ferro, do carvão, do aço, da 
construção naval; na Grã-Bretanha, elas marcam o sufocamento de um capitalismo 
em plena maturidade e em pleno poder. 
Prova isso a evolução das indústrias de base da primeira industrialização: o 
carvão, o ferro fundido e o aço. Os Estados Unidos e Alemanha conseguem superar 
a produção de carvão e de aço da Grã-Bretanha. 
Mais amplamente, os novos capitalismo alemão e norte-americano se 
beneficiam a partir de então de uma dinâmica de crescimento que prevalece 
nitidamente sobre aquela dos ‘’velhos’’ capitalismos francês e inglês. 
Da ‘Grande Depressão’’ até a véspera da Grande Guerra, o crescimento é 
duas vezes mais rápido na Alemanha do que na França, e quase duas vezes mais 
rápido nos Estados Unidos que na Grã-Bretanha. E, em média, a superioridade do 
crescimento americano será mantida até logo após a Segunda Guerra Mundial. 
Portanto, é realmente o declínio do capitalismo britânico (acompanhado pelo 
capitalismo francês) que se inicia no último terço do século XX, enquanto avança a 
ascensão em poderio dos capitalismos alemão e norte-americano. 
A parte da Grã-Bretanha na produção industrial mundial cai de 32% em 1870 
para 14% na véspera da Primeira Grande Guerra e para 9% na véspera da crise de 
1930; ao passo que a parte dos Estados Unidos passa de 23% para 38% e 42%. 
Esse declínio, esse recuo, temos de repetir, é apenas relativo; no conjunto, 
as produções, as trocas continuam a crescer, aumentar os investimentos no 
exterior, a Grã-Bretanha está presente, ativa, influente no mundo inteiro. 
No total, no período que precede a Primeira Guerra Mundial, os capitalismos 
antigos - inglês e francês - são alcançados, depois superados pelos novos 
capitalismo - alemão e norte-americano. Isso se sucede em parte através das 
crises que marcam o fim do século XIX. 
Outro movimento de fundo que marca este período é a afirmação das classes 
operárias. 
 
A afirmação das classes operárias 
 
 
 
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Esse movimento é seguramente o mais fundamental: marca a passagem de 
uma fase em que o capitalismo se desenvolveu utilizando uma mão-de-obra 
desenraizada, dependente, subjugada, esmagada, para uma fase em que a 
burguesia capitalista tem de contar com uma classe operária que toma consciência, 
organiza-se, e finalmente impõe uma nova relação de forças. 
Ele se desenvolve no âmbito de uma transformação mais ampla da 
sociedade, também provocada pela industrialização capitalista: 
- o prosseguimento do processo de assalariamento 
- a intensificação da urbanização. 
 
 Assim, nos quatro grandes países capitalistas, as classes operárias 
representam cerca de 30 milhões de homens e de mulheres; e no conjunto dos 
países envolvidos pela industrialização capitalista, em torno de 40 milhões. Ao 
mesmo tempo, esses trabalhadores se conscientizam de sua solidariedade, e pouco 
a pouco de sua força. 
Há sempre inumeráveis formas de resistência à opressão e à exploração.Há 
também, cada vez mais poderosas, cada vez mais longas, particularmente nesses 
períodos de crise, as greves. Nos Estados Unidos, mais de três mil greves e mais 
de um milhão de grevistas entre 1881 e 1886. 
Há também o desenvolvimento das organizações operárias: sindicatos, 
bolsas de trabalho, associações, partidos. No total, há no mundo, em 1913, cerca 
de 15 milhões de trabalhadores sindicalizados. 
Efeito de massa e peso eleitoral; manifestações de rua, greves, sangue 
derramado, organizações sindicais, bolsas do trabalho, cooperativas, associações, 
partidos e movimentos, o conjunto faz, no movimento específico de cada país, que 
se modifique a relação de forças. A classe operária, tem peso a partir de então,mesmo que ela ainda esteja excluída em inúmeros aspectos, na vida local e 
nacional. 
Dessa nova relação de forças resulta a tendência à elevação do salário real 
nos quatro principais países capitalistas. Paralelamente, a tendência à diminuição 
da duração do trabalho é iniciada. ​OBS: certos autores salientam aqui que durante 
esse período o aumento da produtividade foi suficientemente elevado para ‘’tornar 
possíveis’’, do ponto de vista do capital, essas concessões. 
São criadas diversas leis com direitos aos trabalhadores (leis sobre 
aposentadoria, etc) Até o pensamento da igreja muda e condena a exploração do 
trabalhador pelo patrão. 
Enfim, essa nova relação de forças explica a convicção que inumeráveis 
socialistas, anarquistas e comunistas têm da próxima derrubada do sistema 
capitalista. 
 
 
 
 
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Uma nova idade do capitalismo 
 
Acirra-se a concorrência entre os capitalistas, especialmente nos setores da 
grande industrialização; endurece-se a rivalidade dos grandes capitalismos 
nacionais; as classes operárias se organizam e obrigam o capital a apreciáveis 
concessões; ampliam-se as crises; algumas pessoas vêem próxima a morte do 
capitalismo. 
Mas o capitalismo já se adapta, se transforma, abre novas perspectivas, 
modifica o terreno do afrontamento. Combate-se as greves com dureza. Cria-se 
modelos contra o amortecimento da produção mudando o sistema de salário por 
produção para um salário que recompense o esforço que ele deve despender a 
cada instante. 
É a organização do trabalho que vai dar ao patronato a arma de que ele 
necessita. Na França, Fayol distingue a ‘’capacidade profissional’’ (dos agentes 
inferiores) e a ‘’capacidade administrativa’’ (dos chefes), prega uma clara definição 
das funções e uma organização sistemática. F. W. Taylor, torna-se obstinado 
propagador da organização científica do trabalho: decomposição em tarefas, 
organização, definição dos movimentos, norma, remuneração que incite o respeito à 
norma… Ele mesmo apresenta as etapas que permitem a introdução de sua nova 
organização numa produção. 
Mas se trata apenas de pioneiros; será preciso a guerra, será preciso o 
desenvolvimento da produção em massa para que os princípios da organização do 
trabalho sejam mais sistematicamente postos em prática. 
Diante do acentuamento da concorrência intercapitalista, as reações, as 
ofensivas, as iniciativas são múltiplas. 
Inicialmente é o ​ protecionismo​, principalmente sob a forma de elevação das 
tarifas. 
Em seguida são os cartéis e os entendimentos, particularmente numerosos e 
organizados na Alemanha: os produtores entram em entendimentos para fixar os 
níveis de produção, coordenar os investimentos, fazer a distribuição do mercado, 
determinar os preços. 
Paralelamente, desenvolvem-se numa abundância extraordinária, progressos 
científicos e técnicos, invenções, inovações, que abrem novos caminhos. Entre 
essas invenções, há várias utilizações de eletricidade. 
Ainda paralelamente, a construção do motor a explosão (a partir de 1862) 
conduz, com a invenção do carburador (1889), ao motor a gasolina, depois ao motor 
Diesel (1893-1897) utilizando óleo diesel. São fabricados diversos automóveis que 
se modernizam a cada ano; é preciso construir estradas. Alguns anos mais tarde, 
têm êxito os primeiros vôos em aeroplanos. A esta indústria nascente, bem como à 
indústria automobilística, a guerra de 1914-1919 vai dar um vigoroso impulso. 
 
 
 
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As novas fontes de energia se desenvolvem principalmente depois de 1900, 
embora o carvão conserve uma supremacia indiscutível. 
Os gasodutos de aço são construídos a partir de 1875, notadamente nos 
Estados Unidos. 
A química se desenvolve: novos processos, novos produtos, progressão 
fulgurante de quantidades. 
Esses novos setores, essas novas produções são oportunidade de realização 
de altos lucros e vão possibilitar a rápida constituição de algumas poderosas 
empresas. 
Um dos aspectos da renovação do capitalismo reside na expansão em escala 
mundial, o que contribui para exacerbar as rivalidades nacionais. 
 
A idade do imperialismo 
 
Sufocamento dos setores industriais da primeira geração; fortalecimento e 
organização das classes operárias nos países capitalistas desenvolvidos; 
endurecimento da concorrência intercapitalista; crises violentas… - algumas 
pessoas vêem nisso os sintomas do desabamento próximo do capitalismo. 
Mas já se manifestam novos e importantes setores industriais; preparam-se 
novos modos de dominação sobre o trabalhadores e novas relações com a classe 
operária; e, mais além das reações defensivas (protecionismo, cartéis). protegida 
por elas, inicia-se uma mutação fundamental do capitalismo: concentração e 
centralização do capital industrial, formação de trustes e de monopólios nacionais e, 
indissociavelmente, mundialização da área de influência dos capitalismos 
dominantes, através do comércio e da exportação de capitais, da formação de 
grupos multinacionais, da colonização que conduz à partilha do mundo. 
Por ocasião das crises, operam-se fusões de empresas em proveito das mais 
poderosas. 
Mas, sobretudo, sob a direção de um capitalista ou de uma família, são 
realizados reagrupamentos de capitais sem precedentes: trustes, grupos, que muito 
depressa dominam o conjunto de um setor industrial nacional, principalmente nos 
Estados Unidos e na Alemanha. Na Grã-Bretanha esse movimento não é tão nítido; 
mas se observa durante esse período um importante processo de concentração 
bancária: 250 bancos privados em 1880, 48 em 1913. 
‘’Concentração da produção tendo como consequência os monopólios; fusão 
ou interpretação dos bancos e da indústria; aí está a história da formação do capital 
financeiro e o conteúdo dessa noção’’. 
O capital financeiro significa, de fato, a unificação do capital. Os setores, 
antigamente distintos, do capital industrial, comercial e bancário, estão, de hoje em 
diante, sob o controle da alta finança, na qual os magnatas da indústria e dos 
bancos estão estreitamente associados. 
 
 
 
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A política do capital financeiro persegue uma tríplice finalidade: em primeiro 
lugar, a criação de um território econômico tão vasto quanto possível; em segundo, 
a defesa desse território contra a concorrência estrangeira mediante barreiras 
alfandegárias; e, em seguida, sua transformação em campo de exploração para os 
monopólios do país. 
A essa política do capital financeiro é o imperialismo. 
Desenvolvimento das exportações e endurecimento da concorrência 
internacional; exportações de capitais, início de participação e criação de filiais no 
exterior; e, nesse momento, uma segunda e poderosa onda de colonizações, 
acompanhada por rivalidades, choques e guerras. 
A Grã-Bretanha continua de longe o primeiro investidor mundial; mas a 
distribuição de seus investimentos se modificou profundamente: eles se orientam 
muito menos para a Europa e menos também para os Estados Unidos e índia, mais 
para o resto do Commonwealth e para a América Latina. 
Os haveres francesas continuam principalmente na Europa (perto de três 
quintos), com uma forte reorientação para a Europa oriental, notadamente a Rússia. 
Os capitais alemães também são investidos na Europa (notadamente Áustria, 
Rússia, Hungria, Romênia), mas também em certos países, tais como Japão, o 
México e o império otomano. Os capitais dos Estados Unidos ficam na América:notadamente Canadá, México e Cuba. 
Esses haveres no exterior assumem formas muito diversas: subscrição de 
empréstimos públicos (muito apreciados pelos poupadores franceses), empréstimos 
a governos, bancos ou empresas, início de participações ou compras nos diferentes 
setores de atividades ou, já, para os trustes ou grupos, criações de filiais no 
estrangeiro. 
É nesse movimento de expansão dos capitalismo nacionais em escala 
mundial que se desenvolvem os diferentes surtos de colonização desse período. 
De acordo com Jules Ferry: ‘’ A política colonial é filha da política industrial’’. 
Stuart Mui diz: ‘’ Pode-se afirmar, no estado atual do mundo, que a fundação de 
colônias é o melhor negócio no qual se possa aplicar os capitais de um velho e rico 
país’’. 
Realismo econômico e racismo se fortalecem. Consideravam as outras 
nações como ‘’grupos de homens ignorantes, impotente, verdadeiras crianças 
débeis, dispersos em superfícies incomensuráveis’’ 
A boa consciência civilizada ou religiosa abençoa, o racismo e a certeza da 
superioridade suprimem os últimos escrúpulos; os interesses impelem; o misticismo 
do sol e dos grandes espaços por vezes animam; as armas modernas dão a 
coragem necessária. E , britânicas, francesas, alemãs, mas também belgas e 
holandesas, são as expedições coloniais; quando necessário, os massacres de 
homens ou de populações: o saqueamento. 
 
 
 
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Atritos dos expansionismos nacionais. Endurecimento da competição 
econômica e financeira. Rivalidades nacionais, alianças e derrubadas de alianças. 
Tudo isto, num fundo de nacionalismo, de chauvinismo e de racismo, de desfiles 
militares e de exposições universais. Cresce as despesas militares, fornecendo, em 
cada país, mercados ampliados aos industriais nacionais, e os meios de novas 
conquistas aos militares. Elas são particularmente importantes nos quatro países 
capitalistas dominantes da época. 
Concentração de capital, cartéis, trustes, monopólios; interpenetração do 
capital industrial e do capital bancário nessa nova realidade: o capital financeiro; 
atuação renovada do Estado, através, simultaneamente, da legislação social, da 
importante atuação nas grandes obras, da expansão territorial, do militarismo; 
exportação de capitais, colonização, partilha do mundo. É um ‘’novo capitalismo’’ 
que se desenvolve no começo do século XX, batizado por muitos de ‘’imperialismo’’ 
Como Hobson, já em 1902: ‘’O novo imperialismo se distingue do antigo, 
primeiramente, por substituir as tendências de um único Império em expansão pela 
teoria e pela prática de Impérios rivais, cada um deles guiado pelas mesmas 
aspirações à expansão política e ao lucro comercial: segundamente, por marcar a 
preponderância dos interesses financeiros ou relativos aos investimentos de capitais 
sobre os interesses comerciais. 
‘’O imperialismo é realmente um meio de estender os limites da acumulação’’ 
Se a economia mundial é ‘’um sistema de relações de produção e de 
relações de troca correspondentes abarcando a totalidade do mundo’’, o 
imperialismo é o ampliamento em escala mundial das relações de produção e de 
troca capitalista, operando-se esse ampliamento, no início do século XX, sob a 
dominação dos capitalismos e das burguesias britânicas, alemãs, francesas, 
americanas…. 
A ‘’paz’’ que reina então é uma paz imperialista, já matizada pelos clamores 
da guerra. 
Rivalidades, concorrência, atritos, enfrentamentos; interesses industriais e 
financeiros, mas também ímpetos patrióticos; mesmo não sendo a única causa, a 
expansão imperialista dos capitalismos nacionais no fim do século XIX e no início do 
século XX está fundamentalmente na origem da ‘’Grande Guerra’’ de 1914-1918. 
 
Conclusões da etapa 4 
 
 
Em cada período de suas formações e de seus desenvolvimentos, os 
capitalismos nacionais sugaram do exterior: ouro das Américas, pilhagem, trabalho 
forçado, escravidão, arrecadações coloniais, ganhos comerciais. Não são, portanto, 
nem a existência, nem sequer a importância desses recursos externos que 
caracterizam o imperialismo. 
 
 
 
diego cabo
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diego cabo
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O imperialismo é o funcionamento e o desenvolvimento de um capitalismo 
nacional em escala mundial. 
Quer dizer que, com o imperialismo: 
1) as contradições referentes ao movimento de reprodução ampliada do capital 
se desenvolve, daí em diante no âmbito nacional/mundial; 
2) surgem e se desenvolvem novas contradições, principalmente com referência 
ao período em que nos situamos, no estágio da realização do valor produzido 
e do controle de regiões do mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
diego cabo
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