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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CIV0418 - RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II Apostila de Resistência dos Materiais II Profa. Dra. Fernanda Rodrigues Mittelbach 5. CAPÍTULO QUINTO – MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 5.1. Introdução O princípio da conservação da energia é um dos conceitos fundamentais na resolução de problemas da mecânica dos sólidos. Não havendo a dissipação da energia (sob forma de calor, por exemplo) a energia resulta igual ao trabalho realizado pelas cargas aplicadas, sendo o trabalho o produto vetorial da força em questão pelo deslocamento. Os métodos de energia constituem a base dos métodos das forças e dos deslocamentos utilizados no cálculo de estruturas hiperestáticas. É também através das expressões oriundas de métodos de energia que se formulam os métodos numéricos utilizados nos mais diversos campos da engenharia, tais como o método dos elementos finitos, o métodos das diferenças finitas energéticas, o método dos elementos de contorno e o método dos volumes finitos. Os métodos de energia são úteis ainda na determinação de equações diferenciais de equilíbrio para elementos estruturais e na determinação de parâmetros utilizados em certas teorias simplificadas. 5.2. Princípio dos Trabalhos Virtuais (P.T.V.) Conseidere-se uma partícula ou corpo rígido em equilíbrio sobre a ação de um sistema de forças. Define-se, então: - deslocamento virtual é um pequeno deslocamento hipotético, arbitrário, compatível com a vinculação existente, durante o qual as forças são supostas constantes em intesidade e direção; CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 2 - trabalho virtual W é o trabalho hipotético realizado pelas forças sobre a partícula (ou corpo rígido) em equilíbrio quando esta sofre um deslocamento virtual. Para um ponto material em equilíbrio 0 R , o trabalho realizado pelo sistema de forças reais que sobre ele atua, quando este sofre um deslocamento virtual arbitrário (durante o qual as forças são supostas connstantes) é nulo. 0W Generalizando para o caso de sólidos deformáveis: O campo de deslocamentos virtuais a ser especificado deve ser cinematicamente admissível (ou cinematicamente compatível), ou seja: deve ser contínuo e derivável e ser suficientemente pequeno para ser consistente com a hipótese de pequenas mudanças de configuração, além disso deve atender às condições de prescrição de deslocamentos. As forças internas e externas são supostas constantes durante a aplicação do deslocamento virtual. O P.T.V. para corpos deformáveis enuncia que se um sistema estrutural em equilíbrio for submetido a um campo de deslocamentos virtuais cinematicamente admissível (ou seja, compatível com as vinculações do sistema e mantendo a continuidade interna) o trabalho virtual das forças que sobre ele atuam (forças externas) é igual ao trabalho virtual das forças internas. Assim tem-se: Wi = We onde Wi designa o trabalho virtual das forças internas (ou trabalho virtual interno) e We o trabalho virtual das forças externas (ou trabalho virtual externo). A partir de uma configuração iu de equilíbrio, atribui-se um campo de deslocamentos virtuais, que pode ser representado por uma variação admissível idu no campo de deslocamentos real. Num caso completamente geral, considerando-se o caso de um sólido no espaço definido por coordenadas cartesianas x,y,z tem-se as seguintes expressões gerais para Wi e We: dV)(W yzyzxzxzxyxyzzyy V xxi CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 3 dV)wBvBuB(ds)wvu(W zy V xzy S xe f sendo: x, y, z – componentes das forças de superfície que atuam na região Sf do contorno do sólido onde são prescritas forças; Bx, By, Bz - componentes das forças de volume (peso próprio, por exemplo); x, y, z, xy, xz, yz - componentes de tensão; u, v, w – variações das componentes de deslocamento (u, v, w) segundo x, y, z; x, y, z, xy, xz, yz - variações das componentes de deformação. 5.2.1. Trabalho Virtual Interno em Estruturas Reticuladas Para os casos analisados no âmbito das resistências dos materiais, o trabalho virtual interno será tratado a partir dos esforços internos. Assim o trabalho virtual será dado pelo produto entre o esforço interno e a variação de deslocamento a ele associado. A seguir serão descritas a contribuição no trabalho virtual iWd para um trecho infinitesimal de barra dx . - esforço normal: dx NN du NduWd Ni du deslocamento virtual N esforço real - esforço cortante: Q dx yQy dv dvQWd y Q i y dv deslocamento virtual yQ esforço real - momento fletor: ( 2.2) CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 4 dx Mz Mz d dMWd z M i z d deslocamento virtual zM esforço real Obs: na equação da linha elástica o ângulo com tal curvatura entrando pela direita é negativo. - momento de torção: TT d dx TdWd Ti d deslocamento virtual T esforço real Obs: O sentido por nós adotado como positivo para T, é oposto ao sentido do ângulo positivo do ângulo de torção. Juntando a contribuição de todos os desforços, tem-se para o prblema plano: l zy l ii TddMdvQNduWdW , sendo l o comprimento da barra em questão. 5.2.2. Consideração sobre os termos presentes na expressão do P.T.V. Como já especificado anteriormente, o equilíbrio do solido já é intrínseco ao P.T.V.. Estando o equilíbrio automaticamente atendido, só devem ser utilizados na formulação do P.T.V. os esforços (ou tensões) ditos ativos (ou seja, aos quais encontram-se associadas deformações). Tomando o caso de uma viga, por exemplo. A análise é baseada na hipótese das seções planas. Segundo essa hipótese 0 xy . Além disso 0 xzz e 0 y . A tensão xy é obitida através do equilíbrio de um elemento infinitesimal de viga, e não associada a uma deformação. Desta forma o trabalho virtual interno para a viga, considerando a hipótese das seções planas, é dado por: l z V xxi dMW Exemplo: Considere a viga bi apoiada a seguir. CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 5 y l q x l e dxdvqW 0 l zi dMW 0 A rotação virtual d , se relaciona com o deslocamento virtual dv por: dx dx dvd d dx dvd dx d 2 2 2 2 l l zie dMdxdvqWW 0 0 0 , podemos escrever pela equação da linha elástica que 2 2 dx vd EIM zz , sendo v o deslocamento vertical real da viga. Substituindo no P.T.V., obtém-se: l l z dx dx dvd dx vd EIdxdvq 0 0 2 2 2 2 0 . Integrando a segunda integral por partes: l l l dx dx dvd dx vd dx dvd dx vd dx dx dvd dx vd 0 3 3 0 2 2 0 2 2 2 2 Mais uma vez aplicando a integração por partes: l l l dxdv dx vd dv dx vd dx dx dvd dx vd 0 4 4 0 3 3 0 3 3 O P.T.V. resulta então: 0 0 0 4 4 0 3 3 0 2 2 l l z l z l z dxdv dx vd EIdv dx vd EI dx dvd dx vd EIdxdvq 0 0 0 3 3 0 2 2 4 4 l l z l zz dv dx vd EI dx dvd dx vd EIdxdv dx vd EIq Sendo o deslocamento virtual dv arbitrário e compatível com as vinculações internas (o que implica em dv ser nulo nos pontos onde se preencrevem deslocamentos reais): z z EI q dx vd dx vd EIq 4 4 4 4 0 (equação da linha elástica de quarta ordem) 0 0 2 2 l z dx dvd dx vd EI , sendo dx dvd arbitrário em 0 e l 0 0 2 2 l z dx vd EI 0 0 l zM CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 6 0 0 3 3 l z dv dx vd EI , atendida pela condição de dv nulo nos apoios. Note-se que cada uma das parcelas referentes ao contorno contém uma condição de contorno geométrica e uma mecânica. 5.3. Método da Carga Unitária para o Cálculo de Deslocamentos Considere uma estrutura reticulada qualquer submetida a um carregamento externo e na qual se deseja conhecer um certo deslocamento . A B Campo de deslocamentos gerado pelo carregamento externo Pu m A B Carga unitária na direção de e campo de deslocamentos virtuais sendo o campo de deslocamentos gerado pelo carregamento externo. O campo de deslocamentos desta estrutura atende todas as exigências de um campo de deslocamentos virtuais: é pequeno, contínuo e derivável e atende às vinculações externas da estrutura. Assim, posso considerar como campo de deslocamentos virtuais este campo de deslocamentos para no qual desejo conhecer . Em seguida considero a mesma estrutura submetida a uma carga unitária na direção do carregamento incógnita . Considerando o campo de deslocamentos da primeira estrutura como o campo de deslocamentos virtuais, o trabalho virtual externo realizado pela carga Pu será dado por: 1ue PW Como pelo P.T.V. ie WW , o deslocamento que se quer conhecer é o trabalho virtual interno relativo à carga unitária e ao campo de deslocamentos (virtuais) gerado pelo carregamento externo. Podemos relacionar as componentes do campo de deslocamentos virtuais com os esforços oriundos do carregamento externo: - deslocamento axial: dx EA N du EA N dx du ee - deslocamento vertical: CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 7 dx GA Q dv GA Q dx dv e y e y (deduzido posteriormente) - ângulo de flexão: dx EI M d EI M dx dvd dx d z e z z e z 2 2 - ângulo de torção: dx GJ T d GJ T dx d p e p e O trabalho virtual interno é dado por: l uu z u y u i dTdMdvQduNW dx GJ T T EI M M GA Q Q EA N NW l p e u z e zu z e yu y e u i dx GJ TT EI MM GA QQ EA NN l p eu z e z u z e y u y eu Exemplo: Calcular o deslocamento vertical no meio do vão e a rotação no apoio A para viga a seguir: q l l /2) x y A B EIz= constante Obs.: Considerar válida a hipótese das seções planas - Cálculo do deslocamento vertical no meio do vão: Primeiramente aplicamos uma carga concentrada vertical e unitária no meio do vão: u y l x P =1 22 1 ll We dxMM EI W l u z e z z i 0 1 l/4+ u zDM lx l ,xl l xx l x,x xM uz 22 1 22 1 2 0 2 1 ql²/8+ e zDM 22 222 xlx q x q x ql xM ez CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 8 zz l l l z l l l z i EI qlllllllll EI q xlxlxxlqxlxq EI dxxlx q xldxxlx q x EI W 384 5 644123 2 8264244 43324434 1 22 1 22 11 444444444 2 433222 0 43 2 2 2 0 2 Sendo ie WW zEI qll 384 5 2 4 - Cálculo da rotação no apoio A: Neste caso aplicamos uma carga momento unitária na seção do apoio A: y l x M =1u AAeW 1 dxMM EI W l u z e z z i 0 1 +1 u zDM x l M uz 1 1 ql²/8+ e zDM 22 222 xlx q x q x ql xM ez z l z l z i EI ql l xxxlx EI q dxxlx q x lEI W 24433222 1 1 1 3 0 4332 0 2 Sendo ie WW z A EI ql 24 3 - Utilização de tabelas de integração no cálculo de deslocamentos pelo método da carga unitária. As integrais resolvidas analiticamente do exemplo anterior poderiam ser resolvidas através do uso de tabelas de integração elaboradas com base nos diagramas de momentos mais comuns. Para utilizar a tabela, primeiramente deve-se analisar a forma de cada diagrama envolvido no cálculo do deslocamento em questão. É importante destacar que as tabelas podem ser utilizadas na integração de qualquer produto de duas funções polinomiais que constem na tabela utilizada (sejam CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 9 estas funções a representação matemática de momentos fletores, esforços cortantes, esforços normais ou qualquer outro parâmetro). A seguir apresenta-se um exemplo de tabela de integração contida em Sussekind [1]. Utilizando a tabela no exemplo anterior, devemos observar a forma das funções polinomiais que representam os momentos fletores e zM e u zM . Para o cálculo de 2 l , tem-se: l 0 dxxMxM ue ql ²/8 par. 2° grau + X l/2 l/2 l/4 + 384 5 484 1 1 3 1 4qllql l 2 z l ue z EI ql dxxMxM EI l 384 51 2 4 0 . Para o cálculo de A , tem-se: l 0 dxxMxM ue ql ²/8 par. 2° grau + X 1 + 24183 1 3qlql l 2 z l ue z A EI ql dxxMxM EI 24 1 3 0 . CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 10 Tabela para o cálculo de l 0 dxxMxM ue M u M u B M u B A u M M u m par. 2° grau u M B tg.horiz. par. 2° grau M u B tg. horiz. par. 2° grau l l M u e M ueMM l u B eMM 2 l u B u A e MMM 2 l u m eMM l 3 2 u B eMM l 3 2 u B eMM l 3 1 ueMM l 2 1 B M e ueBMM2 l u B e B MM 3 l u B u A e B MMM 2 6 l u m e B MM l 3 1 u B e B MM l 12 5 u B e B MM l 4 1 ue B MMα1 6 1 l A M e ueAMM2 l u B e A MM 6 l u B u A e A MMM 2 6 l u m e A MM l 3 1 u B e A MM l 4 1 u B e A MM l 12 1 ue A MM1 6 1 l A M e B e M ueBeA MMM 2 l u B e B e A MMM 2 6 l u B e B e A u A e B e A MMMMMM 22 6 l u m e B e A MMM l 3 1 u B e B e A MMM 53 12 1 l u B e B e A MMM 3 12 1 l ue B e A MMM 11 6 1 l M e m par. 2° grau ue m MM l 3 2 u B e m MM l 3 1 u B u A e m MMM 3 l u m e m MM l 15 8 u B e m MM l 15 7 u B e m MM l 5 1 ue m MM1 3 1 l tg. horiz. M e B par. 2° grau ue B MM l 3 2 u B e B MM l 12 5 u B u A e B MMM 53 12 l u m e B MM l 15 7 u B e B MM l 15 8 u B e B MM l 10 3 ue B MM25 12 1 l A M e tg. horiz. par. 2° grau ue A MM l 3 2 u B e A MM l 4 1 u B u A e A MMM 35 12 l u m e A MM l 15 7 u B e A MM l 30 11 u B e A MM l 15 2 ue A MM25 12 1 l B M e tg. horiz. par. 2° grau ue B MM l 3 1 u B e B MM l 4 1 u B u A e B MMM 3 12 l u m e B MM l 5 1 u B e B MM l 10 3 u B e B MM l 5 1 ue B MM21 12 1 l M A e tg. horiz. par. 2° grau ue A MM l 3 1 u B e A MM l 12 1 u B u A e A MMM 3 12 l u m e A MM l 5 1 u B e A MM l 15 2 u B e A MM l 30 1 ue A MM21 12 1 l l l M e ueMM l 2 1 u B eMM1 l 6 1 u B u A e MMM 11 l 6 1 u m eMM1 3 1 l u B eMM25 12 1 l u B eMM21 12 1 l ueMM l 3 1 CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 11 O método da carga unitária, juntamente com o método da superposição para problemas hiperestáticos, origina o denominado Método da Flexibilidade, extremamente difundido como método de resolução de estruturas hiperestáticas. Dependendo do tipo de deslocamento a se determinar, escolhe-se a carga unitária adequada a se aplicar. A tabela a seguir, também retirada de Sussekind [1], exemplifica alguns dos possíveis casos. Deslocamento a calcular Carga unitária a aplicar Deslocamento linear de um ponto m numa direção ~ Pu = 1 m Rotação da tangente à elástica numa seção S ~ S Mu = 1 Rotação relativa das tangentes à elástica numa rótula, de duas barras i e j S Mu = 1 ~ Mu = 1 j i Rotação absoluta de uma corda AB B A ~ Pu = 1 l (AB = l) Pu = 1 l Rotação relativa entre duas cordas AB e CD ~ Pu1 = 1 l1 (AB = l1) Pu1 = 1 l1 Pu2 = 1 l2 Pu2 = 1 l2 A (CD = l2) B C D CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 12 Rotação relativa das tangentes à elástica em duas seções S e S’ de uma barra S Mu = 1 ~ S ' Mu = 1 Variação de comprimento de corda que une dois pontos A e B B A ~ Pu = 1 Pu = 1 5.4. Deformabilidade por Cortante em Vigas Considerando uma viga para a qual não é mais válida a hipótese das seções planas. No caso a hipótese de deformação a ser agora considerada pode se escrever como: Seções retas e planas, normais ao plano médio da viga antes da deformação, permanecem retas, planas, inalteradas em seu comprimento, porém não mais normais ao plano médio da viga após a deformação. Neste caso a componente de deformação de distorção é considerada e o esforço cortante aparece então como um esforço ativo na expressão do P.T.V.. O trabalho virtual interno para um elemento infinitesimal de viga resulta e levando em conta o método da carga unitária: dxdydzdxdydzdvdydzdudydzWd uxyuxyuxuxeuxyeuxi Substituindo as expressões de resistência dos materiais para x e xy e considerando a Lei de Hooke E x x e G xy xy : dxdydz tGI SQ tI SQ dxdydzy EI M y I M Wd z * z e y z * z u y z e z z u z i , sendo 2 h y * z ydAS o momento estático, em relação à LN, da área situada entre o ponto onde se quer obter a tensão de cisalhamento e a extremidade referente ao valor máximo de y. l A * z z e y u y Az e z u z l A * z z e y u y z e z u z i dxdA t S GI QQ dAy EI MM dxdAS tGI QQ y EI MM W 0 2 2 2 2 2 0 2 22 2 2 CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 13 Comparando com a expressão geral anterior, definimos o fator de forma A * z z dA t S I A 2 2 2 , e novamente escrevemos: dx GA QQ EI MM W l e y u y z e z u z i - Exemplo: Considerando que viga do exemplo anterior tenha seção transversal reta retangular, pede-se calcular o deslocamento vertical no meio do vão considerando o efeito da deformabilidade por cortante. Primeiramente defini-se o fator de forma para a seção retangular: z y y h/2-y b h 2 2 532 4 5 2 2 4224 5 4224 2 2 622 2 2 4224 2 2 22 5 16 3 8 4 9 168 64 144 168 64 144 168 64 4 822 1 2 h h h h AA * z z * z * z yyh yh h dyyyhhb bh dAyyhh b b hb bh dA t S I A yyhh b S yh b y h yy h bS 5 6 5 1 3 2 1 4 9 5 5 h hUtilizando a tabela, devemos observar a forma das funções polinomiais que representam os esforços cortantes e yQ e u yQ e os momentos fletores e zM e u zM . l/4+ u zDM ql²/8+ e zDM 1/2 + - 1/2 u yDQ + - ql/2 ql/2 e yDQ l 0 dxxMxM ue ql ²/8 par. 2° grau + X l/2 l/2 l/4 + 384 5 484 1 1 3 1 4qllql l 2 CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 14 l 0 dxxQxQ ue 2x ql /2 + X 1/2 + 82 1 22 22 2qlql l GA ql EI ql dxxQxQ GA dxxMxM EI l z l ue l ue z 40 6 384 51 2 24 00 . Sendo ml 3 , cmh 20 , cmb 10 , m/kNq 10 , GPaE 200 e GPa,G 9276 : m,,lll QM 64 10776810917 222 , tendo-se 90 2 2 Q M l l Se 5250 , h l m,l e m,,lll QM 77 1044210106 222 , tendo-se 52 2 2 , l l Q M . Se 51 h l ml e m,,lll QM 76 1075910769 222 , tendo-se 10 2 2 Q M l l . Se 255 h l ml e m,,lll QM 53 1044210106 222 , tendo-se 250 2 2 Q M l l . Se 357 h l ml e m,,lll QM 51078402350 222 , tendo-se 490 2 2 Q M l l . Conclui-se que quanto mais delgada é a viga (maior razão entre o comprimento e a altura da seção transversal) maior é a validade da hipótese das seções planas. 5.5. Energia de Deformação Um material é dito elástico se no processo de carga e descarga de um corpo de prova não aparecer uma deformação permanente e não ocorrer dissipação de energia (sistema conservativo). Sendo o sistema conservativo, todo o trabalho realizado pelas cargas externas é convertido em energia potencial (energia de deformação). CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 15 No presente caso, considera-se que as cargas externas são aplicadas de forma lenta e gradativa durante o crescimento do deslocamento, de forma a evitar qualquer efeito dinâmico no sistema. No caso de estruturas reticuladas compostas de material linearmente elástico: xM,N e E x x ; tM,Q e G . 5.5.1. Energia de deformação relacionada à componente de tensão normal Considera-se aqui o caso de materiais elásticos, o que resulta no trabalho de deformação ser igual à energia de deformação. A densidade de energia de deformação u (energia de deformação por unidade de volume) pode ser calculada como a área abaixo da curva do diagrama tensão deformação: u Caso linearmente elástico u Para o caso linearmente elástico: E E dEdu 222 22 00 . A energia de deformação total é dada por: VV dV E udVU 2 2 Ou, em função de uma carga concentrada: CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 16 U P áreaWU sob a curva = P 2 1 - Energia de deformação na solicitação axial: l V dV EA N U EA N u A N 2 2 2 2 22 Exemplo: considere uma barra prismática, de comprimento l, primeiramente submetida ao peso próprio (peso específico ) e, em seguida a uma carga concentrada P (dirigida para baixo) em sua extremidade: l Peso próprio: 2 222 2222 2 2 2 EA xlxlq uxlxlqNxlqNAq E Al EA lq dx EA xlxlq AUAdxdV l 662 2 3232 0 2 222 1 Carga P aplicada posteriormente: Parcela referente à carga P: l EA P dx EA P AU EA P uPNPN l 222 2 0 2 2 22 2 22 Parcela referente à carga q: EA P PN , A xlq sendo u , pois a carga q já estava aplicada quando a deformação por P ocorreu: CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 17 E lP dx EA xlPq AU l 2 2 0 23 . A energia de deformação total resulta: E lP EA lP E Al UUUU 226 2232 321 - Energia de deformação na flexão: Considerando uma flexão simples reta: 2 2 2 2 y EI M uy I M z z z z x , tendo-se: dx EI M dAdxy EI M dAdxy EI M U l z z A l A l z z z z 0 2 2 0 0 2 2 2 2 2 222 Observação importante: Para uma flexão composta reta: 2 2 2 2 2 2 2 1 y I M y I M A N A N E uy I M A N z z z z z z x l Az z Az z A l A z z z z dxdAy I M ydA I M A N dA A N E dAdxy I M y I M A N A N E U 0 2 2 2 2 2 0 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2 1 Sendo z um eixo central 0 A ydA e l z z dx I M A N E U 0 22 2 1 Para uma flexão obliqua em relação a eixos principais: 2 2 2 2 2 2 2 2 1 y I M y I M z I M z I M E uy I M z I M z z z z y y y y z z y y x dxdAy I M yzdA I M I M dAz I M E dAdxy I M y I M z I M z I M E U l Az z Az z y y Ay y l A z z z z y y y y 0 2 2 2 2 2 2 0 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2 1 Sendo y e z eixos principais 0 A yzdA e l z z y y dx I M I M E U 0 22 2 1 5.5.2. Energia de deformação relacionada à componente de tensão cisalhante Analogamente ao que foi desenvolvido para a componente normal de tensão: CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 18 u Caso linearmente elástico u Para o caso linearmente elástico: G GdGdu 222 22 00 A energia de deformação resulta V dV G U 2 2 - Energia de deformação na solicitação transversal: 22 222 22 tGI SQ G u z * zyxy dx A Q G dAdx t S I Q G dAdx tGI SQ U A l y * z l A l z y z * zy 0 2 2 2 0 0 2 2 22 22 2 1 2 1 2 , sendo A z z dA t S I A 2 2* 2 - Energia de deformação na torção: l p t l A l Ap t p t p tx dx GJ M dxdAr GJ M dAdx GJ rM U GJ rM G u 0 2 0 0 2 2 2 2 22 2 222 22222 5.6. Teoremas Recíprocos 5.6.1. Teorema dos deslocamentos recíprocos Considere uma estrutura com comportamento linear submetida a dois estados de carregamento. Lembrando que os carregamentos são aplicados de forma lenta e gradativa. CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 19 1 Estado de carregamento a l x y A B P b aa ba 2 Estado de carregamento a l x y A B P b ab bb ij deslocamento na seção i devido a uma carga aplicada na seção j. Sendo o comportamento linear, os deslocamentos finais devem resultar os mesmos se as cargas forem aplicadas simultaneamente A flecha total em a abaaa e a flecha total em b babbb . Sendo a energia de deformação igual ao trabalho e trabalho definido como força x deslocamento, tem-se babbabaa PPU 2 1 2 1 . A ordem da aplicação das carga não deve influenciar o valor da energia de deformação: 1 Estado de carregamento 2 Estado de carregamento abbbaa PPPU 2 1 2 1 (o último termo não se encontra dividido por dois, pois o deslocamento ab ocorreu quando a carga em a já havia atingido seu valor final P). 2 Estado de carregamento 1 Estado de carregamento baaabb PPPU 2 1 2 1 (o último termo não se encontra dividido por dois, pois o deslocamento ab ocorreu quando a carga em b já havia atingido seu valor final P). Tem-se então que: babbabaa PPU 2 1 2 1 abbbaa PPP 2 1 2 1 baaabb PPP 2 1 2 1 baab “A deflexão em a, causada por uma carga exercida em b é igual à deflexão provocada em b por uma carga de igual valor exercida em a”. Este teorema é válido também no caso de uma força e um momento. 1 Estado de carregamento a l x y A B b aa ba M 2 Estado de carregamento a l x y A B P b ab bb CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 20 Aplicação simultênea de M e P: babbabaa PMU 2 1 2 1 . 1 Estado de carregamento 2 Estado de carregamento abbbaa MPMU 2 1 2 1 2 Estado de carregamento 1 Estado de carregamento baaabb PMPU 2 1 2 1 babbabaa PMU 2 1 2 1 abbbaa MPM 2 1 2 1 baaabb PMP 2 1 2 1 baab PM Se M e P forem numericamente iguais, ab e ba serão numericamente iguais (apresentando, obviamente, unidades e significados físicos diferentes). 5.6.2. Teorema dos trabalhos recíprocos Considere qualquer corpo com comportamento linear elástico para o qual o princípio da superposição é válido, submetido a dois estados de carregamento. 1 Estado de carregamento P1 P1 P2 Pn P2 Pn Q1 Q2 Qm 1 2 Estado de carregamento P'1 Q1 Q2 Qm P'2 P'n Q'1 Q'2 Q'm 2 As deflexões correspondentes a cada uma das cargas são medidas na direção dessas cargas. Para a aplicação simultânea das cargas: mn m nn QQmQQQQ PPnPPPP QQQ PPPU 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2211 2211 21 21 1 Estado de carregamento 2 Estado de carregamento n mn PnPP QmQQPnPP PPP QQQPPPU 21 2121 21 211 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 21 2 Estado de carregamento 1 Estado de carregamento nm nm QmQ PnPPQmQQ QQQ PPPQQQU 2 2121 21 2121 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 Para que as energias de deformações sejam iguais deve-se ter m j Qj n i Pi ii QP 11 5.7. Energia de Deformação e Energia de deformação complementar Considere uma barra prismática de material elástico, submetida a uma força axial P. l u* u P U U* A densidade de energia complementar é dada por: 0 du* , sendo a energia complementar V ** dVuU . No caso linearmente elástico: u u* P U U* u E d E du* 2 2 00 WUU* Para n cargas concentradas: n i ii* PUU 1 2 , sendo i o deslocamento total no ponto de aplicação de Pi, na direção de Pi. CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 22 5.7.1. Método da Energia de deformação A energia de deformação de uma estrutura elástica é igual ao trabalho realizado pelas cargas durante a sua aplicação. Sendo o comportamento linear, as cargas podem ser expressas como combinações lineares dos deslocamentos (pela mesma idéia da Lei de Hooke generalizada): nnnnnn nn nn aaaP aaaP aaaP 2211 22221212 12121111 ija constantes que dependem das propriedades da estrutura. O aumento na energia de deformação quando um deslocamento i sofre um acréscimo de id , enquanto todos os outros deslocamentos são mantidos constantes é dado por: i i ii i i P U dPdU d U dU (1 Teorema de Castigliano) Esse desenvolvimento serve de base para o desenvolvimento do método dos deslocamentos. Se as cargas podem ser escritas como uma combinação linear dos deslocamentos, os deslocamentos também podem ser escritos como uma combinação linear das cargas aplicadas. Assim, tem-se: nnnnnn nn nn PbPbPb PbPbPb PbPbPb 2211 22221212 12121111 ijb constantes que dependem das propriedades da estrutura. O aumento na energia de deformação complementar quando uma carga iP sofre um acréscimo de idP , enquanto todas as outras cargas são mantidas constantes é dado por: i i * ii * i i * * P U dPdU dP P U dU (Teorema de de Crotti-Engesser) Como UU* , no caso linearmente elástico: i iP U (2 Teorema de Castigliano) Esse desenvolvimento serve de base para o desenvolvimento do método das forças. CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 23 Exemplo: Para a viga a seguir, determine a rotação na seção do apoio A utilizando o 2 Teorema de Castigliano: q 2q A B x y M0 l rigidez à flexão =constante = EIz Obs: desprezar o efeito do esforço cortante. Para utilizar o 2 Teorema de Castigliano aplica-se ummomento AM (carga na direção do deslocamento que se quer calcular) e, após a dedução da expressão para iP U , iguala-se este momento a zero. q 2q A B x y M0 l MA Equações de equilíbrio estático: l M l Mql VMM qlql lVM ql VVF A AAoAB BAy 0 22 6 5 32 0 2 3 0 l qx qxx l M x l M x ql MxM A Az 66 5 320 A l z z A l z z M dx EI xM M U dx EI xM U 0 2 0 2 2 2 A regra de Leibnitz para diferenciação de integrais fornece: d d ,F d d ,Fdx ,xF dx,xF d d 2 1 1 2 2 1 2 1 . No presente caso 01 e l2 , ambos independentes de AM (que seria em questão). l A z z z l A z z z l z z AA A dx M xM EI xM dx M xM xM EI dx EI xM MM U 000 2 2 2 1 2 CAPÍTULO 5: MÉTODOS DE ENERGIA EM ANÁLISE ESTRUTURAL 24 l x M xM A z 1 . Uma vez realizada a derivação, pode-se tomar 0AM , na expressão de xM z . l zz A lMql EI dx l x l qxqx x l M x ql EI 0 0 332 0 6360 231 1 626 51
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