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Leishmaniose Visceral: Transmissão, Sintomas e Diagnóstico

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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Biomedicina 
Ana Helena Pereira
Gabrieli Alves do Nascimento
Melissa Iandara de Carvalho Silva
Clipping:Leishamaniose Visceral
			LINS – SP
2019
INTRODUÇÃO
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença causada por um protozoário da espécie Leishmania chagasi. O ciclo evolutivo apresenta duas formas: amastigota, que é obrigatoriamente parasita intracelular em mamíferos, e promastigota, presente no tubo digestivo do inseto transmissor. É conhecida como calazar, esplenomegalia tropical e febre dundun.
A Leishmaniose Visceral é uma zoonose de evolução crônica, com acometimento sistêmico e, se não tratada, pode levar a óbito até 90% dos casos. É transmitida ao homem pela picada de fêmeas do inseto vetor infectado, denominado flebotomíneo e conhecido popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. No Brasil, a principal espécie responsável pela transmissão é a Lutzomyia longipalpis.
Esses insetos são pequenos e têm como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas. O ciclo biológico do vetor ocorre no ambiente terrestre e passa por quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto (forma alada). Desenvolvem-se em locais úmidos, sombreados e ricos em matéria orgânica (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo). O desenvolvimento do ovo à fase adulta ocorre em cerca de 30 dias. As formas adultas abrigam-se nos mesmos locais dos criadouros e em anexos peridomiciliares, principalmente em abrigos de animais domésticos.
Somente as fêmeas se alimentam de sangue, pois necessitam de sangue para o desenvolvimento dos ovos, o que justifica o fato de sugarem uma ampla variedade de animais vertebrados. A alimentação é predominantemente noturna. Tanto o macho quanto a fêmea tendem a não se afastar muito de seus criadouros ou locais de abrigo, podendo se deslocar até cerca de um quilômetro, com a expressiva maioria não indo além dos 250 metros.
No ambiente urbano, o cão é a principal fonte de infecção para o vetor, podendo desenvolver os sintomas da doença, que são: emagrecimento, queda de pêlos, crescimento e deformação das unhas, paralisia de membros posteriores, desnutrição, entre outros.
Por várias décadas, o tratamento padrão da LV em humanos tem sido puramente medicamentoso, a dose do medicamento e o tempo de tratamento dependem da forma clínica da doença. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho compreende realizar uma revisão de literatura acerca da LV no tocante aos métodos de diagnóstico e estudo de genes que podem ajudar no tratamento da doença.
 
PRINCIPAIS SINTOMAS
Após a picada pelo mosquito que transmite a doença, os protozoários se espalham pela corrente sanguínea e por órgãos responsáveis pela formação das células do sangue e da imunidade do organismo, como baço, fígado, linfonodos e medula óssea, provocando os seguintes sintomas:
Calafrios e febre alta, que vai e volta, de longa duração;
Aumento do abdômen, devido ao aumento do baço e do fígado;
Fraqueza e cansaço excessivo;
Perda de peso;
Palidez, devido a anemia causada pela doença;
Sangramentos mais fáceis, pela gengiva, nariz ou fezes, por exemplo;
Infecções frequentes, por vírus e bactérias, devido à queda da imunidade;
Diarreia.
A leishmaniose visceral tem um período de incubação entre 10 dias até dois anos, e como esta não é uma doença comum e seus sintomas surgem aos poucos, eles podem ser confundidos com outras doenças como malária, febre tifóide, dengue ou zika.
TRANSMISSÃO
 Na Leishmaniose visceral, a transmissão ocorre pela picada da fêmea do flebótomo Lutzomia longipalpis, não ocorre transmissão pessoa a pessoa, nem animal a animal. 
O período de incubação varia de 10 dias a 24 meses, mas a média é de 2 a 4 meses
O diagnóstico da leishmaniose visceral pode ser realizado por meio de técnicas imunológicas e parasitológicas.
DIAGNÓSTICO IMUNOLÓGICO
Baseia-se na detecção de anticorpos anti Leishmania, existem diversas provas que podem ser utilizadas no diagnóstico da leishmaniose visceral, e dentre elas podemos citar duas técnicas disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde.
Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) – consideram-se como positivas as amostras reagentes a partir da diluição de 1:80. Nos títulos iguais a 1:40, com clínica sugestiva de leishmaniose visceral, recomenda-se a solicitação de nova amostra em 30 dias e o teste rápido imunocromatográfico – são considerados positivos quando a linha controle e a linha teste C e/ou G aparecem na fita ou plataforma (conforme Nota Informativa Nº 3/2018-CGLAB/DEVIT/SVS/MS
É importante ressaltar que títulos (anticorpos) variáveis dos exames sorológicos podem persistir positivos por longo período, mesmo após o tratamento. Assim, o resultado de um teste positivo, na ausência de manifestações clínicas, não autoriza a instituição de terapêutica.
DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO
A demonstração do parasito pode ser feita em material de biópsia ou punção aspirativa do baço, fígado, medula óssea ou linfonodos. O material obtido é utilizado para a confecção de esfregaço ou impressão em lâminas, histologia, isolamento em meios de cultura ou inoculação em animais de laboratório. A especificidade destes métodos é de 100%, mas a sensibilidade é muito variável, pois a distribuição dos parasitas não é homogênea no mesmo tecido. A sensibilidade mais alta (98%) é alcançada quando se utiliza aspirado do baço. As punções esplênicas e de medula óssea são consideradas procedimentos invasivos e exigem ambientes apropriados para a coleta, não sendo procedimentos adequados para estudos epidemiológicos em larga escala, e muitas vezes são também inadequados para diagnósticos individuais.
A pesquisa de parasitas no sangue periférico pode ser utilizada, sobretudo em pacientes infectados com HIV.
TRATAMENTO E PREVENÇÕES
O tratamento de qualquer forma da leishmaniose é feito inicialmente com injeções de uma droga chamada antimonial pentavalente. No Brasil, o Sistema Único de Saúde fornece esse medicamento, que deve ser aplicado diariamente durante um período de no mínimo 20 e no máximo 40 dias.
O tratamento com antimonial deve ser feito com controle rigoroso, pois trata-se de medicação que pode apresentar efeitos tóxicos no rim, fígado e pâncreas, mas sobretudo no coração, levando à arritmias que podem ser graves e até fatais. Caso a resposta não seja adequada, existem remédios de segunda escolha, entre eles a Anfotericina B. Além da terapêutica, o portador da infecção deve se manter em repouso por período determinado pelo médico e receber boa alimentação. Nos casos de leishmaniose tegumentar, recomendam-se também cuidados locais com as lesões para evitar infecções secundárias. 
Por enquanto, os métodos de prevenção da doença continuam bastante básicos, incluindo dedetização das áreas de risco, destinação adequada do lixo, uso de mosquiteiros impregnados de inseticidas, aplicação de repelentes sobre a pele nos locais endêmicos, busca ativa de casos pela vigilância epidemiológica, diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos humanos, vacinação de cães, além do sacrifício dos cães doentes e controle de outros animais que atuam como reservatório do parasita.
Contudo, a imunização para humanos deve ser uma realidade nos próximos anos, uma vez que há promissoras iniciativas em fase de desenvolvimento e aprovação, inclusive dentro do Brasil. 
PESQUISADORES DESCOBREM GENES QUE PODEM AJUDAR NO TRATAMENTO DE LEISHMANIOSE VISCERAL NO BRASIL
Pacientes brasileiros dependem de tratamento intravenoso por causa de resistência ao medicamento oral já existente.
Mosquito-palha é o vetor que transmiste o protozoário da leishmaniose — Foto: James Gathany/CDC
Pesquisadores da Universidade de York identificaram genes em um parasita que podem ajudar os médicos a prever os resultados do tratamento medicamentoso parapacientes com leishmaniose visceral no Brasil.
Os resultados podem levar a um novo teste prognóstico que pode prever quais pacientes responderão bem ao tratamento medicamentoso e quais pacientes necessitam de soluções alternativas.
A leishmaniose é uma doença parasitária transmitida aos seres humanos pela picada do mosquito fêmea infectado. Com 50 mil a 90 mil novos casos em todo o mundo a cada ano, causa febre, perda de peso substancial, inchaço do baço e do fígado e anemia e pode ser fatal se não for tratada.
A equipe, em colaboração com a Universidade Federal de Glasgow, a Universidade Federal do Piauí e a Universidade Estadual de Montes Claros, constatou que a ausência de quatro genes particulares no parasita Leishmania infantum no Brasil o torna menos suscetível a um medicamento oral chamado miltefosina.
O parasita chegou pela primeira vez ao país vindo da Europa em 1600 e sofreu mutações e adaptações ao longo do tempo, tornando difícil prever quando responderá ao tratamento medicamentoso. Durante um ensaio clínico anterior feito com a medicação oral, 40% dos pacientes tiveram recaídas dentro de seis meses.
A presença dos genes no parasita na Índia, no entanto, significa que após um mês de tratamento, a doença pode ser curada com um menor risco de recaída.
Juliana Brambilla Carnielli, pesquisadora do Departamento de Biologia da Universidade de York, disse: "A miltefosina é o único tratamento oral disponível para a leishmaniose, mas devido à sua baixa eficácia no tratamento da leishmaniose visceral no Brasil, esta droga não é licenciada no país. Isso significa que os pacientes brasileiros dependem de medicações intravenosas, que requerem instalações médicas para seu uso".
"Por isso, é importante investigarmos o que estava tornando a droga oral menos eficaz no Brasil do que na Índia, onde ela tem sido amplamente utilizada", explicou em nota.
O ESTUDO
Pesquisadores investigaram os marcadores moleculares do parasita Leishmania para entender o que pode estar contribuindo para sua resistência natural à miltefosina.
A ausência dos genes correlaciona-se com a resistência ao remédio, o que significa que os pacientes brasileiros se beneficiariam de um exame de sangue capaz de detectar se estão portando o parasita resistente a medicamentos. Este exame de sangue está sendo desenvolvido pela equipe de pesquisa.
Jeremy Mottram, professor de Biologia de Patógenos no Centro de Imunologia e Infecção da Universidade de York, disse: "Este trabalho contribui para muitos estudos que estão sendo conduzidos em todo o mundo nesta doença negligenciada".
"A Índia, o Brasil, a África Oriental e algumas partes da Europa são afetados por esta doença em vários graus, por isso precisamos saber mais sobre como o parasita vive em seres humanos e como o parasita reage a várias drogas", continuou.
"Uma abordagem de medicina personalizada será a chave para fazer a grande diferença nos resultados dos pacientes, já que nossa pesquisa está nos dizendo que o parasita não reagirá da mesma maneira em todos os casos a um tratamento de tamanho único"- Jeffrey Mottram, pesquisador da Universidade de York
Em 2016, quando o Ministério da Saúde divulgou dados sobre a doença, 3.200 pacientes apresentaram a doença no Brasil e 265 pacientes morreram.
A próxima etapa do estudo seria um novo ensaio clínico em pacientes no Brasil que apresentassem um exame de sangue positivo para verificar se a realização de testes prognósticos precocemente na progressão da doença e a adaptação de medicamentos poderiam reduzir o número de pacientes com recaídas.
O que é Leishmaniose Visceral
A Leishmaniose Visceral é uma doença infecciosa sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações.
Se não tratada, pode levar a morte em 90% dos casos.
TRANSMISSÃO
Segundo o Ministério da Saúde, no ambiente urbano, os cães são a principal fonte de infecção para o vetor.
A transmissão acontece quando fêmeas dos mosquitos conhecidos como mosquito-palha picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi.
Tratamento
O tratamento está disponível pelo Sistema Único de Saúde. Os medicamentos utilizados atualmente no Brasil não eliminam por completo o parasita nas pessoas e nos cães. No entanto, o homem não tem importância como reservatório da doença.
Já nos cães, o tratamento resolve os sintomas clínicos, mas os animais continuam como fonte de infecção. Por isso, a eutanásia é recomendada de forma integrada com os tratamentos recomendados pelo Ministério da Saúde.
REFERENCIA
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/leishmaniose-visceral
http://www.fleury.com.br/saude-em-dia/dicionarios/doencas/pages/leishmaniose.aspx
https://www.infoescola.com/doencas/leishmaniose/
https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/leishmaniose-visceral-calazar/
https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1415-790X2004000300011&script=sci_arttext&tlng=es
https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2018/10/01/pesquisadores-descobrem-genes-que-podem-ajudar-no-tratamento-de-leishmaniose-visceral-no-brasil.ghtml

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