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O PUERPÉRIO

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O PUERPÉRIO 
Professora: Andreia Costa 
Assistência de enfermagem no 
período puerperal 
 
A atenção à mulher e ao recém-nascido 
(RN) no pós-parto imediato e nas 
primeiras semanas após o parto é 
fundamental para a saúde materna e 
neonatal. 
O PUERPÉRIO 
 CONCEITO 
 O puerpério ou período pós-parto corresponde ao intervalo entre o 
parto e a volta do corpo da mulher ao estado anterior à gestação. 
Inicia-se imediatamente após a expulsão da placenta e suas 
membranas e termina oito meses a um ano após o parto. 
 
Os objetivos dessa 
assistência visa: 
 
• Avaliar o estado de saúde da mulher; 
• Avaliar o retorno às condições pré-gravídicas; 
• Avaliar e apoiar o aleitamento materno; 
• Orientar o planejamento familiar; 
• Identificar situações de risco ou intercorrências e 
conduzi-las; 
• Avaliar interação da mãe com o recém-nascido; 
• Complementar ou realizar ações não executadas no 
pré-natal. 
 
MS recomenda: 
 a puérpera passe em consulta pelo menos uma vez após o 
parto. 
Cabe ao enfermeiro identificar alterações físicas e 
psicológicas que podem alterar a vida da mulher, 
 que neste momento estará se adaptando ao novo membro 
da família. 
Para isto, ele deve coletar dados de como a puérpera está 
neste momento e realizar o exame físico a fim de identificar 
alterações. 
 
Anamnese ou coleta de dados 
Cabe ao enfermeiro perguntar como a puérpera se sente e indagar 
sobre: 
• Condições da gestação; 
• Condições do atendimento ao parto e ao recém-nascido; 
• Dados do parto (data; tipo de parto; se cesárea, qual a indicação); 
• Se houve alguma intercorrência na gestação, no parto ou no pós-parto 
(febre, hemorragia, hipertensão, diabetes, convulsões, sensibilização Rh); 
• Se recebeu aconselhamento e realizou testagem para sífilis ou HIV 
durante a gestação e/ou parto; 
• Uso de medicamentos (ferro, ácido fólico, vitamina A, outros); 
• Aleitamento (freqüência das mamadas – dia e noite –, dificuldades na 
amamentação, satisfação do RN com as mamadas, condições das mamas); 
• Alimentação, sono, atividades; 
 
 • Dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas urinárias, febre; 
• Planejamento familiar (desejo de ter mais filhos, desejo de usar 
método 
contraceptivo, métodos já utilizados, método de preferência); 
• Condições psicoemocionais (estado de humor, preocupações, 
desânimo, 
fadiga, outros); 
• Condições sociais (pessoas de apoio, enxoval do bebê, condições 
para 
atendimento de necessidades básicas). 
A avaliação específica da puérpera deve ser realizada da seguinte 
maneira: 
a) Avaliação do estado geral: 
a. Avaliar o comportamento: se esta calma e tranquila ou não; 
b. Identificar se há exaustão física que pode interferir no sono; 
c. Avaliar pele e mucosas: atentar para mucosas hipocoradas e 
desidratadas; 
d. Avaliar o nível de consciência: identificar se está alerta e 
orientada. 
e. Verificar os sinais vitais e identificar alterações: 
 
Verificar os sinais vitais e 
identificar alterações: 
TEMPERATURA CORPORAL 
- Primeiras 24 horas após o parto: elevação da temperatura 
(esforço físico, desidratação e invasão de germes). 
 
- Dois episódios de hipertermia (acima de 38°C) nos 
primeiros 10 dias após o parto é infecção puerperal. 
 
- Calafrios e sudorese podem ser atribuídos à hipotermia, 
temperaturas subfebris, alteração nervosa até 24 horas após 
o parto. 
Após 24 horas, indica infecção. 
 
 FREQUÊNCIA CARDÍACA (Verificação do pulso radial) 
 
- Queda da FC de 50 a 60bpm do 6° ao 8° dia após o parto indica 
aumento brusco do retorno venoso com sobrecarga do lado direito do coração 
e 
predomínio vagal. 
 
- Taquicardia: pode indicar hipovolemia, infecção, dor, ansiedade ou 
problemas cardíacos. 
 
FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA 
Avaliar a frequência respiratória durante um minuto. 
 
PRESSÃO ARTERIAL 
Verificar e avaliar se a pressão arterial mantém estável após o parto. A 
hipotensão pode estar relacionada a perda volêmica durante o trabalho de 
parto. 
A hipertensão arterial pode estar relacionada à hipertensão gravídica 
B) MAMAS 
Realizar a inspeção estática e dinâmica: no puerpério é importante focar 
alterações como fissuras, o intumescimento mamário, que é o 
endurecimento da mama, e o ingurgitamento mamário que ocorre devido 
à estase láctea, levando ao aumento do volume, dor, hipertermia e 
hiperemia discreta na mama. O ingurgitamento mamário pode levar a 
mastite, ou seja, inflamação da mama e desta forma haverá necessidade 
de acompanhamento médico. 
Na palpação identificar a presença de dor. É considerada normal a mama 
sem pontos dolorosos. A mama ingurgitada, como mencionado, apresenta 
pontos dolorosos. 
O enfermeiro deve realizar a expressão dos mamilos observando a 
presença do conteúdo lácteo. A apojadura, ou seja, a descida do leite 
deve ser observado pelo enfermeiro da mesma forma que a transição do 
colostro para o leite materno, nos primeiros dias do puerpério. 
Colocar fotos de ingurgitamento e mastite 
 
ABDÔMEN 
Realizar a inspeção, ausculta, palpação e percussão do abdômen. 
A inspeção, deve-se observar abaulamento e se a incisão cirúrgica 
relacionada ao parto cesárea apresenta ou não sinais flogísticos e deve ser 
avaliado o processo de cicatrização. 
 
Na ausculta, identificar a presença dos ruídos hidroaéreos que podem estar 
diminuídos, após o trabalho de parto ou cirurgia. Geralmente, após três ou 
quatro dias do parto, a mulher recupera seus hábitos intestinais. 
 
Na palpação, avaliar consistência da parede abdominal, sensibilidade 
dolorosa, volume da bexiga e involução uterina. 
O fundo uterino, nos primeiros dias do puerpério, tangencia a cicatriz 
umbilical, deve apresentar consistência firme com forma achatada, pode 
ocorrer dextrotorção fisiológica, que é o desvio do corpo uterino para 
direita. 
 A involução uterina reduz diariamente 1 cm até 3° dia 
pós-parto e até ó décimo segundo dia reduz 0,5cm. 
 
 
 Na percussão, identificar sons timpânicos ou sub-maciços 
esta dentro do padrão de normalidade. 
 
O enfermeiro deve realizar a inspeção do aparelho 
reprodutor feminino. 
 A vulva pode apresentar edema e coloração violácea, deve 
ser identificado a presença de algum tipo de lesão e se o 
orifício da vagina apresentar dilatação, pode ter aumento 
na pressão intra-abdominal. 
 
A perda vaginal pós-parto é produto da descamação do útero e 
sangue. A coloração desta perda, denominada de lóquios, ocorre 
da seguinte maneira: 
 
 Lóquios vermelhos ou sanguíneos: são eliminados do 1° ao 4° 
dia após o parto; 
 
Lóquios escuros ou serossanguíneos: são eliminados do 4º ao 10° dia após o parto; 
Lóquios amarelos: são eliminados após 10° dia. 
Os lóquios possuem odor característico de 
menstruação e o odor fétido 
 Geralmente, a mulher elimina 225 a 500 ml de lóquios após o 
parto e, posteriormente, este volume diminui até cessar. 
 
 O períneo apresenta musculatura distendida e fraca, pode estar 
edemaciado e violáceo. Observar algum trauma como laceração ou 
episiotomia, identificar sinais flogísticos, edemas ou hematomas. 
 
 Podem surgir varicosidades do plexo venoso hemorroidário ou agravam-se 
hemorróidas preexistentes. 
Até o 5° dia, após o parto, espera-se a eliminação de 2 a 3 litros de urina. 
 A retenção urinária pode ocorrer devido a edema, traumatismos e a anestesia. 
Cabe 
ao enfermeiro avaliar sinais de infecção de urina como dor lombar discreta, 
retenção urinária, disúria, polaciúria e febre. 
 
Os membros inferiores devem ser inspecionados e palpados. 
 A presença de edema e varizes pode ocorrer. 
 Recomenda-se a deambulação precoce, após o parto, a fim de evitar 
tromboembolismo. 
 
ADAPTAÇÃO PSICOLÓGICA 
Frequente alteração de humor devido àalteração hormonal, conflito sobre 
o 
papel materno, insegurança, desconforto e cansaço podem ocorrer no 
puerpério. 
O enfermeiro deve atentar a ocorrência de depressão puerperal, no qual a 
mulher apresenta depressão e choro sem qualquer motivo. 
 
Também pode ocorrer a psicose puerperal, que é uma forma confuso-
delirante que ocorrem entre o 2° e 15° dia pós-parto, levando a mulher a 
um estado confusional seguido de delírio alucinatório auditivo ou visual 
com crises agudas frequentes na fase vespertina. 
 
São em geral precedidas de manifestações depressivas e apáticas. 
Identificando-se a depressão ou a psicose puerperal, a mulher deve ser 
encaminhada para acompanhamento médico. 
 
O PUERPÉRIO 
 DIVISÃO 
 
 PUERPÉRIO IMEDIATO 
PUERPÉRIO TARDIO 
 
PUERPÉRIO REMOTO 
1 ao 10 dia 
 
11 ao 45 dia 
 
Além de 45 dias 
O PUERPÉRIO 
 ÚTERO 
1.CONTRACAO UTERINA 
5.AMAMENTAÇÃO 
3.MULTIPARAS E PRIMIPARAS 
2.GLOBO DE SEGURANCA 
LIGADURAS VIVAS de PINARD 
4.CICATRIZ UTERINA 
O PUERPÉRIO 
 COLO UTERINO 
 
 
 LÓQUIOS 
 
 
 VAGINA 
Epitélio atrófico 
Sanguinolento 
Serosanguinolento 
seroso 
O PUERPÉRIO 
 CUIDADOS COM AS MAMAS 
O PUERPÉRIO 
 CUIDADOS COM AS MAMAS 
O PUERPÉRIO 
 ASSISTÊNCIA PÓS-NATAL 
EXAME FÍSICO 
O PUERPÉRIO 
 COMPLICAÇÕES 
 
 
 
HEMORRAGIA 
 
 Fatores de risco 
 
 
 INFECÇÃO 
O PUERPÉRIO 
 COMPLICAÇÕES 
 
 
 
HEMORRAGIA 
 
 ENDEREÇO DA LESÃO 
 
-ATONIA 
-LACERAÇÃO DE TRAJETO 
-RESTOS OVULARES 
 
 
ATONIA UTERINA 
Anormalidades Contração uterina 
ETIOLOGIA FATORES DE RISCO CLÍNICO 
Sobredistensão uterina 
Polidramnio 
Gestação múltipla 
macrossomia 
Exaustão do músculo 
uterino 
Parto rápido 
Parto prolongado 
Multiparidade 
Infecção intra-amniótica 
Febre materna 
RPMO prolongada 
Problemas funcionais 
ou 
Anatômico do útero 
Mioma uterino 
Placenta prévia 
Malformação uterina 
Hemorragia periparto 
ATONIA UTERINA 
-MASSAGEM UTERINA 
 
-PROVA DE SUTURA 
 
-USO DE SUBSTÂNCIAS UTEROTÔNICAS 
 
Resultados de estudos sobre a eficácia 
do misoprostol via retal no controle da 
hemorragia pós-parto 
Autores Dose Eficácia 
Efeito 
colateral 
Jacobson ET. AL,1995 800 95% - 
Rapopous ET AL, 1996 1200 93% Febre 
Hancox & Carde, 1997 1600 92% - 
Sndoval ET AL, 2000 800 100% - 
RETENÇÃO DOS TECIDOS DA CONCEPÇÃO 
ETIOLOGIA FATORES DE RISCO CLÍNICO 
Retenção de produtos 
secundamento incompleto 
cirurgia uterina prévia 
multiparidade 
anormalidade uterina / USG 
Retenção de sangue na 
cavidade uterina 
Atonia uterina 
Hemorragia periparto 
Torloni ET AL, 2001 
ACRETISMO PLACENTÁRIO 
LACERAÇÃO DE TRAJETO 
ETIOLOGIA FATORES DE RISCO CLÍNICO 
Laceração da cérvice, vagina ou 
períneo 
Parto mal conduzido 
Operatória obstétrica 
Extensão , laceração na 
cesariana 
Cesárea prévia 
Ap. Anômala 
Apresentação muito insunuada 
Tumores uterinos 
Rotura uterina 
Cirurgia uterina prévia 
Inversão uterina 
Multiparidade 
Placenta fúndica 
Hemorragia pós - parto 
•capacidade diagnóstica ( endereço da lesão) 
• habilidade do obstetra 
•acesso venoso 
•suporte de vida 
•tempo de execução 
•disponibilidade de sangue e hemoderivados 
•disponibilidade de leitos de UTI 
DECISÃO DIANTE DE QUADRO HEMORRÁGICO 
INTERVENÇÃO NO TERCEIRO PERÍODO DO 
TRABALHO DE PARTO 
MANEJO ATIVO x EXPECTANTE Odds Ratio IC 95% 
•Perda sangúinea  500 ml 
 
•Perda sangüinea  1000 ml 
 
•Hb materna < 9 g/dl ( 24-48 horas) 
 
•Transfusão de sangue 
 
•Ocitócicos terapêutico 
 
•Terceiro estágio > 20 min 
 
•Extração manual da placenta 
 
•Pressão diastólica > 100 Hg 
 
•Náusea e vômitos 
 
 1 0,1 10 
Protecão agravo COCHRANE LIBRARY, 1999 
Hemorragia pós-parto 
ATENDIMENTO INICIAL 
RESUCITAÇÃO 
Oxigênioterapia 
Monitoramento (sinais vitais ( T,P,Re 
PA) 
Cateterismo venoso 
Saturação de oxigênio 
ETIOLOGIA 
Exploração do útero ( tônus, 
tecido. Etc) 
Avaliação de traumas 
história clínica 
Observar sangramento 
TESTES LABORATORIAIS 
Tipagem sanguínea 
Coagulograma 
 
ORIENTAÇÃO TERAPÊUTICA 
TÔNUS 
massagem 
compressão 
Drogas 
 
TECIDOS 
Remoção manual 
curagem 
 
TRAUMA 
Correção da inversão 
Reparo de laceração 
Identificação de rotura 
 
COAGULAÇÃO 
Reversão do quadro 
Anticoagulante 
Reposição de fatores 
TRATAMENTO CASOS GRAVES 
EQUIPE SENIOR 
Cirurgião 
Anestesista 
clínicos 
Laboratório 
CONTROLE LOCAL 
Masasgem manual 
Compresão vascular 
Embolização 
Desvascularização 
outras 
PRESSÃO E COAGULAÇÃO 
Cristalóide 
Sangue 
 
Sociedade Canadense de Ginecologia e Obstetrícia, 2001 
TAMPONAMENTO UTERINO COM BALÃO 
O balão de cateter é inflado 
para controlar hemorragia ao 
nível do segmento ou abaixo 
dele. 
CHEDDAER,1972 
balão de Foley ou Blackmoore: 
•Placenta prévia 
•Gravidez cervical 
Retirar com 12 horas 
Uso de um Condom controlar o hemorrhagia maciça do Pos-parto 
Sayeba Akhter, FCPS, DRH, FICMCH, Mosammat Rashida Begum, FCPS, MS, Zakia Kabir, Maliha 
Rashid, FCPS, Tarafder Runa Laila, FCPS, Fahmida Zabeen, FCPS 
B-linch suture for pós-partum 
Ferguson et al - Obsterics & Ginecology, 2000 
Causas de Histerectomia 
Causas No % 
Atonía uterina 14 28,78 
Sepsis pós cesárea 11 23,40 
Rotura uterina 7 14,89 
Sangramento pós-cesárea 6 12,76 
Útero de Couvelaire ( infiltraçao do 
miometrio) 
7 14,89 
Acretismo placentário 1 2,12 
Rivero Díaz e Fuentes González 
Rev Cubana Obstet Ginecol 1997;23(1):49-52 
HISTERECTOMIA PUERPERAL 
O PUERPÉRIO 
INFECÇÃO 
 
O PUERPÉRIO 
 DEPRESSÃO PÓS-PARTO 
 PSICOSE PUERPERAL 
 MIOCARDIOPATIA PERIPARTO 
 ECLÂMPSIA 
 SINDROME DE OGILVIE

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