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Direito Penal - 1º Semestre/2019

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DIREITO PENAL – CRIMES CONTRA A PESSOA 2019
Introdução ao estudo da parte especial; crimes contra a pessoa e crimes contra a vida
Homicídio em geral, homicídio doloso simples e homicídio qualificado
Homicídio culposo
Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio; infanticídio
Aborto e suas modalidades
Lesão Corporal e Espécies
Introdução ao estudo da lesão corporal; lesão corporal leve
Lesões corporais graves, gravíssimas e seguidas de morte
Lesão corporal culposa
Maus tratos 
Crimes contra a honra
Generalidades dos crimes contra a honra; calúnia e difamação
Injúria e disposições gerais dos crimes contra a honra
Crimes contra a liberdade individual
Constrangimento ilegal e ameaça
Sequestro e cárcere privado e redução a condição análoga à de escravo
Violação de domicílio
Homicídio 
É a morte de um homem praticada por outro homem. É a eliminação da vida de uma pessoa provocada por outra. Tem por ação nuclear o verbo “matar”, que significa destruir ou eliminar, no caso a vida humana, utilizando-se de qualquer meio capaz de execução. É um crime comum, pois o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não exigindo a Lei, nenhum requisito especial, sendo excluídos aqueles que atentam contra a própria vida, já que o suicídio, por si mesmo, é fato atípico. Admite a coautoria ou participação, por ação ou omissão. Desse modo, o agente pode lançar mão de todos os meios, não só materiais, para realizar o núcleo da figura típica. Portanto, pode-se matar por meios físicos (mecânicos, químicos ou patogênicos), morais ou psíquicos, com emprego de palavras, direta ou indiretamente, por ação ou omissão.
O Sujeito passivo do crime de homicídio é “alguém”, ou seja, qualquer pessoa, independentemente de idade, sexo, condição social etc. É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado. Pode ser praticado com dolo (vontade e consciência na produção do resultado) ou com culpa (por imprudência, negligência ou imperícia). Dá-se o nome de homicídio doloso no primeiro caso e de homicídio culposo no segundo. O Código Penal distingue várias modalidades de homicídio: simples (artigo 121, caput), privilegiado (§ 1°), qualificado (§ 2°) e culposo (§ 3°).
Por homicídio simples, entende-se que é aquele que constitui o tipo básico fundamental, ou seja, contém os componentes essenciais do crime.
O homicídio privilegiado é aquele que, em virtude de certas circunstâncias subjetivas, conduzem a uma menor reprovação social da conduta do homicida e, por este motivo, a pena é atenuada.
Já o homicídio qualificado é aquele que tem sua pena majorada (aumentada). Diz respeito aos motivos determinantes do crime e aos meios de execução, reveladores de maior periculosidade ou perversidade do agente.
O homicídio culposo há uma ação voluntária dirigida a uma atividade lícita, porém, pela quebra do dever de cuidado a todos exigidos, sobrevém um resultado ilícito não querido, cujo risco nem sequer foi assumido. Os homicídios dolosos são julgados pelo Tribunal do Júri, enquanto os homicídios culposos são de competência do juiz singular.
É a morte de um homem praticada por outro homem. É a eliminação da vida de uma pessoa provocada por outra. Tem por ação nuclear o verbo “matar”, que significa destruir ou eliminar, no caso a vida humana, utilizando-se de qualquer meio capaz de execução. 			É um crime comum, pois o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não exigindo a Lei, nenhum requisito especial, sendo excluídos aqueles que atentam contra a própria vida, já que o suicídio, por si mesmo, é fato atípico. Admite a coautoria ou participação, por ação ou omissão.
Desse modo, o agente pode lançar mão de todos os meios, não só materiais, para realizar o núcleo da figura típica. Portanto, pode-se matar por meios físicos (mecânicos, químicos ou patogênicos), morais ou psíquicos, com emprego de palavras, direta ou indiretamente, por ação ou omissão.
O Sujeito passivo do crime de homicídio é “alguém”, ou seja, qualquer pessoa, independentemente de idade, sexo, condição social etc. É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado. Pode ser praticado com dolo (vontade e consciência na produção do resultado) ou com culpa (por imprudência, negligência ou imperícia). Dá-se o nome de homicídio doloso no primeiro caso e de homicídio culposo no segundo. O Código Penal distingue várias modalidades de homicídio: simples (artigo 121, caput), privilegiado (§ 1°), qualificado (§ 2°) e culposo (§ 3°).
Por homicídio simples, entende-se que é aquele que constitui o tipo básico fundamental, ou seja, contém os componentes essenciais do crime.
O homicídio privilegiado é aquele que, em virtude de certas circunstâncias subjetivas, conduzem a uma menor reprovação social da conduta do homicida e, por este motivo, a pena é atenuada.
Já o homicídio qualificado é aquele que tem sua pena majorada (aumentada). Diz respeito aos motivos determinantes do crime e aos meios de execução, reveladores de maior periculosidade ou perversidade do agente.
O homicídio culposo há uma ação voluntária dirigida a uma atividade lícita, porém, pela quebra do dever de cuidado a todos exigidos, sobrevém um resultado ilícito não querido, cujo risco nem sequer foi assumido.
Somente para relembrar: 
Tentativa: Quando o resultado exigido no tipo (matar) não sobrevém por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Tentativa perfeita: Embora esgotada a fase executiva, não se verifica a produção do resultado. Exemplo: efetuar vários disparos de arma de fogo contra a vítima que não vai a óbito.
Tentativa imperfeita: Foi iniciada a execução mas por circunstâncias alheias à sua vontade o agente não consegue concluir os atos executivos.
Desistência voluntária: Ocorre quando iniciada a execução, voluntariamente o agente desiste de prosseguir. Reconhecida a desistência voluntária, o agente responderá somente pelos atos praticados, se típicos, e não pelo resultado inicialmente pretendido.
Arrependimento eficaz: A fase executiva é concluída e antes da produção do resultado o agente pratica conduta capaz de efetivamente impedir a ocorrência do evento morte. O agente responderá apenas pelos atos praticados.
Crime impossível: Ocorre quando o resultado não ocorre por ineficácia absoluta do meio eleito para a execução do crime (exemplo: arma de brinquedo) ou pela impropriedade absoluta do objeto material (exemplo: mulher supõe que está grávida a tenta abortar). Em ambas as hipóteses a tentativa é impunível.
Homicídio simples:
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado:
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio Culposo: aquele em que não há intenção de matar, há negligência, imprudência ou imperícia. 
Imprudência é um fato ilícito por comissão, que consiste na violação das cautelas que a experiência média recomenda que se adotem. É o agir sem cautela necessária, como ocorre com o agente que próximo a outra pessoa põe-se a limpar arma de fogo municiada.
Negligência é um fato ilícito por omissão, que consiste em se abster quando o dever de cuidado impunha a obrigação de agir, de atuar. Exemplo: deixar arma de fogo ao alcance de crianças.
Imperícia está atrelada à ideia de exercício de arte, profissão ou ofício. Consiste na incapacidade, falta de conhecimentoou habilitação para o exercício de determinada atividade. Exemplo: é imperito o médico que prescreve medicação em dose abusiva.
Causas de aumento de pena: 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) 
PERDÃO JUDICIAL (parágrafo 5º) —> só para homicídio culposo, o juiz perdoa e não aplica pena se as consequências da infração atingem o próprio agente de forma tão grave que a sanção jurídica é desnecessária. É mais humanitário. 
Homicídio privilegiado: Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social (motivo nobre) ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Pode ser qualificado? Sim!
As qualificadoras podem ser objetivas ou subjetivas: 
⁃ subjetivas (motivo): I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino; 
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
⁃ objetivas: 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
o homicídio privilegiado é compatível somente com as qualificadoras objetivas, pois não há como agir por relevante valor social ao cometer feminicídio, mas pode-se comete-lo em um dos casos do III ou IV, se por exemplo, torturar o estuprador da filha.
SUICÍDIO - art. 122
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Suicidar-se não é crime, induzir (criar a ideia de suicídio), instigar (é incentivar uma ideia já existente) ou auxiliar (auxílio material) alguém ao suicídio, sim. O suicídio é a deliberada destruição da própria vida. Suicida, segundo o Direito, é somente aquele que busca direta e voluntariamente a própria morte.
Por se tratar de crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa que tenha capacidade de induzir, instigar ou auxiliar alguém, de modo eficaz e consciente, a suicidar-se.
Qualquer pessoa pode ser vítima do crime em tela, desde que possua capacidade de resistência e discernimento. Tratando-se de doente mental, sem capacidade de discernimento, ou menor sem compreensão, haverá homicídio, falando-se no caso de autoria mediata. A pessoa que tenta suicídio não pode ser responsabilizada criminalmente.
Pode ser praticado de forma simples ou qualificada. Na primeira, é a figura descrita no caput do artigo 122 do Código Penal. Na segunda, é a figura prevista no parágrafo único do artigo 122, onde a pena será duplicada nos seguintes casos:
a) Motivo egoístico: elemento subjetivo que demonstra interesses personalíssimos no evento morte (herança, competição nos negócios etc).
b) Vítima menor: em termos de outros dispositivos, seria a pessoa entre os 14 e 18 anos. Apesar de não haver indicação expressa na Lei indicando a menoridade a que ela se refere, funda-se a agravante em tela na menor capacidade de resistência moral da vítima à criação ou estímulo do propósito suicida por parte do agente.
Infanticídio:
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
É a vida do ser nascente ou neonato ceifada pela própria mãe, que encontra-se sob influência do estado puerperal. Conforme Mirabete, “o estado puerperal é o período que vai do deslocamento e expulsão da placenta à volta do organismo materno às condições normais, havendo discordância quanto a seu limite de duração (de 6 a 8 dias a 6 semanas)”
Por ser um crime próprio, somente a mãe puérpera pode praticar o crime em tela, porém, nada impede que terceiro responda por este delito na modalidade de concursos de pessoas: a) mãe que mata o próprio filho com, contando com o auxílio de terceiro; b) o terceiro mata o recém-nascido, contando com a participação da mãe; c) mãe e terceiro executam e coautoria a conduta principal, matando a vítima. 
Aborto:
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
É permitido também se o feto for anencefálico.
⁃ Se for gêmeos responde duas vezes, em concurso formal.
- Mulher grávida suicida: se ela tenta se matar e não consegue, por dolo eventual, responde pelo aborto (tentativa de aborto ou aborto) —> matar o feto é consequência natural de se matar —> por exemplo, explodir um avião na intenção de matar uma só pessoa, sabe que irá matar os demais 
- Quem atira em mulher grávida: Depende. Sabia que estava grávida? Tinha como saber? Por exemplo, ataca uma moça acima do peso, achando que ela estava grávida, o crime é impossível (impropriedade absoluta do objeto), não há como fazer aborto em uma mulher que não está grávida, responde por lesão corporal ou homicídio —> dolo subsidiário: feri-la ou matá-la  sempre verificar o dolo.
- Exemplo de crime impossível: você mora com Fulano e o detesta, dá diversas facadas, a pessoa vai pro IML e é constatado que morreu horas antes de infarto... tentoumatar alguém que já estava morto, não responde por nada. 
- Alguém que tenta matar uma grávida, sabendo que ela está grávida, obviamente responde, pois, sabe-se que se ferir a mulher, ferira o bebe 
Lesão corporal:
Artigo 129: 
Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. Pena - detenção, de três meses a um ano
Consiste em todo e qualquer dano produzido por alguém, com animus, unicamente, laedendi (vontade única de lesionar), à integridade física ou à saúde de outrem. Consuma-se o crime com a lesão efetiva à integridade ou à saúde de outrem.
Agressão física —> lesionou, atingiu o bem jurídico tutelado 
Vias de fato —> contravenção, não lesionou 
Como prova a lesão? Obrigatoriamente por perícia 
Lesão grave: 
I) quando a pessoa deixa de exercer alguma das suas atividades habituais durante mais de 30 dias; pode ser qualquer coisa, não é só trabalhar —> deve ser constatado por perícia 
II) quando resulta perigo de vida —> deve ser constatada por perícia 
III) quando resulta de debilidade (diminuição da capacidade funcional) permanente de membro, sentido ou função
IV) resulta aceleração do parto
Se esta debilidade for suprida por uma prótese não afasta o crime! 
Órgãos duplos: não há perda, há debilidade 
Lesão Corporal Gravíssima: 
I) incapacidade PERMANENTE para o trabalho 
A doutrina e a jurisprudência entendem que, para qualquer trabalho, não para O SEU trabalho. Por exemplo, um ajudante de produção que perdeu o dedão ainda pode exercer o trabalho de vendedor, por exemplo. —> quase não há aplicação prática 
II) enfermidade incurável —> alteração permanente da saúde para o qual não existe cura no atual estágio da medicina, ou seja, em razão de uma lesão a pessoa tem uma doença incurável
III) perda ou inutilização de membro, sentido ou função —> não consegue fazer nada com o membro
IV) deformidade permanente —> por exemplo, arrancar a orelha 
qualquer alteração que cause constrangimento (em qualquer momento, por exemplo, íntimos), por exemplo, a tatuagem do sou ladrão e vacilão 
Quando causa uma lesão grave e gravíssima, responde somente pela gravíssima. 
IV) quando resulta aborto —> preterdolo 
Quando chuta a barriga de uma grávida, na intenção de abortar, responde por aborto e por lesão corporal leve (só pode usar o aborto uma vez, não pode ser responsabilizado duas vezes por um mesmo fato) 
Preterdolo: no crime doloso, a intenção, no crime culposo, pelo resultado, no crime preterdoloso há a ocorrência de um resultado mais grave do que a intenção, a responsabilidade é em relação ao resultado. O resultado mais grave nunca é desejado, no caso o agente queria somente agredir, mas por imprudência, negligência ou imperícia, causa aceleração do parto ou aborto. 
Lesão corporal seguida de morte —> preterdoloso, não queria matar mas teve este resultado mais grave —> se queria lesionar e matar, responde por homicídio 
Parte geral: conduta antecedente, conclusa e superveniente —> exclui-se se foi uma conduta superveniente —> por exemplo, fulana é cardíaca e eu sei disso e dou um susto e em virtude do susto, a fulana morre de ataque cardíaco. Dar susto é crime? A morte foi causada por uma causa antecedente, responde por homicídio culposo. O que a matou? O problema cardíaco que foi potencializado pelo susto. É uma causa antecedente (desde que tenha ciência).
Por exemplo, dar um soco em alguém, que cai e bate a cabeça e morre —> concausa —> ocorre “durante” —> preterdolo, responde. 
Por exemplo, bati em alguém, que durante o percurso até o hospital a ambulância explode —> superveniente —> não responde 
Lesão corporal privilegiada: é igual o homicídio privilegiado —> crime cometido por valor moral social —> Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Só pode substituir a pena se a lesão for leve.
Crimes contra a honra:
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.
(...)
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.
(...)
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.
Honra: é o conjunto de atributos físicos, morais e intelectuais que tornam a pessoa merecedora de apreço no convívio social e que promovem sua autoestima. 
Honra subjetiva: é o conceito que cada um tem de si mesmo.
Honra objetiva: é o conceito que o grupo social tem acerca dos atributos de alguém, ou seja, o juízo que fazem dele na comunidade. 
Honra comum: peculiar a todos, em honra especial ou profissional, é aquela referente a determinado grupo social ou profissional. Por exemplo, um médico que é chamado de açougueiro.
Há calúnia tanto quanto o fato não ocorreu como quando ele ocorreu, mas a vítima não é seu autor. Por outro lado, a imputação por fato verdadeiro nos casos em que não se admite a exceção da verdade constitui calúnia punível (quando a imputação é verdadeira, persiste o crime ainda que verdadeiros os fatos imputados se não for possível provar). A acusação caluniosa pode ser feita na ausência do ofendido e admite vários meios de execução: escrito, falado, desenho, gestos, meios simbólicos ou figurativos. Ademais, é necessário que verse a calúnia sobre fato determinado, concreto e específico. Não se exige porém que o agente descreva minuciosamente. Há calúnia na imputação falsa de que A subtraiu 300 reais de B. Inexistirá calúnia e sim difamação se A chamar B de ladrão.
Não existe calúnia quando o agente atuar com:
Animus jocandi (vontade de caçoar).
Animus consulendi (vontade de aconselhar)
Animus narrandi (relatar o fato)
Animus defendi (se defender em processo)
A mera dúvida a respeito do fato relatado caracteriza dolo eventual, sendo suficiente para autorizar a condenação. O crime consuma-se quando qualquer pessoa que não seja a vítima toma conhecimento da imputação, ou seja, quando ela é lida, ouvida ou percebida por qualquer pessoa diversa do sujeito passivo. 
Tentativa: pode ocorrer nos casos de carta ou bilhete obtendo a falsa imputação, que é interceptado pela vítima. 
Propagação e divulgação: artigo 138. Parágrafo 1º “quem sabendo falsa imputação, a propagar ou divulgar”. Basta que terceiro tenha ciência.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Pedido de explicações —> o ofendido vai em juízo e pede explicações sobre o que a pessoa quis dizer, o réu é citado, e por meio do advogado tem que dizer o que quis dizer. A pessoa pode ou não se explicar, se não explicar, vira uma ação penal 
Funcionários públicos: é como se tivesse ofendendo o Estado  ação pública condicionada 
Difamação
Imputar um fato a alguém que ofenda a sua reputação. O fato pode ser verdadeiro ou falso, não importa. Também não se trata de xingamento, que dá margem à injúria. 
Este crime atinge a honra objetiva (reputação) e não a honra subjetiva (autoestima, sentimento que cada qual tem a respeito de seus atributos). Por isso, muitos autores de renome defendem que empresas e outras pessoas jurídicas podem ser vítimas do crime de difamação.
Por exemplo: Beltrana conta que Fulana deixou de pagar suas contas e é devedora.
Deixar de pagar as contas não é crime e não importa se este fato é mentira ou verdade. Ou seja, Beltrana cometeu o crime de difamação e a vítima é Fulana.
Injúria
Injúria é xingamento. É atribuir a alguém qualidade negativa, não importa se falsa ou verdadeira. Ao contrário dos crimes anteriores, a injúria diz respeito à honra subjetiva da pessoa.
Por exemplo: Beltrana chama Fulana de "ladra" ou "imbecil". Beltrana cometeu o crime de injúria e Fulana é a vítima.
A injúria pode sercometida de forma verbal, escrita ou, até mesmo, física. A injúria física tem pena maior e caracteriza-se quando o meio utilizado for considerado aviltante (humilhante). Por exemplo: um tapa no rosto.
Se o xingamento for fundamentado em elementos extraídos da raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de idosa ou deficiente, o crime será chamado de "injúria discriminatória" (art. 140, § 3º do Código Penal).
O juiz pode deixar de aplicar apenas quando a vítima houver provocado diretamente a injúria ou quando ela replicar imediatamente.
Na calúnia e na difamação, a punibilidade será extinta se o agente retratar-se. Mas tal retratação deve ser clara.
Os crimes contra a honra são de ação penal privada. Se houver lesão corporal leve ou se for injúria discriminatória, é ação pública condicionada à representação. Se houver lesão corporal grave ou gravíssima ação pública incondicionada.
Crimes contra a liberdade pessoal:
Constranger: obrigar alguém a fazer ou a deixar de fazer algo mediante violência ou grave ameaça ou violência impropria: artigo 146 —> quando há redução na capacidade de resistência —> sonífero por exemplo. 
Por exemplo, um namorado proíbe sua namorada de sair trancando-a no quarto —> constrangimento ilegal 
Sujeito passivo: qualquer pessoa que tenha capacidade de determinação —> agir de acordo com a sua própria vontade (por exemplo, alguém que tem deficiência intelectual não possui capacidade de determinação) 
Consumação: crime material, se consuma no momento em que a vítima faz ou deixa de fazer determinada conduta 
Ameaça:
• ameaça é um mal injusto, é contrário ao direito
• é um mal grave, é uma ameaça a um bem jurídico importante da vítima —> pode ser a uma pessoa importante p vítima, a um bem jurídico, a faculdade (ensino superior)
• deve ser verossímil —> real e possível (realmente incute terror a vítima), deve ser crível no ponto de vista do homem médio, é analisada a verossimilhança a partir do caráter objetivo ou da característica pessoal de cada um, por exemplo, alguém que acredita em trabalho, sofrer uma ameaça com isso é muito sério. ameaça da boca pra fora ainda é crime. 
É um crime subsidiário pois caracteriza crimes mais grave, por exemplo, ameaça de roubar, caracteriza roubo, ameaça de extorsão, caracteriza extorsão. 
Deve-se analisar o dolo, no crime de ameaça está contida a vontade do agente de tirar a tranquilidade da vítima, não ameaça por ameaçar. Se, por virtude de embriaguez ou exaltação de ânimo for dita ameaça, pode configurar “ameaça da boca pra fora” pois não houve dolo. 
Condição análoga à escravidão 
Crime livre: por exemplo, homicídio, você pode matar de diversas formas, fogo, paulada, tiro, exige que mate, mas não como. 
ARTIGO 149: 
Enquanto isso, reduzir alguém a condição análogo a escravo, é um crime limitado: trabalho forçado, jornada exaustiva, sujeitar a condições degradantes de dívida, restringir a locomoção em razão de dívida. Somente enquadrado nestas opções. Para caracterizar o crime tem que estar enquadrado em uma das opções do rol, só precisa de um dos quatro, não precisa ser necessariamente os quatro concomitantemente. 
Consumação: tempo suficiente para a vítima ser subjugada ao autor do crime, deve ser juridicamente relevante. É competência da justiça federal. 
ART. 150 - VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO 
Entrar ou permanecer, clandestina (o dono não sabe que a pessoa está na casa) ou astuciosamente (nesta situação o sujeito passivo é enganado, por exemplo, se veste de técnico de internet) ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências. 
Este artigo tutela a inviolabilidade do domicílio. 
Numa casa vazia (ninguém morando) não há violabilidade do domicílio, pois não há domicílio neste caso, este artigo visa proteger a privacidade. 
Se eu alugo a casa para alguém, eu não posso entrar lá sem a autorização desta, pois estarei violando o domicílio da mesma. Tem que pedir autorização para entrar, pois está na posse de outrem, o domicílio é do locatário, a vida privada e a intimidade são dele, o locador não pode entrar de supetão, deve marcar dia e hora para realizar a vistoria, conforme contrato de locação. 
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento (fechado, protegido) habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
Conta barraco na favela também. Conta também quarto de hotel (aposento ocupado de habitação coletiva), quarto de motel. 
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação 
coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
atualmente, bares, igrejas, casas de show (a parte acessível ao público), na regra geral veículos não são considerados domicílios para fins penais, exceção feita a situações em que for comprovado que a pessoa realmente mora no veículo, como trailer. 
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
Não configura violação: 
• mandado de prisão, mandado de busca e apreensão —> durante o dia, não pode ser durante a noite. Só pode se um dos moradores permitir, por exemplo, se eu me esconder na casa de um amigo e um dos moradores não liberar, não pode entrar (e não acontece nada com quem não permitiu, tá fazendo valer o direito dela de inviolabilidade). De manhã pode entrar, se apresenta, se oferecer algum tipo de resistência entra à força. Se ficar comprovado que o policial extrapolou, paga pelo abuso de autoridade. 
• flagrante de delito: pode entrar a qualquer hora se estiver ocorrendo um crime dentro de um domicílio. 
• desastre: a casa pegando fogo ou para prestar socorro (a ser humano, se for a algum bichinho não)
ARTIGO 136 - MAUS TRATOS 
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. 
• crime de ação vinculada, como trabalho análogo à escravidão e diferente de homicídio ou roubo 
Para caracterizar o crime de maus tratos, o sujeito ativo deve ter alguém sob sua autoridade (subordinação tática), para fins de ensino e educação, tratamento ou custódia (preso) e você expõe a vida dela ou a saúde, privando essa pessoa de alimento (total ou parcial), privando de cuidados indispensáveis (em tratamento numa clínica médica, deixar de ser trocado os curativos), trabalho excessivo/inadequado, abusando dos meios de correção (pai que bate em filho, subordinada taticamente por meio de autoridade, para fins de educação). 
Consumação: momento da criação do risco, deve ser uma conduta reiterada para debilitar a saúde da pessoa. 
Qualificadora: sim, se a pessoa que estava sendo “punida” fica gravemente ferida ou morre —> crime preterdoloso (resultado mais grave do que o desejado ao praticar a conduta —> dolo de praticar maus tratos, mas por imprudência, negligência ou imperícia a pessoa vem a obito, aplica-se a qualificadora, não quer o resultado morte e nem lesão corporal grave. Caso tenha dolo, responde por homicídio. 
• maus tratos com idoso não é crime do artigo 136, massim do artigo 99 do estatuto do idoso. Prevalece o mais específico. 
• maus tratos (crime mais leve no ordenamento) x tortura (crime mais grave, equiparado a hediondo): quando a intenção é gerar sofrimento intenso, a intenção não é punir/corrigir.

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